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contém descrição de violência
Me sentia mal ao lembrar que estive aqui ao lado de Taehyung e Jungkook. Passamos uma noite agradável e os sorrisos ainda ecoavam no fundo da minha mente, me fazendo sorrir. Neste momento, eu queria chorar e deixar toda a minha frustração sair do meu corpo, expelindo os sentimentos ruins que sentia. Me sentia presa em um pesadelo e nem mesmo acordando ele teria um fim, James não me deixaria viver em paz sem acabar com a minha vida antes. Respirei fundo e ergui o meu olhar, ele estava sentado ao meu lado e conversava com os meus pais que estavam sentados em nossa frente. Como sempre o assunto era aleatório e eu não fazia ideia de como participar, então, optei por não falar nada.
A sua presença ao meu lado me causava ânsia e o perfume forte me lembrava dos momentos em que ele me usava sem permitir que eu negasse. Junto com o cheiro forte havia o cheiro de cigarro, algo que nenhum perfume era capaz de esconder. Não queria a sua presença e tudo em James me causava repulsa, eu o odiava e queria vomitar em seus pés. Respirei fundo e procurei me lembrar de Taehyung, ele era o meu único conforto no momento.
— Vocês são tão lindos juntos. – comentou a minha mãe chamando a minha atenção. — Sempre sonhei em ver vocês juntos de novo.
Para uma mulher tão jovem, ela era muito burra. Havia perdido metade do seu amor e não sentia nada pela mulher que havia me colocado no mundo, tudo o que sentia por ela era nojo. Assim que me separei de James, eu jurei que não amaria a minha mãe e que não guardaria nada de si como exemplo. Por causa do meu pai, eu ainda aceitava a sua presença em minha vida e apenas por este motivo, ainda olhava em seu rosto.
Lembro da noite em que me abri com ela e finalmente contei tudo o que acontecia entre nós, ela automaticamente ficou do seu lado e ainda teve coragem de dizer que quando não oferecemos o que os homens precisam, abusos podem acontecer e não havia mal nenhum nisso. No entanto, o que mais doeu foi ouvi-la dizer que eu precisava entender o lado de James e o perdoar.
Foi naquela mesma noite que o meu mundo caiu e eu compreendi que estava completamente sozinha, não podia confiar em ninguém. O pânico me invadiu e a minha necessidade em sair de Daegu aumentou, não podia levantar suspeitas e nem os meus pais poderiam saber de nada. Sinto que ela nunca comentou com o meu pai os verdadeiros motivos da minha saída, talvez ele não aceitasse o mesmo que ela. Acredito que ele não saiba de toda a verdade por trás de toda a crueldade de James.
— Não exagere. – comentou o meu pai. — Eles são apenas amigos.
— Não sei não. – continuou com deboche. — Acredito que estes dois ainda possam ter uma segunda chance. – o meu estômago revirou.
— O que deseja ver em Seoul, pai? – indaguei interrompendo o assunto.
— Não sei. – respondeu sorrindo. — Eu gostaria de conhecer alguns jardins botânicos. – ele era apaixonado por plantas. — E claro, quero passar o máximo de tempo que puder ao seu lado.
— Isso se ela não nos expulsar antes. – comentou a minha mãe com desdenho. — Parece que a Alice não gostou da nossa visita, filhos se tornam ingratos quando crescem. – respirei fundo ao ouvir.
— Eu disse para você não exagerar. – pediu o meu pai se levantando. — Vamos tomar um ar fresco. – ele olhava para ela com seriedade.
A minha mãe se levantou em silêncio e o seguiu sabendo que tomaria um belo de um sermão. Permaneci sentada, os observando. Não compreendia os motivos do meu pai e procurava entender por qual razão ele ainda estava ao seu lado, ela não merecia o seu amor e o havia colocado a prova por diversas vezes. O vício que eles tinham em comum não era algo que eu gostava, então, não tínhamos quase nada em comum. No fundo, todos sabíamos que a minha mãe não merecia o meu pai e o seu destino seria acabar sozinha em algum canto desse mundo.
— Alice. – murmurou James me assustando.
— Me poupe. – pedi rispidamente.
— Por favor. – tentou. — Não estou aqui para brigar com você e eu estou muito arrependido de tudo o que fiz. Precisei de anos para perceber isso e agora que finalmente percebo, quero me desculpar. – senti o seu olhar em minha direção.
— Você pode enganar os meus pais, mas eu sei quem é você. – murmurei. — Não permitirei que você me faça sofrer de novo, nunca mais. Prefiro morrer a te dar este gostinho. – e isso era a única verdade que conhecia no momento.
— Os seus pais me deram uma chance. – disse. — Eles sabem que estou arrependido e que mudei. – ele falava com muita calma. — Você precisa se abrir e verá as minhas mudanças, mesmo me odiando eu acredito que possamos mudar o rumo da nossa história.
A sua voz me deixava com raiva e eu não queria estar nessa posição com ele, não queria saber da sua mudança, nada que James falava tinha valor. Neste momento eu não precisava fazer nada, mas aos poucos eu precisava ter coragem e expulsá-los da minha vida. Não precisava me sentir mal por isso, tudo ficaria bem e Taehyung me ajudaria a seguir em frente sem uma família.
— Alice, você precisa entender uma coisa. – ele respirou fundo antes de continuar. — Você é minha e eu vou te mostrar isso.
— O que você quer de mim? – indaguei segurando as minhas lágrimas. — Abusar de mim? Me bater ou cumprir as suas ameaças contra a minha vida?
— Eu quero você. – murmurou. — Não vou desistir de você. – ele se aproximou. — Kim Taehyung pode se divertir, mas ele jamais te amará como eu. – senti o meu peito doer. — Você pode amá-lo, mas no final será minha. – ele sorriu de canto e isso me assustou mais.
Procurei manter o meu espanto em mim, ele já sabia mais do que eu imaginava. Não podia assumir nada que colocasse a vida de Taehyung em risco, ele não merecia isso. Pedi para que ele saísse da minha vida e agora isso, o que eu estava fazendo? James acabaria com a única pessoa que cuidou de mim por um deslize meu.
— Não sei do que você está falando. – tentei fingir desentendimento.
James sorriu e se afastou de novo, me olhando com seriedade. Permaneci firme e procurei controlar as lágrimas que queriam descer por meu rosto, não podia desabar agora ou isso seria entendido como afirmação. Ele respirou fundo e ponderou por alguns momentos, não queria saber o que se passava em sua cabeça, eu estava com medo.
— Você acredita mesmo que sou burro? – indagou.
— Do que você está falando? – prosseguiria assim.
— Acha mesmo que não sei o que faz em Seoul? – continuou. — Acha que você pode simplesmente sumir e eu aceitaria isso? Taehyung não é um tema novo, mas você acha mesmo que esse cantorzinho será capaz de salvar você? – senti o meu estômago revirar. — Acha que você pode mentir e eu aceitarei isso, hein? – gritou batendo na mesa, me assustando.
— Vai me bater aqui? – indaguei. — Você está me acusando e é assim que procura me provar que mudou?
Em silêncio ele se aproximou de mim e eu me afastei, no entanto, não havia para onde correr. As minhas costas bateram contra a parede e eu senti o medo me invadir novamente, a nossa mesa estava escondida e não tinha como sair dali sem passar por ele. Os seus olhos dobraram de tamanho e em silêncio ele colocou uma de suas mãos em meu rosto e com muita força o apertou, fazendo as minhas bochechas doerem. O pavor em mim aumentou ao ver que ele tinha ódio nos olhos.
— Eu sei de tudo e não estou gostando disso. – murmurou apertando a minha pele. — Se insistir, serei obrigado a acabar com vocês dois. – ameaçou. — Não me obrigue a matá-lo, volte para mim e seremos felizes. Esquecerei as suas traições e mentiras, mas se você insistir, amanhã o seu querido Taehyung será encontrado morto.
Ele soltou o meu rosto com brutalidade e voltou a se afastar, deixei as lágrimas caírem e abaixei a minha cabeça. O meu coração doía tanto e eu sabia que as suas palavras eram sinceras, ele não havia mudado e estava ali apenas para cumprir com as suas promessas. O que eu fazia da minha vida? Colocava a vida de Taehyung em risco, não podia fazer isso, precisava acabar com tudo o quanto antes. Ele não merecia sofrer por mim causa, este sofrimento era meu, apenas. Não era justo e eu precisa usar o pouco de forças que tinha para o proteger.
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