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Taehyung me envolveu em seus braços e me apertou fortemente contra o seu corpo, as lágrimas voltaram a me inundar e eu acabei por ceder. Me sentia tão fraca, como se nada valesse a pena, eu simplesmente não queria mais. Todos os meses que vivi sozinha procurando esquecer as crueldades de James não me serviram de nada. No momento em que o vi em minha frente, tudo voltou em uma onda de crueldade e dor, me devorando de dentro para fora. Passei bastante tempo procurando me curar, curar o meu coração das minhas próprias decisões e no fim, não adiantou de nada. Eu deveria saber disso, sou mais inteligente do que isso e precisava ter visto o fim dos meus dias da forma mais cruel possível. James jamais me mataria de uma vez, ele me faria sofrer primeiro. Ele me permitiria recomeçar e quando eu finalmente estivesse feliz, ele voltaria para recuperar aquilo que clama ser seu.

Taehyung não ficaria ao meu lado e eu precisava entender isso, a sua segurança estava acima de qualquer coisa. A sua vida possuía um valor muito grande, mesmo ele não vendo. Se algo lhe acontecesse, eu provavelmente teria que dar justificações para todo o mundo e não estava disposta a fazer isso, não conseguiria viver sem ele. No entanto, eu gostaria de saber o que passava por sua mente enquanto ele me abraçava. Será que ele acreditou em mim ou como a minha mãe, eu não passo de uma mentirosa? Todavia, não era importante, não ficaríamos juntos. Toda a angústia que ele sentiu nas últimas horas era apenas o começo de todos os problemas que ainda precisaria enfrentar sozinha.

— Isso é muito sério. – murmurou. — Não sequer consigo imaginar a dor que você sente e como foi difícil viver tudo isso.

— Não pude fazer nada para impedir, após terminar ele tentou me convencer que eu o queria e que os abusos foram consentidos. Ambos desejávamos sexo e se eu falasse para alguém, sairia como uma vagabunda, afinal de contas, eu era namorada dele. – o meu coração apertou ao lembrar. — O pior foi saber que ele tinha razão, ninguém acreditaria em mim.

Me soltei dos braços de Taehyung e olhei em seus olhos, queria decifrar os seus sentimentos no momento.

— Não contou para ninguém? – indagou confuso. — Viveu com isso até hoje?

— Eu contei para a minha mãe. – disse respirando fundo. — Assim que ele me deixou ir, um dia depois. Eu fui ao médico e implorei por ajuda, não queria carregar um filho deles ou realmente seria o meu fim, essa foi a minha única preocupação no momento.

— Por isso você não deseja ser mãe. – murmurou.

— Não tem como colocar uma criança neste mundo, sabendo que existem homens assim. – respondi. — Eu não seria capaz, por isso, não corro riscos.

— Alice, não somos iguais. – sussurrou. — Eu jamais faria isso com você e você jamais sentiria isso carregando um filho meu.

— Eu acredito em você. – murmurei. — Mas não me sinto preparada para pensar sobre isso, eu nem mesmo sei se viverei até amanhã.

Taehyung me olhava com tanta seriedade que o meu coração doía ao imaginar o que pairava por sua mente. Ele provavelmente duvidaria de mim como a minha mãe fez, não era suposto falar tanto, mas quanto mais ele soubesse, mais eu sentiria que ele podia confiar em mim e assim acreditar em minhas palavras.

— Você está segura ao meu lado. – murmurou pousando uma de suas mãos sobre o meu ombro. — Não se preocupe, nada te acontecerá. – sorri de canto. — Como conseguiu terminar com ele? – questionou.

— Um dia eu estava no trabalho, na época eu fazia pequenos trabalhos para uma editora da minha cidade. Então, ele foi atrás de mim só que eu não estava na minha sala, pois, eu estava no banheiro. – comecei. — Mesmo sendo ajudada por um médico, eu ainda estava com medo de estar grávida. Quando sai do banheiro ele fazia um escândalo e ninguém entendeu nada. Assim que ele me viu a sua fúria fez com que ele partisse para cima de mim e me batesse. Ele me bateu na frente de todo mundo. – o rosto de Taehyung endureceu. — As pessoas ficaram chocadas e chamaram a polícia, da qual ele fazia parte. Eu procurei defender, pois, depois seria pior. Eu estava com medo da sua retaliação. No entanto, ninguém acreditou em mim e ele foi obrigado a se afastar, foi então que eu fugi de Daegu.

— E o que ele faz aqui? – a sua voz me assustou. — Como ele te achou?

— A minha mãe nunca acreditou que James seria capaz de me magoar, também não acreditou no estupro coletivo que passei. – respirei fundo me controlando. — James é um manipulador e tem a confiança eterna de algumas pessoas, a minha mãe ficou contra mim ao saber que eu acabei com a vida acadêmica dele como policial. As suas palavras foram "eu esperava muito mais de você, Alice."

— A sua mãe é louca? – indagou se levantando. — Como ela pode estar contra você? – infelizmente eu não sabia.

— James está aqui por causa dela. – desviei o meu olhar. — Tenho plena certeza disso.

Taehyung começou a andar de um lado para o outro, permaneci quieta, observando. Não tinha muito o que falar e eu já sabia o caminho que seguiríamos daqui para a frente. Jamais esperaria algo dele e isso seria um motivo para o maltratar, não podíamos colocar a sua vida em risco por causa minha causa. James usaria todos estes momentos como oportunidades para acabar com as nossas vidas.

— Por isso a desorganização? – indagou do nada. — As cadeiras e a mesa contra a porta?

— Sim. – sussurrei.

— Não deveria ter ido embora. – pude ver lágrimas em seus olhos. — Você pediu ajuda quando nos pediu para ficar e eu ignorei por ciúmes, você não deveria passar por isso sozinha. – as minhas lágrimas também voltaram.

— Você não é responsável por mim. – tentei. — E será melhor se for embora, não tem como fugir de James e eu nem quero, pois, não conseguirei.

— Me escute com atenção. – disse seriamente. — A partir de hoje você não ficará sozinha e eu prometo que esse filho da mãe não encostará um dedo em você ou eu mesmo arranco a sua cabeça. – tremi ao ouvir.

Em silêncio ele se aproximou e me abraçou de novo, me senti bem com o seu toque. Mesmo sabendo que ele não podia fazer nada para me proteger das garras de James, no entanto, aceitaria o pouco de carinho enquanto ele ainda estava ali.

— Namjoon me alertou. – comentou ao me soltar. — Ele me disse que eu deveria voltar, pois, não sentia que você estava bem.

— Curioso, ele não gosta de mim. – murmurei.

— Ele disse que te viu chorar na cozinha, disse que você tomou alguns comprimidos e ele sentia que algo aconteceria com você. – respirei fundo ao ouvir. — Eu estava com tantos ciúmes que não acreditei, mas não consegui dormir sem te desejar boa noite. Então, eu descobri que ele tinha razão e que você escondia algo. – senti o meu peito doer.

— Obrigada por voltar. – agradeci. — Eu passaria a noite acordada segurando a faca, com medo de ser morta por James.

— Eu vou matar esse filho da mãe. – disse com frieza. — Se ele se atrever a voltar, eu vou arrancar a cabeça dele do lugar e dar para sua mãe de presente.

— Não fala assim. – pedi. — Por favor, isso não é você.

— Guarde as minhas palavras. – afirmou.

— Não importa o esconderijo ou quantas pessoas estão ao meu lado, James me encontrará e terminará o que começou. – as lágrimas desciam de novo. — E de alguma forma, eu nunca deixei de ser dele ou deixei de ser torturada por ele.

Abaixei a minha cabeça, as minhas palavras causariam dor, mas era verdade. Taehyung se decepcionaria comigo de qualquer jeito então seria melhor deixar tudo claro e assim evitar futuras decepções. 

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