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Ainda não conseguia acreditar em meus atos, o meu rosto corava sempre que lembrava da loucura que fiz em sua companhia. Se voltasse no tempo e procurasse em minhas memórias, eu não encontraria uma Alice assim. A Alice que conheço e com o tempo aprendi a amar, era insegura e muito medrosa. Escondia os meus desejos em mim para ter a certeza de que nenhum outro ser humano fosse capaz de me magoar novamente. A doce menina que o meu pai ensinou as suas tradições não possuía coragem e não se arriscaria por momentos de prazer. No entanto, me via presa em um mundo paralelo onde Taehyung dominava a minha alma e aos poucos me ensinava a ver o mundo de outra forma.

Respirei fundo e sai do banheiro, caminhando em direção ao meu quarto. O meu corpo estava exausto e os meus pés doíam com uma intensidade cruel. Antes de voltar para a sala, me certifiquei que havia tomado um contraceptivo e que não cometeríamos erros futuros por causa do desejo repentino. Taehyung não havia deixado o seu líquido diretamente dentro de mim, mas isso não significava que estava totalmente livre de uma possível gravidez. Uma das poucas decisões que tomei por mim foi a escolha de não ser mãe, não queria ter alguém para chamar de meu sabendo que não teria amor para dar. Ao confirmar que havia feito a minha parte, caminhei lentamente para a saída do meu quarto.

O meu coração estava acelerado e os momentos ainda estavam frescos em minha mente, não me esqueceria tão rápido de todo o prazer que me foi proporcionado dentro de um elevador. Assim que entrei na sala pude sentir o meu coração parar e toda a agitação deu lugar a um ataque cardíaco. Taehyung estava sem camisa, em suas mãos havia uma taça de vinho e ao fundo ecoava uma balada relaxante. Ele dançava com o copo em suas mãos e parecia feliz, me permitir admirar a sua beleza de longe. Os meus olhos devoraram a sua pele e tudo em si gritava por prazer. O seu peitoral nu contava uma história que eu estava disposta a conhecer, eu queria conhecer a alma que me fez ter uma alma.

— Me concede essa dança? – disse me assustando.

Sorri de canto e caminhei em sua direção, ele docemente estendeu a sua mão e assim que sentiu a minha, ele a levou aos lábios onde deixou um beijo doce sobre a minha pele. Aos poucos eu realmente acreditava que seria capaz de tudo para o ver sorrir e isso era o que mais me causava medo, foi assim que perdi a minha alma e como Jungkook disse, escapei da morte sem a presenciar na pele. Taehyung colocou um de seus braços em minha cintura e a sua outra mão segurou a minha procurando por apoio. Em movimentos lentos ele nos moveu pela sala, o seu cheiro era bom e nem mesmo o álcool conseguiu apagá-lo.

— Por acaso eu já disse que adoro o seu cheiro? – questionou baixinho em meu ouvido. — O seu cheiro me traz conforto.

— Não senhor. – ele sorriu. — Você nunca comentou sobre o meu aroma.

— Quando eu era pequeno a minha mãe costumava contar histórias sobre uma princesa. – prossegui roucamente em meu ouvido. — Sempre imaginei como seria viver com uma pessoa assim, boa de todas as formas e leal em todos os momentos. Hoje, eu posso afirmar que conheci alguém assim e que diferente das histórias, ela tem algo a mais.

— Está me chamando de princesa? – murmurei apoiando o meu rosto em seu ombro. — Ou está tentando me fazer ciúmes?

— Não. – sussurrou sorrindo. — Te chamo de amor e tudo o que desejo, é te fazer feliz. – tremi ao ouvir.

Ao fundo a balada ecoava e nos movíamos lentamente, seguindo a melodia dos nossos corações. Tudo feito por ele combinava com o momento e mesmo tentando, não compreendia os motivos da sua felicidade repentina. Me perguntei se era culpa do vinho ou a minha presença? Independente, era bom vê-lo assim. Os nossos corpos dançavam lentamente e os nossos passos eram calculados, também estávamos em sintonia. Não pensei viver um sentimento assim e agora que o tinha, não queria perder. Usaria as poucas forças que ainda tinha em meu corpo para lutar por Taehyung, queria lutar pela ideia de que éramos bons um para o outro e que seriamos felizes para sempre.

— Eu quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. – murmurou. — Assim, desse jeito.

— E você acha que somos uma boa escolha? – questionei.

— De todas as escolhas que fiz durante o meu percurso pela terra, você foi a única que deu sentido a minha vida. – pude sentir as lágrimas invadirem o meu rosto. — Você me deu um motivo para continuar e mesmo sendo algo bobo, olha onde nos encontramos neste momento.

— Ainda tenho medo. – confessei. — Esse turbilhão de emoções pode nos afastar ao invés de aproximar.

— Não permitiremos isso. – afirmou apertando a minha cintura. — Enquanto os céus me derem forças, eu te darei amor.

— Você não pode beber. – disse tentando controlar as minhas emoções. — No nosso próximo encontro não haverá bebidas para você.

— Então teremos uma próxima vez? – disse me girando.

— E tem como escapar disso? – retruquei lhe causando um sorriso.

— Eu não estou bêbado. – disse me parando. — Estou apaixonado.

Sorri de canto enquanto ele me puxava de volta para os seus braços. Me permiti ficar ali, não tinha forças e não queria lutar contra os sentimentos que confessávamos em nossa bolha de carinho. Desejava ficar em seus braços por um longo tempo, isso também era o que eu ansiava. Assim que o último tom de música se fez presente, ele docemente me soltou e foi em direção a geladeira. Não entendi o que estava acontecendo, cruzei os braços e observei os seus movimentos. Tudo em Taehyung era gracioso, até mesmo a forma descoordenada dos seus movimentos.

— Estou faminto! – exclamou abrindo a geladeira.

— Acabamos de voltar de um restaurante. – comentei. — Restaurante que você e Jungkook provavelmente fizeram um prejuízo pela quantidade de pratos que pediram. Lembra? – ele não podia estar com fome de novo após comer tanto.

— Ei, Alice? – replicou comendo um pedaço de frango.

— Sim. – sorri de canto.

— Acha que estou grávido? – o seu semblante mudou e ele fez cara de preocupado. — Será que tem um bebê aqui dentro? – continuou passando a mão cheia de óleo pela barriga.

Não pude evitar uma gargalhada, como alguém podia ser tão bobo? Taehyung era estúpido e eu estava adorando cada momento ao seu lado.

— Provavelmente. – respondi. — Apesar de ter gozado em sua bunda, deve ter restos meus em sua vagina. – a ironia era nítida.

— Se passar mal e começar a ter enjoos, você cuida de mim? – prosseguiu mantendo o personagem.

— Acho que não. – murmurei. — Não pretendo assumir essa criança sem ter a certeza de que sou a mãe. E cuidar de você pode ser entendido como pedofilia por causa da diferença de idades. – ele ponderou as minhas palavras seriamente.

Gostaria de permanecer séria, mas ao invés de continuar ele simplesmente deu de ombros e prosseguiu comendo alguma coisa dentro da geladeira. Após alguns segundos ele se virou e me mostrou um pedaço de bolo que havia esquecido ali dentro, não sabia bem, mas combinar frango assado com bolo de chocolate não resultaria em algo bom. Sem esperar a minha reação, ele começou a devorar o pedaço e eu sabia que ele estava bêbado, mesmo sendo negado.

— Ei, Alice? – disse chamando a minha atenção.

— Sim, Tae. – respondi me aproximando.

— Eu me ausentarei por uns dias. – murmurou limpando a sua boca em um guardanapo. — Mas eu prometo voltar rapidinho para ficar ao seu lado.

— Posso saber o seu destino? – senti o meu coração apertar.

— Coisas do trabalho, ainda preciso vender a minha alma por alguns contratos. – disse evitando detalhes. — Eu prometi que te contaria tudo em breve e gostaria de fazer após este último compromisso.

— Tudo bem. – aceitei.

Ele sorriu e veio em minha direção me puxando para si. Senti as suas mãos em meu corpo e voltei a tremer, os seus olhos eram tão calmantes.

— Prometo contar tudo em breve. – disse. — Está bem?

— Não acha que está prometendo muitas coisas? – retruquei. — Não prometa o que você não pode cumprir, isso evitará decepções para você e para mim. – e isso não era mentira.

Taehyung passou uma de suas mãos por meu rosto e me acariciou, fechei os meus olhos por alguns segundos e senti algo bom me invadir.

— Por favor confia em mim. – pediu. — Preciso disso.

— Eu confio. – murmurei abrindo os olhos. — No entanto, eu tenho medo de ver o meu coração sofrendo por você e por metade das coisas que você me conta. – ele respirou fundo ao ouvir. — Em um mundo de segredos, nenhum relacionamento sobrevive às verdades.

— Jamais magoaria você. – senti o meu peito doer. — Promete que me esperará?

— Não é como se eu pudesse sumir da sua vida. – sussurrei. — Não se preocupe, eu estarei aqui quando você voltar.

Sem falar nada, ele me apertou contra si e me envolveu em um abraço.

— Quando irá? – perguntei ao sentir o seu toque.

— Amanhã. – respondeu. — Mas desejo passar a noite ao teu lado, posso?

— Sim. – aceitei.

Permanecemos entrelaçados em um silêncio bom, não queria assumir que sentiria a sua falta mesmo sabendo que isso aconteceria mais rápido do que desejava. Me apegava em si e em toda a ideia de amor que ele carregava consigo. A minha cabeça vagava por suas palavras e no fundo, alguns momentos ao lado de Jungkook ecoaram novamente. Mesmo sabendo quais eram as intenções de Taehyung, ele não conseguiu impedir. Imaginar que Taehyung poderia estar morto me causou uma dor que não queria sentir, e no fundo, me questionava se era certo sentir isso. 

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