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***

Ao abrir a porta do meu apartamento, os meus olhos avistaram a beleza que Taehyung carregava consigo. Em seu rosto havia um sorriso enorme e em seus olhos, a sinceridade que ele carregava dentro de si. Sempre que o olhava, sentia que os sentimentos eram puros e únicos, e isso era na verdade o que mais me provocava medo. Além do medo causado por meu passado, eu tinha medo de me entregar a estes momentos. Não queria assumir que aos poucos me permitia sentir algo, mas acredito que isso era visível em meus olhos sempre que ele sorria para mim.

Taehyung me fazia sentir coisas que eu não queria, porém, não conseguia ignorar. Os sentimentos que percorriam o meu corpo eram intensos e cheios de segundas intenções. Assim como o sorriso de canto que ele carregava em seus lábios, insinuando desejos arrepiantes. Me sentia bem ao vê-lo e me perguntava, se ele sentia o mesmo ao estar ao meu lado. Se assim como eu, ele tinha dúvidas sobre o nosso relacionamento repentino. Se ele também tinha receio por nós.

— Desculpe incomodar. – disse quebrando o silêncio. — Não consegui ficar muito tempo longe de você. – a sua voz era tão cativante.

— E eu preciso acreditar nisso? – questionei, me apoiando na porta. — Não sei se as suas palavras são verdadeiras.

— De fato, você não precisa. – murmurou. — No entanto, seria bom se você acreditasse em minhas palavras, mesmo que não soem verdadeiras. – pude ver um sorriso franco em seus lábios.

— Voltou para fazer algo em específico? – indaguei. — Ou veio apenas passar o seu tempo?

Pude ver em seu semblante que ele estava confuso e procurava as palavras certas antes de responder.

— Voltei para confirmar algo. – franzi o sobrolho ao ouvir. — Você está linda!

— Obrigada. – respondi sorrindo de canto. — Senha correta. – o seu sorriso dobrou de tamanho ou ouvir.

Processava as suas palavras em minha mente e tentava não ficar constrangida. O que ele queria dizer com "voltei para confirmar algo."?

Sem esperar uma reação e sem pensar muito, me afastei da porta e fui em direção a sala. Não demorou muito para sentir a presença de Taehyung atrás de mim. Ele me seguiu em silêncio e como da primeira vez que esteve ali, os seus olhos percorreram todo o ambiente. Gostaria de o bombardear com perguntas, mas sabia que isso o afastaria de mim. No momento, não havia nada para falar.

Me sentei no sofá e sorri ao ver que ele fez o mesmo, tomando lugar ao meu lado. Taehyung sorria e os seus olhos brilhavam com muita intensidade. Os seus olhos não deixaram os meus desamparados e sempre que respirava fundo, o seu sorriso aumentava mais. O meu coração reagia à cada sorriso que ele esboçava e o meu cérebro, retribuía os sorrisos com carinho, me fazendo sorrir de volta.

Será que por algum momento, ele sabia o valor da sua perfeição?

— Começo a entender os motivos para você gostar tanto de estar em casa. – murmurou quebrando o silêncio.

— Como? – retruquei com certa confusão.

— O seu apartamento é calmo e mesmo tendo uma cidade grande do lado de fora, não se escuta muito. – sorri de canto ao ouvir. — É o primeiro apartamento, é o primeiro lugar onde não escuto Seoul.

— E isso é algo bom? – sussurrei.

— Seoul é uma cidade grande e a sua imensidão domina qualquer coração pequeno. – respondeu brincando com o anel em seu dedo indicador. — Não consigo chamar Seoul de casa, ainda não me adaptei. Porém, quando estou aqui, sinto a paz que não encontro em Seoul. – as suas palavras eram lindas.

— Eu sinto muito. – sussurrei. — Me sentia assim no começo, mas aprendi a aceitar a beleza de Seoul à medida que conhecia as suas ruas. Acho que hoje me sinto em casa e não trocaria a vida que tenho, pela que deixei para trás. – esse sentimento era verdadeiro.

— Sempre que estou ao seu lado, eu sinto que você esconde uma dor tão grande. – senti o meu coração acelerar ao ouvir. — O seu sorriso não esconde o que os seus olhos querem dizer. Como consegue esconder a sua dor?

Respirei fundo antes de responder, não podia falar sobre a minha dor, mas também não queria ser cruel. Ponderei quais seriam as palavras certas e como usá-las. Talvez a minha sinceridade fosse demais e ele acabasse sentindo pena de mim, algo que eu não queria.

— Eu não escondo a minha dor. – respondi com calma. — Com o tempo aprendi a ignorar e a não pensar nela, então, ela só se torna minha quando eu deixo. – não podia falar mais. — Faço o que posso para que ela não se torne minha durante o dia, e quando a noite chega eu durmo sem pensar nela. – precisava engolir as minhas palavras a seco.

— E o que te faz sofrer quando você deixa? – retrucou.

Por mais que confiasse em Taehyung, ainda não podia me abrir por completo. Não sabia o que a sua presença nos traria, então, para ambos, seria melhor se não falássemos muito sobre a minha dor ou sobre como ela veio a fazer parte de mim. Essa dor era responsável por muitas coisas, inclusive pelo momento em que nos encontrávamos.

— Que bom que resolveu voltar. – sussurrei. — Pensei que havia feito algo e por este motivo, você foi embora.

— Me arrependi de ter ido daquela forma. – respondeu sorrindo de canto. — Desculpe.

— Tudo bem. – sorri de canto.

— Por acaso, você se arrumou desta forma para mim? – os seus olhos ficaram enormes ao proferir as palavras. — Está muito bonita para uma noite casual.

Senti o meu coração parar ao ouvir, do que ele estava falando? Era tão nítido assim?

— Seria o seu desejo, não? – retruquei. — Mas não, não me vesti assim para você. – menti.

Eu não queria mentir, mas não podia assumir que ele estava certo. Não podia expor a minha personalidade desta forma.

— Ah perdão, não sabia que você se veste como uma modelo para ficar em casa. – disse com sarcasmo. — Porém, eu não vou julgar pois, há fetiches para tudo. – sorri ao ouvir.

— Você não tem graça. – respondi ficando séria.

— Diga-me senhorita Alice, a inspiração do seu look veio de onde? – tentei conter o meu sorriso. — É um estilo peculiar e curioso, você me lembra a Megan Griffin do Family Guy? – o quê?

— Do que você está falando? – retruquei lhe jogando uma almofada. — Por acaso você não teme por sua vida?

Taehyung sorriu e se aproximou de mim, encostando a sua cabeça em meu ombro. Rapidamente o seu cheiro tomou conta dos meus sentidos e me fez neutralizar todos os outros sentimentos que sentia dentro de mim. A sua presença ao meu lado fez com que o meu coração palpitasse forte e as suas batidas descoordenadas fizeram com que eu respirasse fundo por algumas vezes. Sem esperar as minhas próximas reações, ele encostou os seus lábios em meu pescoço e um arrepio me consumiu. Taehyung agia em silêncio, e as suas mãos logo encontraram as minhas, as acariciando com cuidado.

— Quero tanto te chamar de minha. – sussurrou. — Tenho tantos nomes para você, que o meu coração se alegra ao lembrar. – engoli a seco ao ouvir.

— A sua sinceridade me assusta. – murmurei pesadamente.

A ansiedade me dominava por dentro, não podia aceitar as suas palavras. Não podia me render agora, seria injusto para ambos. Ainda me sentia quebrada e não podia ajudá-lo a se curar desta forma, estávamos indo rápido demais, tudo acontecia rápido demais.

— Ei, Alice? – sussurrou me causando outro arrepio.

— Hmm. – murmurei.

— Você acredita em amor à primeira vista agora? – ele não desistia das suas investidas.

— Não. – respondi firmemente.

Por vezes, eu me pergunto o que aconteceria se eu falasse que sim. No entanto, não era certo alimentar sentimentos aos quais não estava preparada para sustentar. Não conseguiria controlar os sentimentos dentro de mim, então, precisava agir com calma. O meu coração queria dar uma chance a Taehyung, só que eu não podia. A sua respiração forte e muito concentrada fazia com que os arrepios em mim aumentassem. Ponderei se deveria tocá-lo, mas não consegui. Após alguns minutos, ele pressionou o seu rosto contra o meu pescoço e me fez deitar no sofá.

Segui as coordenações de Taehyung e me deitei no sofá, os seus lábios beijavam a minha pele com muita vontade e a euforia voltava a me consumir. Em seguida, ele deitou a sua cabeça em meu colo pressionando os meus seios e passou a pontinha dos seus dedos sobre a pele do meu braço, me despertando outro arrepio. O gesto era idêntico ao de uma criança, deitado no colo de sua mãe. Por um momento, senti como se ele fosse algo meu. Alguém que necessitasse dos meus cuidados e proteção. Esse era o sentimento que Taehyung despertava em mim e em meu pobre coração, porém, isso poderia ser apenas uma ilusão da minha cabeça.

— Se puder desejar algo. – murmurou. — Desejo ficar para sempre em tua companhia. Você salvou a minha vida, te devo felicidade em troca. – ele respirou fundo antes de continuar. — Te devo lealdade e a minha companhia para a eternidade. – tremi ao ouvir as suas palavras.

— Taehyung. – tentei.

Antes de conseguir continuar, ele ergueu o seu rosto e me olhou nos olhos.

— Repete. – pediu em sussurro.

— O quê? – indaguei com certa confusão.

— O meu nome. – sussurrou. — Assim, baixinho.

— Taehyung. – sussurrei, sorrindo de canto.

Sem falar nada, ele se aproximou e grudou os seus lábios aos meus, me entrelaçando em um beijo. Senti o seu beijo e o meu coração começou a bater mais forte. Ele estava descoordenado e não sabia como continuar funcionando e nem sabia como organizar os momentos ao lado de Taehyung. Me deixei levar por seu beijo, não lutaria agora. Senti saudades dos seus lábios nos meus, assim que ele me deixou sozinha.

A sua língua viajou por toda a minha boca e os seus lábios mordiam os meus com cuidado, em uma veracidade insuportável. As mãos de Taehyung apertavam a minha cintura e empurravam o tecido do vestido contra a minha pele, me causando desejo. Algo que eu também não sentia desde que aprendi a desconhecer o meu corpo. O seu peso sobre o meu corpo fez com que déssemos gemidos durante os longos beijos e isso arrancou sorrisos de ambos.

— Você é minha. – sussurrou, parando o nosso beijo. — Não aceito perder você.

O meu coração voltou a acelerar, agora era o momento para dizer não. Precisava lutar contra todos os sentimentos, precisava dizer que não. Por qual motivo a minha boca não conseguia dizer que não? Seria tarde demais?

Sem desejar e sem controlar, estava em suas mãos e provavelmente seria sua. 

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