» 149 «
***
"Eu não quero perder o que conquistamos juntos. Por favor, entenda-me, por favor, me ame."
Aos poucos me sentia melhor e toda a sensação ruim que habitava o meu corpo, deixou-me. Todos os relatórios foram refeitos e o meu escritório estava organizado de novo. Todavia, todos os documentos estavam salvos em meu pendrive pessoal e ninguém teria acesso ou poderia alterar algo antes que eu enviasse para a redação da empresa. Precisei de exatamente cinco horas para concluir tudo e entrei em contato com os autores afetados, oferecendo os meus trabalhos para refazer os relatórios que eles também haviam recebido. Para a minha felicidade, todas as pessoas foram receptivas e compreensivas sobre o que aconteceu. Ninguém ficou chateado ou frustrado com os meus questionamentos e isso me deixou feliz. No fim, eu ainda tinha um nome no mercado e ele era bem-visto por muitas pessoas que não me conheciam.
— Senhora? – ouvi a voz de Oh Reum no telefone e voltei a minha atenção para ela. — A senhora tem uma visita, posso deixar entrar?
— Quem é? – indaguei.
Oh Reum não respondeu, mas a porta da minha sala se abriu e ela entrou sorrindo de canto. Respirei fundo e voltei a minha atenção para ela. No momento seguinte, um homem entrou e eu ergui o meu corpo, o cumprimentando em seguida. Não sabia quem era, mas isso não era importante no momento. Precisava manter o meu respeito e evitar erros amadores. O homem sorriu e mostrou as suas covinhas, o tornando em alguém muito mais simpático. Oh Reum não esperou por nós, ela simplesmente saiu da sala e fechou a porta. Ele entrou na sala e caminhou em minha direção. Não sabia quem era, mas pelo semblante era alguém bem novo. Vestia um terno preto bem elegante e os seus cabelos negros o tornou em alguém muito charmoso.
— A famosa Alice. – disse colocando as mãos nos bolsos. — Finalmente nos conhecemos pessoalmente.
— Sinto muito. – murmurei. — Mas eu não sei quem é o senhor. – ele soltou uma gargalhada ao ouvir.
— Por favor, somos da mesma idade. – sorri de canto. — Me chame de Chin Hwa.
— Oh, agora eu sei quem é. – me sentia sem graça. — Por favor, sente-se.
— Não se preocupe comigo. – disse tomando lugar no sofá. — Não quero atrapalhar, queria apenas me apresentar. Infelizmente ainda não tivemos a oportunidade de nos conhecer. – isso era verdade.
Não sabia muito sobre si, mas ouvi comentários de outros funcionários sobre o seu desempenho e todos estavam felizes. As pessoas mal podiam esperar para vê-lo no poder e finalmente mudar as regras estranhas que seu pai havia adotado para a empresa. Por outro lado, eu ouvia comentários sobre a sua beleza e de fato, eles não eram exagerados. Chin Hwa era de fato muito bonito e a sua pele delicada era invejável, será que ele sabia disso? Respirei fundo e me sentei, o olhando. Não sabia o que dizer e nem sabia sobre o que ele queria conversar, por isso, mantive o silêncio até ele o quebrar.
— Você deve estar estranhando a minha visita repentina. – sim, estava. — No entanto, além de te conhecer, eu gostaria de falar sobre a sua última revisão. – respirei fundo ao ouvir.
— Sinto muito. – murmurei. — Não sei explicar a originalidade dos meus erros, mas estou trabalhando para os corrigir.
— Sim, ouvi dizer que o meu pai esteve aqui ontem. – infelizmente. — Ele comentou que vinha quando pediu que assinasse a sua demissão. – tremi ao ouvir.
— Não compreendo por qual motivo ele não me demitiu. – murmurei respirando fundo.
— Ele não pode. – franzi o sobrolho ao ouvir. — Felizmente o meu pai não cuida mais do setor administrativo e todas as demissões precisam ser assinadas por mim. Ele não te demitiu por minha causa, eu não permiti.
— Não compreendo. – e realmente não compreendia.
— Alice, quando você está editando um documento ou escrevendo um documento, existem duas pessoas que acessam simultaneamente. Notou isso?
— Sim. – murmurei.
— Uma é você e a outra pessoa sou eu. – disse cruzando as pernas. — Então, eu tenho acesso aos seus documentos durante a sua criação e li documentos bem diferentes dos que foram entregues ao meu pai. – isso me passava um certo conforto. — Sempre imprimo os documentos completos e os guardo em pastas especiais, caso as conexões com os computadores sejam cortadas. Isso evita um problema jurídico grande. – o seu trabalho era bem complexo.
— Quer dizer que você possui acesso a tudo desde o dia que comecei a trabalhar? – questionei indo em sua direção.
— Sim. – murmurou. — Interesso-me por seu trabalho e acho as suas revisões esplêndidas. Mesmo não concordando com algumas, acho impressionante a forma como você se direciona aos autores e os ensina de uma forma construtiva a mudar aquilo que não é de boa qualidade em seus trabalhos. – ele falava com tanta calma. — Após descobrir que o meu pai esteve aqui, eu fui até ao seu encontro e compartilhei tudo o que sabia com ele. Em seu nome, peço desculpas por sua visita sem fundamentos.
— Não foi sem fundamentos. – comentei sentando-me em sua frente. — O seu pai não sabia de nada e eu não tinha como provar que não estava errada, logo, ele agiu corretamente. Ter você aqui me proporciona um pouco de alívio, mas, ao mesmo tempo, faz-me ter medo. – será que ele compreenderia?
— Acredito que você esteja sendo sabotada. – franzi o sobrolho ao ouvir. — Porém, não consigo ver quem o fez. As alterações feitas em seus documentos foram feitas através do seu computador e da sua conta. – mordi os lábios ao ouvir. — E somente a sua secretária tem acesso à sua sala quando você não se encontra.
— Não sei o que dizer, não possuo provas. – murmurei. — Não quero ser injusta com ninguém, mas tomei providências para que esse erro não se repita. – ele sorriu de canto.
— Nesse meio não existe injustiça, não se esqueça disso. – pediu sorrindo. — Antes mesmo de você chegar, já sabíamos de algumas coisas. E eu estou aqui para garantir que você possa trabalhar em paz.
— Eu nem sei como agradecer. – murmurei. — Você tirou um peso do meu coração e agora posso trabalhar em paz.
— Você pode me agradecer aceitando o convite para almoçar comigo. – sorri. — Assim podemos conversar sobre os trabalhos que você já fez e os projetos que tenho para você.
— Está bem. – aceitei sem pensar muito. — Eu aceito.
— Alice? – ouvimos a voz de Oh Reum e olhamos para ela. — Está tudo bem? Vocês gostariam de beber algo?
— Não, obrigada. – murmurei me levantando. — Estamos de saída.
Chin Hwa se levantou e caminhou em direção a saída do escritório. Peguei a minha bolsa e fiz o mesmo, o seguindo. Oh Reum permaneceu parada do lado de fora esperando alguma reação da minha parte. Ela não precisava saber aonde íamos e o que falaríamos. Antes de sair por completo, olhei para dentro do meu escritório e memorizei como deixava tudo. Em seguida, tranquei a porta e calmamente segui Chin Hwa em direção ao elevador. Oh Reum não disse nada e não olhei para trás, não me importava muito o que ela pensava. Se compreendia as palavras do meu chefe, precisava tomar cuidado e ela era a suspeita principal em tudo. Não queria colocar a culpa sobre os seus ombros sem saber se ela havia realmente feito, porém, não queria arriscar.
— Está gostando da empresa? – questionou ela assim que entramos no elevador.
— Sim, está sendo uma experiência maravilhosa. – e isso era verdade. — Nem sei como agradecer por todas as oportunidades que possuo aqui.
— Fico feliz em saber disso. – murmurou olhando em meus olhos. — Espero que você possa confiar em mim e juntos descobriremos quem está alterando os seus documentos.
— Você acha que pode ser a minha secretária? – não queria acusar, mas precisava saber o que ele pensava sobre o assunto.
— Oh Reum era secretária do meu pai. – respondeu saindo do elevador. — De acordo com ele, ela é muito eficiente em tudo o que faz. No entanto, assim que pôde, ele se livrou dela. Então, eu acredito que você precisa tomar cuidado. – o segui em silêncio. — Ela pensou que seria promovida e que o seu cargo pudesse ser dela. – continuou.
— Não entendo. – murmurei o seguindo pelas ruas. — Ela possui as qualificações necessárias para assumir o setor em que trabalho?
— Não. – respondeu sorrindo. — Ela disse que estuda sobre, mas até hoje não precisamos dela. Na verdade, o meu pai nunca a promoveu e eu não a conheço ao ponto de o fazer. – que confusão.
— Acho que prefiro abrir mão do meu cargo a ser perseguida de novo. – Chin Hwa parou em frente ao restaurante e me olhou nos olhos. — Não quero mais sofrimentos em minha vida.
— Alice, se acalme. – pediu. — Estou do seu lado e não permitirei que nada aconteça. Está bem?
— E tem como você garantir isso? – retruquei arrancando um sorriso dele.
— Faremos uma aposta. – franzi o sobrolho. — Se eu ganhar, você publica o seu próprio livro e pode escolher o que fazer comigo, se eu perder.
— Não. – murmurei com vergonha. — Jamais compartilharia com o mundo os rascunhos horríveis que faço. – ele soltou uma gargalhada ao ouvir.
— Se os seus textos são horríveis, nem quero ver a perfeição. – sorri. — Vamos, não deixe a sua secretária acabar com a sua diversão no trabalho.
— Você herdou a loucura do seu pai? – ele sorriu.
— Infelizmente, não. – disse entrando no restaurante. — Meu pai não sorri desde que nasceu, é um karma pessoal dele. – sorri.
Chin Hwa sorriu e me guiou para dentro do restaurante. Gostava da sua companhia e saber que ele estava do meu lado, dava-me conforto para continuar. Se Oh Reum fosse realmente perigosa, teria dias turbulentos pela frente e não podia fraquejar. Usaria a ajuda dele para manter os meus trabalhos no mais sigilo possível. Balancei a cabeça e procurei afastar os meus pensamentos, não podia pensar nisso agora e aproveitaria a companhia no almoço. Os problemas podiam esperar mais um pouco até se tornarem presentes de novo.
***
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top