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••• quatro anos antes •••

Eu não me sentia bem e todo o meu corpo reagia aos sintomas. A minha cabeça doía e até mesmo respirar ficava difícil. Me encontrava numa situação deplorável, porém, na minha mente tudo ficaria bem e os motivos eram tão bons que justificavam a minha dor. O meu pulmão reagia de acordo com as minhas decisões e isso era claro para mim. Tudo aconteceu quando resolvi aceitar o convite do meu namorado e em meio a uma chuva intensa, nos encontramos dançando e apreciando o amor que sentíamos um pelo outro. Juntos sentíamos que nada de ruim podia acontecer, por isso investíamos tanto tempo no nosso amor.

— Filha. – ouvi o sussurro da minha mãe pela milésima vez e abri os meus olhos. — Filha? – insistiu, me fazendo acordar.

— Sim. – sussurrei ainda um pouco tonta. — Aconteceu algo?

— Não. – respondeu baixinho. — Você tem uma visita. – ela sorria.

A minha mãe se afastou e foi em direção a porta do meu quarto, onde o meu namorado se encontrava. James me olhava com atenção e nos seus olhos toda a emoção era nítida. Gostava da sua companhia e sempre que o via, o meu coração se enchia de felicidade. Ele me despertava sentimentos contraditórios e, ao mesmo tempo, reconfortantes. Em silêncio, ele caminhou na minha direção com um sorriso no rosto. Pude notar que ele estava cansado, ele vivia assim nos últimos tempos. Desde que me encontrava doente, essa era terceira vez que ele me visitava. Desejava que ele me visitasse com mais frequência, porém, eu não podia exigir nada que desencadeasse uma briga entre nós.

— Oi. – sussurrou se sentando na cama. — Como você está?

— Oi. – ainda me sentia fraca. — Me sinto cansada, mas bem e você? – ele parecia triste.

— Bem. – respondeu se sentando na cama. — Estou preocupado contigo, aliás, todos estão. Não devíamos passar tanto tempo na chuva. – sorri ao lembrar do dia maravilhoso que passamos, mas que me causaram uma pneumonia. — Sinto muito, me desculpa? – eu queria um beijo dele.

— James. – murmurei. — Apesar da pneumonia, eu gostei muito. – sorri.

Ele sorriu de volta e me mostrou os seus belos dentes. Em todos os momentos em que pensei em ter um namorado, não imaginei que seria alguém tão belo e aos meus olhos, perfeito. James era tudo o que uma mulher desejava. Ele era carinhoso, bondoso, viril e muito bonito. A sua beleza arrancava pedaços de mim, será que ele sabia disso? Hoje ele vestia roupas pretas e tudo em si, despertava desejo. Mordi os meus lábios ao ver a forma como ele prendia os seus longos cabelos num coque malfeito que deixava qualquer pessoa suspirando por ele. Os seus olhos vagaram por meu rosto procurando por algo, mas não compreendi o que era.

— Posso me deitar ao seu lado? – indagou.

— Sim. – sussurrei levantando o cobertor para ele se deitar ao meu lado.

— Estou com saudades do seu cheiro e da sua presença. – murmurou no meu ouvido, me causando arrepios. — Me sinto tão sozinho sem você.

Nos sentíamos assim com frequência e era recíproco. Apesar de aceitar a minha decisão e de não passar dos limites, sabia que era difícil esperar e ficar sem sexo. No entanto, não conseguia me entregar nos seus braços ainda. Por mais que gostasse dele, eu não queria me entregar apenas para satisfazer os seus desejos carnais que eram mais fortes do que os meus. Sempre que ponderava oferecer o meu corpo para ele, tudo em mim, gerava revolta e um sentimento ruim tomava conta de mim. Acredito que o meu corpo me pedia para esperar mais um pouco antes de ceder aos seus desejos.

— Eu também sinto a sua falta. – sussurrei. — Você poderia me visitar mais vezes. – pedi.

— Estou aqui, não estou? – respirei fundo ao ouvir.

— Sim. – sussurrei evitando continuar o assunto.

James passou uma das suas mãos por minha cintura e a acariciou de leve, me fazendo arrepiar. A sua respiração pesada em meu pescoço despertou o desejo que procurava conter. Podia sentir o seu corpo tremer junto ao meu e o seu membro se fazia notável nas minhas costas, assim como podia sentir a minha intimidade reagir aos sinais que o seu corpo me dava. Ouvi de outras mulheres que ele era um bom amante e que sabia fazer qualquer mulher feliz, mas comigo ele era respeitável e muito comportado. As suas mãos subiram mais um pouco para baixo dos meus seios e com cuidado ele os passou pela pele em baixo dos meus seios.

— James. – gemi com dificuldade. — Por favor. – continuei.

— Me deixa te fazer minha, Alice. – pediu em gemidos. — Me deixa te tornar mulher.

— Não podemos. – eu não queria. — Por favor, eu ainda me sinto fraca.

Ele respirou fundo e tirou a sua mão do meu corpo, se levantando em seguida. Em seu rosto era nítido que ele estava chateado, mas a sua boca não disse nada. Ele sabia do meu posicionamento e precisaria esperar mais um pouco. Não queria me envolver com ele ainda, por mais desejo que sentíssemos, eu não me sentia confortável para me deitar com ele. Presava muito a minha virgindade e não queria perder apenas por desejo. Não confiava totalmente nele e sentia que após conseguir a minha virgindade, ele me abandonaria para se aventurar no corpo de outra mulher que lhe atraísse mais.

— Te vejo amanhã na faculdade. – disse indo para a porta do meu quarto.

— Está bem. – respondi sem jeito.

James não disse nada e saiu do quarto sem se despedir de mim. Estava irritada, mas compreendia o seu lado. Apesar da sua doçura e compreensão, ele era um homem muito dominante e por vezes, agressivo. Já presenciei momentos em que ele se voltou contra os seus próprios amigos para impor a sua opinião. Isso me preocupava um pouco, não saber qual era a sua estabilidade mental no momento. Não sabia se ele estaria bem comigo ou se brigaríamos por motivos bobos, não queria que ele me tratasse como tratava os seus amigos. James não me passava segurança para me fazer entregar o meu corpo em suas mãos. Será que o seu interesse era somente sexual?

••• no dia seguinte •••

Ainda não me sentia bem, mas precisava voltar a rotina. Ficar em casa me fez perder várias matérias importantes e as provas começariam em breve. Estudar nunca foi um problema e eu adorava cada momento que podia passar na faculdade, porém, ainda não me sentia bem para concentrar em tudo o que precisaria fazer para recuperar o tempo perdido. Para a minha alegria os meus amigos me ajudariam com tudo, mas no fim, somente eu poderia mudar o destino das minhas notas. Respirei fundo ao ver que não tinha visto James, ele não falou comigo e também não me procurou, mesmo sabendo que eu estava ali. Será que ele ainda estava zangado comigo? Será que esse era o nosso fim?

— Que bom que você veio. – ouvir as suas palavras me faziam bem. — É tão triste sem você por aqui. – era bom ter uma melhor amiga assim. — Me senti muito sozinha.

— Eu também estou feliz por estar de volta. – respondi pegando os meus livros dentro do armário. — Provavelmente perdi muita informação importante.

— Você não perdeu muita coisa, mas escrevemos muito nos últimos dias. – disse caminhando em direção a sala. — Terei o maior prazer em te ajudar em tudo o que você precisar. – sorri e a segui pelos corredores.

— Você viu o James hoje? – indaguei olhando para os lados.

— Não. – murmurou. — Ele ficou muito ruim com a sua ausência. – era difícil acreditar que o homem mais popular da faculdade havia ficado sozinho. — Ele ficou triste pelos cantos, falando de você o tempo todo. – não acreditava nisso.

— Estou com saudades dele. – comentei ao ver que não o encontraria.

Young Soo entrou na sala e eu a segui em silêncio, no entanto, antes de entrar pude sentir alguém tocar no meu braço, me puxando de volta para fora. Me assustei ao ver quem era, mas logo em seguida um sorriso se fez nos meus lábios. Era uma pessoa conhecida e muito agradável que eu gostava de ter por perto, ele me passava confiança e segurança sempre que se encontrava perto de mim.

— Que bom que está de volta e saudável. – disse me fazendo sorrir.

— AgustD! – disse ao vê-lo.

Ele era o melhor amigo de James e por vezes o meu melhor amigo também. Sempre que James não podia fazer algo por mim, ele pedia o seu amigo para fazer. Muitas vezes, ele me pegava na faculdade e me levava para casa ou me pegava em casa e me trazia para a faculdade a pedido de James. Aos poucos desenvolvemos uma relação agradável onde podíamos falar sobre qualquer coisa sem nos comprometermos. Apesar das suas amizades, ele era muito inteligente e se interessava pelas mesmas coisas que eu, algo que prezava muito.

— Como está se sentindo? – indagou cruzando os braços.

— Bem, obrigada. – respondi não contendo a minha alegria. — Preciso ir para a aula. – disse me afastando novamente. — Você não vem? – indaguei ao ver que ele não entrou.

— Não. – disse parado na porta. — Não sou mais da sua turma. – ele se afastou sem esperar a minha resposta.

Ninguém sabia o nome dele, todos o conheciam pelo nome de AugustD. James sabia o seu nome, mas nunca comentou com ninguém. A amizade entre eles era grande, mesmo acontecendo brigas e desentendimentos o tempo todo, no fim, todo mundo era amigo. Por um lado, sempre invejaria isso nos homens. A capacidade de esquecer e perdoar um amigo. As mulheres não esquecem as coisas e sempre que podem jogam algo na cara uma das outras para despertar a ira delas. Os amigos de James tinham carinho por mim e muito respeito, eles se preocupavam em saber se eu estava bem. AugustD me visitou mais do que James, no entanto, ninguém podia saber já que James tinha ciúmes de mim.

— Se ele não fosse amigo de James, eu diria que ele gosta de você. – comentou Soo assim que me sentei ao seu lado. — Ele é fofo.

— Não fale bobagens. – murmurei. — Somos todos amigos e todo mundo sabe que James é o meu namorado. Ele mesmo faz questão de provar e mostrar isso para todo mundo. – respondi evitando pensar em suas palavras. — Esses comentários podem nos causar problemas, se contenha.

— Alice, eu sou sua amiga. – disse me olhando. — Se somos todos amigos, por qual motivo James não pode saber que ele te visitou todos os dias? – a sua pergunta soou venenosa.

— Não quero que James alimente coisas em sua cabeça. – respondi. — Ele adora imaginar coisas que não existem e ama pensar que tudo é sinônimo de traição. – permaneceria neutra.

— Está bem. – não queria mais me sentar ao seu lado. — Eu sou sua amiga e não comentarei nada, mas sabe que eu penso diferente.

O que acontecia com ela? Seriam ciúmes de AugustD?

— Me abri com você por ser minha amiga, espero que não traia a minha confiança. – alertei.

Young Soo não disse nada, mas não foi preciso. Pude ver em seus olhos que ela ficou chateada comigo e eu não fazia ideia do que tinha feito para ela. No entanto, me sentia triste por saber que ele não era mais da minha sala. Ele era um bom colega para trabalhos e de todos os outros homens na minha sala, ele era o único que sabia conversar sem levar tudo para a conotação sexual. Além de ser os olhos e os ouvidos de James em todos os lugares da faculdade. Por vezes me questionava se a sua aproximação era somente por causa de James, que precisava saber onde me encontrava a todo o momento. No entanto, não tinha como provar e preferia acreditar que ele gostava de mim e não me seguia apenas por comandos do seu amigo. 

***

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