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Algo não estava certo, podia sentir isso. O silêncio e os olhares acabavam comigo e, ao mesmo tempo, alimentavam histórias em minha cabeça, me fazendo questionar se estava ficando louca. De um lado estava Taehyung e seus amigos, do outro, me encontrava com Young Soo. Namjoon que até então morria de amores por ela, se limitou ao silêncio e todos os outros fizeram o mesmo. Será que havia acontecido algo e eu não havia percebido? Será que a mudança de comportamento era um sinal e somente eu não o interpretava? O cheiro da comida estava me enlouquecendo e como sempre, Namjoon e Seokjin haviam se esmerado em tudo.

— Quando vocês pretendem se casar? – questionou ela quebrando o silêncio.

— Não sei. – murmurei. — Precisamos organizar alguns assuntos e Taehyung não me pediu em casamento de novo. – não queria dar mais detalhes sobre o nosso relacionamento.

— Alice, ele parece ser uma boa pessoa. – disse sorrindo. — Conversei com ele no outro dia e ele parece te amar muito. Porém, eu não sabia que você ainda mantinha contato com o Yoongi. – continuou olhando por cima do ombro, para o ver na cozinha. — Ele sempre foi tão estranho.

Não sabia que ela reagiria assim ao vê-lo e com certeza não esperava a reação dele perante ela. Todos estudamos juntos e nos conhecíamos bem por causa de James, ela sempre estava comigo quando estávamos juntos com James e seus amigos. Então para mim, ela também sentiria algo bom ao vê-lo do meu lado como meu amigo. Nem todos os amigos de James precisavam acabar mortos ou presos, alguns deles eram legais conosco, assim como Min Yoongi era. Todavia, eu sentia que algo estava errado e isso me deixava frustrada e com muito medo do que podia acontecer se eles ficassem sozinhos. Ela voltou o seu olhar para mim e esperou alguma reação da minha parte, todavia, eu só observava os seus gestos.

— Sim. – disse após um tempo. — Min Yoongi é amigo de Taehyung, nos encontramos por acaso. – não sabia se devia falar sobre ele. — Legal, né?

— Legal? – retrucou. — Não sei se acho isso legal, mas a vida é sua. – franzi o sobrolho ao ouvir.

— Por qual motivo você não acha isso legal? – retruquei.

— É complicado. – murmurou. — Digamos que não tenho coisas boas para falar do Yoongi, nem querendo muito. – ela desviou o seu olhar.

— Você e ele já se envolveram? – isso não podia ser real.

— Sim. – sussurrou. — Infelizmente eu também já caí nos seus encantos.

Respirei fundo ao ouvir, me encontrava em choque. Como assim ela havia se relacionado com ele? Como era possível que ninguém comentasse sobre isso? Se isso fosse verdade, eu saberia. James não esconderia isso de mim, ele sempre falava tudo o que os seus amigos faziam. Isso me lembrava que talvez fosse bom tê-la por perto para provar ao Taehyung que eu não tinha interesse no Yoongi e que ali do meu lado havia alguém com mais passado do que eu. Será que unir Young Soo e Yoongi fosse uma boa ideia? Ambos precisavam de alguém e eu precisava saber que ela ficaria bem após ir embora, não sabia por quanto tempo ficaríamos sem nos ver novamente.

— Anjo. – sorri ao ouvir a voz de Taehyung.

— Oi? – respondi olhando em sua direção.

— Vem comer, bebê. – como eu o amava. — Segundo os especialistas, o almoço está pronto.

Me levantei e estendi a minha mão em direção a Soo, que sorridente a segurou e se levantou, me seguindo. Juntas caminhamos em direção a cozinha, onde o meu estômago reagiu a tudo o que viu. A mesa estava decorada com comidas maravilhosas e logo o meu apetite me invadiu, queria provar de tudo. Hoseok estava sentado ao lado de Seokjin, Namjoon se sentava ao lado de Yoongi e eu tomei lugar ao lado de Taehyung. Young Soo percorreu a mesa e os rostos que ali estavam, se sentando ao lado de Seokjin. Yoongi olhava para ela e isso me despertou curiosidade, será que ele estava com saudades do relacionamento que viveu com ela?

— Isso parece delicioso. – comentou ela ao se sentar.

— Espero que gostem. – respondeu Namjoon forçando um sorriso. — Fiz com muito carinho usando algumas pitadas de álcool cedidas por Seokjin.

— Saúde. – disse Seokjin arrancando sorrisos.

— Eu quero muito comer, posso? – perguntei olhando para Namjoon.

Namjoon sorriu e acenou com a cabeça, me fazendo sorrir também. Rapidamente eles nos serviram e Seokjin fez a sua parte, enchendo as nossas taças de vinho. Gostava tanto de Seokjin e mal podia esperar para tomarmos uns copos juntos, ele sabia ser bem engraçado quando estava bêbado. Por vezes, gostaria de saber como seria ver os sete embriagados, mas para fazer isso, um deles precisaria me ajudar ou não conseguiria cuidar de todos depois. Sorri de canto com a ideia e voltei o meu olhar para a mesa cheia, me sentindo bem. Aos poucos a minha casa se enchia de amor e isso me deixava tão bem, será que mais alguém se sentia assim?

— Quanto tempo, Yoong Soo. – resmungou Yoongi.

— Sim. – respondeu timidamente.

— O que te traz aqui? – continuou ele comendo um pouco.

— Estava com saudades da Alice. – respondeu bebendo um pouco do vinho. — Ela nunca mais voltou para o fim de mundo onde chamamos de casa, então, resolvi vir aqui conhecer os bebês e passar um pouco de tempo com ela. Não posso? – ela falava com deboche.

Não compreendia nada, mas permaneci calada por não saber qual lado tomar. Taehyung olhou para mim e sorriu, ele queria me passar conforto e conseguia, pois, estava completamente rendida por seus olhinhos doces.

— A comida está maravilhosa, Namjoon. – comentou ela. — Muito obrigada!

— Obrigado. – respondeu ele. — E de nada, com prazer. – ele havia perdido o interesse, sentia isso.

— Se soubesse que se amavam tanto, eu não teria marcado o almoço. – comentei com ironia. — Sinto muito.

Ambos olharam para mim, mas não disseram nada.

— Não gosto de rever fantasmas do meu passado. – disse ele com desdenho. — Só isso, mas não é culpa sua.

— Não seja desagradável. – pediu ela. — Por favor, não estamos na sua casa.

— Não seja falsa. – senti o meu coração apertar. — Esse teatro não cola mais.

Respirei fundo e olhei para Taehyung que não sabia o que dizer. Namjoon e Seokjin não comentaram e Hoseok se limitou a comer. O que estava acontecendo? Por qual motivo ninguém falou nada ao ver o comportamento dos dois? Isso não podia ser normal.

— Falsa? – retrucou ela se levantando.

— Sim! – exclamou ele fazendo o mesmo. — Você é muito falsa, muito!

Young Soo saiu da mesa e foi em direção ao seu quarto, Yoongi se levantou e foi atrás dela. Pude ouvir os gritos vindo do quarto e tremi ao ver que uma briga havia se desencadeado do nada, o que estava acontecendo com eles? Seokjin continuou bebendo o seu vinho e Hoseok comendo a comida, Namjoon me olhou e sorriu como se não quisesse falar sobre o assunto. Respirei fundo e olhei para Taehyung que me encontrou com um sorriso de canto, será que eles sabiam de algo e não queriam me contar?

— O que está acontecendo? – indaguei. — O que estão escondendo de mim?

— Nada. – respondeu ele. — Yoongi falará com você quando puder.

— Namjoon? – questionei chamando a sua atenção. — O que está acontecendo?

— Nada. – respondeu tomando um pouco de vinho. — Yoongi não gosta da sua amiga, somente isso. Eles não possuem memórias boas.

— Seokjin? – ele ergueu a sua taça de vinho em sinal de saudação e tomou um gole. — Viva a álcool que não nos permite cair em tentação, amém. – não tinha graça.

Respirei fundo e me levantei da mesa, caminhando em direção ao meu quarto. Pude sentir a presença de Taehyung atrás de mim, mas não parei. Ao fundo os gritos ecoavam e Yoongi gritava com ela, ponderei se deveria me envolver. No entanto, eu não sabia o que eles tinham e se o caso deles foi realmente somente um caso. Entrei no quarto e fui direto para o banheiro onde lavei o meu rosto, me sentia nervosa mesmo a confusão não sendo comigo. Não podia passar mal agora, mas sentia que tudo seria disposto para fora sem esperar uma reação minha. Não consegui provar dos alimentos feitos por Namjoon, pois, a confusão me fez perder todo o apetite que tinha, isso não era normal.

— Alice. – disse Taehyung. — Está tudo bem?

— Eu não entendo. – respondi voltando para o quarto. — Não compreendo o comportamento agressivo do Yoongi.

Taehyung veio em minha direção e colocou as suas mãos em minha cintura, me puxando para ele.

— Se acalma. – pediu. — Não proteja tanto a sua amiga sem ouvir o lado do Yoongi. – murmurou.

— Por qual razão você está me dizendo isso? – indaguei me deixando prender em seus braços.

— Min Yoongi comentou algumas coisas comigo. – respondeu evitando detalhes. — Ele mesmo quer falar contigo, então, não se preocupe muito.

— Como assim? – retruquei me soltando dos seus braços. — Do que você está falando?

— Amor. – murmurou. — Ele falará contigo, vamos esperar.

A sua resposta aumentou o meu desespero e a minha insegurança. Taehyung sorriu e passou por mim, indo em direção ao banheiro. A minha mente virou e todos os meus pensamentos foram direcionados para o momento que vivíamos. Será que havia algo sobre Young Soo que eu não sabia? Será que havia algo sobre o Yoongi que eu não sabia? O que estava acontecendo? Eu a considerava a minha melhor amiga, ela me ajudou em vários momentos da minha vida. Conheci James através dela, mas infelizmente ninguém podia saber que o nosso relacionamento tomaria os rumos turbulentos que vivenciamos.

— Alice? – me assustei ao ouvir a voz de Taehyung.

— Sim? – respondi assustada.

— Pare de pensar sobre isso. – pediu vindo em minha direção. — Tudo ficará bem.

— Não compreendo e procuro entender o que Yoongi precisa falar comigo. – ele me olhava com atenção. — E por qual motivo você não pode me contar. – conclui me jogando na cama.

— Vamos descansar. – pediu se deitando ao meu lado. — Amanhã será um novo dia e você poderá conversar com o Yoongi.

— Amor. – murmurei me virando para ele. — Eu vou me magoar de novo? – as lágrimas invadiam os meus olhos.

— Sim. – murmurou. — Mas não por causa do Yoongi e sim por minha causa. – respondeu passando uma de suas mãos por meu rosto.

— O quê? – senti o meu coração bater forte. — Como assim? – o que ele havia feito agora?

— Eu vou te machucar. – sussurrou. — Quero machucar o teu útero. – pude ver o seu olhar de desejo.

Sorri e me levantei da cama, ele ficava cada dia melhor. Por um momento quase tive um enfarte pensando que ele havia feito algo que pudesse acabar com o nosso relacionamento de novo.

— Ei, volte aqui. – disse se levantando. — Vamos fazer amor.

— Eu? – retruquei me afastando. — Não estou com vontade de sentir dores no útero, já não me bastaram os filhos que você me fez?

— Alice. – avisou. — Não me faça te pegar a força. – ele continuou em minha direção enquanto me afastava aos poucos. — Será melhor para nós dois se você aceitar a safadeza.

— Aí sim? – retruquei. — Quem você pensa que é? – provoquei.

— Amor. – murmurou. — Eu vou te pegar com força e vou te jogar nessa cama, onde chuparei o seu corpo todinho e em seguida tomarei o seu corpo fazendo você gemer loucamente. – ele continuou em minha direção.

Corri na direção da cama para me desviar dele, mas ele começou a correr atrás de mim, procurando me pegar. Busquei controlar as minhas gargalhadas para não acordar os nossos filhos ou chamar a atenção dos meninos que ainda se encontravam ali. Porém, ao tentar me desviar da cama, pedir o equilíbrio e escorreguei no tapete caindo no chão. Taehyung correu em minha direção contendo os seus sorrisos enquanto eu soltava gargalhadas. Ele cuidadosamente me pegou no colo, me colocando na cama.

— Você está bem? – indagou me colocando com cuidado.

— Sim. – respondi dando uma gargalhada. — Cair é normal para mim. O chão e eu temos um relacionamento quase amoroso. – ele soltou uma gargalhada ao ouvir.

— Você é louca. – sorri.

— Acha que eles dois se acalmaram e acabarão dormindo juntos essa noite? – ele me olhou incrédulo.

— O quê? – retrucou ele ponderando os absurdos que ouviu. — Acha que eles estão transando?

— Sim. – murmurei. — Prefiro isso a uma briga entre eles.

— Acredito que não. – respondeu. — Por qual motivo pensa nisso? – ele estava desconfiado de algo.

— Sei lá. – murmurei. — Essa raiva só pode ser amor escondido. Eles estão juntos de novo, é isso o que ele tem para me falar? – questionei me levantando.

— Alice, não pira. – disse se deitando. — Espere, como assim de novo? – disse me puxando para si.

— Aish, ela comentou que já teve algo com o Yoongi. – respondi. — Penso que esse stress todo possa ser saudade. E por achar que estou pirando, o senhor não toca em mim hoje. – resmunguei me enfiando embaixo dos cobertores.

— Escolha sua. – disse fazendo o mesmo. — Amanhã a cobra pica cedo. – não contive as gargalhadas.

Desde que Taehyung voltou, os meus dias estavam completos. Passávamos mais tempo sorrindo, estávamos bem e em paz. A nossa confiança se encontrava em outro nível e me sentia mais unida a ele e ao nosso amor. Ele se ajeitou do meu lado e me puxou para si, colocando o seu rosto em meu pescoço. Me sentia tão bem em seus braços, queria que ele não se esquecesse disso. Podia sentir o seu hálito quente em minha pele e a sua mão em minha cintura me apertando, me despertou desejo.

— Ei, Alice? – sussurrou.

— Sim, meu amor. – respondi me aproximando mais ainda.

— Você gostaria de ser mamãe de novo? – tremi ao ouvir.

— Não. – murmurei. — Quer dizer, sim, mas não agora.

— Eu gostaria de ter mais filhos contigo. – tudo em si me excitava.

— Teremos quantos filhos você quiser. – respondi me aconchegando mais. — Mas não agora.

— Ainda quer se casar comigo? – a sua voz rouca me deixava maluca.

— Não sei. – murmurei. — Nunca fui pedida em casamento. – ele sorriu.

— Te gosto. – sussurrou ignorando o que disse.

— Vamos dormir, amanhã o dia será longo. – pedi fechando os meus olhos.

— Boa noite, meu tudo.

Taehyung me apertou contra os seus braços e isso me fez bem, ele era a melhor parte do meu dia. Sentir o seu cheiro e poder ouvir os batimentos do seu coração junto ao meu, era quase o mesmo de conhecer o céu. Mesmo achando loucura, eu queria me casar com ele e ter quantos filhos fosse necessário para o fazer feliz. De tudo o que havia acontecido entre nós, eu não me arrependia dos nossos filhos e sabia que ele sempre seria o pai ideal para qualquer criança que pudesse gerar em meu ventre. A nossa família seria feliz, sentia e queria isso, aos poucos tudo se tornaria real e conseguiríamos ficar bem de novo. 

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