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As semanas seguintes ao desastroso jantar foram preenchidas de muito trabalho, tanto para Tom, que mal conseguiu ver a amiga, como para Megan, que passou a maioria dos dias em seu estúdio, onde conseguia esquecer (quase) completamente da sua situação e focar apenas no que amava fazer, fotografar.
Não que ela não fosse obrigada a lembrar todas as manhãs de sua gravidez, quando estava debruçada sob o vaso sanitário, despejando o conteúdo do seu estômago lá dentro. De todos os sintomas que Megan estava vivenciando, os enjôos eram com certeza os piores, sendo que, por conta disso, a morena mal conseguia manter algo em seu estômago, sem ter que correr para o banheiro.
Na sexta-feira à noite, Megan sentava no sofá da sala, com o computador entre as pernas, editando um de seus ensaios, quando ouviu sua campainha tocar. Com um grunhido, a morena levantou e foi até a porta, Cooper seguindo seus passos. —Oi! Não sabia que você já tinha chegado. — disse Megan, abraçando o amigo. —É, eu sei que disse que viria só amanhã, mas eu tava com saudade. — Tom murmurou, fazendo Megan sorrir.
Ao se separarem, Tom não pode deixar de notar a diferença no corpo da Megan. —Puta merda! — ele exclamou, chamando a atenção dela. —O que? — a morena indagou, confusa com a expressão surpresa do amigo. —Eu não te vejo por duas semanas e a sua barriga cresce tudo isso? — Tom exclamou, as mãos de Megan indo instantaneamente para a sua barriga. —Você acha? — ela indagou, se olhando no espelho do seu hall de entrada. —Você não? — o moreno perguntou, á observando. —Na verdade, não! — Megan deu de ombros, antes de voltar para o seu lugar no sofá da sala. —Bom, pode não parecer pra você, mas cresceu. — disse Tom, se juntando à amiga.
Megan voltou sua atenção par as fotos que estava editando, enquanto Tom pareceu se distrair com o seu celular. —Olha! Ele está do tamanho de uma azeitona. — o moreno exclamou, mostrando o aparelho para a amiga, que se deparou com uma imagem comparativa do tamanho de um bebê de aproximadamente 10 semanas com uma azeitona.
—Você baixou um aplicativo de bebê? — indagou Megan, surpresa. —Sim... — Tom admitiu, sentindo as bochechas corarem. —Tom!!! — Megan exclamou, não conseguindo conter o riso. —O que?! Eu queria saber o que estava acontecendo com você enquanto eu estava longe. — as palavras de Tom foram direto para o coração da amiga, que sentiu os olhos encherem d'água.
Tom, que ainda não havia percebido a emoção da amiga, continuou a procurar novas informações no aplicativo. —Aqui diz que é possível descobrir o sexo do bebê à partir da décima semana... — foi só quando ele se virou para mostrar o celular para a amiga, que ele percebeu o seu estado. —Hey, o que foi? Tá tudo bem? — indagou o moreno, largando o aparelho e se aproximando da amiga, que tentava controlar as lágrimas. —Sim, não, eu estou bem! É só... eu não sei. — ela murmurou, sem conseguir expressar o que estava sentindo, até porquê nem ela mesmo conseguia entender. —Isso não fez o mínimo sentido. — Tom riu, ajudando a amiga a enxugar o rosto. —Eu sei! — Megan riu. —Devem ser esses malditos hormônios. — ela murmurou, arrancando ainda mais risadas do amigo.
Uma hora depois, Tom e Megan sentavam no chão da sala, com uma caixa de pizza à sua frente. Antes de dar uma mordida na sua segunda fatia, Megan parou, chamando a atenção do melhor amigo, que à questionou. —Falta alguma coisa. — murmurou a morena, antes de se levantar e ir até a cozinha, de onde voltou segundos depois, com um pote de pasta de amendoim em mãos. —Sério, Meg? Pasta de amendoim? — indagou o moreno. —Yep! — ela afirmou, passando a pasta na fatia de pizza. —Isso é nojento! — Tom exclamou, fazendo careta, enquanto Megan parecia se deliciar com a combinação inusitada.
• • •
A rotina dos amigos voltou à ser como era nas semanas seguintes. Eles se encontravam todo fim de semana, Tom ia até a casa de Megan, eles testavam uma nova receita e o moreno passava a noite lá, só voltando pra casa no domingo, para se preparar para mais uma semana de trabalho.
Megan estava com 15 semanas agora e, segundo Tom, seu bebê era do tamanho de uma laranja e pesava entre 50g e 70g. O moreno estava meio que obcecado pelo aplicativo. Mesmo estando longe, ele mandava uma captura da tela do seu celular todas as manhãs, deixando a amiga saber com qual fruta seu bebê se parecia naquele dia.
A barriga de Megan já era notável agora, e crescia mais a cada dia, o que deixava Tom cada vez mais surpreso ao rever a amiga. —Você está enorme, Meg! — essas foram as palavras do moreno ao entrar no apartamento de Megan, depois de duas semanas sem vê-la. —Uau, obrigada! — exclamou ela, fazendo Tom rolar os olhos. —Você sabe o que eu quis dizer. — murmurou Tom, lentamente se aproximando da amiga. —Idiota! — Megan sussurrou, rindo ao ser levantada do chão pelos braços de Tom.
Uma hora depois, os amigos se encontravam na cozinha, uma panela com água para cozinhar o macarrão esquentando no fogão, enquanto eles preparavam o molho pesto no processador de alimentos. Quando tudo estava pronto, Tom foi até a sala, organizar a mesa de centro, para que eles comessem em frente á tv, como na grande maioria dos dias.
Foi quando Tom moveu uma pilha de papéis de cima da mesa de centro, que ele viu algo que menos esperava. —Megan, o que é isso? — indagou Tom, chamando a atenção da amiga, que ao se virar, deu de cara com o amigo segurando o panfleto sobre adoção que ela havia pego na clínica, na sua última consulta. —Oh, é... um panfleto? — disse Megan, deixando o amigo ainda mais nervoso. —Eu não sou estúpido, Megan! Você está pensando em adoção? — falar a última palavra pareceu cortar o coração de Tom, como se a ideia já fosse o suficiente para magoá-lo.
Megan respirou fundo antes de responder, sabendo que essa não seria uma conversa fácil, mas no fundo, esperando o apoio do amigo. —Eu... eu só estava analisando minhas opções, Tom. — Megan afirmou, já se sentindo mal por ter escondido isso dele. —E adoção é uma delas? — Tom indagou, não querendo acreditar na amiga. —Sim, Tom! Eu sou uma mãe solteira de 22 anos, é claro que adoção é uma das minhas opções. — exclamou a morena, aumentando seu tom de voz.
Tom passou a mão pelos cabelos, trocando o olhar entre o panfleto e a amiga. —E em momento algum achou que deveria me contar? — perguntou o moreno, vendo a amiga engolir em seco. —Você estava tão feliz, não quis estragar isso pra você. Não quando eu ainda não decidi o que fazer. — Megan confessou. —Meg, você não pode estar mesmo considerando isso. — a voz de Tom era quase um sussurro agora, como se ele estivesse implorando para Megan mudar de ideia.
Megan respirou fundo. —Você acha que eu quero desistir do bebê? Você acha que não parte meu coração considerar outras opções? —ela indagou, o desejo de chorar cada vez mais forte. —Deus, Tom, meus pais não falam comigo desde aquele jantar. Mandei mensagens para minha mãe todos os dias, mas ela não responde. Eu quero minha família de volta. — a morena murmurou, sentindo as lágrimas à ameaçarem.
—Acho que está sendo egoísta. — Tom sussurra, parecendo se arrepender instantaneamente de suas palavras. —Sério? Quer falar sobre culpa? — Megan questiona, mas Tom não responde, nadando em sua própria culpa. —Eu não sou egoísta por considerar outras opções quando já desisti de tanta coisa, Tom! E se você não pode me apoiar, que assim seja... mas não me diga que não tenho outras opções. — afirma a amiga, tentando ao máximo controlar suas emoções.
—Essa decisão é minha, Tom! — Megan percebeu como aquilo havia soado assim que as palavras saíram de sua boca. —É claro, você tá certa! — Tom murmurou, deixando o panfleto sobre a bancada da cozinha. —Tom, volta aqui! Não foi o que eu quis dizer. — Megan tentou, mas era tarde demais. Tom já estava pronto para ir embora. —Não, Megan! Você tá certa! Não sei porque achei que tivesse alguma palavra nisso. — Tom deu de ombros, antes de sair e bater a porta, assustando tanto Megan, quanto Cooper, que olhou atentamente para a fonte do barulho, antes de voltar á se aconchegar na sua cama.
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