– Não é real... não é real. – Jimin sussurra quando o homem finalmente sai da sala e fecha a porta.

Isso não pode estar acontecendo, a coisa toda é irreal e os vampiros são apenas um monte de personagens fictícios criados pela mente de alguém, por alguém que não tem nada melhor para fazer.

Esse homem tem que estar louco para pensar que o que acabou de dizer é real.

Sua mente grita para ser razoável, para analisar cada coisa para que ele entenda o que está acontecendo de verdade, mas, novamente, seu coração, o fato de não estar batendo é completamente verdadeiro.

Usando as mãos para se levantar do tipo de cama em que está, Jimin agarra a parede na tentativa de se levantar, mas falha, pois suas pernas parecem inúteis, ele sente que estão desconectadas de seu cérebro e isso o faz entra em pânico ainda mais; rolando para cair da cama, ele começa a rastejar em direção à porta, não importa se ele está longe da civilização ou de casa, ele quer escapar, se afastar desse homem e desse lugar que faz sua cabeça latejar furiosamente.

Talvez ele possa usar a porta para finalmente forçar as pernas a trabalhar e ele está prestes a alcançá-la quando ela é aberta o máximo possível.

– Eu acho que disse para você descansar.

– Eu... eu não vou ficar aqui com você. – Jimin choraminga, com a cabeça tão perto do chão que o outro parece ainda mais alto e intimidador.

O homem apenas revira os olhos antes de levantá-lo nos braços como se ele não fosse pesado e começa a andar de volta para a cama, nem mesmo parecendo fazer esforço por ter um garoto nos braços.

– M-me coloque no chão! Deixe-me ir agora! – Jimin grita, atingindo-o com os punhos, pois teme que o homem o machuque naquele momento.

– Pare. – O homem, no entanto, exige, prendendo as mãos agitadas com uma das suas, fazendo Jimin mordeu o lábio ao sentir que o outro havia algemado suas mãos com a dele, a pele do homem é estranhamente fria. 'Como ele pode ser tão forte?' – Eu não vou te machucar, apenas descanse.

Jimin não consegue entender por que acredita nessas palavras, não tem motivos para fazê-lo, mas tenta ficar o mais quieto possível porque essas palavras parecem sinceras.

– C-como você sabia que eu estava tentando escapar? – Ele pergunta quando é deixado na cama mais uma vez.

– Eu ouvi você. – O homem responde simplesmente, dando um passo para trás quando vê que Jimin realmente não pode se levantar.

– Isso é impossível, eu não fiz barulho. – Diz Jimin, olhando-o com os olhos levemente arregalados.

– Você ainda está confuso, sua mente não se acalmou, você vai entender esta noite. – Ele fala lentamente.

– Esta noite? Que horas são? Eu preciso voltar para minha casa, minha mãe e meu pai estão esperando por mim! – Jimin diz, tentando se levantar novamente, mas falhando. – Eles vão ficar preocupados.

– Você não vai vê-los novamente, agora descanse. – A voz do homem tem um pequeno vislumbre de raiva, então Jimin decide calar a boca, pequenas lágrimas chegando aos seus olhos.

O homem sai sem dizer mais nada, fechando a porta e fazendo Jimin desabar de volta na cama, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Palavras não são suficientes para descrever o quão aterrorizante é toda essa situação, ele está confuso, preocupado e estressado a um ponto que não tem certeza de ter experimentado antes e o pior é que não pode ver um único raio de esperança.

Seu corpo ainda está exausto, ainda entorpecido e, por mais que ele queira ficar acordado e escapar, ele finalmente desmaia ou adormece, ele não tem certeza.

O homem de cabelos castanhos suspira quando encosta as costas na parede, ele pode ouvir a respiração suave vindo do garoto e isso significa que ele finalmente está dormindo. 'Como é que ele acabou fazendo isso?' Ele está sozinho por mais de dois séculos e nunca planejou mudar isso, está sozinho desde aquele dia.

– Mas agora eu fiz e não posso mudar. – Ele suspira novamente e se afasta da porta. Uma parte dele está com raiva de si mesmo por permitir que isso acontecesse, naquela noite ele não conseguiu evitar se aproximar daquela cena; a maneira como o garoto falou o fez se mover quase por instinto.

Suspirando mais uma vez, ele balança a cabeça e se concentra em como será sua vida a partir de agora e como será esta noite.

◊◊◊

    
Quando Jimin abre os olhos, ele sente seu coração ou o que quer que seja disparar: ele ainda está no mesmo quarto e quando leva a mão ao peito para procurar por seu coração, apenas confirma o mesmo que fez um tempo atrás, seu coração não está batendo.

Esse é um pesadelo muito vívido ou é real.

Desta vez, porém, suas pernas estão mais fortes e ele é capaz de levantar da cama, apoiando o corpo na parede enquanto se firma antes de olhar em volta mais uma vez, vendo o homem olhando para ele da porta, para sua surpresa, percebe que pode vê-lo melhor e até pode ouvir sua respiração.

– Quem é você? O que você vai fazer comigo? – Jimin pergunta, reunindo toda a força que tem em seu corpo para não mostrar o quão assustado está.

– Eu disse que não vou te machucar. – O homem diz mais uma vez. – Você precisa comer: vamos embora daqui a alguns minutos.

– Embora? O que você quer dizer?

– O sol ainda não se pôs...

– E daí? Eu quero voltar para casa... – Sair à noite não é mais bom, o que aconteceu no outro dia criou seriamente um trauma.

– Eu te disse, você não vai vê-los novamente e se sair agora, o sol vai queimar você.

– Pare! Por favor! Os vampiros não existem... eu só quero sair, prometo que não vou dizer nada sobre isso, apenas me deixe ir, por favor.

O homem suspira, balançando a cabeça.

– Você não tem batimentos cardíacos, está mais pálido do que costumava ser e me diga, o que aconteceu com a ferida no estômago?

– Eu... – Jimin gagueja, ele pode encontrar uma explicação sobre a cor da pele, perda de sangue, mas a ferida, é impossível de explicar.

– Sinta seus dentes, eles são normais?

Jimin move a língua para senti-los, ofegando quando algo o belisca; erguendo a mão, ele toca suas presas agora enormes, 'o que havia acontecido com elas?'

– Agora me siga. – Diz o homem, virando-se.

Jimin só pode cerrar o punho, sentindo-se ainda mais confuso e assustado do que antes por todas as coisas que o homem havia dito; ele queria respostas e só está recebendo mais perguntas. Respirando fundo, ele força as pernas a se moverem e começa a segui-lo.

O homem continua andando até chegarem ao que parece ser a entrada do prédio ou da casa em que estão, de onde ele pode ver que o sol está se pondo, pouco a pouco deixando a cidade inteira na escuridão. Seus olhos se movem ao redor do lugar antes que caia no sol, mas a ação o faz desviar o olhar, parece que eles estão queimando-os.

– Não olhe diretamente para ele e não deixe que um único raio o toque. – Diz o homem quando os esfrega com as mãos.

– Os vampiros não são imortais? – Jimin pergunta sarcasticamente.

– Não, não samos. – Suspira o homem. – Resistimos mais do que um humano normal, mas ainda podemos morrer... Embora estejamos tecnicamente mortos.

– Eu não acredito...

– É melhor você acreditar, você não pode mudar isso. – Depois que o homem fala isso, Jimin o vê se mover para uma sombra próxima.

Jimin se move atrás dele e olha para o homem; é a primeira vez que o ve com mais detalhes. Com o sol poente, sua pele pálida e olhos cinzentos são ainda mais perceptíveis do que antes, nem mesmo mencionando que ele é muito bonito.

O que?

– Quem é Você? – Ele pergunta, balançando a cabeça vigorosamente para afastar esse pensamento.

O homem parece hesitar antes de abrir a boca e falar com o que parece um tom cansado.

– Jungkook.

– Jungkook?

– Sim, apenas Jungkook, eu não tenho mais um sobrenome. – Diz ele, afastando-se ainda mais de Jimin, parecendo desconfortável com o assunto.

Jimin não consegue explicar as coisas, mesmo que nada tenha mudado desde quando eles estavam no quarto, ele não sente mais aquele medo do homem, apenas a situação é intimidadora, mas o próprio homem não, como se agora ele soubesse que o homem não irá machucá-lo.

– Meu nome é Jimin... – Ele diz quando chega ao lado de Jungkook mais uma vez.

– Jimin. – Jungkook murmura, virando-se para olhá-lo. – Quantos anos você tem?

– Eu tenho vinte.

Jimin ver como Jungkook aperta o punho com tanta força que os nós dos dedos ficam ainda mais brancos. 'Ele disse algo errado?'

– Vamos seguir em frente, Jimin. – E antes que responda, Jungkook desaparece do seu lado e reaparece longe dele.

– E-espera! – Jimin diz antes de correr para ele, ofegando quando ele quase derruba o outro no chão com a rapidez com que o alcança, ele pensou que tinha apenas dado alguns passos. – Como?

– Você tem novas habilidades, aprenderá sobre elas aos poucos. – Diz Jungkook antes de desaparecer novamente.

Dessa vez, demora um pouco mais para segui-lo, mas ele finalmente chega ao seu lado e continua se movendo toda vez que o outro o faz, Jimin ainda está tentando entender o que havia dito e as coisas continuam caindo sobre ele. Os humanos deveriam ficar cansados depois de correr tanto e ele não está, nem um pouco.

Mas parece que eu não sou mais humano.

Jungkook olha para Jimin quando esse para ao seu lado, o garoto é tão jovem e agora, está amaldiçoado assim como ele e tudo foi culpa dele.

– Ugh... isso fede. – Jungkook é retirado de seus pensamentos quando Jimin fala, vendo-o franzindo o nariz com nojo. – Estive aqui tantas vezes e não cheirava assim.

– Caso você não tenha notado, seus sentidos foram intensificados, você pode ver, cheirar e ouvir melhor do que qualquer humano, você é mais forte e rápido do que antes também.

– isso... ainda parece impossível.

Jungkook assente com compreensão, é óbvio que o garoto reagiria assim, mas é por isso que está com ele, para lhe ensinar tudo o que precisa saber sobre essa nova vida. Desviando o olhar de Jimin quando ouve passos vindo em sua direção, ele sorri quando vê uma mulher caminhando naquele parque.

– Quão conveniente.

– O que? – Jimin pergunta, virando-se para ver do que Jungkook está falando e vendo a mulher que está olhando para o celular, alheia a eles. – O que você vai fazer?

Jungkook não responde, ele apenas caminha até ela parando na sua frente, a mulher finalmente olha para ele, dando-lhe uma pequena risada nervosa.

– Com licença senhorita, você poderia vir comigo? – Jungkook pergunta e Jimin quase cai no chão quando ela assente. 'Como pode ser se ele apenas sorriu para ela?' Tudo é tão estranho.

– Você não pode matá-la. – Diz Jungkook quando coloca a mulher na frente de Jimin, olhando para Jimin de trás dela.

– Espere... O que você está dizendo? O que eu devo fazer?

– O sangue nos mantém vivos, é isso que comemos. – Ele diz, sabendo que isso será uma coisa difícil. – Agora se apresse, ela não ficará assim a noite toda.
(A mulher está em um tipo de hipnose)

– Eu não posso! Você está louco?! Eu não posso mordê-la e sugar seu sangue... eu não posso! – Só o pensamento faz seu estômago revirar; ele pode suportar seus sentidos aprimorados, sua força e tudo mais, mas não há como ele fazer isso.

– Concentre-se, cheire. – Fala Jungkook, olhando em seus olhos aterrorizados. – Você tem que sentir isso.

– Eu não posso... – Jimin choraminga, tentando ignorá-lo, quando começa a considerar fugir de Jungkook, um perfume estranho e doce chega a seu nariz. O perfume rapidamente se torna avassalador e o faz querer obtê-lo para si mesmo, ele precisa. De onde isso vem? Ele sente que irá desmaiar se não o tiver. – O que é isso?

– O cheiro do sangue dela, cada humano tem o seu.

Jimin agarra a mulher gentilmente pelos ombros e se inclina para cheirar o pescoço, percebendo rapidamente que o cheiro é mais forte naquela área.

– Estou com medo... e se eu não conseguir parar?

– É por isso que estou aqui, eu vou parar você. – Jungkook o tranquiliza, colocando a mão em seu braço.

Sentindo-se como um monstro completo, Jimin abre a boca e posiciona suas presas recém-formadas sobre o pescoço dela antes de morder, sem ter problemas em perfurar sua pele. No momento em que o líquido carmesim alcança sua boca, ele perde o controle. Ele não consegue descrever o que está sentindo, mas é incrível, o faz sentir como se seu coração estivesse batendo novamente, que há sangue correndo por suas veias.

Ele precisa disso, precisa de mais.

Jungkook olha para sua reação; ele se lembra da primeira vez que provou o sangue também, lembrando que quase matou o infeliz. É uma estranha combinação de adrenalina e medo, e ele tem certeza de que ninguém além deles podem entender, alguém disse que era comparado a quando você comia sua comida favorita, mas ele não tem certeza de que é a mesma coisa.

Quando Jungkook termina de contar trinta segundos em sua mente, ele coloca a mão no ombro de Jimin e o empurra um pouco.

– Pare com isso agora.

Jimin quase pula fora de sua pele quando Jungkook o toca, ele se perdeu tanto no sentimento que esqueceu que o homem estava lá, Jimin o ouve, mas ele precisa de mais e nada mas importa, pelo menos até Jungkook o puxar de volta, naquele momento Jimin entende o que está acontecendo, o que ele havia feito.

Ele tropeça para trás enquanto seus olhos arregalados olham para a mulher, há sangue saindo de dois pequenos orifícios no pescoço dela, manchando sua pele e ele sente que há sangue escorrendo por seu queixo, dizer que está horrorizado não é suficiente.

– Ela vai ficar bem. – Jungkook fala antes de pegar a mão dela e a guiar de volta ao lugar que ela estava.

– Eu não posso acreditar que fiz isso... – Jimin diz enquanto sente as mãos tremendo.

– É normal pensar assim, mas não há com o que se preocupar. Ela não se lembrará de nada do que aconteceu hoje à noite, as feridas no pescoço dela irão curar antes que ela acorde. – Explica Jungkook enquanto volta para o garoto, olhando para ele e suspirando com o quão assustado esse estar.

Jimin limpa o sangue do queixo e olha para ele antes de lambê-lo, sentindo-se tão envergonhado por suas ações, mas o gosto do sangue o está enchendo, fazendo-o se sentir completo.

– Vamos sair daqui, eu também preciso comer. – Jungkook pega sua mão trêmula e desaparece rapidamente. Ele não gosta da ideia de tocar Jimin, isso o assusta, mas é mais rápido assim.

Jimin fica longe dele quando encontram um homem saindo de um bar, o homem tem um cheiro não muito atraente e ele pode dizer que Jungkook parece enojado enquanto torce o nariz, mas pelo menos agradece por ele não os matarem diretamente.

Essa é sua nova vida?

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Quem achou que o estranho era Jungkook acertou. Mas parece que ele não ficou feliz por ter transformado Jimin num vampiro? Qual será a razão por trás disso.

     
Breve explicação:
Se eles morderem uma pessoa ela não se transforma num vampiro e nem morrem. Como viram, Jungkook contou o tempo para parar de sugar, ou seja se sugar sangue demais a pessoa morre e consequentemente vira vampiro. Resumindo, para uma pessoa mordida virar vampiro ela precisa morrer. Vampiros são criaturas que tem vida após a morte.