Helena sempre soube que o que tinha de mais valioso era a sua amizade com Teodora. Passaram por tantas coisas juntas, a amava loucamente e não sabia o que faria sem a amiga. Planejaram toda uma vida juntas, como toda adolescente sonha morar junto da amiga, viverem aventuras e envelhecerem juntas contando suas história e ainda construindo novas. Por conta disso quase enlouqueceu de alegria quando passou para a universidade, assim como sua amiga. poderiam alugar uma casa perto de ambas universidades e dividirem. Nada mais no mundo poderia separá-las, exceto... talvez...

Bom, Helena reparou que no início da adolescência, Teo mudou um pouco. Ela evitava ficar muito perto quando ficavam sozinhas, evitava ao máximo dormir com ela e quando dormia fazia questão de ser em quartos separados. Não podia deixar de confessar por alguns meses passou pela sua cabeça que a amiga tinha uma leve paixonite por ela. Tinha pavor de pensar nisso, porque não queria ser aquela menina que achava que as outras meninas - principalmente aquela pessoa que se imagina ser LGBTQ+ - estarem apaixonadas por ela. Apesar da dúvida ela imaginou que precisava conversar com a amiga, então começou a jogar umas indiretas sobre meninas, pois não sabia como abordar o assunto. Depois de um tempo a amiga começou a sair com uns meninos e relaxou um pouco sobre a aproximação física das duas e tudo voltou ao normal, com isso Lena esqueceu suas dúvidas e assumiu que não passava do seu ego inflado.

Estava escrito nas estrelas elas iriam morar juntas e viver uma linda amizade para todo o sempre. Pelo menos era o que estava nos seus sonhos, mas teve uma noite em que ela já não teve mais certeza do que acreditava. Foram comemorar a aprovação no curso e na universidade que cada um queria. Decidiram ir para uma balada open bar e LGBTQ+, falavam que eram as melhores e não tinha tanto assédio, que dava para dançar em paz. Em meio a tanta dança, conversa, bebida e brincadeira ela resolveu se juntar a Teo na área aberta para pegar um pouco de ar. Estava com a roupa pesada de tanto suor e o vento frio da noite bateu no seu corpo aliviando o calor. Viu a Teo conversando com uma mulher e resolveu pegar uma bebida antes de se aproximar, quando voltou viu que a amiga estava rindo. Seu rosto parecia relaxado e tranquila como nunca antes. Elas apertaram as mão e em um movimento rápido a mulher puxou a Teo e a beijou. Helena não sabia muito bem o que fazer nem como reagir, sentiu a bebida amargar, a barriga revirar e a garganta fechar. Quando percebeu que estava a ponto de chorar correu para o banheiro, jogou uma água no rosto e volto para a pista de dança. Não queria correr o risco de esbarrar com elas.

Um tempo depois a amiga voltou toda sorridente, a puxou de lado e confessou a ela o ocorrido.

- Não acredito! - comentou se esforçando para não demonstrar seus sentimentos - e como foi?

Teodora suspirou e colocou a mão do peito

- Não sei nem dizer, amiga. Só sei que as coisas parecem finalmente se encaixar e eu só quero saber de aproveitar e amanhã penso sobre isso. E não podia contar isso para mais ninguém além de você

Helena sorriu e observou a amiga voltando a dançar como nunca tinha dançado, naquele momento ela decidiu o que ia apoiar a amiga e se divertir com ela, e assim como Teo disse, iria deixar pra pensar nos sentimentos no dia seguinte.