12- Medo

Nanda

Não é estranho quando as coisas estão dando certo demais? Quando nada de estranho acontece? Quando nada muda e continuam as mesmas coisas, mas de uma forma boa?

Pois é, é assim que as coisas andam ultimamente, com excessão de minhas provas, que felizmente já acabaram, mas não tiveram o resultado publicado ainda. Essa é a única coisa que me tira a paz, mas de resto tudo está uma maravilha. E eu estou feliz de verdade, depois de muito tempo.

Para completar minha felicidade, eu estou conseguindo seguir com o tratamento. O sexo em minha vida ainda é frequente, mas não tanto quanto era antes.

E com toda essa felicidade, eu volto saltitando para casa, depois de ter saído do trabalho.

Eu estou voltando mais cedo hoje, e é por isso que Félix não está me levando. Claro que ele insistiu em me levar, mas eu disse que não precisava, e aqui estou eu.

Com meus fones de ouvido, eu caminho alegremente, observando a paisagem em minha volta.

No entanto, o que eu realmente deveria ter observado era o movimento da rua, eu pelo menos teria percebido a van que estava me seguindo, não sei nem desde quando. Mas eu realmente só percebi quando um cara me puxou para dentro da tal van, me ameaçando caso eu gritasse.

O que eu mais sentia naquele momento era medo. Se eu tivesse aceitado a carona de Félix isso não estaria acontecendo.

Não, essas pessoas provavelmente encontrariam outra maneira de me sequestrar.

Eu não sei o que eles querem, não sei o porquê de estarem fazendo isso. Eu nem sou rica!

Nesse momento, o mais apropriado é tentar manter a calma. Porém, como vocês já devem ter deduzido, essa situação me deixou com tesão.

Porra de ninfomania.

Mas não, com certeza não vou poder me satisfazer agora, e nem quero. Meu alto controle vem em primeiro lugar. E também, nem tem como.

Vários minutos se passaram, minutos esses que mais pareciam horas. Tempos depois, quando a van entrou em uma estrada de chão, eu sabia que estava bem longe de casa. Mais alguns minutos passaram antes de a van parar.

Antes de sairmos da van, o cara que havia me puxado para dentro do automóvel colocou um saco preto em minha cabeça, me privando de ver algo. Infelizmente, eu não pude ver o rosto dele, já que ele estava usando uma máscara daquelas de esqui.

Nós caminhamos um pouco antes de ele me fazer sentar em uma cadeira e amarrar minhas mãos, já dentro de um balcão que tinha no lugar.

— Quem é você? O que você quer? — eu perguntei, tentando não erguer o tom de minha voz. Pude ouvir o cara de afastar.

— Nanda, Nanda. Quer mesmo saber quem sou? — eu reconhecia aquela voz, mas era quase impossível de acreditar.

— Deric? — meu medo e surpresa transbordava em minha voz, e eu não conseguia entender o porquê de aquilo estar acontecendo.

— Ah, sim, sou eu — ele disse, tirando o saco da minha cabeça em seguida. — Ah Nanda, você não sabe quanto tempo eu esperei por esse momento.

— Você é doente...

— Doente? Acho que não. Vou lhe contar minha história antes de qualquer coisa.

— Eu não quero ouv...

— A quatro anos eu me envolvi com uma mulher. Claro, eu vivia saindo para baladas, todas as noites transava com alguém. Mas nessa noite eu não tive sorte, a desgraçada engravidou — ele dizia, deixando sua raiva transbordar em sua voz. — Eu não ia assumir a criança, de forma alguma. Ela era mais velha, e eu novo demais para ter um filho. Mas então, três anos depois, eu conheci uma pessoa em uma balada, e essa pessoa é igual a mim, sei disso. Eu fiquei com ela aquela noite, mas quando eu quis repetir o que tivemos, ela não quis, e fez um escandalo quando eu tentei fazer ela aceitar.

— Você...?

— Quieta! Ainda não acabei — ele respirou um pouco, antes de continuar. — Então, eu descobri que a garota da balada é filha da mulher com quem eu tive um filho, então eu planejei tudo certinho; assumi a criança, fiquei com a mulher, e tudo para ter a garota ao meu lado.

— Isso quer dizer que... — eu comecei a dizer, mas não consegui terminar, minhas lágrimas já estava escorrendo. Mas eu tinha que dizer, então me forcei a isso. — Você é o cretino que tentou transar comigo a força a um ano atrás! — eu vi seu sorriso nojento brotar em seu rosto, e isso só me deu vontade de vomitar.

— Você é inteligente, Nandinha.

— Você só ficou com a minha mãe porque queria ficar perto de mim, não se arrependeu de verdade... Laura não merece um pai como você.

— Isso não importa agora, querida. O que importa, é que eu sei o que você realmente é, e vou te satisfazer, por todo o tempo que você quiser — ele começou a se aproximar, o que me deixou com ainda mais medo.

— NÃO, eu não sou mais assim! — eu disse, praticamente gritei. Eu não queria ele perto de mim. — Eu fiz terapia e eu melhorei, eu não sou mais assim.

— Você está tentando se curar? Mas saiba que não vai conseguir. Você é uma viciada compulsiva, e o seu vício por sexo é muito maior que as suas terapias. Já está excitada, não é? Apenas por me ouvir falar a verdade sobre você, ou melhor, apenas por falar sobre o quanto você é uma ninfomaníaca sem escrúpulos — ele disse, colocando as mãos nos braços da cadeira, com o rosto perto do meu, o que me fez desviar par tentar manter distância. E, na verdade, eu não estava excitada, e isso me surpreendeu.

— Você é um verme sem escrúpulos... Ou devo dizer ninfomaníaco? — ele ficou sem reação por um momento, e eu sabia que o havia pego de surpresa.

Eu descobri que ele também é ninfomaníaco a pouco tempo, para uma pessoa como eu que conhece sobre a compulsão, fica nítido. Tudo o que ele disse deixou isso muito claro.

— Sua satiríase ¹ é ainda mais compulsiva que a minha ninfomania, e você quer que eu volte com o vício achando que vou ficar com você. Você acha que eu vou ficar com você e que nós vamos viver fodendo loucamente? Depois de tudo? Vai sonhando, querido — eu disse, sendo um tanto sarcástica na última parte. Eu vi ele se afastando, quase espumando de raiva.

Como resposta ao que eu disse, ele me deu uma bofetada no rosto, o que me fez gemer pela dor, meu rosto acabou virando pelo impulso.

Depois daquilo, ele saiu dali, me deixando sozinha.

Eu estava em uma sala pequena, não havia muita coisa ali.

Naquele mesmo dia mais tarde, dois homens voltaram, me soltando da cadeira, mas não me deixaram sair.

Eu só espero que alguém me ache, e esse alguém tem que ser Félix, porque ele é um dos únicos que vai sentir falta de mim. Claro, Tyler também vai, mas não vai ser rápido.

Tudo o que eu mais quero agora é sair daqui, e estou torcendo para isso acontecer o mais rápido possível.

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Vim lembrar que estamos na reta final, o próximo capítulo já é o penúltimo antes do epílogo.

Espero que estejam se cuidando direitinho e que estejam bem.

Não esqueçam de curtir e comentar, preciso saber se estão gostando ou não.

Até a próxima ♥️


¹ Satiríase é o nome mais adequado para quando a compulsão por sexo é nos homens, esse seria o nome correto.

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