One
Cassy tinha acabado de pôr os pés em seu apartamento. O dia de trabalho havia sido exaustivo, e tudo o que ela queria era um longo banho quente, seu sofá, Netflix e um pote de sorvete.
Com um suspiro aliviado, ela retirou o par de sapatos e os arremessou para longe. Largou as chaves na mesa e olhou atrás da porta, para logo em seguida acender todas as lâmpadas do apartamento -- uma paranóia que havia adquirido com o seu pai. O silêncio a fez ligar a televisão, todavia ela se arrependeu assim que uma irritante música a indicou que o jornal das 8 horas havia acabado de começar.
Silêncio.
Repórter da voz aguda.
Silêncio.
Repórter da voz aguda.
Silêncio.
Repórter da voz aguda.
Okay.
Bufou. Ela tinha que parar de conversar consigo mesma, pensou.
Ela foi até o banheiro em passos preguiçosos, e deixou a banheira se encher de água enquanto salpicava sáis de banho na mesma. O barulho suave e o vapor quase a impediram de ouvir, mas seus ouvidos tinham sido treinados para não deixar nenhum som escapar:
--Não foram divulgadas as causas do falecimento, mas é com pesar que nos despedimos de Reginald Hargreeves, fundador da Umbrella Academy e respeitável cientista -- O que seguiu a fala foi um amontoado de informações idiotas cujo a atenção Cassy não deu.
Se alguém perguntasse a ela, ela diria que o que aconteceu em seguida foi um borrão. Água, erva-doce, vapor e uma ou duas lágrimas. Mas ela se lembraria de jogar roupas em uma mala, de tomar um ou cinco comprimidos calmantes e fazer exercícios de respiração.
Os momentos de agonia estavam escondidos nos recantos mais sombrios de sua mente, e eles deveriam continuar lá. Deus sabe o que aconteceria se ehla voltasse ao controle.
Ela havia separado uma calça de linho e uma regata de seda, ambas negras, para poder vestir durante a viagem e o funeral. Mas Cassy não negaria que ficou tentada a colocar um de seus vestidos de passarela -- esvoaçantes, elegantes e caros.
Mas não seria adequado.
Entretanto, suas mãos rápidas percorreram as araras de seu closet, como em um crime, e levaram um belo vestido de organza até os braços de sua dona.
--Mamãe vai te levar na mala, e ninguém precisa saber. -- Sussurrou -- Nunca é tarde para a moda!
Sim, a superficialidade era um ótimo calmante.
***
A roupa a vestiu primorosamente, combinada com saltos plataforma e acessórios prateados, ela escondeu qualquer vestígio de insegurança. Duas camadas de base e corretivo também foram suficientes para disfarçar as sardas e medos.
Seu motorista já havia chegado, então ela pegou o elevador e se despediu de sua amada cobertura. Se sentou no banco traseiro do carro e deixou que ele colocasse as malas no mesmo.
Mas ela não queria voltar.
Não quando ela conseguia se lembrar dos gritos, do sangue e, céus, ela se lembrava dele.
Ela nunca se esqueceria dele.
Com os olhos arredondados, olhos que deveriam enxergar a sua alma, ele havia sido feito sob medida para marcar sua memória.
E a culpa era...desde quando ela estava no avião?
***
A gratidão nunca foi o forte de Cassiopeia. Ela preferia reclamar; Um dia inteiro sem resmungar? Que trágico!
Ter isso em mente é fundamental, caro leitor, para que você entenda o que ela sentiu ao ver que o aeroporto estava livre de pessoas quando ela chegou.
Não era nada perto de felicidade.
No mínimo, isso tornou a situação mais confortável para ela.
Mas de nada adiantaria, não quando os barulhos do salto contra o piso branco, o som constante das rodas da mala e os piares das corujas do lado de fora, poderiam ser um gatilho para trazer novamente o perigo daquilo que ela lutou para manter oculto.
E por saber disso, os passos se tornaram mais rápidos, até que ela alcançasse a porta do táxi mais próximo e dissesse poucas e importantes palavras:
--Mansão Hargreeves, por favor.
Pois à partir dali, tudo o que o houvesse jamais seria coincidência.
~&~
Olá, meus amores! Sim, esse capítulo está curtinho, mas tem uma razão: Ele tem exatas 666 palavras ( sem contar com essa nota, é claro)!
É o número do mau agouro que marca a chegada de Cassy, e eu juro de pé junto que não foi intencional. Mas achei tão interessante que mantive.
Mas e vocês? O que acharam do capítulo? Se gostarem, não se esqueçam de votar! Eu estou gostando muito de reescrever essa fanfic, e espero que ela esteja agradando vocês.
Um beijo e até a próxima!
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