Tudo começou em um verão.

Era meado de julho, estava sol, um dia claro, o céu limpo e azul e o cheiro de capim invadia as narinas de Chloe.

Nada podia dar errado em um dia de estio. Pessoas não deveriam morrer em dias tão bonitos, mas morriam.

E ela assistiu.

Ninguém soube precisar ao certo o que aconteceu, se foi por distração ou por algum animal da estrada, mas havia algo que ninguém podia discordar.

Andrew Rivers perdeu o controle do carro quando voltava da casa de seus pais com sua esposa, Jessica e sua única filha. O carro capotou e quase caiu através da mureta de proteção. Ele morreu na hora, mas sua mulher e filha, não.

Jessica Rivers era uma mulher linda e bondosa, uma ótima mãe e esposa. Ela teve suas pernas arrancadas com o impacto. Não morreu imediatamente, mas perdeu os sentidos e não sentiu dor nenhuma ou assim haviam dito.

A filha dos dois se chamava Chloe Teresa Rivers e a nossa história é sobre ela.

Ela tinha quinze anos na data do acidente. Usava um vestido amarelo e florido e passou três horas berrando até perder a voz, chorando até ficar sem lágrimas, coberta de sangue e vidro partido. Próxima ao corpo dilacerado da mãe e ao corpo morto do pai. Três horas correram antes que um carro passasse naquela estrada estúpida e mais meia-hora antes que o resgate viesse daquela cidade estúpida.

Chloe teve pouquíssimos ferimentos, usava o cinto, teria apenas duas ou três cicatrizes daquele momento pelo resto da vida. No entanto, carregaria marcas mentais daquilo para sempre, afinal Chloe Teresa Rivers também havia morrido naquele acidente.

Mas ainda estava viva.