03

Um mês havia se passado desde a noite em que Hawks conheceu Nara numa boate e havia transado com ela no banheiro desse mesmo lugar.

E desde então ele não conseguia tirar a bela ruiva da cabeça. Por mais que no começo ele tenha se empenhado bastante. Chegou a tentar sair com outras mulheres, mas ele não conseguia fazer nada com elas, porque simplesmente nenhuma lhe agradava o bastante para que sentisse uma atração física.

Chegou a um ponto, que se ele não estava pensando em Nara, ele sonhava com ela durante suas noites de sono. E acordava na manhã seguinte, desejando virar pro lado e encontrá-la dormindo ali. Mas sempre se via sozinho,

Keigo nunca havia sido o tipo de cara que gostava de relacionamento, na verdade, a simples palavra o deixava nervoso e ele fugia no mesmo instante. Mas agora, ele simplesmente não conseguia ignorar o fato de que desejava imensamente reencontrar Nara e começar a fazer planos futuros com ela. Não era só por sua beleza, mas sua inteligência e os olhos espertos que não pareciam cair em papos rasos tão facilmente.

Na manhã seguinte após a noite quente deles, foi que o loiro percebeu que em nenhum momento havia perguntado o sobrenome dela. E ela parecia ter se esforçado em só falar o primeiro nome, como se não quisesse que ele a encontrasse. E olha que ele tentou de todas as formas possíveis, vasculhando todas as redes sociais, tendo apenas o primeiro nome e não encontrando absolutamente nada a respeito dela. Chegou até mesmo a ir por várias noites na mesma boate, mas nenhum sinal da ruiva.

O que estava lhe deixando extremamente frustrado.

O que diabos aquela mulher havia feito com ele?

— Você tá péssimo. — Mirko se aproximou dele depois de mais uma das sessões de fotos que Hawks havia feito para uma revista de bebidas e lhe estendeu uma caneca de café.

— Não consegui dormir direito. — Ele confessou depois de ingerir uns três goles da bebida fumegante.

— Ainda por causa daquela mulher? — Ele assentiu um pouco apreensivo e Mirko riu. — Que chá foi esse que ela te deu? Deveria passar a receita para todas as mulheres do país que dariam a alma pra ficar com você.

— Também queria saber. Porque isso tá acabando comigo.

A morena puxou o jornal dobrado que tinha preso embaixo do braço e entregou para o loiro, que arqueou a sobrancelha confuso enquanto aceitava o monte de papéis.

— Acho que a matéria de hoje vai te animar, é sobre seu presidente favorito. — Ela sorriu de forma travessa.

— Gosto do Enji, mas não to com cabeça pra política esses dias, Mirko.

— Ao menos leia a matéria, acredito que é de seu interesse.

Sem muito ânimo, Hawks abriu o jornal diante de seus olhos, onde a manchete principal se destacava "Presidente Enji Todoroki, compareceu junto de seus filhos à inauguração de mais um hospital". Embaixo havia a foto do atual presidente do Japão, acompanhado de seus cinco filhos.

Mas a única coisa que chamou atenção de Hawks, foi a imagem da garota de cabelos ruivos e olhos azuis, no meio dos outros quatros filhos de Enji.

Ela era a filha do presidente?

Agora ele entendia o fato dela não ter dito o sobrenome, não queria que fosse vinculada à imagem do pai. E talvez não quisesse que Hawks a encontrasse novamente.

Mas agora não era como se ele fosse lhe dar essa opção de se livrar dele tão facilmente.

— Obrigado, Mirko. Você é maravilhosa. — Hawks deu um beijo no rosto da amiga, antes de entregar o jornal e a caneca de café de volta pra ela e sair correndo do estúdio.

Já tinha esperado um mês, não ia mais perder tempo nenhum. Ele precisava vê-la novamente, saber se ela ainda mexia tanto assim com ele.

Entrou em seu carro estacionado do outro lado da calçada, ligou o veículo e parou por um instante. Ele não tinha a mínima noção de onde encontrá-la, apesar de saber que ela era uma figura pública. Talvez ele pudesse ir até Enji, ele estava na Câmara como todos os dias, deveria saber por onde a filha dele andava.

O problema era Hawks ter de explicar, que ele estava obcecado pela filha do presidente, porque a garota tinha fisgado ele com um bom chá um mês atrás.

Assim que Hawks estacionou de frente para a Câmara, nenhum dos seguranças barrou a entrada dele, considerando que o loiro costumava ser bem frequente no lugar antes mesmo de Enji ganhar as eleições.

Ele atravessou o hall e subiu as escadas que davam acesso às salas principais no andar de cima.

Assim que alcançou o corredor, ele parou ao ver a ruiva vindo em sua direção, totalmente distraída com o aparelho celular que tinha em mãos.

Keigo a viu erguer o olhar e parar de andar no mesmo instante. Assim que ele pode contemplar as íris azuis dela novamente, sentiu seu coração acelerar e sua respiração começar a ficar descompassada. Ela ainda tinha o mesmo efeito sobre ele, nada tinha mudado.

E só então ele também pode se recordar de onde tinha tido a sensação de que a tinha visto antes daquela noite.

A primeira vez em que eles se viram, foi exatamente naquele corredor alguns anos atrás. Mas Hawks estava com tanta pressa, que ele nem sequer havia reparado nela direito. Mas agora se lembrava, ela ainda tinha a mesma aparência, a mesma cor de cabelo e os mesmos olhos azuis e espertos.

— Enji está na sala principal. — Ela comentou como se ele fosse apenas mais uma pessoa aleatória que ela via.

— Podia ter me contado que era a filha do Todoroki. — Keigo esboçou um pequeno sorriso, enquanto caminhava lentamente na direção dela.

Nara arqueou as sobrancelhas, mal escondendo a expressão de surpresa por ele ter descoberto.

— E que diferença isso ia fazer?

— Teria facilitado que eu te encontrasse. — Ele quebrou a distância entre os dois, notando como as maçãs do rosto dela ganharam uma coloração mais rosada, quando ela o encarou nos olhos. — Passei um mês inteiro procurando por você.

— Achei que tivesse deixado bem claro de que não seria nada além daquilo.

— Eu sei, mas preciso de você. Não consigo te tirar da cabeça. — Ele confessou com certo desespero, sentindo uma necessidade absurda de pegá-la nos braços e sumir com ela dentro de alguma daquelas salas.

— Não precisa flertar comigo se quer outra vez, Hawks. Basta só pedir. — Ela continuava o encarando, suas íris parecendo gelo de tão fria que ela soava com ele naquele instante.

— Não... Na verdade, eu quero. Mas não quero que seja só mais uma vez. — Ele a viu inclinar a cabeça pro lado, mostrando que estava prestando atenção nele. Enquanto Keigo sentia-se nervoso, passando as mãos suadas nos bolsos de seu jeans. Ele nunca tinha estado assim por nenhuma outra mulher antes, não sabia como prosseguir. Mas sabia que precisava dela. — Não quero só transar com você. Passei um mês inteiro pensando em várias coisas além daquela noite. Em como eu gostaria de ver seus quadros pessoalmente, saber quais são suas comidas preferidas, o que você faz quando não está pintando. Quem são as pessoas que não gosta, ou se tem alergia a alguma coisa... Queria que acordasse do meu lado todos os dias, porque sempre que eu acordo, são seus olhos que me veem à mente, eles me lembram um lindo dia ensolarado. E apesar de sempre julgar relacionamentos e não desejar querer me sentir preso a um, eu não me sinto preso quando penso em fazer várias coisas com você, na verdade, eu me sinto livre, como nunca estive antes.

Ele soltou um longo suspiro depois de confessar todas aquelas coisas em voz alta.

Nara o encarou por longos segundos, com uma expressão tão indecifrável, que ele sentiu seu peito palpitar, esperando que ela fosse lhe dar um fora.

Mas depois de uma longa eternidade, que provavelmente deveria ter durado apenas segundos. Ela sorriu pra ele.

— Eu sou alérgica a amendoas, podemos começar por isso.

Ele sorriu aliviado, observando o olhar dela se suavizar para ele.

Não conseguiu se conter, fazia um mês que estava longe dela. Então, quebrou a pouca distância que ainda havia entre seus corpos, segurando o rosto dela entre suas mãos e selando seus lábios.

Se dependesse dele, nunca mais deixaria de vê-la nenhum dia sequer.



*** 


E finalmente chegamos ao fim, uma história completa com total de 7.700 palavras. Espero que tenham gostado tanto quanto eu amei escrever isso. 

Quem sabe futuramente eu não traga outras histórias curtas assim.  

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