10° capítulo
Por Aja
Depois de uma semana.
Soube que Dan seria executado hoje. Eu to em choque, queria me despedir dele antes que isso acontecesse. Vai ser difícil ver essa cena, mas tenho que ir.
Então coloco uma roupa com tudo o que ele já me presenteou, o que resultou numa blusa vermelha de manga, uma calça league preta e um All star vermelho. Algumas dessas coisas não foram em ocasião especial, mas só de vestir me lembro dele e quero ter esse cheirinho dele em mim. Já ouço uma buzina em frente a casa.
-Já vou! -Grito e saio da casa, logo entrando no carro. Quem dirigia era um amiga querida, ela quem ia me levar e ficar comigo lá na hora, sempre me ajudava em horas difíceis.
-Não esperava te ver assim. -Ela fala olhando minha roupa.
-Ele me deu... Todas essas roupas, em ocasiões diferentes. Quis lembrar dele e por isso não estou toda de preta.
-Nossa, que criativa. -Diz sorrindo fraco e parte para a cadeia.
[…]
Ao chegarmos na cadeia, eu fico parada no carro, olhando para o portão, sem coragem de sair, por uns minutos.
E minha mente volta para o nosso último momento:
"Então, de repente ele quebra esse clima, sorrindo triste:
-Sei que estamos felizes, e mesmo não querendo estragar isso agora, já me comunicaram quando... Quando vou ser executado.-Engole em seco e se levanta, vindo até mim. Eu levanto, sentindo minhas pernas bambas com essa informação do nada, em choque.
-Sinto muito. -Sussurro o abraçando e minha pele se arrepia.
-Eu... Quero que esteja aqui no dia. Pelo menos para que eu me sinta seguro. -Fala se afastando um pouco de mim, olhando em meus olhos e mexendo em uma mecha do meu cabelo delicadamente. -É daqui a uma semana. -Balanço a cabeça sem saber o que dizer e falo baixinho, e mesmo a aquela distância que estávamos, sabia que talvez ele quase não escutasse.
-Vou estar aqui, conte sempre comigo. -Ao falar isso, o guarda dá um passo para a frente e soube que o nosso tempo havia acabado.
-Espere um minuto. -Me viro para o guarda e volto a olhar para o Dan. -Aqui está a carta. Vou dar um jeito de vir aqui mais uma vez para conversamos uma última vez. Por enquanto... Adeus. -Ele assente e pega a carta, me abraçando forte.Assim que nos separamos, vou embora a passos pequenos, sem querer me afastar dele e...Enquanto saía da sala, sentia o olhar dele sobre mim, mesmo o guarda o levando de volta e respiro fundo, saindo finalmente dali. "
-Que saudade... -Falo enxugando uma lágrima, respirando fundo.
-Você lembrou de um momento entre vocês? -Minha amiga fala devagar, sussurrando, acariciando meu cabelo. Concordo com a cabeça e a olho.
-Obrigada por tudo, mesmo. -Falo sorrindo fraco e levanto. -Vamos, preciso enfrentar isso.
-Nada, tô sempre aqui quando precisar. -Fala e salta do carro, eu logo indo atrás dela.
Entramos assim que nos identificamos, e fomos conduzidas para uma salinha aonde tinha outras pessoas, inclusive familiares dele.
Respiro fundo e cumprimento as pessoas ali com um meneio de cabeça, sorrindo sem mostrar os dentes.
Minha amiga passa o braço envolta do meu ombro e fito a cadeira a nossa frente, esperando Dan aparecer ali.
Esperava que já estivesse, mas a audiência fora marcada para 10 horas da manhã e, ao olhar para o relógio em meu pulso, vi que eram apenas dez para dez.
Esses dez minutos vão ser os mais lentos da minha vida.
[…]
Assim que deu a hora marcada, Dan Reynolds aparece acorrentado, com a cabeça baixa e um guarda o empurrando até uma cadeira com várias cordas para amarrá-lo.
Então aparece outro homem, preparando um tipo de injeção no canto da sala; posição justamente para ninguém olhar o que ele estava fazendo e só revelar na hora que for injetar no braço da pessoa.
Reparo que ele me procura em meio a outras pessoas ali e seus olhos se encontram com os meus, pedindo-me perdão.
-Tudo bem. -Sussurro mesmo sabendo que ele não ouviria e a minha vontade era abrir a porta que nos separava e tira-lo daquele inferno para sempre. Engulo em seco assim que vejo que começaria a chorar ali, na frente das pessoas.
O guarda que estava o amarrando acaba na mesma hora que o homem preparando aquela injeção, e o guarda assente com a cabeça, com o olhar frio fixo em Dan.
É agora.
Penso ao ver o homem se aproximar e ajeitar Reynolds na cadeira, de modo que ele fique deitado e seu braço totalmente esticado.
Dan faz uma careta assim que ele injeta o líquido em sua veia e olha para o teto.
Nesse instante, ninguém fala nada.
Não havia som algum, apenas o respirar calmo dele e a nossa tensão do lado de fora.
O último suspiro dele.
E após um minuto, ou mais ,seus olhos param de piscar e sua boca estava entreaberta, como se fosse falar algo.
Queria ter tido um último momento, nós nem nos despedimos direito.
As pessoas foram saindo e eu não consegui sair dali até retirarem o corpo dele, ainda sem acreditar naquilo.
-Vamos...? -Ela me chamou hesitante quando não tinha mais ninguém. Apenas assenti, nervosa demais para falar algo.
Ao chegar em casa, só conseguia chorar.
Porque teria que viver sem meu amor.
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Pela autora:
Não, esse não foi o último capítulo! Mas falta pouco, apenas 1 para terminar.
E obrigada a quem acompanhou até aqui e esperem o último capítulo, vai ser postado em breve !
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