Capítulo 3
"A realização de um sonho é a prova de que precisamos para acreditar que a vida pode ser melhor e assim começar um sonho novo".
ERA O GRANDE DIA. Johnny mal podia acreditar, seu sangue estava fervendo de excitação, o que significava que ele estava mais irritante e é claro, mais lindo. Mal podia esperar para pilotar a nave que os levariam direto para o espaço e melhor ainda, mal podia esperar para ser lindo no espaço. O que Johnny sabia bem que não era todo homem que conseguia um feito daquele.
Eles fariam história e Johnny sabia que nascera para viver aquilo. Dane-se a NASA e seu simulador de vôo, ele pensou enquanto se vestia. O traje era azul escuro, se adaptava bem à forma do corpo e ao se olhar no espelho Johnny sabia que beijaria a si mesmo se pudesse. Adeline precisava ver ele assim.
Ele arrumou a bagagem que seria despachada para dentro da nave, lá tinha um traje a mais e um macacão. Ainda tinha um traje espacial para ficar no vácuo do imenso espaço caso fosse necessário. Senhoras e Senhores, Johnny Storm era oficialmente um astronauta.
Ele saiu do vestuário, colocou seu óculos escuros e pendurou a jaqueta sobre um dos ombros. Andou pelo corredor à procura de algum dos seus companheiros de equipe.
Havia alguns funcionários da base de pesquisa caminhando pelo local. O complexo era como um grande campo de futebol coberto, as paredes eram todas de vidro e não importava onde você estava no complexo, ia ter uma maravilhosa vista da plataforma de lançamento.
Ele e os outros membros da sua tripulação -Johnny gostava de pensar assim, já que ele era o piloto-, tinham uma sala para se preparar e esperar até a hora de embarcarem. Ele seguiu até lá e entrou encontrando todos os outros já vestidos.
Sua irmã Sue conversava com Ben e mantinha aquela postura reta e educada para não se aproximar muito de Reed que relia suas anotações sem parar. Eles haviam terminado o relacionamento há anos, mas ainda pareciam que tinham acabado de brigar.
Johnny riu consigo mesmo, era por isso que ele não se apegava.
Ele viu Adeline entrar na sala. Os cabelos escuros estavam perfeitamente presos em um rabo de cavalo, os fios tão organizados que dava vontade de soltá-los. O traje azul também caiu bem nela, ela segurava a jaqueta em um braço e a mochila na outra. Estava mais séria que o comum.
Então Johnny fez o que sabia fazer de melhor: se aproximou para irritá-la.
-Olha lá aqueles dois. -Ele disse indicando Sue e Reed, ele encostou na parede ao lado dela. Adeline nem ergueu os olhos para ele. -Nunca vão se acertar.
-Isso é ruim. -Ela disse olhando para o cadarço dos coturnos que estavam calculadamente bem amarrados. -O protocolo dessa missão tem muitos furos.
Johnny revirou os olhos fingindo tédio, mas no fundo a maneira como ela falava era quase agradável de ouvir.
-Quais procedimentos deixamos de seguir, princesinha da NASA?
Ela respirou fundo como se se recusasse a perder a paciência com ele naquele momento:
-Os procedimentos das agências para missões espaciais existem para nossa segurança, Storm. -Ela disse arrumando as mangas da jaqueta. A maneira que ela não o olhava diretamente o fazia ter vontade de fazer com que ela olhasse. A qualquer custo. -Não selecionamos parentes de primeiro grau para sair para o espaço juntos, ou pessoas com histórico de relações amorosas com os colegas, ou pilotos que foram expulsos de programas de outras agências... -ela acrescentou e dessa vez o olhou nos olhos.
Johnny levou a mão ao peito e cambaleou levemente para trás.
-Nossa, space girl. Essa doeu. -Ele fingiu uma cara de magoado. E então se aproximou dela, o bastante para sua boca sussurrar em seu ouvido: -Não se preocupe, eu cuido da gente lá em cima.
Adeline se virou para sair de perto dele e ao ajeitar a mochila bateu ela em Johnny de propósito. Ele sorriu divertindo-se, sua primeira missão do dia já fora cumprida, faltava mais uma. Ele olhou para Ben e caminhou em direção à sua próxima vítima.
Só com a sua aproximação, Ben já fez cara feia.
-E aí, co-piloto?! -Johnny piscou um dos olhos para ele. Ben não precisou se dar o trabalho de responder, porque naquele momento Victor Von Doom entrou na sala e estava com o mesmo traje que o restante. Ao lado dele estava Tom, o irmão mais novo que ele havia visto em uma das reuniões.
-O momento se aproxima. -Disse Victor observando cada um. -Vejo que estão todos prontos. A sala ao lado está reservada para se despedirem de seus familiares ou de amigos, eles poderão assistir o lançamento.
Victor então se virou para Adeline:
-Todos já viram seus familiares, Dra. Rudolph. Falta só você. -Ele disse e algo naquilo fez Johnny sentir que era outra frase cruel disfarçada. Tom olhou para o irmão com a expressão de surpresa contida.
Ben balançou a cabeça de forma negativa e murmurou algo para Reed que pareceu levemente revoltado.
Sue desviou os olhos de forma apreensiva. Naquele momento Johnny se arrependeu de não ter lido toda a ficha dos colegas, mas isso foi antes de ele saber quem era Rudolph. Pensou em talvez pedir para Susan passar os arquivos de novo, assim ele entenderia melhor o que acontecia com os irmãos Von Doom e Rudolph.
Enquanto todos menos Johnny pareciam desconfortáveis, Adeline olhou para Victor a expressão mais plena que ele havia visto.
-Já me despedi de quem precisava. Agora não vamos perder mais tempo. -Ela disse ajeitando a jaqueta, se aproximou de Victor com aquela postura imponente e o olhar superior que irritava Johnny e ao mesmo tempo era muito atraente. -Você pode estar indo conosco porque tem o dinheiro para isso, mas o restante de nós são cientistas que precisam seguir os cálculos à risca, não temos tempo a perder.
E então ela direcionou o olhar para Tom. Ele encarou de volta, mas não conseguiu disfarçar que Adeline tinha um efeito sobre ele.
-Sua gravata está torta. -Ela disse simplesmente e se virou em direção à porta.
Ao passar por Johnny ela murmurou só para que ele pudesse ouvir:
-Rico babaca metendo o nariz na nossa pesquisa é o maior dos furos.
E ele riu a seguindo para fora da sala.
Tom Von Doom ajeitou a gravata e se retirou da sala, ele passou pela porta e seguiu Adeline e Johnny pelo corredor.
-Adeline, espera. -Ele disse se aproximando dos dois. A princípio pensou que ela o ignoraria, mas ela parou e se virou na direção dele.
Johnny parou ao lado dela com a expressão de quem estava se divertindo ao ver a raiva de Rudolph ser direcionada à outra pessoa.
-Eu sinto muito pelo que Victor disse. -Ele se aproximou mais um passo e ela cruzou os braços um sinal de que ele não deveria se aproximar mais.
-Você sempre sente muito pelo que Victor diz e faz, mas nunca pelos seus erros. -Ela se virou para continuar pelo corredor. -Estou cansada das suas desculpas.
Tom respirou frustrado. Depois da separação ele nunca conseguia ter um diálogo decente com ela.
-Nada nunca é bom o bastante pra você, Adeline! -Ele disparou alto o bastante para ela e Johnny ouvir.
Adeline suspirou como se estivesse perdendo tempo com tudo aquilo e se virou uma última vez:
-Você era, Tom. -Ela disse sem o sarcasmo, sem a irritação. Era sincero. -O problema era que você não se achava bom o bastante para o seu irmão.
Tom pareceu que ia continuar a discussão e aquilo estava começando irritar até Johnny.
-Olha, cara, estamos prestes a ir para o espaço! -Ele disse com o seu melhor olhar. -Então não corta o nosso barato.
E ele se virou acompanhando Adeline até a plataforma de lançamento e pelo canto do olho viu que ela segurava um sorriso.
ミ✭
Em meia hora eles já estavam dentro da nave. Johnny e Bem ocupavam os assentos na frente como pilotos, realizando o check up dos painéis de controle. Atrás de si estava Reed, à sua direita estava Adeline e por último estava Sue e Victor.
-Todos os comandos estão operando. -Johnny disse pressionando o comunicador em seu ouvido. -Prontos para iniciar.
"Iniciando a preparação dos combustíveis" -A voz no comando da equipe de reforço era de Tom. -"Contagem regressiva para lançamento".
O foguete na base da nave pareceu despertar e inundar o corpo de Johnny. Ao seu lado Ben estava atento aos comandos. Todos seguraram em seus cintos ou nos suportes de seus assentos. A ansiedade do momento fazia todo o seu corpo arrepiar.
"Vinte segundos para o lançamento".
-Vamos nessa, galera! -Johnny gritou.
"Dez segundos".
Ele respirou fundo. Reed fechou os olhos.
Adeline fazia a contagem regressiva movendo somente os lábios.
Sue e Victor pareciam que estavam prestes a embarcar em uma montanha russa.
Ben segurou o próprio cinto de segurança.
"Cinco segundos. Foguete ativado".
Tudo tremeu como se um enorme vulcão em erupção estivesse acordando abaixo deles. Johnny quase sentiu os dentes baterem um nos outros.
"Três, dois, um. Lançamento iniciado. O foguete deixou o chão e segue em direção à atmosfera".
O barulho era enorme, pareciam que estavam sendo sugados para trás enquanto iam em direção ao céu.
Johnny não pode evitar gritar de contentamento. Eles subiam cada vez mais alto, mais rápido e livres. Johnny vivia buscando adrenalina, mas nunca tinha encontrado nada daquele nível antes.
Passaram a atmosfera, finalmente alcançaram o espaço. A parte de frente e a traseira se desconectaram da nave e caíram em direção à Terra liberando eles para orbitar pelo planeta. Aquele momento foi um dos mais impactantes da sua vida. Em um segundo eles estavam voando e no outro a microgravidade os atingira.
Johnny e os outros levitaram nos assentos, estavam presos pelos cintos, mas era possível ver que ao redor tudo mudara. Era como ser livre pela primeira vez, como pular de paraquedas e descer uma montanha russa sem fim. O frio na barriga, a pele arrepiada e a sensação física de completa liberdade.
O Espaço os abraçou já apresentando sua vasta imensidão. A Terra agora ficava distante e parecia até insignificante vista daquela perspectiva. Pela primeira vez Johnny se sentiu inebriado com a própria existência. Ele olhou para Ben que arregalava os olhos ao seu lado.
Reed observava toda a visão à sua frente como se avaliasse uma obra de arte, com um meio sorriso convencido como se ele já pressentisse que aquele momento chegaria. Victor tinha a feição de quem havia acabado de gastar bilhões e estava satisfeito.
Sue parecia hipnotizada e então ele viu Adeline.
Adeline deu o primeiro sorriso verdadeiro que ele havia visto desde que a conhecera. Ela sorria como se tivesse acabado de voltar para casa.
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