_ Capítulo Único _ Parte I

Todo natal é sempre a mesma besteira, a família se reúne, meu único tio faz a típica piada do pavê e meus primos brigam pela a minha atenção. Mas, esse ano, aconteceu algo diferente. Pela primeira vez, eu, Ally Torres, estudante de gastronomia, tenho um namorado e estou bem animada para apresentá-lo para todos.
Sei que ter um namorado não é grande coisa, mas, eu estou feliz mesmo assim, ele é o meu primeiro namorado e se tudo der certo hoje, ele também será a minha primeira vez.

Eu namoro com Alex Bitencourt tem uns 7 meses, ele é filho de um grande empresário e nos conhecemos na UFRJ. Mesmo que sejamos de cursos diferentes, ele de Economia e eu de Gastronomia, tivemos a sorte de ter uma aula juntos. Para ser uma grande chef, a economia e o cálculo rápido é de suma importância, por isso resolvi pegar alguns componentes curriculares de exatas, que acabou batendo com a sua grade do semestre. Se isso não é o destino, eu não sei o que é.

Por ser filha única, sempre fui apaixonada por esses contos de fadas que o final é sempre feliz, por causa disso, acredito cegamente no destino e nos clichês da vida. Especialmente pelo fato deu ter sido criada como uma verdadeira princesa e ser a primogênita. Na minha família, só tenho um tio por parte de pai e uma tia por parte de mãe, só que em compensação, tenho muitos primos.
Minha tia, Amélie Mendes, casou-se com um catarinense que tem uma linhagem de gêmeos na família, sendo assim, até agora ela tem um total de seis filhos, não se assustem, antigamente era muito pior.

Por parte da minha tia, tem o Hugo com 17 anos, a Maria Júlia com 14, os trigêmeos, Oliver, Matheus e Stella com 8 anos e a caçula da família - por enquanto -, Dakota com dois anos. E detalhe, o nome foi escolhido por mim. Já meu tio, Paulo Torres, casou-se com Andrea, uma italiana, em uma das suas viagens de negócio há uns doze anos, assim como meu namorado que ainda está no comecinho, meu tio cursou Economia, e quase não pára em casa. Ele tem sete filhos, até agora, o sétimo ainda está no forno e o nome também foi escolhido por mim. Como sou apaixonada por livros e comida, achei que seria fofo seu nome ser Atlas, personagem de um dos livros que está no meu top cinco, até agora.

Só que, mesmo tendo sete filhos, nem todos são de sua esposa. Depois de mim, a segunda princesa da família é a minha prima, Lily de 17 anos, filha de uma paulista, ela é a única filha fora do casamento que mora aqui no Rio de Janeiro conosco. Sua mãe foi presa por homicídio, quando ela tinha três anos, o vizinho tentou sequestrar a Lily para fazer maldades e desde então, ela mora aqui e graça a Deus não aconteceu nada com ela. Sua mãe pegou vinte anos de cadeia e uma vez no mês, meu tio leva a Lily para ver a mãe. É isso aí, somos uma família muito boa para ser verdade.

Por parte do meu tio, além da Lily e do Atlas, também tem o Leon com 15 anos, filho de uma espanhola, Victoria com 13 anos, filha de uma portuguesa, Henry com 12 anos, Hazel com 10 anos e Bella com 5 anos, todos os três, filhos de Andrea. E pela distância das idades, devem estar curiosos para saber a minha. Bom, eu tenho 19 anos e faço 20 no dia 1 de janeiro. Por causa disso, eu amo o natal, uma vez que ganho presente duas vezes num curto período de tempo e ainda vejo os meus primos que moram fora do país. Só felicidades e esse ano a felicidade será ainda maior, eu consigo sentir.

— Bom dia, Vizinha! — disse Nick Waan, meu vizinho e melhor amigo do meu namorado, enquanto me tirava dos meus pensamentos. Olhei ao redor e percebi que estava parada em frente ao elevador já tinha uns dez minutos, ele riu e apertou o botão para o elevador subir. — Você está indo ou voltando?

— Ah! — rio — Estou indo, vou no aeroporto com o meu tio buscar os meus primos. - ele assentiu e entrou no elevador assim que ele abriu, fiz o mesmo — Bom dia, aliás.

— Por que estava encarando o elevador? — perguntou apertando o botão do térreo.

Porque estava conversando comigo mesma. — pensei, enquanto dava uma risada discreta.

—  Eu estava revisando uma pequena lista mental, esse ano eu irei preparar a ceia. — omiti, realmente fiquei responsável pela comida, mas não tem lista nenhuma. Apenas irei entrar no mercado e pegar o que dê na telha, é assim que cozinho, deixo a intuição me guiar.

— Oh! Que incrível! — ele sorri — Será aqui no prédio ou na mansão Torres do seu tio?

Como o Nick é melhor amigo do Alex, acabamos virando amigos por tabela. Ele foi na casa do meu tio apenas uma vez por causa do chá revelação do Atlas, e ficou encantado pelo tamanho da casa, ou como ele gosta de chamar, Mansão Torres.
Nick Waan tem a mesma idade do meu namorado, 21 anos e também é estudante de Economia, pelo o que o Alex me contou, eles são amigos desde dos onze anos e fazem tudo juntos. Só que, eu não sei qual é a do Nick, nunca vi ele com ninguém, porém, já ouvi algumas pessoas dizendo que ele dormiu com a Anna do curso de Direito e com o Victor do curso de História. Outras pessoas dizem que ele já chupou um professor para não ser reprovado num componente obrigatório, acredito que seja apenas boatos, Nick nunca deu indícios de ser assim.

— Aqui mesmo, iremos usar o terraço já que é enorme. — sorri e ele concordou — Concordamos em fazer o natal aqui e o ano novo na mansão. O Alex não te contou?

— Por que o Alex me contaria? — ele se virou para mim. O elevador para subir foi tão rápido, qual o motivo para demorar tanto para descer?

— Eu disse para ele te convidar, já que o natal é uma coisa mais familiar e o ano novo mais casual. — ele ri e eu levanto a sobrancelha confusa.

— Ele disse que iríamos passar o ano novo em Búzios. - abro a boca no formato de "O" e ele arregala os olhos, parece que falou algo que não devia. —O Alex não te contou?

— Não, deve ter esquecido. O coitadinho está tão ocupado com alguns documentos da empresa do meu sogro. — sorrio e ele concorda com uma cara estranha.

— Deve ter sido isso! Ou, eu acabei de estragar uma surpresa.

— Como assim?

— Ué? Você não estava querendo uma aliança de compromisso dele, vai que a viagem era uma surpresa para você receber no ano novo.

— Verdade! — abro um sorriso enorme - Só deve ser isso, acredito que é a única razão para ele não ter contado. — ele só fala "hurum" e o elevador finalmente chega no térreo.

— Eu vou indo, depois você me atualiza.

— Oh! — pego no seu braço — Se não for muita intromissão, para onde você vai? É bem raro vê-lo acordado tão cedo.

— No seu Diogo. — ri baixinho — Cê acredita que a minha mãe inventou de fazer uma torta e esqueceu de comprar o recheio e a farinha de trigo? Não sei onde aquela mulher anda com a cabeça.

Desde que se separou, a Sra. Waan não tem estado muito bem, sempre esquecida e quase não sai de casa, a única coisa boa é que a minha mãe sempre vai conversar com ela. E isso deixa o Nick muito feliz. Ele cursou um ano de psicologia e sabe que forçar alguma coisa não é a solução, por isso, ele segue sendo compreensivo, apenas esperando o momento que sua mãe vai sentar e conversar com ele.

— Não diga isso! É super normal esquecer alguma coisa.

— Eu admiro seu otimismo, Ally. — ele sorri e vai embora. Quando se trata da sua mãe, é super comum ele ficar dessa maneira, é compreensível, já que ele também é filho único.

Suspiro e tiro o celular do bolso, meu tio está demorando. Será que aconteceu alguma coisa com a Andrea? Ela me disse que o Atlas lhe causa muitos enjôos e ela quase não consegue dormir, tadinha. Espero que a minha futura gravidez seja tranquila, sim, eu quero muito ter filhos.
Vejo que não tenho nenhuma mensagem, então, resolvo me sentar numa poltrona na recepção. Após uns vinte minutos, meu tio finalmente chega.

— Ally!! — grita a Lily sentada no banco da frente, assim que me vê saindo do prédio. — Você está muito gata! — sorrio e ela também. Eu tenho uma boa relação com a minha prima, o que é ótimo, ela também está muito gata com um vestido florido e um all star. Já eu, estou apenas com um cropped, um short jeans preto e um tênis branco, nada de mais.

— Pensava que tinham desistido. — digo rindo assim que entro no carro e passo o cinto de segurança.

— Meu pai não conseguia achar as chaves. — ela ri e revira os olhos — Cê acredita que estava na casa do cachorro? Acho que foi uma das crianças.

— Aposto que foi a Hazel! — dizemos juntas e logo depois caímos na gargalhada.

— Eu apostaria no Henry, a Hazel é tão tranquila. - diz meu tio e a gente se segura para não rir. — Ok! Chega de apostas, a Victoria e o Leon já devem ter chegado no aeroporto.

 — Como os dois chegaram juntos? Eles nem moram no mesmo país.— diz Lily, enquanto passa um gloss nos lábios rosadas.

 — Geograficamente falando, Madrid e Lisboa nem são tão distantes assim. — digo, ela vira o corpo para poder me olhar no banco traseiro.

— Geograficamente falando, eu sou péssima em Geografia. — diz num tom como se fosse a loira de um clichê dos anos 2000. E olha que ela nem é loira, seus cabelos são negros igual a noite e seus olhos castanhos claros e dependendo da luz, parece até que tem um girassol dentro deles. Digamos que a loira sou eu, mas, não vamos entrar em detalhes.

 — A mãe do Leon conversou com a mãe da Victoria e as duas concordaram que seria melhor os dois pegarem um voo juntos. Por isso ficou acertado deles saírem de Lisboa juntos.— meu tio disse ligando o rádio, resolvendo o mistério.

— O senhor é tão inteligente, ainda não entendo como se deixou ser enganado. — Lily ri e o meu tio aumenta mais o som, ela ama zoar o pai.

— Eu não fui enganado! — disse firme.

— Claro...—  disse irônica e pisca para mim, ele bufa e dá partida no carro.

Pensar na enganação do meu tio é algo engraçado. A mãe da Lily era uma colega de faculdade do meu tio, ela saiu de São Paulo para estudar no Rio de Janeiro. Ela foi o seu primeiro amor, sua primeira vez e a mulher que ele sentiu desejo de construir uma família. Então, por acidente a Lily nasceu, eles ficaram juntos por um ano após o nascimento dela, só que perceberam que não era para ser eles, por isso terminaram de forma amigável e meu tio nunca deixou de mandar dinheiro e dar todo o suporte necessário. Ele já virou várias madrugadas só para cuidar de uma febre de verão na Lily.
Já a mãe do Leon era uma colega de trabalho do meu tio, ele foi convidado para trabalhar uns meses na filial de Madrid, os dois saíram para beber depois de uma boa aquisição, ficaram bêbados e deu no que deu. Ele também nunca deixou faltar nada para o Leon e a única condição para ele ter deixado o menino com a mãe, foi o acordo dele vir para o Brasil todo ano.

Acredito que a única enganadora foi a mãe da Victoria, ela sempre bateu o pé dizendo que não podia engravidar e que estava tranquilo eles não usarem camisinhas. Só que, por um milagre, olha lá a Victoria fazendo um ano. Mesmo assim, meu tio não conseguiu ficar bravo com ela, ele sempre foi muito calmo e compreensível, por causa disso sempre é enganado.
Entretanto, eu não julgo essas mulheres de quererem passar a perna no meu tio, ele é muito parecido com o Leonardo DiCaprio, só que muito mais gato.

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Após uns quarenta minutos e muitas músicas cantadas no caminho, finalmente chegamos no aeroporto. Que felicidade!

 — Lily! — gritou duas vozes assim que pisamos os pés na área de desembarque, mesmo eles morando longe, o amor que sentem pela a irmã é surreal e a forma como eles quiserem aprender o nosso português por conta própria, demonstra muito isso. Jesus! Eu amo tanto essa família!

— Crianças! — gritou ela indo na direção dos mesmos, correndo na mesma velocidade do flash.

— E olha que ela nem gosta deles. — digo para o meu tio e ele balança a cabeça rindo.

— Imagine se gostasse.— pisca e vai abraçar os filhos.

Eu acho tão linda essa relação natural deles que, mesmo com a distância, o amor deles nunca muda. Também acho incrível como a Andrea ama os três como se fosse seus filhos, acredito que poucas mulheres aceitariam filhos fora do casamento numa boa, por isso eu admiro tanto ela.

—  Ally! — gritou Leon se soltando do pai e das irmãs — Eu estava com saudades! Eu trouxe uns jogos incríveis para jogarmos no seu PS5.— falava agitado enquanto me abraçava fortemente.

— Não liga para ele, prima. — disse Victoria docemente — Ele está viciado em jogos de zombies e de tiro. O Leon quase colocou meu PS4 na mala e trouxe.

 — Se você não fosse tão chata, eu teria trazido mesmo.— deu língua para a irmã e recebeu uma virada de olhos em resposta.

— Então você vai direto para casa da Ally?  — meu tio pergunta.

— É óbvio! Para onde mais eu iria? Meus planos é ficar lá até ir embora.

— Não irá visitar seus irmãos? — Leon ri.

— É para isso que serve o natal e o ano novo, papai. — bate nas costas do meu tio, que fica perplexo—  Vamos, Ally?

 — Não vou para casa agora, tenho que ir no supermercado... — ele me interrompe

— Sem problemas, posso ir com você. Eu gosto de fazer compras. — mostra seu sorriso de metal.

— Ok! — sorrio de volta — Pode nos levar? Eu chamo um Uber na volta. — pergunto olhando para o meu tio, ele concorda e a gente vai para o carro.

Ele coloca as malas no porta-malas e dá partida, enquanto saímos do estacionamento do aeroporto digo para ele deixar as coisas do Leon na minha casa. Será divertido ter a companhia do meu primo, ele sabe cozinhar igual eu e inventa um monte de receitas malucas na madrugada. Alguns meses atrás ele disse que estava trabalhando como ajudante num bistrô do amigo da sua mãe e com certeza fará faculdade de gastronomia também, amo quando sou vista de reflexo. Só que eu não sei se isso é bom ou ruim.

— Então, prima... — Lily fala num tom malicioso —, ansiosa para apresentar seu namorado para a família hoje?

— Namorado? — pergunta as crianças juntas.

— Surpresa! — ela faz mãos de jazz e eu reviro os olhos.

— Pensava que eu era seu melhor amigo, como eu não sabia disso? — Leon pergunta num tom tristonho.

— Você é! Mas, eu queria apresentar ele para todos de uma só vez. Só que a Lily não sabe guardar a língua dentro da boca. — ela sussurrou um "desculpa" para mim e eu relevo.

— Então, como a Lily sabe dele? — Victoria pergunta intercalando o olhar entre nós duas.

— Encontrei eles por um acaso no Shopping Village Mall. Aí ela foi obrigada a me apresentar. — sorri — E o amigo dele, o Nick, é bem gato, né?

Nick? Gato? Não sei. Nunca prestei muita atenção nele, mas, pela maneira que ele é cobiçado. Deve ser, sei lá.

— Bom, eu acho. — ela continua, quando não escuta eu responder — Ele mora no seu prédio, né?

— Sim, sim. — seu sorriso alarga.

— Ele virá para o ano novo?

— Não sei, ele disse que vai para Búzios.

— Que pena! Espero encontrar com ele sem querer hoje. — concordo e ela continua sorrindo todo caminho até o supermercado.

A Lily e o Nick? Não! Com certeza não! Ela só tem 17 anos, e é bem impróprio ele se relacionar com alguém de menor. E talvez ele nem seja papa-anjo e é melhor não ser. Quando nos encontramos no shopping, ele nem olhou para ela e muito menos disse algo, sua atenção era direcionada apenas para mim e o Alex. Sempre foi assim. Desde quando esse relacionamento iniciou.

— Você já conheceu seus sogros? — Lily perguntou assim que seu pai estacionou na frente do supermercado.

— Não, ele achou melhor conhecer a minha família primeiro, depois marcarmos um encontro com seus pais. — sorri, enquanto tirava o cinto de segurança e abria a porta.

— Isso é estranho, você sabe né?

— Como assim? — pergunto com a porta entreaberta, com uma perna já fora do carro.

— Pensa comigo, Ally. Ele é filho de um dos homens mais poderosos do Rio de Janeiro, nossa família tem muito dinheiro, mas perto da grana deles, é apenas o troco do pão. Você acha mesmo que vão te aceitar?

— Você quer dizer que ele tem medo de me assumir para sua família?

— Não diria que é medo. — ela suspira e me olha profundamente — Apenas uma hipótese, se tudo desse errado, você acha que ele abriria mão de tudo por você?

— É claro! — digo sem nem pensar. Desde que conheci o Alex, ele nunca deu a mínima para status sociais, eu era a única coisa que importava.

— Tem certeza, Ally?

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Tem certeza, Ally? Aquelas palavras ainda rodavam na minha cabeça. E não, eu não tinha mais certeza. Nesses últimos meses, sempre pensei que estava certa sobre os sentimentos e pensamentos do meu namorado, só que, eu nunca estive certa. Nunca imaginei que uma adolescente iria me fazer questionar todo o meu relacionamento. Nunca imaginei que uma adolescente me deixaria sem palavras. Nunca imaginei que uma adolescente me faria sair completamente correndo de um carro, por causa de uma incerteza. Nunca imaginei que...

Meu Deus! Nunca imaginei que, eu, Ally Torres, me encontraria em algum momento da vida com o sentimento da dúvida. Sempre estive certa sobre tudo, nunca fui indecisa com nada e agora estou aqui, quase tendo um ataque de pânico por causa de uma pergunta idiota, feita por uma adolescente que nunca nem beijou na boca. Ou já beijou? Bom, não importa.
Só que, qual seria o motivo para essa loucura me afetar? Será medo? Já que nunca apresentei um namorado. Será nervosismo? Por causa das possíveis reações? Será ansiedade? Por tê-lo escolhido para ser a minha primeira vez? Será que...

— Ally! — sou desperta dos meus pensamentos pelo Leon. Olho para ele e vejo uma cara assustada, olho para as minhas mãos e entendo o porquê. Eu estava amassando uma caixinha de molho de tomate. Que merda. — Você está bem?

Eu estou bem? Não sei. Nunca nos meus 19 anos tive dúvida em responder essa pergunta. Nunca pensei que chegaria o dia em que eu não teria uma resposta para isso. É até estranho me sentir assim, é como se eu tivesse vivido a vida inteira num conto de fadas e finalmente acordei, só que não foi um beijo que fez isso e sim, uma pergunta completamente idiota. Embora, se fosse mesmo uma pergunta idiota, eu não estaria dessa maneira.

— Sim! — respondi com um sorriso falso e joguei a caixinha amassada no carrinho, o que eu vou utilizar está dentro mesmo, então, não vejo o porquê de não comprar dessa maneira. — Você poderia ir na sessão de frios e pedir queijo, presunto e bacon?

— Claro! — fala animado — Mais alguma coisa?

— Poderia pegar alguns legumes? Preciso fazer umas receitas saudáveis e naturais para a pequena Dakota. — ele bate continência sorrindo e vai pegar o que eu pedi — Pegue um Chocotone na volta, para você! — grito

— Eu já pretendia fazer isso! — grita de volta, dou uma risada leve, enquanto caminho para a área de bebidas, preciso escolher um bom vinho.

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Depois de escolher algumas garrafas de vinho francês e italiano, e pagar por tudo que comprei para a ceia, chamo um Uber para voltar para casa. Além do Chocotone, o Leon também comprou uma pequena caixa de Ferrero Rocher, que fazia questão de desfrutar enquanto esperávamos o carro chegar.

— Então... — ele começa, depois de chupar os dedos melados de chocolate —, um namorado, hein?

— Sim. — digo baixo e ele concorda mordendo mais um bombom da caixa.

— A primeira da família a ter alguém. Parabéns. — ele ri — Sempre pensei que seria o Hugo ou a Lily. Pensava que você, a princesa de todos, a garota perfeita e inteligente, só teria alguém lá na casa dos trinta.

— Assim eu fico ofendida. — coloco a mão no coração e ele rir.

— Não é uma ofensa. É que de todos, você sempre foi a mais pé no chão, por isso, sempre pensei que iria se priorizar primeiro, antes de um relacionamento. - ele come mais chocolate — E também, seu primeiro beijo foi com quantos anos? 18? E sua primeira vez, agora com 19? - o encaro.

— Não irei discutir minha vida sexual com uma criança de 15 anos.— ele ri alto. — E não vejo problema nenhum em beijar a primeira vez com 18 anos, não existe idade correta para nada.

— Viu só, você é inteligente e pé no chão. Isso é o que eu admiro em você. — ele sorri e vejo pedaços de chocolate em seu aparelho — Não estou te julgando, Ally. Apenas quero saber se esse relacionamento agora é uma decisão sábia. Você o ama de verdade? Ele te ama de verdade? Você sente que é duradouro?

É óbvio que é verdadeiro, né? Né? Eu não deveria duvidar disso. Eu sinto que é eterno, né? Na verdade, eu não sei mais de nada, eu sabia que esse natal seria diferente, só não imaginava que seria dessa forma. Era para eu ser a adulta racional. Só que, qual é o motivo para essas crianças estarem me enchendo de dúvidas? Já ouvi dizer que a família sente a presença de algo ruim na vida de algum familiar, será que eles estão sentindo isso nesse momento?
Será que eu amo mesmo o Alex? Será que ele me ama? Nunca falamos eu te amo, um para o outro, eu pretendia dizer isso essa noite, só que, eu nem sei mais.

— Seu silêncio responde tudo. — ele diz chupando os dedos outra vez e guardando o restante dos bombons. — Não se pressione, Ally. Você ainda é nova, tem muito o que aprender.

— Quem é você? E o que você fez com o meu primo que até o natal passado ainda tinha medo de palhaços? — ele ri e bate no meu ombro.

— Ele cresceu, Ally. — ele responde calmamente e como se estivéssemos num filme melodramático, o Uber finalmente chega.

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— Então adulto, já que estava me julgando. Você já beijou alguém? — pergunto assim que pago o Uber e entro no hall do meu prédio, ele me dá um sorriso malicioso.

— É claro! Eu sou um Torres! — pisca — E eu não estava te julgando.

— Imagine se tivesse. — rimos — Quem foi a sortuda?

— A filha do dono do bistrô que estou trabalhando. — pisca

— Meu Deus! Você puxou o meu tio todinho. — ele ri — Realmente você é um Torres!

— Quem é um Torres? — pergunta Nick Waan, assim que entra no prédio.

— Você estava na rua desde daquela hora? Seu Diogo nem é longe. — ele dá uma risada leve e coça a nuca.

—  Eu fui na rua, voltei e agora estou vindo da casa do Alex. Fui buscar minhas passagens para Búzios. — digo um "ah" baixo e ele suspira — Nada ainda? — assento — Isso é estranho, ele estava com a minha passagem, a dele e mais uma. Se não for sua, não faço a mínima ideia de quem pode ser, ele só tem a gente de amigos. - ele ri.

O Nick ama zoar o Alex por só ter nós dois de amigos de verdade, as outras pessoas ao seu redor são apenas amizades por causa do dinheiro.

— Tudo bem. — dou um sorriso falso — Essa viagem deve ser o meu presente de natal.

— Claro... Então, quem é um Torres?

— Eu! — Leon diz, enquanto o Nick da cabeça aos pés - Leon Torres, primo da Ally, é um prazer conhecê-lo... — ele faz um gesto para o Nick se apresentar.

— Sou Nick Waan, vizinho, amigo e melhor amigo do namorado da Ally. — os dois se cumprimentam — Pensava que seus familiares só chegariam de noite.

— E vão, mas, o Leon vai ficar hospedado na minha casa por causa do meu PS5. — digo e acredito que vi o queixo do Nick cair.

— Você tem um PS5? — pergunta animado.

— Sim... — falo calmamente e um sorriso surge no seu rosto. Uau. Eu nunca tinha prestado atenção em como o sorriso do Nick é perfeito. Meu Deus. Até fiquei sem ar.

— Eu trouxe uns jogos incríveis, quer jogar comigo? Já que a Ally estará ocupada com a ceia. — Leon pergunta quase dando pulinhos de alegria.

— Fazendo a ceia? Às nove e meia da manhã? — Nick pergunta confuso.

— Cozinhar, é como se arrumar para desfilar no tapete vermelho. Demanda tempo, paciência e muito amor para se obter bons resultados. É como um investimento, então... — ele me interrompe.

— Ficarei caladinho, você é a chefe aqui. Não eu. — ele ri e olha para o meu primo — Adoraria jogar com você!

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— Nick! Leon! — grita a minha mãe assim que vê os dois entrarem no apartamento. Podemos até morar num prédio, mas, nosso apartamento é de dois andares e tem uns três quartos, o meu ficando obviamente no segundo andar. — Sua mãe está precisando de algo, Nick?

— Ah! Não, senhora Torres. — sorri — Minha mãe está bem, apenas vim jogar videogame com seu sobrinho. Fiquei sabendo que sua filha tem um PS5.

— E ela nem usa, você acredita? — minha mãe ri — Ela ganhou de presente depois do marketing muito bem sucedido feito pelo meu marido. — ela mostra um sorriso orgulhoso, minha mãe tem muito orgulho do meu pai, assim como ele tem muito orgulho dela.

Meu pai tem três formações, a primeira foi na área da saúde, ele é técnico de enfermagem e raramente exerce a profissão, a segunda foi na área de Direito, mesmo que ele tenha herdado muito dinheiro dos meus avós, ser advogado lhe rendeu muito dinheiro também, além de uma conta gorda para a minha faculdade, que não usei nem 1% ainda, uma vez que entrei na UFRJ por meio do Enem, passei em primeiro lugar na ampla concorrência. E entrei pelos meus méritos, mesmo tendo dinheiro, sempre estudei em colégio público, já bastava ser criada como uma princesa, eu não precisava virar alguém mesquinho também.
A terceira formação é a de Mercadólogo, essa é a sua profissão atual e a que mais lhe deixa feliz, ele diz não se arrepender das outras, mas fica feliz por finalmente ter encontrado seu lugar, mesmo que tenha sido tarde demais. Espero que a gastronomia seja o meu lugar, mas, não vejo problema se eu me encontrar em outra área futuramente.

Já a minha mãe, tem duas formações, ela é formada em Jornalismo e em Psicologia sua área atual de atuação. A senhora Torres, sempre foi muito comunicativa, criativa e compreensível, por isso se encontrou nas duas áreas. Mesmo que não trabalhe como jornalista com muita frequência, essa profissão é sua paixão, desde quando meu avô a levou numa estação de rádio com seis anos, ela ficou apaixonada pela área de comunicação, fez até alguns programas com 14 anos. Além de ser sua paixão, foi uma forma de homenagear meu avô, que morreu um ano antes dela debutar. Já a minha avó faleceu quando eu tinha uns 7 anos, uma semana antes do natal.

Desde então, o natal ganhou uma magia diferente, além de celebrar o nascimento de Jesus, era uma forma de agradecermos aos céus por todos terem ganhado muita saúde para estarem aqui outra vez. Já meus avós paternos, morreram num acidente um mês antes deu nascer, e pelo o que meu pai conta, eles eram pessoas incríveis e ainda foram os responsáveis pelo meu nome.

E querem saber de uma coisa? Meus pais se conheceram numa confraternização natalina feita na faculdade que eles estudaram, sem querer eles ficaram debaixo de um visco e por pressão da galera, acabaram dando um selinho, depois daquele tocar de lábios, eles nunca mais se desgrudaram e dez anos depois daquilo, eu nasci. Ao contrário da minha tia, minha mãe só teve eu e já estava na casa dos trinta, ela me disse que queria se priorizar primeiro e depois pensava em filhos. E assim fez, juntamente com meu pai eles viajaram o mundo e falam mais de dez idiomas. E um pequeno segredinho para vocês, meus pais tiveram até um relacionamento aberto por alguns anos, apenas para sair um pouco da rotina, só que isso não diminuiu o amor que eles sentem um pelo outro.
Acredito que seja por causa dessa confiança que existe na vida deles, que eu confio e sou tão aberta com os meus pais. E eu espero ser assim com os meus futuros filhos, uma vez que confiança, previne traumas em qualquer área afetiva.

— Serio? Que desperdício de presente! — Nick diz e logo retorno para a realidade — Deveria ter me dado, senhora Torres. — pisca para a minha mãe que dá uma risadinha.

— Ou para mim! — Leon diz num tom malicioso e eu fico perplexa.

— Que tipo de complô é esse? Não tenho culpa, se não existe tempo na minha vida para jogar videogame.

— Esse videogame já está quase fazendo aniversário dentro da caixa... — minha mãe diz baixinho e os meninos riem.

— Mãe! — grito e ela ri

— Vamos começar a preparar a ceia, deixa os meninos e o PS5 em paz. — diz pegando as sacolas da mão do Leon.

— Só irei relevar, porque eu amo muito a senhora. Só que é apenas dessa vez. — ela ri e beija a minha bochecha — Se fizer fofoca novamente, eu vou contar para eles sobre os conteúdos das caixas dentro do seu guarda roupa, cofre e debaixo da sua cama.

— Você não ousaria! — diz séria, enquanto a sigo para a cozinha.

— Quer testar? Sabe que puxei o pior lado do meu pai. — ela bufa.

— Eu sei! Agora esquece isso, eu prometo não fazer mais isso. — ela estende o mindinho.

— Eu espero! — juntamos nossos mindinhos e colocamos a mão na massa.

Enquanto ela pega as panelas, os utensílios e distribuí tudo que comprei sobre a mesa e a bancada, coloco meu avental e ligo o rádio. Logo começo a rodar na cozinha, quando vejo que está tocando "Santa's Coming For Us" de Sia, minha segunda música favorita de natal, a primeira é obviamente "Jingle Bell Rock". Sempre cozinho escutando música, é como se fosse a minha fonte de inspiração, meu próprio livro de receitas musical.
Enquanto corto e amasso os ingredientes que serão utilizados para temperar o Peru, minha mãe começa o preparo do pavê. Esse ano teremos de sobremesa, Pavê, Tiramisu, Sorvete Caseiro de Chocolate e Baunilha, Torta de Limão e Mousse de Morango. Para comer, além das sobremesas e do Peru, teremos Arroz Tropical sem uvas-passas e Arroz à grega, também sem uvas-passas, já que eu odeio e meu pai é alérgico. Também teremos Salpicão, Farofa de Banana, Farofa de Linguiça, Salada de Feijão, Salada de Batata com Bacalhau e Grão-de-Bico, e Macarronada. De petisco, enquanto abrimos os presentes e tomamos um bom vinho, teremos Bruschetta de camarão com bacon, bolinho de queijo e pastel.

Um cardápio perfeito. Para um natal perfeito. Com família perfeita e uma notícia perfeita. Acho até difícil alguma coisa dar errado hoje.

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Minha mãe já estava quase me expulsando da cozinha, depois deu repetir a música de Sia umas cinquenta vezes, mas, ela é tão boa. Que fica até difícil não ouvir num loop infinito. Agora já são 17:40 da tarde, o Nick já foi embora tem umas duas horas e o Leon está no quarto se arrumando, mesmo que a gente só comece a comer às 23:30, marcamos para todos chegar às 19 horas. Mesmo que a gente tenha parado para preparar o almoço, já está tudo pronto, só falta colocar o peru para assar.
E algo incrível aconteceu, essa foi a primeira vez que o Nick comeu da minha comida e ele repetiu três vezes, será que estava tão bom assim? Eu não gosto de me gabar, mas, já venci vários concursos culinários e já trabalhei com muitos chefes que tem umas quatro Estrelas Michelin. Olhando dessa perspectiva, estar nessa área é o meu destino.

E para a pequena Dakota, depois de algumas horas pensando, resolvi fazer uma sopa de legumes, legumes grelhados com óleo vegetal e uma salada de frutas sem creme de leite. Acredito que seja algo bom, delicioso e aceitável para uma criança de dois anos comer e com certeza a minha tia dará um pedaço de Peru para ela experimentar. Minha mãe fazia a mesma coisa comigo, bom, é o que meu pai me contou por longos natais.

Agora, estou indo para o meu quarto me arrumar, antes de entrar no banheiro, resolvo mandar uma mensagem para o Alex que sumiu o dia inteiro. Não respondeu meu "Bom dia" e nem que horas iria chegar para ceia. Estou ficando preocupada, principalmente, depois dessa suposta viagem para Búzios. Por que ele não me contou? Por que ele não disse que tinha compromisso quando fiz o convite do ano novo? Será que é mesmo uma surpresa? Mesmo que eu tenha viajado o mundo, não visitei muitos lugares aqui no Brasil, se for mesmo uma surpresa, será um presente de aniversário que nunca irei esquecer.

Ally: Amor, quando tiver tempo. Não esqueça de me responder. Adoro-te S2

E mais uma vez, a mensagem só foi entregue. Mais, tudo bem. É véspera de natal e a empresa do pai dele entrará de recesso, é compreensível ele está atolado. E eu, como uma boa namorada, compreendo isso perfeitamente.

Dou um sorriso largo e entro no banheiro, faço uma skin care rápida, lavo o meu cabelo e tomo um banho relaxante. Depois de meia hora, deixo o banheiro. Passo uma loção hidratante por todo meu corpo e um creme relaxante no rosto, visto minha lingerie de renda preta, somente a parte de baixo, e depois me sentei na penteadeira. Ligo o secador e passo por todo o meu cabelo, depois dele seco, começo a fazer um babyliss nele todo. Assim que finalizo, faço uma make básica e calço meus all star preto de cano alto.

Sim, calcei os sapatos primeiro, nada de mais. Vou para frente da minha cama e pego o vestido deixado ali, ele é curto, na cor vermelha e de seda, suas alças são finas e deixa as minhas costas completamente expostas. Eu comprei esse vestido no mês passado e achei que seria perfeito para eu usar na noite da minha primeira vez, já que o uso dele ficará eternamente marcado na minha memória.
Passo o meu perfume, o desodorante, desconecto meu celular do carregador e coloco na minha bolsinha de lado, logo deixando o quarto. Vou até a cozinha e coloco o Peru para assar, assim como o terraço que os meninos arrumou essa tarde, minha sala de estar toda decorada, cheia de luzes e com uma árvore enorme cheia de presentes, que todos fizeram questão de mandar para cá ontem, para a árvore ficar ainda mais bonita.

É realmente, um dia perfeito, agora só falta o Alex me responder.

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Já eram umas 19:40, quando os meus parentes começaram a chegar, cada um que chegava me abraçava, tirava foto comigo e com a decoração da casa, depois levava um prato para o terraço. Isso seguiu até umas 21hs, assim como eu, todos já estavam ansiosos pela chegada do meu namorado. Mandei até uma mensagem para o Nick, que disse que não falou com meu namorado hoje e que a passagem ele pegou com a doméstica. Não faço a mínima ideia do que está acontecendo, mas, isso não está certo.

— Querida? — meu pai me chama, quando me vê rodando a taça de vinho sem nem beber. Uma hora dessa, já era quase 22hs. — Você conseguiu falar com ele? Será que ele vêm?

— Não, mas eu acho que... — sou interrompida por um barulhinho de notificação, olho para o meu colo e vejo que é no meu celular. De relance vejo o nome do Alex quando a tela acende e desliga rapidamente. Logo, outra notificação chega, dessa vez é do twitter de fofocas da UFRJ. — É ele! — grito e todos ficam felizes.

Alex: Ei!
Alex: Acho que devemos terminar.

Twitter: "Estão sabendo da nova corna da universidade? Ela mesmo pessoal, a senhorita perfeita, Ally Torres. Algumas fontes confiáveis acabaram de me enviar essa foto do Alex Bitencourt aos beijos com ninguém menos que Charlie Moraes, o queridinho do curso de Administração. Quem diria que Alex, nadava para os dois lados. Essas são as notícias de hoje, um feliz natal para todos e é uma pena que a Ally agora é uma das renas do Papai Noel com esses chifres enormes."

Leio a fofoca e a notificação de término ao mesmo tempo. E não tem nem como a fofoca ser falsa, realmente é o Alex na foto, ele está usando a blusa que eu dei para ele de presente de aniversário. Eu não acredito que ele fez isso comigo, justo no meu feriado favorito, justo no dia que resolvi apresentar um namorado para a minha família. Não acredito que no meu primeiro relacionamento, eu virei corna.

Logo meu sorriso começa a morrer e junto algumas lágrimas começam a brotar, rapidamente, meu primo tira o celular da minha mão para entender o que aconteceu, quando lê as coisas, posso jurar que ele estava vermelho de raiva. Já a Lily, que acabou lendo por cima do ombro do irmão, solta uma risada sem querer.

— Bom, um boi sem chifres é um animal indefeso ou seria uma rena? — ela diz rindo e eu jogo uma almofada na sua direção.

— Lily! — meu tio grita irritado pela piada. — Isso é coisa que se fala? Foi essa educação que eu te dei?

— Ué? Agora é crime zoar isso?

— Lily! — grita o Leon, parecendo um vulcão prestes a explodir. — Dá para você calar a merda da boca? Agora não é hora de fazer piadas idiotas, quantos anos você tem? 10? Porque com essa imaturidade, ficarei surpreso se tiver menos.

— Qual é o problema de brincar com a senhora perfeita? Ela vai morrer por causa disso? — jogo outra almofada na sua direção e dessa vez eu consegui acertar.

— Vai se foder, Lily! — grito irritada e todos me olham em choque. É raro eu xingar fora da minha mente. — Querem saber de uma coisa? Que se foda toda essa merda!

— Ally! — meus pais gritam, mas já estou correndo para escadas, depois de pegar o meu celular das mãos do Leon, para finalmente sair do terraço.

— Eu vou matar aquele menino! — é a última coisa que escuto, e nem sei dizer quem foi que falou.

Realmente, um natal perfeito!

Continua... 🎄

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