☃︎ Capítulo 1 ☃︎
Jimin on.
Após uns vinte minutos que o avião estava no ar tirei o cinto, logo John veio me chamar, levantei e acompanhei ele para a cozinha.
Tem mais dois comissários, todos gay, acredito ser requisito para trabalhar nessa empresa.
— Então Jimin, e aquele gostoso que está com você? Está solteiro? — bicha safada!
— Sim, mas é hétero, vai usar outra mangueira para apagar esse fogo. — ele riu.
— Tudo bem, tem outro passageiro que ficou me secando, já volto. — e saiu.
— Vou levar essa água, quem vai beber ameaçou me bater se o copo chegar suado. — o outro também se foi.
— Está gostando de um hétero, Jimin? — John e sua percepção incrível.
— Faz parte. — preciso aceitar isso para não sofrer.
— Tudo bem, ele não é hétero. — olhei para ele.
— É sim, minha irmã que é melhor amiga dele descobriu isso para mim. — falei.
— Descobriu errado, porque ele não é. — como pode ter certeza. — Hétero que é hétero, não seca a sua bunda, e nem passa a língua entre os lábios olhando com desejo, gay pode até não ser, mas hétero também não, nem aqui, nem na China.
— Você está sonhando! — doido.
— Sonhando? Ele gosta de você! — a tá!
Ri com isso, cara engraçado.
— Gosta nada, ele só fica com mulheres, aquelas frescas e bem chatas, com nojo de tudo. — contei. — Você me faz rir.
— Se ele não gosta, porque ficou chateado quando disse que vocês são apenas colegas? — para isso eu tenho resposta.
— Porque nós nos conhecemos há quase sete anos, ele pensou que fossemos mais. — para de rir bocó.
— E você acreditou nisso? — lógico. — O que você respondeu?
— Perguntei coisas sobre mim, ele não sabia, eu disse ser esse motivo para sermos apenas colegas. — respondi.
— E o que ele falou? — contei sobre saber sobre ele. — Nem disfarça que fuça a vida do boy, então, o que ele disse?
— Como faz para ser mais que meu colega. — disse simples.
— Você não se ligou, não? Lerdo. — não.
— Ele quer ser meu amigo, grande coisa. — falei.
— Se ele quisesse ser amigo, a pergunta seria, "como faz para ser seu amigo?", essa pergunta dele indica que ele quer ser mais que amigo. — melhor amigo? — Ele gosta de você!
— Você está delirando. — me recuso a acreditar nisso.
— Quando você volta da Suíça? — perguntou.
— Vinte e oito. — respondi.
— Eu vou estar neste voo, tenho certeza que vocês serão mais que amigos. — duvido.
— Quer apostar? — apostamos cem dólares que eu voltaria apenas amigo do Jungkook, ele tendo a certeza que será mais que isso. — Vou para o meu lugar, tem algum lanchinho?
— Eu levo lá para o casal. — Saí da cozinha e voltei à primeira classe, Jeon está conversando com alguém.
Passei na frente dele e tomei meu lugar, conectei meu fone a televisão, procurei pelo meu filme favorito e comecei a assistir.
Senti um toque sutil no meu ombro, pausei o filme, tirei o fone e olhei para ele.
— Esse é seu filme favorito? — confirmei. — Posso assistir com você?
Ele sabe que pode colocar na própria televisão, né? Mas vou deixar meu coração se iludir um pouco mais.
— Claro. — passei um fone para ele, voltei ao filme e começamos a assistir do início.
Passou dez minutos de filme John chegou com o lanchinho que eu queria, finalmente!
Pausei de novo e tirei o fone, nós puxamos a mesa de apoio, colocamos os dois pratos e os copos.
— Quando terminarem, aquela moça levará para a cozinha. — a comissária que fica aqui.
— Obrigado, John. — chegou mensagem no meu celular quando ele saiu.
John - Nem se esforça para ganhar a aposta, vai perder.
Ele é hétero, não vejo problema em assistir ao filme juntos.
— Espera, não come. — falei, tirei as duas fatias de peito de peru do sanduíche dele.
— Como sabe que não gosto? — a preocupação dele deveria ser, como eu sei o tipo sanguíneo dele.
— Já vi você tirando de certas comidas em casa. — Coloquei no meu sanduíche, dei play no filme.
Nós comemos assistindo ao filme, quando acabou o sanduíche, a comissária levou tudo.
Assistimos o filme inteiro, quando começou os créditos pausei, tirei o fone.
— Então, o que achou? — perguntei.
— Melhor do que eu esperava, já vi meus amigos comentando sobre ele, mas nunca tive a curiosidade de procurar e assistir. — veio a questão.
— Por que só quis assistir ele agora? — quero saber o motivo.
— Você disse ser seu favorito. — sorri sem graça.
Ele é hétero Jimin, só quer ser seu amigo.
— Já assistiu o meu favorito? — confirmei.
— Na lista de favoritos, ele está em quinto. — contei.
— Fale a sua lista de favoritos. — Qual o interesse?
— O primeiro já sabe, segundo é "As Branquelas", terceiro é "Mais Velozes, e Mais Furiosos", quarto é "O Escorpião Rei", quinto é o "Rocky 3", sexto é "O Atirador", sétimo é "Transformers" a saga inteira, oitavo é "Kingsman", nono "Bright", décimo é o "Valerian". — minha lista de filmes favoritos. — Qual desses já viu?
— Transformers, Mais Velozes e Mais Furiosos, apenas. — pelo menos dois.
— O restante não conhece? — negou. — Quando tiver tempo, pode assistir.
— Sim, que horas vamos chegar lá? — perguntou.
— Três ou quatro horas da tarde. — respondi.
— Vou assistir. — está empenhado em ser meu amigo. — Pode me emprestar seu fone, o meu está na mala.
— Sim. — entreguei para ele, peguei o meu via bluetooth. — Vou dormir!
— Bons sonhos! — agradeci.
Coloquei no ouvido, e liguei uma música, fechei a fonte de claridade.
Dormir o restante do voo, isso faz passar mais rápido.
Não tenho pressa para acordar, abri os olhos devagar, estou encostado em algo.
Não é o Jeon, não é o Jeon!
Analisei, e é o Jeon.
Fiquei com a postura ereta, ele pausou o que está assistindo, é Kingsman.
— Desculpa encostar em você. — Com certeza que estou vermelho.
— Vai pedir desculpa sempre que fizer algo comigo que acha errado? — pensei, confirmei. — Tudo bem, eu não ligo.
— Falta quantos para terminar, da minha lista? — perguntei.
— Esse e mais dois. — passou o voo assistindo aos meus filmes favoritos.
— Porque está assistindo meus filmes favoritos? — quero saber o que ele vai falar.
— Assim que terminar isso, vou ter o quê conversar com você, me tornar mais que seu colega. — isso que é se ofender.
— Não precisa disso, se não se incomodar eu posso falar mais que a boca, mas obrigado por assistir meus filmes favoritos, gostou? — confirmou.
— Tem bom gosto para filme. — eu sei. — Por que eu me incomodaria com você falando?
— Tem gente que não gosta. — meu ex.
Anunciaram que iríamos pousar, desliguei meus aparelhos.
Sempre fico levemente nervoso na hora de descer, minhas mãos costumam tremer e eu começo a suar.
— Você está bem? — confirmei. — Então, porque está tremendo?
— Fico ansioso na hora de descer. — falei.
— Quer segurar a minha mão? — estranhei, mas aceitei porque sempre parece que estou para morrer.
Eu amo viajar, mas passo mal na hora de pousar, sou tudo estranho.
— Obrigado! — agradeci, a mão dele é consideravelmente maior que a minha. — Por que sua mão é tão maior que a minha? É algum exercício?
— Tentando se distrair? — confirmei. — Não fiz nenhum exercício, acredito ser genética.
— Queria ter essa genética, minhas mãos são pequenas. — e gordinhas.
— Não, suas mãos perfeitas, combina com você. — Olhei bravo para ele. — Que foi?
— Quer dizer que sou pequeno? — ele riu.
Não ria, como vou parar de gostar dele rindo assim de algo que falei.
— Você é pequeno, mas não quis dizer isso, e sim, que você é fofo como as suas mãos. — hétero diferente.
— Não sou pequeno, e obrigado pelo elogio! — agradeci. — Suas mãos são bonitas.
— Obrigado! Elas são boas para muitas coisas. — safado! — Não, não é isso que pensou, sou bom cozinhando e amassando pão, roscas, e biscoitos.
— A tá! Rosé comentou algo sobre a sua comida ser boa. — Também sei cozinhar, mas preciso convencer ele a fazer.
— Vai experimentar. — Perfeito.
— Senhores passageiros, obrigado por voar conosco. — a voz do piloto.
— Levantem de seus lugares devagar e se dirijam a saída com ordem, e decência. — John.
— Minha mão. — falei, ele soltou.
Soltei o cinto, levantei segurando os meus aparelhos, saímos da primeira classe, e nós fomos para a saída.
— Até Jimin e Jeon! — John falou.
— Até! — ele piscou para mim, fica na sua!
Seguimos pelo corredor de vidro, olhei a paisagem ao longe, montanhas com neve, lindo!
Fomos pegar as nossas malas, passaram por revista antes de liberar. Na imigração as perguntas de sempre, eu fui liberado, esperei Jeon na porta.
— Pronto, vamos! — mostrou o passaporte carimbado.
Saímos do aeroporto, pegamos um táxi e eu dei o endereço da pousada.
— Como é lá? — perguntou.
— Chalé simples, de madeira, com boa iluminação, e a dona me ama. — respondi.
— Você é encantador. — obrigado!
— Acho que sim. — Os héteros não costumam falar isso para mim, eles olham meu corpo? Sempre, mas dizer algo assim é demais.
Ficamos em silêncio o restante do caminho, eu achei ótimo, porque mais um elogio e eu passo a concordar com o John. Só deve ser um hétero sem masculinidade frágil, qual o problema em chamar outro homem de encantador? Nenhum.
Ao chegar eu paguei o táxi e nós saímos, pegamos as malas e entramos na pousada toda iluminada, quanta decoração de Natal.
— Jimin. — senhora Hansson veio me abraçar, abracei ela.
— Olá senhora Hansson. — em inglês agora, porque coreano ela não fala.
— Olá pequeno, passou muito tempo longe, até cresceu. — tadinha, está perdendo a visão. — Quando disse que alguém viria com você, eu pensei que era uma mulher, mas é um homem. — analisando Jeon. — O que importa é a sua felicidade, e é muito bonito também seu namorado.
Você também senhora Hansson? Sério? Mais uma que pensa que eu namoro um hétero.
— Sou a Emma Hansson, metade sueca e metade suíça. — Jungkook se apresentou, nega nosso relacionamento seu bocó. — Cuide bem do pequeno Jimin, ele merece ser feliz após tudo que houve.
— Senhora Hansson, pode nos levar até o chalé? — está falando demais essa senhora.
— Claro, vou marcar que vocês chegaram. — foi até o computador e fez tudo, escrevemos nosso nome no caderno de hóspedes. — Vamos!
Saímos da pousada, fomos até o carro, Jeon guardou nossas malas. Ela ficou o caminho inteiro falando o quanto está feliz que estou aqui, conversou bastante com o Jungkook.
Talvez eu devesse escolher um lugar que a senhora Hansson não iria estar, porque assim não precisaria me preocupar com o que ela pode falar ao Jeon.
— Então, quando vocês começaram a namorar? — Alguém me mata?
— Nós... — eu iria negar.
— Faz pouco tempo. — olhei querendo matar o idiota que não está negando.
— Garanto que você se apaixonou primeiro, porque Jimin é tão lindo, né? — vai concordar com ela? Ou não me acha lindo?
— Com certeza, tem razão, ele é lindo! — minhas bochechas estão vermelhas!
— Chegamos. — aleluia!
Mas o estranho é que eu não reconheci o caminho, não costuma ser esse, e o chalé que eu fico é no início da montanha, estamos um tanto perto do topo.
Saímos do carro, Jeon pegou as malas e veio para o meu lado, idiota!
— Isso é simples para você? — apontou, olhei.
— Senhora Hansson, porque estamos tão longe do início da montanha? — perguntei.
— Esqueci de te contar, o chalé que você estava foi ocupado por uma família, o cabeça dura do Mael. — marido dela. — Não checou o computador, e como eles tem um bebê um mais perto da cidade ficou melhor, aí nós te realocamos para cá.
— Claro, e esse chalé é o maior? — porque parece.
— Não, quase, tem mais dois maiores que ele. — fomos para lá.
Está com decoração de Natal, por que Deus?
— Tem dois quartos? — preciso de um para esconder o corpo desse imbecil.
— Sim. — ótimo! Não vamos dormir juntos. — Um é de jogos e o outro é uma suíte com hidromassagem, vocês vão gostar.
Claro, amar!
— Vamos entrar. — entramos após ela abrir a porta.
Meu Deus! Quanta decoração de Natal.
— Me sinto na casa do Papai Noel. — resmunguei em coreano.
Jungkook riu, você não tem direito de rir do que eu falo, fica me iludindo.
— Então, aqui é sala de estar com a lareira. — apontou o lado esquerdo. — Cozinha e sala de jantar ao lado, os armários abastecidos. — excelente, cozinhar picadinho de mafioso. — Desse lado, continuação da sala de estar.
Está tudo limpo como o esperado.
— Lá em cima fica os quartos, e uma sala de tv. — legal! — A senha do wi-fi está na porta da geladeira com as informações úteis.
— O quarto tem duas camas? — vai que né.
— Não só uma grande de casal, mas vocês namoram vão dormir juntinhos nessas noites frias. — não tem como piorar. — Como você disse que iria vir acompanhado, eu coloquei camisinhas e lubrificante na mesa de cabeceira, espero que usem.
E olha que tem como piorar, puta que pariu!
— Decorei apenas aqui, o que achou? — está tão feliz que não vou acabar com a alegria dela.
— I loved. (Eu amei) — maravilhoso!
— Vou deixar vocês em paz, descansem, mas tem uma apresentação de patinação no gelo acontecendo na cidade. — irei ver. — Até logo!
— Até! — ela foi embora.
Olhei bravo para esse jumento.
— Porque não negou nosso relacionamento? — perguntei.
— Qual o problema de confirmar isso? É engraçado. — hétero idiota.
— Está me vendo rir? Só é engraçado para você, para mim, não é nada engraçado. — não vai ganhar robô nenhum. — Isso não é uma coisa de se fazer, brincadeiras assim alguém vai sair machucado, e sempre sou eu.
Subi para o segundo andar, olhei a sala de tv, o quarto de jogos, tem bastante coisas para fazer, fui olhar a suíte.
Abri a porta e entrei, que quarto lindo!
Fui até a sacada, os pinheiros cobertos de neve, lindo! Mas que frio!
Entrei e fechei a porta da sacada, a hidromassagem é grande, pretendo usar sozinho.
— Ei. — Agora não, Jeon.
— Vai fazer mais alguma brincadeira? — perguntei ainda olhando a hidro.
— Não, desculpa por fazer a primeira. — Olhei para ele, parece ser sincero. — Eu não quero que saia machucado de nada, sua mãe e a sua irmã me matariam.
— Por isso que não posso sair machucado? — fala que não.
— Não, me preocupo em machucar você. — era melhor a primeira resposta, essa me faz sentir vergonha.
— Obrigado por se preocupar. — falei.
— Me desculpa? — confirmei.
Olhei mais o quarto, tem a porta do banheiro. A cama é bem grande mesmo, e espaçosa, a mesa de cabeceira, tem uma caixa com camisinhas e lubrificante.
— Ela sempre faz isso? — apontou a caixa.
— Não, sempre vim sozinho para cá, dessa vez avisei que viria acompanhado, ela pensou que fosse uma mulher e provavelmente tivéssemos um relacionamento amoroso. — expliquei. — Nunca perde a esperança que vou namorar.
— Você já perdeu a esperança? — perguntou.
— Após esse ano? Com toda certeza. — peguei minha mala que ele trouxe.
— Por que? — curioso.
— É pessoal, desculpa. — deitei ela no chão e abri, peguei luvas, touca preta, cachecol e mais uma calça.
— Pode me contar pelo menos o motivo para ficar na defensiva com a minha aproximação? — ele percebeu.
Porque eu gosto de você, é por isso, porque eu gosto de um hétero.
— Não tem motivo, só não estou acostumado com isso. — isso, mentiu bem Jimin.
— Espero que um dia enquanto estivermos aqui, conte a verdade, você mente mal, Jimin. — e saiu.
— Puto! — percebeu que eu estava mentindo.
Tirei meu coturno, vesti outra calça e calcei ele novamente. Coloquei luvas, touca e cachecol.
Entrou no quarto com a mala dele, me olhou por inteiro.
— Está parecendo um bolinho. — isso é um elogio?
— Obrigado! — coloquei meu iPad ao lado da caixa de preservativos. — Vou jogar isso fora.
— Não. — por que? Não vamos usar. — Podemos encher e brincar de balão.
— Claro, e o lubrificante? — perguntei.
— Jogamos no chão e vamos patinar. — ri com isso.
— Ótima ideia! — falei. — Eu vou assistir a patinação no gelo.
— Posso ir com você? — confirmei, após ele se agasalhar nós saímos.
— Deve ter um carro aqui. — Apontei a garagem, ele abriu e tem mesmo, a chave na ignição. — Eu dirijo.
— Por que? — o óbvio.
— Eu sei o caminho e você não. — sentei no banco do motorista, coloquei o cinto.
Saí da garagem, após ele fechar o portão entrou no carro, desci com cuidado a montanha.
— Você fez vinte e quatro em outubro, né? — perguntou.
— Sim. — confirmei. — Você foi na festa, esqueceu?
— Ah! É mesmo. — pareceu se lembrar.
— Beijou três primas minha e da Rosé, e se não estou enganado levou uma delas para a sua casa. — se eu fiquei triste? Não, super bem! Talvez tenha passado a noite assistindo filmes de romance tristes, suposição que chorei comendo o bolo da festa, mas são apenas hipóteses.
— Não levo ninguém para a minha casa. — sério?
— Não transa em casa Jeon? Isso é novidade. — até estranho, nunca vi isso.
— É, existem motéis. — com certeza hétero.
Gays fazem isso? Sim, mas preferimos algo menos exposto, estamos na Coréia afinal.
— E você? — eu o quê? — Em casa, ou motel?
— Se eu ou Rosé fizermos isso em casa meu pai prometeu nos bater de gato morto até ele voltar a vida, nada de fazer em casa. — sempre diz ser jovem demais para ouvir os filhos na "perdição". — Rosé vai para a casa da Lisa, e eu...
— Você? Continue. — Não sei se devo.
— Não faço em lugar nenhum. — Que vergonha!
— Como assim? Você não faz sexo? — exato.
— Isso aí. — confirmei.
— É assexual? — neguei. — Demissexual? — neguei. — Por que não faz então? Algum voto na igreja de castidade?
— Não sigo crença nenhuma Jeon, não faço por opção. — falei.
— Jungkook. — eu esqueci. — Por que decidiu isso?
— Sei lá! Então, e você? — tirar o foco de mim.
— Também não faço. — até ri. — Por que está rindo?
— Semana passada, quando Rosé me obrigou a ir à balada com ela, você foi embora com duas lindas moças. — cara engraçado. — Senão transou fez o quê? Leu historinha para elas dormirem?
— Você me observa demais. — fui descoberto.
— Não, era impossível não ver, já que uma das moças me xingou. — contei.
Ela me viu olhando o Jungkook, disse que eu não teria chance nenhuma e ele era dela, falou que eu era "feio" para ficar com ele.
Na hora doeu um pouco, e doeu mais quando ele foi embora com ela mais a amiga.
Fiquei tão bêbado que esqueci o quarto que dormia, acordei na banheira, o gato dormindo em cima de mim.
— O que ela disse para você? — perguntou interessado.
— Que eu era feio. — falei simples.
— Você não é feio. — eu sei. — Por qual motivo ela falaria isso?
— Também não sei, mas é bem normal certas mulheres não irem com a minha cara, pensam que vou roubar o namorado delas, não sou puto para dormir com homem casado. — o hétero casado foi uma excessão, eu não sabia.
— Você merece alguém que seja o único na vida dele. — me surpreendeu essa fala.
— Obrigado! — agradeci. — E você? Não vai namorar, desde que nos conhecemos você nunca namorou.
— Pretendo, só esperando a hora certa. — nossa, vou precisar ver ele namorando, será que eu era o soldado que feriu o lado direito de Jesus na vida passada? Porque olha, é cada coisa que eu passo.
— Chegamos! — parei o carro.
Tirei o cinto e saí, ele saiu e veio para o meu lado.
— Vem. — passando pelas pessoas até chegar perto da pista.
Uma apresentação estava para começar, nós assistimos três apresentações. Eu amei todas e sempre batia palma quando acabava, amo patinação no gelo.
— Onde tem um lugar bom para comer aqui? — perguntou quando nos afastamos da pista de patinação.
— Tem um restaurante bem perto, vamos andando. — Coloquei minhas mãos no bolso da jaqueta.
— Qual é o seu tipo? — por que quer saber?
— Do quê? — sonso? Sim.
— Um homem que você namoraria. — explicou.
— Que me ame como eu sou. — falei. — Isso basta.
— Apenas isso? — confirmei.
— Porque se me ama, vai querer me ver bem, não vai me entristecer, etc. — simples.
— Por que só quer isso? — perguntou.
— Nem sei o porquê vou te contar, mas meus últimos relacionamentos não acabaram bem. — infelizmente.
— Você sempre sai machucado. — Parece que sim.
— E o seu tipo? — me falta conteúdo para sofrer.
— Acrescente na minha vida, me faça rir, tenha um sorriso bonito, uma risada gostosa de ouvir, e aceite a outra parte da minha vida. — a vida do crime.
— Espero que encontre essa mulher. — falei. — Ali o restaurante. — apontei.
Atravessamos a rua, entramos no ambiente quentinho, nossos casacos e cachecol ficaram na recepção, um garçom acompanhou até a mesa.
— O que recomenda? — ele perguntou.
— Fondue. — respondi, pedi um de queijo com batatas, e um prato com carnes. — Vai gostar.
— Vamos esquiar amanhã? — confirmei.
Mandei mensagem para os meus pais, avisei que estava bem e iria comer logo.
Falei no grupo também, meus amigos pediram foto.
— Vamos tirar uma foto? — perguntei. — Se não quiser tudo bem.
— Eu quero. — tirei um self com ele.
— Ficou ótima. — mandei para os meus amigos.
— Deixa eu ver. — mostrei a foto, senti meu celular vibrando. — A louquinha disse "Vocês são fofos juntos".
Virei a tela, respondi com um emoji.
— É a Helen. — falei.
— Nós somos fofos juntos. — falou.
— É. — eu vou te matar criatura.
A comida chegou, guardei o celular.
— Está quente, vai devagar. — falei do fondue.
— Tudo bem. — Começamos a comer.
O silêncio é confortável então não mudo isso, fiquei olhando as pessoas passando na frente do restaurante. Casais felizes, crianças brincando com a neve, idosos apenas caminhando.
Fiquei saciado primeiro que ele, o que não aguentamos comer eles embalam para levar embora. Jeon pagou a conta, saímos do restaurante, olhei o céu enquanto colocava as luvas novamente.
— Vamos embora, vai começar a nevar. — ele veio andando do meu lado.
— Qual o problema? — perguntou.
— Se nevar não conseguimos subir a montanha. — fomos até o carro, subimos a montanha.
Coloquei o carro na garagem e nós entramos no chalé, o aquecedor foi ligado antes de sairmos, está quentinho!
Tirei o coturno sujo de neve, e fui em direção a escada, subi para o segundo andar. Limpei antes de guardar na mala, peguei um pijama e deixei separado.
A touca, luvas, jaqueta, uma das calças e as meias eu tirei, agora posso ir tomar banho.
Entrei no banheiro e fechei a porta, tirei o restante da roupa, liguei o chuveiro no quente, tomei um banho relaxante. Ao sair me sequei, e passei um creme no corpo, coloquei a cueca depois o shortinho do pijama, e a blusa de manga longa, é branco de cetim com Cookies.
Abri a gaveta da pia, peguei fio dental e escova de dente, passei o fio dental olhando no espelho. Tirei a escova da embalagem e escovei meu dente, agora sim!
Saí do banheiro, Jungkook estava sentado no sofá que fica aos pés da cama.
— Pode ir tomar banho. — falei, ele olhou para mim.
Hétero, favor não me olhar desse jeito.
— Claro. — pegou roupa na mala dele entrou no banheiro.
Passei desodorante, perfume, bem pouquinho. Ajeitei meu cabelo com a escova, lindo!
Abri minha mala de sapato, peguei minha pantufa e calcei.
Deixei meu celular e fui com o iPad para fora, desci as escadas.
Está ficando escuro, acendi as luzes.
Estava escrevendo até lembrar da lareira, fui até ela e me abaixei, coloquei a lenha.
— Porra. — olhei para trás.
— Que foi? — perguntei.
— Nada, o que está fazendo? — perguntou se aproximando.
— Acendendo a lareira. — Peguei o acendedor e a mágica aconteceu. — Pronto.
Levantei e voltei ao sofá com o meu iPad.
Olhei bem para ele, cadê a camiseta?
— Você não trouxe camiseta? — só uma dúvida mesmo.
Nossa, como pode ser tão gostoso?
— Eu trouxe, mas não costumo usar em casa, senão se sentir confortável eu posso vestir. — se sentou na poltrona perto de mim.
— Fique à vontade. — Voltei a olhar a tela do iPad antes que eu comece a babar, e não é pela boca. — Bonita a tatuagem.
— Obrigado! — é um lobo bem feroz, costela e parte da barriga.
— Porque só uma? — normalmente quem faz uma, não para mais.
— Tenho outra. — não vejo. — Na perna.
— O que é? — se quiser mostrar também.
— Um tigre. — ele gosta de bichos, espera.
— Tem a ver com a máfia, né? — confirmou, sabia. — O que seus pais falaram quando apareceu com tatuagens?
— Minha mãe disse "Não sei o que eu errei na sua criação", mais um sermão de uma hora, e toda vez que ela vê diz que fiquei doido. — bem a cara dela. — Meu pai brigou comigo na frente da minha mãe, depois escondido disse que gostou.
— A cara deles fazerem isso. — falei. — Como pensa que eles vão reagir quando contar que vai embora para o Japão? Rosé me contou antes que pergunte.
— Minha mãe vai surtar, e recusar ir me visitar por uns dois meses, depois aparece como se nada tivesse acontecido, meu pai é de boa. — você ainda não disse. — Chega de falar de mim, o que tanto escreve?
— Nada demais. — respondi, pensei bem. — É um livro.
— Não sabia que gostava de escrever. — pois é.
— Ninguém sabe. — falei. — Eu escrevo para mim.
— Só eu sei? — confirmei. — Devo me sentir especial?
— Deve. — é uma história baseada na minha vida, a diferença é que o personagem principal já achou sua alma gêmea.
— Qual o contexto da história? — perguntou.
— Quer mesmo saber? — parei de escrever, ele confirmou. — Bom, se passa no interior da Coreia, um rapaz desiludido do amor procura uma vida tranquila após ter seu coração partido, abre uma floricultura por amar flores. — comecei a contar. — Um homem viúvo, que amou apenas sua falecida esposa, não se vê amando outro alguém por fechar seu coração para qualquer possível romance, até precisar comprar flores para o aniversário de sua mãe, se encantar pelo sorriso do florista e dá mais uma chance para o amor.
Sempre me empolgou ao falar do que gosto, e essa é a primeira vez que falo desse livro.
— Eu falei demais? Desculpa! — cocei a testa, com vergonha.
— Não, é agradável ouvir sua voz. — olhei para ele.
Você para viu hétero?
— Um romance gay? — confirmei. — Posso ler, sua descrição me deixou curioso, afinal só o viúvo decidiu dar uma chance para o amor, o florista está de coração partido, e o que que aconteceu com ele?
— Não pode ler, ainda não terminei. — falei. — É baseado na minha vida.
— Está apaixonado por algum viúvo? — neguei.
— Essa é a diferença, ele já achou alguém que o ame do seu jeitinho sem precisar mudar nada, eu não. — expliquei. — Quando eu terminar você pode ler.
— Obrigado! Talvez já tenha encontrado essa pessoa. — eu tenho certeza que não.
— Penso que não, eu iria perceber alguém gostando de mim. — falei. — Quer ler um capítulo?
— Já percebi que você é levemente, bem pouco mesmo, lerdinho, então você não iria ver. — discordo, eu sou normal. — Aceito ler um capítulo, eles já deram o primeiro beijo? — confirmei. — Então esse capítulo.
Tirei o iPad da capa, coloquei nesse capítulo e entreguei para ele.
— Não sou lerdo, só um pouco devagar. — ele riu. — Não ria.
— Claro, desculpe! — se concentrou no livro.
Eu fui para a cozinha, no armário eu achei chocotone, cortei fatias menores. Peguei duas barras de chocolate suíço, é delicioso! Fiz um fondue com eles, com chocotone é muito bom.
O prato com chocotone e a panela com o fondue foram para uma bandeja de madeira, levei para a sala e coloquei na mesa de centro.
Comecei a comer prestando atenção nas reações dele, às vezes surgia um sorriso mínimo, outras vezes ele só revirava os olhos, já sei em que parte sem precisar acompanhar a leitura, é o amigo do florista sendo contra o romance.
— Terminei. — devolveu o iPad.
— Então? Tudo bem se não gostou. — já adiantei.
— Eu gostei, você escreve de forma fluída, não é uma leitura cansativa como muitos livros, e quando acabou ficou com gostinho de quero mais. — fiquei feliz com o feedback dele. — O Minho é bem parecido com você, e o Sejun me lembra alguém.
— Fiz ele inspirado em um personagem de filme. — mentira, foi inspirado nele. — O que tenho em comum com o Minho?
— Mesmo sendo o capítulo do beijo e ele já estando apaixonado, é inseguro, como você. — detesto quando notam isso. — Ele gosta de falar e achou alguém para ouvir.
— Mas eu não achei ninguém para me ouvir. — falei.
— Certeza ser só um pouco devagar? — confirmei. — Eu acho que não.
— É sério, sou ótimo para perceber quando alguém está gostando de mim, ou flertando. — eu iria notar.
— Você não é mesmo. — Ei, assim ofende. — Mas deveria insistir sendo escritor, você tem talento.
Coloquei o iPad na capa e deixei de lado, ele começou a comer chocotone.
— Então, já pode me falar o porquê deixou de comemorar com a sua família, para passar com um colega? — um dia ele esquece isso.
— Eu odeio o Natal! — o que ele levava a boca parou no caminho.
— Como assim odeia o Natal? — perguntou.
— Comemoração sem fundamentos, é só para o comércio encher o bolso, e sem falar que na minha família a festa é só os meus tios brigando pela casa da minha avó, Jesus nem nasceu dia vinte e cinco. — respondi. — Outra coisa, porque comemorar com tanto empenho? É tudo uma grande falsidade, ninguém vai com a cara de ninguém. E o papai Noel, um velhinho que desce pela chaminé para deixar presentes, isso é invasão! Trabalho escravo com os duendes e Renas, odeio tudo isso!
Ele está de boca aberta, estiquei e fechei a boca dele.
— Por isso eu odeio o Natal. — falei.
— É perceptível. — que bom! — Por que me convidou e não um de seus amigos?
— Simples, eles tem namorados e namoradas, você não tem e é filho de judeu. — expliquei.
— Só por ser filho de Judeu que recebi o convite? — algo me diz que se eu responder que "sim", ele vai ficar chateado, então.
— Não, se minha irmã gosta de passar tempo com você, deve ser uma companhia agradável, e é. — consegui.
— Obrigado! — mandei bem, ele está sorrindo. — Mas o que ser filho de Judeu tem a ver com isso?
— É sério que vou precisar explicar a história dos antepassados dos seus pais? — confirmou. — O Natal é a comemoração do "nascimento de Jesus", certo? — concordou. — Os Judeus acreditam que o Messias ainda não veio, então não comemoram o Natal, agora a explicação do convite.
— Estou curioso, fale. — colocou um pedaço de chocotone nessa boca tão chamativa, me concentrei de novo.
— Você é filho de Judeus, eles com certeza te ensinaram isso, então automaticamente você também não comemora, não queria passar dez dias com alguém que gosta e acredita nessas tradições pagãs. — expliquei. — E o escolhido foi você, parabéns! Dez dias comigo.
— Obrigado por me escolher. — por nada. — Mas errou em algo.
— O quê? — perguntei.
— Meus pais são Judeus e acreditam que o Messias não veio, certo. — Onde eu errei? — Eles são bem de boa quanto a crenças, e me deram liberdade para acreditar ou não nisso, para a sua alegria, eu acredito e amo o Natal.
Minha boca abriu, brincadeira né?
— Fala ser mentira. — palhaçada.
— Não é, amo o Natal e todas as tradições que você odeia. — que droga!
— Está me dizendo que eu vou passar dez dias com um amante de Natal? — confirmou.
— Isso aí. — além de hétero gosta do Natal, Jungkook você está baixando o nível legal.
Fui até a janela, não acredito que vou ficar aqui com meu crush que gosta do Natal.
— Alguém me salva?.......................
Beijo na testa 💋💋!!!!!!!!!!!!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top