Bilhetes Secretos

notas: essa fanfic está no topo das que já escrevi um dia. Jamais imaginei poder retratar algo tão doce envolvendo drarry, mas Nascido em Vênus está aqui para tal. Vocês podem encontrar a one shot no spirit também. Espero que gostem, boa leitura.

"Eu estou apaixonado por você
E todas essas pequenas coisas"

Esse planeta é o representante da beleza e do amor. Ele mostra a sua forma de lidar com o amor e com a afeição. Mostra onde se encontra os valores que você dá as coisas e as pessoas e como você enxerga o belo.

"Hey, você não deveria se culpar. Eles não entendem o que é ser único. - Harry"

"E você entende? - Draco"

"Bem, eu nasci em Vênus. Sou único o suficiente. - Harry"

Draco olhou para o lado e viu o rapaz sorrir para ele. O papelzinho com a pequena conversa que estavam tendo durante a aula de Filosofia era uma forma quase engraçada que haviam achado de se falarem sem os olhares dos outros.

"Você está bonito nesse moletom cor-de-rosa. Me lembra as nuvens de Vênus. - Harry"

"Você é pirado? - Draco"

"Não, eu apenas nasci em Vênus, como disse. E gosto das suas roupas. - Harry"

Draco sorriu de lado quando leu o que o moreno havia escrito. Não era a primeira vez que conversavam; na realidade, Harry havia adquirido uma certa adoração pelo garoto loiro de roupas femininas. Draco era fofo, principalmente quando usava coroa de flores e saias lilás. Harry certamente achava-o adorável, mas parecia ser o único. Não era comum um garoto ser como Draco e por isso, todos o ignoravam ou apenas caçoavam dele. Ele estava sozinho até Harry Potter aparecer, com seu jeito descontraído e seu cabelo espetado, sempre afirmando o quanto Malfoy era bonito. Eles se conheciam a quase dois meses e não haviam passado de bilhetes escondidos nas aulas, mesmo que trocassem olhares durante o intervalo ou na saída para casa.

Harry era o capitão do time de futebol da escola, havia chegado na cidade a quase seis meses e tinha conquistado uma lista extensa de admiradores. Suas notas eram perfeitas, mesmo que ele não estudasse muito; gostava de romances policiais e amava chocolate. Ele era sorridente e usava óculos durante os dias normais, os retirando para os treinos e jogos. E acima de tudo, Harry era um pouco pirado. Não um pirado ruim, estava mais para um pirado divertido que fazia o ambiente a sua volta tornar-se agradável.

Ah, e como esquecer: Harry havia nascido em Vênus.

Era apenas uma brincadeira que fazia Draco sorrir. Em uma das conversas entre bilhetes, o loiro disse o quanto os humanos eram desprezíveis. Choramingou de modo dramático que Simas Finnigan havia rasgado sua mochila e caçoado de seu arco no cabelo. Harry falou que concordava com Draco e, em uma frase totalmente sem nexo, disse:

"Ainda bem que não sou um humano e nasci em Vênus, então, não tem problema se eu disser que gosto do seu arco no cabelo. - Harry"

E foi à partir desse dia que Draco sentiu seu coração bater mais forte. E toda vez que ele sentia-se ressentido e com raiva das pessoas a sua volta, Harry afirmava ser um extraterrestre de Vênus e que para ele, não havia problema alguma em Draco ser quem ele era. Em meio a tantas conversas, o Potter fez um planeta mágico para o garoto, que ria baixinho toda vez que ele começava a escrever sobre o lugar.

"Em Vênus temos muitos doces e flores cor-de-rosa. Nossa chuva tem gosto de alcaçuz e lá aprendemos a amar uns aos outros, independentes do quão diferentes somos. - Harry"

"Eu seria bem vindo? - Draco"

"Sempre será bem vindo. Um dia eu vou levá-lo para lá, Draco. Você será recebido com coroas de flores e uma mesa de doces. - Harry"

Aquilo havia sido a coisa mais legal que alguém havia dito para ele. Draco corava todas as vezes que ele era elogiado daquela forma. Olhava de esguela para Harry, que tinha os olhos verdes esmeraldas presos nele, sempre esperando uma resposta. E Draco apenas sorria de maneira tímida, ambos nunca sendo notados no fundo da sala por mais ninguém. Era o segredo deles; os fazia viver.

"Você vai estar no treino hoje? - Harry"

"Eu não sei. - Draco"

"Apareça por lá. Você é o meu talismã da sorte à partir de hoje. - Harry"

"Isso é algum costume em Vênus? Fazer pessoas de talismã? - Draco"

"Se você desejar que seja, será. - Harry"

"Anda lendo os livros do Tolkien ou coisa parecida? - Draco"

"Talvez... - Harry"

Os dois riram baixinho sobre a conversa. Draco tirou a tampa de uma caneta dourada que ele tinha e escreveu:

"Vou estar na arquibancada."

E Harry sorriu brilhantemente, voltando a prestar atenção no que o Professor dizia, mergulhando naquele silêncio confortável entre ele e Malfoy que apenas os dois entendiam. Naquela manhã, o rapaz loiro usava um moletom rosa bebê e uma calça jeans. Tinha os cabelos um tanto longos penteados de maneira cuidadosa e parecia mais corado do que nunca. Os olhos azuis com pingos prateados o deixavam ainda mais bonito e ele se igualava a um anjinho, mesmo que ainda tivesse respostas ríspidas e muito mal-educadas para dar.

Talvez, a convivência o tenha feito assim. Quem olhasse para Draco, pensaria que ele não faria absolutamente nada de grandioso e seria algum tipo de personagem de anime super fofo e tímido, que desmaiava apenas se alguém falasse com ele. Ledo engano, é claro. À partir do momento que Malfoy percebeu que precisaria se defender, aprendeu a ser um tanto arrogante e excêntrico. Harry se lembrava de ter ficado olhando para ele por cinco minutos seguidos na primeira vez em que se viram, e as palavras do mesmo ainda pairavam sua mente:

- Perdeu alguma coisa? - e foi aquele tom de voz insolente que fez Potter se apaixonar.

Sim, se apaixonar. Algumas pessoas acham que não existe amor à primeira vista, mas talvez exista amor à primeira briga:

- Não, eu apenas achei seu cabelo bonito. Você usa alguma tinta? - perguntou o moreno, esticando o braço e tentando tocar os fios platinados. Draco lhe estapiou.

- Não toque em mim, idiota!

- Não precisa me bater!

- Você ia tocar no meu cabelo sem a minha permissão!

- Eu apenas-

- Professora, será que posso trocar de lugar?

Mas os Potter eram conhecidos por serem insistentes. E em dois meses, os dois haviam deixado as farpas de lado para terem uma amizade estranhamente confortável. Claro, ainda não se falavam publicamente ou andavam lado a lado nos corredores da escola, mas Harry se orgulhava em ter todos os papeizinhos com as conversas de ambos amassados em sua mochila. Ele estava verdadeiramente apaixonado pelo menino de roupas coloridas que sentava ao seu lado na aula de Filosofia.

- Hey, Potter! - Olívio Wood gritou e o moreno chutou a bola para o mesmo, se sentando no gramado para amarrar o cadaço de sua chuteira. - Vai à festa da Chang nesse fim de semana?

- Suponho que os pais dela nem imaginam que essa festa vai acontecer. - disse Harry e olhou na direção das arquibancadas, vendo o garoto de rosa encolhido em um canto com um livro no colo. Sorriu instintamente, sentindo-se quentinho pelo mesmo ter ido vê-lo jogar.

- É claro que não sabem. Os pais dela são super conservadores, coisa de orientais ou seja lá o que for. - Wood disse enquanto chutava a bola para longe. - Todo mundo vai estar lá. E eu soube que os gêmeos Weasleys vão levar shots com limão.

- Talvez eu vá. - Potter disse e se levantou, espreguiçando-se. Olhou para as arquibancadas novamente e sorriu de lado quando notou que Draco o observava. Embargado, o platinado desviou os olhos e o moreno teve certeza que o viu corar.

- Aquele lá em cima é o Malfoy? - Rony falou e o restante do time ia se aproximando.

- É ele. O que esse viadinho faz aqui? - Finnigan falou em um tom de voz zombador. Harry o olhou enraivecido.

- Eu o convidei. - respondeu e dessa vez, Simas ergueu os braços em sinal de rendição.

- Desculpe, Sr. Capitão. Não sabia que estava comendo a bichinha. - Harry respirou fundo, controlando seu punho que parecia querer muito ir de encontro com o nariz de Simas Finnigan.

- Vá se ferrar, Simas. Mais um comentário e eu juro que vou te bater tanto que irá desejar voltar para a Irlanda. - sorriu diabólico e Simas apenas bufou, se juntando ao time. - Ok pessoal. Cinco voltas no campo para aquecer.

Os garotos começaram a correr. E Draco não conseguiu mais se concentrar em seu livro de Química quando viu Harry Potter respirando de boca aberta, um pouco suado e com um uniforme muito grudado no corpo. O menino se remexeu um pouco desconfortável do seu lugar e tentou pensar em qualquer coisa que o deixasse menos "animado". Draco cruzou as pernas e suspirou desconfortável: Potter o deixava louco.

O treino durou por volta de duas horas e Draco nem mesmo havia terminado de ler o capítulo sobre ligações do seu livro. Havia ficado absorto em como Harry tinha talento para o jogo; não era surpresa, afinal, ele havia se tornado capitão em menos de seis meses. Viu o moreno sair limpo dos vestuários e procurar pelo loiro. Draco acenou um tanto tímido para Harry, que abriu um sorriso brilhante e andou até ele.

- Você não vai entrar em problemas por estar andando comigo? - perguntou Malfoy e Harry suspirou, passando a mão pelo cabelo úmido e negando com a cabeça.

- Você é especial para mim. Já está na hora desses humanos saberem disso. - e para a surpresa de Draco, os braços de Harry passaram pelo seu ombro e o mesmo depositou um beijo demorado em sua testa, não ligando se haviam pessoas olhando. - Sabe, como um explorador de outro planeta, eu preciso estudar todos os costumes adolescentes possíveis e queria que estivesse ao meu lado. - disse distraído, vendo que Draco havia erguido as sombrancelhas em um claro sinal de confusão. - O humano Olívio Wood me convidou para ir a festa da humana com traços orientais chamada Cho Chang. Queria saber se deseja me acompanhar?

Draco soltou uma risada para o modo que Harry falou. Uma festa. Malfoy não ia muito a festas pois tinha receio de ser julgado, mesmo que tivesse roupas muito bonitas para usar. Mordeu os lábios, ainda com o braço de Harry em seu ombro e o olhar esmeralda preso nele, claramente pensando se seria uma boa ideia ir naquela festa.

- Posso pensar? - perguntou e Harry assentiu, acariciando o ombro de Draco com o polegar. Quase que automático, o loiro juntou mais seus corpos e ambos saíram daquela forma da escola. - Me conte como são as festas em Vênus.

- Bem, deixe-me pensar... - disse e fez um bico, já tendo uma ideia. - Temos festas sempre, sabe? Há músicas com violinos e danças em pares. Há muita comida e um costume indispensável de termos pétalas de flores espalhadas pelo chão. Normalmente, em nossas festas, é o momento certo de encontrarmos nossa alma gêmea.

- Todos têm almas gêmeas? - perguntou curioso e Harry assentiu, mas fez um rosto falsamente triste.

- Mas eu não encontrei minha alma gêmea em Vênus. Por isso virei explorador. - disse e deu os ombros. - Eu já fui para Marte, Saturno e até para outra Galáxia. Mas só me senti verdadeiramente completo aqui.

Draco sentiu seu coração palpitar mais que o normal quando Harry parou e virou seu corpo para ele. Acariciou sua bochecha de maneira lenta e sorriu de lado, juntando seus corpos em um abraço. Os braços do loiro rodearam sua cintura e Harry suspirou feliz com isso, sentindo o cheiro de hortelã e rosas que o platinado carregava.

- Minha alma gêmea não havia nascido em Vênus. - murmurou e Draco tremeu um pouco com isso, reconhecendo muito bem que Harry estava se declarando. - Minha alma gêmea estava na Terra o tempo todo. E eu soube que era você assim que o vi brilhar entre os outros com suas flores na cabeça.

Os dois separaram o abraço e Harry voltou a acariciar o rosto de Draco, se aproximando vagorosamente. O loiro fechou os olhos e sentiu os lábios do moreno roçarem contra os seus. Harry pôde sentir o gosto do brilho labial de morango que Draco usava e quase sorriu com isso. Ele sentiu as mãos do loiro irem para sua nuca e seus corpos se aproximarem mais. Draco entreabriu a boca e Harry viu o momento para ter um beijo mais aprofundado.

Os dois beijaram-se com paixão. O barulho estalado dos lábios se chocando era, a partir daquele momento, o som favorito de Harry. Os dois se separaram com um último fio de ar e sorriram um para o outro, com as testas grudadas e os olhos fechados. Harry deu um selinho em Draco, logo dando mais beijinho na bochecha, no queixo e em todo o rosto do loiro, que começou a rir, se encolhendo todo pelas cosquinhas.

- Você tem meu coração. - disse Harry e Draco abriu os olhos acizentados, o olhando de maneira atenta.

- É uma forma de dizer "eu te amo" em Vênus? - perguntou e Harry assentiu, fechando os olhos quando recebeu um selinho, o sujando vagorosamente com brilho labial de morango. - Você tem meu coração.

O sorriso de Harry poderia ser comparado ao Sol. E quando eles voltaram a caminhar, agora de mãos dadas, Potter prometeu para Draco que iria amá-lo seja na Terra ou em Vênus. E Malfoy o abraçou pela cintura, fechando os olhos e sorrindo feliz com o seu habitante de outro planeta.

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