Capítulo 29 - Sentimentos Atordoados

20 Dias para o Casamento

Passaram-se alguns dias desde o jantar tenso com Gael e Lilith e infelizmente, ainda não tínhamos conseguido avançar em nossa busca pelo significado do misterioso símbolo. Apesar dos nossos esforços em conjunto, nenhum dos livros da biblioteca ou conversas com os guardas nos trouxeram qualquer pista significativa.

A frustração pairava no ar enquanto continuávamos nossas investigações, cada vez mais ansiosos por respostas que pareciam teimosamente evasivas. O tempo parecia se arrastar enquanto a incerteza nos envolvia, deixando-nos perplexos diante desse enigma que se recusava a ser decifrado. E, para complicar ainda mais, o casamento se aproximava a passos largos, lançando uma sombra de preocupação sobre nossas cabeças já sobrecarregadas.

Estávamos na biblioteca, examinando um novo livro em busca de pistas, quando um guarda entrou, interrompendo nossa busca.

— Com licença, Sua Alteza. Você tem um momento? Preciso falar com você urgentemente — disse o guarda, com urgência em sua voz.

Dante ergueu o olhar do livro, sua expressão preocupada refletindo a seriedade da situação.

— Claro, estou indo — Dante respondeu ao guarda, levantando-se prontamente.

Observando ele sair da biblioteca, uma sensação de inquietação tomou conta de mim, enquanto eu me perguntava qual seria o motivo da urgência e como isso afetaria nossos esforços para resolver tudo que estava acontecendo.

Fiquei ali, na biblioteca silenciosa, esperando ansiosamente pelo seu retorno. Cada minuto que passava parecia uma eternidade, e minha mente estava repleta de preocupações sobre o que poderia estar acontecendo lá fora.

Enquanto isso, folheei o livro diante de mim, mas minha concentração estava longe de estar ali. Minha mente vagava pelos corredores do castelo, tentando desvendar o que poderia ter acontecido para exigir a atenção imediata de Dante.

Finalmente, após uma espera angustiante, ele voltou à biblioteca, sua expressão grave enviando calafrios pela minha espinha. Um nó se formou em meu estômago enquanto eu aguardava, temendo o que ele poderia ter para me dizer.

— O que aconteceu? — perguntei.

Ele respirou fundo antes de responder, seus olhos sérios encontrando os meus.

— Nossos guardas na fronteira sul relataram um incidente. Civis foram atacados por um grupo suspeito, e houve uso de uma força, possivelmente relacionada ao elemento fogo — explicou ele, sua voz pesada refletindo a seriedade da situação.

— Membros do Clã do Fogo? — indaguei, minha preocupação aumentando à medida que absorvia a gravidade da situação.

— É uma possibilidade que não podemos descartar e pretendo investigar pessoalmente. Já solicitei a preparação do avião, darei um breve aviso ao meu pai e partirei em duas horas.

Suas palavras me atingiram como um raio, deixando-me momentaneamente atordoada. Outra viagem estava por vir, e o casamento estava se aproximando.

O peso da responsabilidade e o conflito de emoções me envolveram, deixando-me dividida entre o desejo de segurança e a preocupação com o que isso significaria para nós dois e para Drako.

E comecei a me questionar se Dante seria capaz de ir embora, se ele conseguiria deixar tudo pra trás e fingir que estava tudo bem para nós vivermos juntos longe dali.

Quem eu queria enganar? Dava para perceber pelas atitudes dele que faria tudo pelo bem-estar do povo de Drako. Ele não ficaria em paz sabendo que deixou o reino no meio de um conflito. A lealdade e o comprometimento de Dante com seu povo eram inabaláveis, e embora isso me enchesse de orgulho, também aumentava minha angústia. O dilema entre o amor por ele e o desejo de uma vida juntos sem as amarras da responsabilidade real parecia cada vez mais impossível de resolver.

— Mi amore? — sua voz suave me trouxe de volta a realidade.

— Sim? — respondi, virando-me para encará-lo.

— Está tudo bem? — ele perguntou, sua expressão transbordando preocupação genuína.

— Oh, está sim. — consegui responder, lutando para manter a compostura e evitar que as lágrimas escorressem. Busquei disfarçar meus sentimentos, acrescentando rapidamente: — Só fico um pouco apreensiva com você lá fora. Por favor, seja cauteloso. Seu irmão não vai com você?

— Meu irmão? — ele riu, dissipando um pouco da tensão no ar — Ah, ele evita essas aventuras.

— Então, posso ir com você? — perguntei, esperando que pudesse ajuda-lo de alguma forma.

Ele suspirou, seus olhos refletindo uma mistura de preocupação e determinação.

— Isso está fora de cogitação. É muito perigoso, e eu não conseguiria me concentrar se você estivesse lá. Eu prometo que vou tomar cuidado e voltarei o mais rápido possível.

Seus argumentos eram válidos, mas mesmo assim, não consegui conter a sensação de angústia que crescia dentro de mim. Eu queria estar ao seu lado, protegendo-o e apoiando-o em momentos de perigo e acima de tudo entender se ele seria capaz de abdicar dessas coisas para estar comigo.

Seus argumentos eram válidos, mas ainda assim, não consegui conter a sensação de angústia que crescia dentro de mim. Eu ansiava estar ao lado dele, protegendo-o e apoiando-o em momentos de perigo, mas também me atormentava a dúvida sobre sua disposição de abdicar de tudo isso para estar comigo.

Com um suspiro resignado, acatei sua decisão, embora meu coração se apertasse com a ideia de deixá-lo ir sozinho. Apesar das preocupações persistentes, forcei um sorriso, tentando transmitir confiança e esconder meus sentimentos daquele momento.

— Ok, volte são e salvo por favor — implorei, segurando suas mãos com firmeza, desejando secretamente que esse gesto pudesse garantir sua segurança.

Com um último olhar repleto de promessas silenciosas, ele me beijou e partiu, deixando-me com o coração apertado e uma sensação de vazio que só a ausência dele poderia causar.

Assim que Dante saiu, as lágrimas que eu havia contido começaram a escorrer pelo meu rosto, revelando a angústia e a tristeza que eu tentava esconder.

Antes que eu pudesse secar as lágrimas, Zoe adentrou apressadamente, detendo-se diante de mim, com uma expressão carregada de preocupação em seus olhos.

— Lysa, o que aconteceu? — sua voz carregava urgência e cuidado.

Engolindo em seco, eu confessei, com a voz embargada:

— Eu... Eu sou egoísta — admiti, sentindo o peso da culpa se acumulando em meu peito.

— Egoísta? Por quê? O que está acontecendo? — questionou ela, sua expressão alternando entre confusão e preocupação.

Respirei fundo, tentando reunir coragem para explicar meus sentimentos tumultuados.

— É só... Eu ouvi umas criadas conversando esses dias. Elas não pararam de falar o quanto Dante é um ótimo príncipe, sempre se arriscando pelo bem de seu povo e que faz mais por Drako do que Gael, que não sai da proteção do castelo... — minha voz falhou, minhas palavras refletindo a luta interna que eu enfrentava.

Ela se aproximou e me deu um abraço, me incentivando a continuar.

— O casamento está se aproximando e o tempo parece estar se esgotando... Acho que estou começando a sentir o peso que nossas escolhas podem fazer em nossas vidas.

— Você não é egoísta. — falou, sua voz firme e reconfortante.

— Mas e se eu for? E se eu estiver sendo egoísta ao querer que ele venha comigo para longe, ao invés de apoiá-lo em ficar para assumir suas responsabilidades? — questionei, lutando contra as dúvidas que me assombravam.

Ela me olhou com compreensão, seu olhar transmitindo empatia diante da minha angústia.

— Lysa, o amor muitas vezes nos faz questionar nossas próprias necessidades e desejos. Mas isso não significa que sejamos egoístas por querer o melhor para nós mesmos e para aqueles que amamos. Dante sabe o quão importante é o seu papel como príncipe, mas ele também sabe o quão significativo é o amor que compartilha contigo.

Suas palavras tocaram fundo em meu coração, trazendo um pouco de conforto à turbulência de emoções que sentia.

— Eu não paro de pensar em Lilith... — admiti. — Se eu não tivesse concordado com esse amor às escondidas, Dante poderia estar feliz pensando no seu casamento com ela e não precisaria abdicar de nada.

— Não diga isso. Você não tem controle sobre os sentimentos de outras pessoas, e o que importa é o que vocês dois compartilham juntos. Dante fez suas escolhas, assim como você fez as suas. E agora, o que importa é enfrentar esses desafios juntos, como um casal comprometido.

Assenti lentamente, absorvendo suas palavras com gratidão.

— Obrigada. Suas palavras sempre me trazem conforto — respondi sinceramente, sentindo um pouco do peso da culpa se dissipar diante da sua sabedoria.

Ela sorriu gentilmente e colocou uma mão reconfortante sobre a minha.

— Estamos juntas nisso, Lysa. Não importa o que aconteça, estarei ao seu lado para apoiá-la, sempre.

Com um suspiro de alívio, retribuí seu sorriso, sabendo que, independentemente dos desafios que enfrentássemos, teria uma amiga leal ao meu lado.

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