Capítulo 16 - Entre Duelos e Consequências

Mal conseguia conter a ansiedade que me consumia enquanto me preparava para encontrar Dante. Cada minuto parecia uma eternidade, e eu me pegava passando horas em frente ao espelho, escolhendo o vestido perfeito e arrumando cada fio de cabelo com precisão. Queria estar impecável quando finalmente nos encontrássemos.

Ao terminar os preparativos, dei uma desculpa a meu pai, dizendo que iria encontrar Gael para uma conversa importante. Não era a primeira vez que mentia para ele, mas cada vez que o fazia, sentia um peso adicional em meu coração. A culpa corroía minha consciência, mas eu sabia que não era o momento para revelar a verdade sobre meus verdadeiros sentimentos por Dante.

Encontrei Zoe na entrada do castelo, esperando por mim como combinado. Ela me lançou um olhar curioso, mas não fez perguntas, o que me deixou grata. Juntas, seguimos em direção ao castelo, o coração batendo mais rápido a cada passo que dávamos.

Enquanto caminhávamos pelos corredores majestosos, minha mente estava repleta de pensamentos tumultuados. O que aconteceria quando eu finalmente visse Dante novamente? Eu tinha falado em sua frente que gosto dele e se ele não sentisse o mesmo?

Essas perguntas ecoavam em minha mente, aumentando minha ansiedade a cada passo. No entanto, uma parte de mim ansiava por aquele encontro, ansiava por ver seus olhos novamente e sentir seu toque reconfortante.

Ao entrarmos no salão de treinamento do castelo, avistei Dante ao longe, treinando com sua espada. Meu coração deu um salto de alegria ao vê-lo, e eu mal podia conter a emoção que borbulhava dentro de mim. Seu movimento era gracioso e fluido, cada golpe executado com precisão e determinação.

Ao observá-lo, não pude deixar de notar o anel em meu dedo, um lembrete constante da noite turbulenta anterior e de como as coisas estavam se tornando cada vez mais complicadas para mim. Suspirei, tentando afastar os pensamentos negativos que ameaçavam minha tranquilidade.

Zoe pareceu notar minha hesitação e colocou uma mão reconfortante em meu ombro, oferecendo um sorriso encorajador. Seus gestos gentis eram um lembrete reconfortante de que eu não estava sozinha em meio ao turbilhão de emoções que me consumiam.

— Vá em frente, Lysa. Ficaria observando a entrada para ninguém entrar no salão.

Ao ouvir suas palavras tranquilizadoras, percebi que ela estava mais atenta do que eu imaginava. Sua habilidade de ler minha expressão como um livro aberto era impressionante e um pouco intimidadora.

— Como você descobriu? — perguntei, surpresa com sua perceptividade.

Zoe não hesitou em explicar, revelando que tinha notado minha agitação desde o episódio em que me ouviu chamar por Dante enquanto dormia. Senti um rubor de constrangimento subir pelo meu rosto ao perceber que minhas emoções não estavam tão bem escondidas quanto eu pensava.

— Os olhares de vocês um para o outro, eles já dizem tudo. Não tem como disfarçar. — sua franqueza era desconcertante, mas ao mesmo tempo reconfortante.

O peso da tensão que carregava começou a se dissipar com suas palavras de compreensão e apoio.

— Você não precisa explicar nada, Lysa. Só quero que você seja feliz, e se Dante pode fazer isso por você, então eu apoio totalmente. — Seus olhos transmitiam uma mistura de compreensão e encorajamento, aliviando um pouco da carga que eu carregava.

Com um suspiro de alívio, segurei as lágrimas que ameaçavam escapar e me virei para Zoe. Em um gesto impulsivo, envolvi-a em um abraço apertado, agradecendo por sua compreensão e apoio inabaláveis.

— Obrigada, Zoe. Por estar sempre ao meu lado — murmurei, minha voz embargada pela emoção que transbordava em meu peito.

Zoe retribuiu o abraço calorosamente, seu apoio silencioso transmitindo mais conforto do que mil palavras poderiam expressar. No calor de seu abraço, senti um pouco da tensão se dissolver, substituída pela certeza de que, com ela ao meu lado, eu poderia enfrentar qualquer desafio que a vida me reservasse.

Respirei fundo, reunindo minha coragem, e dei alguns passos em direção a Dante.  Eu estava pronta para enfrentar o que quer que viesse pela frente, sabendo que, no fundo, minha única certeza era o amor que sentia por ele.

— Dante? — chamei, minha voz saindo mais hesitante do que eu gostaria.

Ele parou abruptamente seus movimentos, virando-se para mim com uma expressão surpresa.

— Mi amore — disse ele, seu rosto se iluminou com um sorriso caloroso e acolhedor.

Um calor reconfortante se espalhou por todo o meu corpo ao ouvir seu apelido carinhoso. Fiquei momentaneamente surpresa com a gentileza de suas palavras, sentindo-me como uma boba diante de sua ternura.

Instintivamente, ele estendeu os braços e me envolveu em um abraço reconfortante. Sua proximidade dissipou as preocupações que me assombravam.

— Estava com saudade — disse ele, mantendo-me perto em seu abraço. — Desculpe-me por estar um pouco suado. Acabei de terminar uma sessão de treinamento com os guardas.

Um leve rubor tingiu minhas bochechas enquanto eu me afastava ligeiramente para olhar para ele.

— Não se preocupe com isso. Está tudo bem — respondi com um sorriso sincero.

Nossos olhares se encontraram, e por um instante, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas nós dois ali, perdidos em nosso próprio universo de emoções.

Então, sem pensar duas vezes, inclinei-me na direção de Dante e nossos lábios se encontraram em um beijo suave, mas cheio de ternura e paixão. Foi como se todo o peso das preocupações e dilemas que nos assombravam se dissipasse no ar, substituído por uma sensação de paz e felicidade.

Por um momento, tudo ao nosso redor desapareceu, e éramos apenas nós dois, envoltos no calor reconfortante de nosso amor mútuo. Cada toque, cada respiração compartilhada era uma promessa de um futuro juntos, um lembrete de que, apesar dos desafios que enfrentávamos, éramos mais fortes juntos.

Quando nos separamos, meus lábios ainda formavam um sorriso, mas meus olhos se arregalaram ligeiramente ao ouvir as palavras que escaparam dos lábios de Dante.

— Eu também gosto de você — sussurrou ele, sua voz carregada de emoção.

Um arrepio percorreu minha espinha, e meu coração deu um salto de surpresa e alegria. Era a primeira vez que ele expressava seus sentimentos tão claramente, e isso me deixou sem fôlego.

— Dante... — murmurei, minha voz um sussurro rouco, incapaz de encontrar as palavras certas para expressar o turbilhão de emoções que se agitavam dentro de mim.

Nosso olhares se encontraram novamente, e um brilho de felicidade iluminou seus olhos enquanto ele esperava minha resposta. E, naquele momento, tudo o que eu conseguia fazer era sorrir, deixando que meus olhos transmitissem toda a gratidão e amor que eu sentia por ele.

Em meio ao tumulto de nossos sentimentos, encontramos conforto um no outro, sabendo que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer desafio que a vida nos reservasse. E naquele momento, tudo o que importava era o amor que compartilhávamos, um amor que transcendia as barreiras do tempo e do espaço.

No entanto, nossa conversa íntima foi abruptamente interrompida pelo som de passos se aproximando.

— Bom dia, alteza! — ouvir Zoe falar em voz alta.

Afastei-me ligeiramente de Dante e virei-me na direção da entrada, apenas a tempo de ver Gael entrar no salão de treinamento.

Meu coração deu um salto em meu peito, e um nó se formou em minha garganta enquanto eu tentava encontrar as palavras certas para explicar por que estava ali com Dante.

Dante percebeu minha tensão e me olhou com preocupação, seus olhos transmitindo uma mensagem de apoio silencioso.

— Lysandra? O que está fazendo aqui? — Gael perguntou, sua voz carregada de tensão.

Senti-me como se estivesse congelada no lugar, incapaz de articular uma resposta coerente. Antes que eu pudesse dizer algo, Dante interveio, sua voz soando calma e decidida.

— Ela estava apenas dando uma olhada no castelo antes do grande dia. Eu a encontrei aqui e estávamos conversando.

A explicação de Dante parecia plausível o suficiente, mas ainda assim senti a tensão pairando no ar. Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de acalmar os ânimos antes que a situação ficasse ainda mais complicada.

Eu me esforcei para manter a compostura, enquanto Gael observava a cena com um olhar afiado, como se estivesse tentando decifrar cada movimento nosso. No entanto, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele interrompeu com uma proposta que me fez estremecer.

— Por que não aproveitamos a presença de minha noiva e fazemos um duelo de espadas? — sugeriu Gael, sua voz carregada de sarcasmo.

Um arrepio percorreu minha espinha ao perceber a tensão que pairava no ar. Dante franziu o cenho ligeiramente, claramente relutante em aceitar o desafio, mas antes que pudesse recusar, Gael o provocou.

— A menos que você seja medroso demais para aceitar o desafio — provocou Gael, seu tom desafiador.

Um sorriso sutil brincou nos lábios de Dante, e eu sabia que ele não resistiria a uma provocação tão direta.

— Tudo bem, então — respondeu Dante, sua voz firme e decidida.

Meu coração afundou enquanto eu observava os dois se prepararem para o duelo. Uma sensação de apreensão se apoderou de mim, sabendo que as coisas poderiam facilmente sair do controle. Eu me perguntava se havia alguma maneira de impedir o inevitável confronto que se aproximava.

Dante e Gael começaram o duelo, suas espadas se chocando em uma dança mortal. Inicialmente, Dante estava ganhando, demonstrando habilidade e destreza superiores. No entanto, Gael não estava disposto a aceitar a derrota tão facilmente.

Eu assistia com crescente angústia, incapaz de fazer qualquer coisa para interromper a luta. Cada golpe desferido aumentava minha preocupação, e eu podia sentir a tensão no ar se tornando quase palpável. Lutar contra Gael estava se tornando uma batalha não apenas pela vitória, mas também pela sobrevivência.

Dante, em contrapartida, parecia relutante em contra-atacar com a mesma brutalidade. Eu podia ver a hesitação em seus olhos, o medo de machucar seu próprio irmão. Enquanto isso, Gael não demonstrava a menor hesitação, sua determinação em vencer a qualquer custo obscurecendo qualquer consideração pela segurança ou bem-estar de Dante.

No entanto, a luta tomou um rumo inesperado quando Dante conseguiu desarmar Gael, deixando-o vulnerável e indefeso. Em um gesto de compaixão, Dante jogou sua própria espada no chão e estendeu a mão para ajudar o irmão a se levantar.

Nesse momento, movido pela raiva e pela frustração da derrota iminente, Gael pegou sua espada e se levantou, recusando a mão do irmão estendida.

— Gael, vamos parar com isso — suplicou Dante.

— Pegue sua espada! — Gael rosnou, sua voz carregada de fúria.

Dante suspirou, relutante em retomar a luta, mas não fez menção de pegar a espada.

Gael, enfurecido, partiu para cima dele com uma série de golpes brutais. Dante se esforçou para desviar dos ataques, mas estava claro que Gael não tinha intenção de recuar. Em um acesso de raiva, Gael recorreu à sua magia da água, criando uma distração para Dante.

Antes que Dante pudesse reagir, uma rajada de água atingiu seu rosto, desorientando-o por um momento precioso. Em seguida, a espada de Gael acertou o peito de Dante com força, derrubando-o no chão com um impacto ensurdecedor.

O som do golpe ecoou pelo salão de treinamento, como um eco sinistro do que estava por vir. Meu coração afundou em desespero ao ver Dante ferido, e uma mistura avassaladora de choque e angústia se apoderou de mim. Corri para ajudá-lo, meu corpo tremendo de pavor diante da visão terrível à minha frente.

— Dante! — Meu grito ecoou pelo salão, cheio de desespero e angústia, enquanto eu me aproximava dele.

Ele tentou se levantar, mas suas pernas vacilaram e ele caiu de joelhos, tossindo e cuspindo sangue, lutando para manter-se consciente.

Gael, paralisado diante do que acabara de fazer, se aproximou com uma expressão de horror estampada em seu rosto.

— Eu... Eu não queria... — sua voz falhou, embargada pela culpa e pelo remorso.

Apesar do movimento de pessoas ao nosso redor, eu só conseguia focar em Dante, minha mão tremendo enquanto eu a colocava em seu rosto, sentindo sua pele fria e úmida pelo suor da luta. Sua respiração era pesada e irregular, um sinal de que ele estava lutando para permanecer consciente.

— Por favor, Dante — murmurei em meio às lágrimas que começavam a rolar pelo meu rosto. — Você precisa ficar comigo. Não me deixe aqui sozinha.

Meu coração estava em frangalhos, partido em pedaços diante da terrível realidade que se desenrolava diante de mim. Eu não podia perdê-lo.

A simples ideia de uma vida sem ele era insuportável. Eu faria qualquer coisa para tê-lo ao meu lado, para mantê-lo seguro.

Enquanto as vozes das pessoas ao redor se misturavam em um zumbido distante, eu me agarrei a ele, desejando com todas as minhas forças que ele se recuperasse, que seus olhos se abrissem e encontrassem os meus mais uma vez.

Mas o tempo parecia ter parado, o mundo ao nosso redor desaparecendo enquanto eu me afundava na escuridão do desespero. E ali, no silêncio sufocante do salão de treinamento, eu rezei por um milagre, por um raio de esperança que me trouxesse de volta a luz.

Com meu coração em desespero, invoquei toda a força que tinha dentro de mim, clamando silenciosamente à energia da terra por um milagre. Eu sabia que precisava fazer algo para ajudar Dante, mesmo que isso significasse sacrificar minha própria energia.

Senti uma onda de poder fluindo através de mim, envolvendo Dante com uma luz cintilante. Minhas mãos tremiam enquanto eu canalizava toda a energia que podia, sentindo-me cada vez mais fraca à medida que o poder mágico fluía para ele.

Por um momento, tudo ao meu redor parecia desfocado, distorcido pela intensidade da magia que estava canalizando. Eu me sentia como uma vela sendo consumida pelo fogo, cada fibra do meu ser se esgotando para manter Dante vivo.

E então, milagrosamente, seus olhos se abriram, encontrando os meus com uma mistura de surpresa e gratidão. Senti um suspiro de alívio escapar dos meus lábios enquanto o vi se recuperar, suas forças sendo restauradas pela magia que eu tinha invocado.

Mas conforme ele se levantava, senti minhas pernas cederem sob meu peso, a fraqueza tomando conta do meu corpo exausto. Antes que eu pudesse protestar, o mundo ao meu redor começou a girar, as sombras da inconsciência me envolvendo.

E então, num último lampejo de consciência, senti os braços fortes de Dante me envolvendo, segurando-me firmemente enquanto eu desmaiava em seus braços. A escuridão me engoliu, mas eu sabia que, de alguma forma, tudo ficaria bem, agora que ele estava a salvo.

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