Capítulo 12 - Bem-vinda a Rosália
Me aproximei de uma das Ninfeias murchas e toquei suavemente suas pétalas. No mesmo instante senti uma onda de tristeza e fraqueza emanando da planta, como se ela própria estivesse ciente de sua condição debilitada.
Tudo graças a dádiva da flor de lótus, que desde que a ganhei fez minha conexão com a magia da Terra intensificar, permitindo-me não apenas perceber as correntes de energia que normalmente fluíam através da planta, mas também captar suas emoções silenciosas.
Com cautela, comecei a canalizar minha magia, nutrindo a Ninfeia com uma vitalidade renovada. Era como se estivesse oferecendo conforto a um ser vivo que ansiava por cura. Gradualmente, suas pétalas murchas começaram a se erguer, revelando um renascimento de cores vivas. A planta parecia responder à energia revitalizante, e uma sensação de alívio pairava no ar, como se as próprias raízes da Ninfeia suspirassem de alívio diante do cuidado que lhe fora proporcionado.
Fechei os olhos, enquanto afundava minhas mãos na terra e respirei fundo para clarear meus pensamentos.
Com uma dose de vitamina a planta tinha voltado ao seu estado de vitalidade, então não tinha nada de errado com sua semente. Só poderia significar uma coisa, a conexão entre a planta e a terra estava enfraquecida.
Para isso acontecer, a terra deveria ter sido envenenada. Era como se um véu sombrio tivesse se estendido sobre a vitalidade natural do solo. Com os olhos ainda fechados, concentrei-me na energia da terra, buscando pistas sutis sobre a natureza do envenenamento.
Imagens começaram a se desdobrar em minha mente: uma presença obscura estava no centro do campo, exalando uma fumaça negra ao seu redor. Eu sentia as emoções da terra, sua agonia silenciosa diante da intrusão tóxica.
Determinada a agir, canalizei minha energia para o local, expulsando a presença sombria que estava enraizada na terra. Meu poder fluiu como uma correnteza, dissolvendo a névoa negra e restaurando a pureza do solo. A Ninfeia, antes murcha, reagiu vibrante, suas pétalas exibindo uma resplandecente vitalidade.
Com os olhos abertos, observei o campo transformar-se diante de mim, testemunhando a cura que a magia da terra proporcionar e senti a terra respirar aliviada.
— Está curada — anunciei, compartilhando um sorriso de triunfo.
Enzo, emocionado, ajoelhou-se expressando sua gratidão.
— Não sei como agradecer o suficiente. Vocês trouxeram vida de volta a este lugar tão querido para nós.
— Você foi incrível — Dante disse e ofereceu um sorriso orgulhoso.
— Foi uma honra ajudar a restaurar a magia deste lugar. Rosalia sempre terá um lugar especial em meu coração — respondi, sentindo a conexão com a terra e o calor reconfortante da comunidade que se formou naquele momento.
Aceitei a mão estendida de Dante para ajudar-me a levantar e uma leve tontura percorreu meu corpo, e Dante, percebendo, segurou firme em meus ombros, oferecendo estabilidade.
— Está bem? — indagou, sua expressão preocupada.
Assenti com um sorriso, apreciando o apoio que ele proporcionava.
— Maya... — começou Enzo, mas parou e me encarou nos olhos antes de continuar. — Lysandra Wyrmgard. É uma honra receber a descendente do dragão em minhas terras, seu segredo está a salvo comigo, não precisa se preocupar.
Agradeci com um aceno, sentindo um alívio profundo ao saber que a magia daquele momento não apenas curou a terra, mas também criou um vínculo de confiança entre nós.
Enzo ofereceu-se para fazer um tour guiado por ele mesmo, e eu aceitei com gratidão, pronta para explorar e aprender mais sobre seus famosos campos.
À medida que ele guiava-nos pelas terras, descobri um capítulo fascinante de minha própria história. Uma de minhas tataravós havia se casado com o avô de Enzo, embarcando juntos em uma busca de estarem mais próximos da terra, o destino os trouxe para Rosália. O casal criou os Campos de Ninféias, quando minha tataravó conseguiu cultivar uma semente diferente de todas as que tinham visto anteriormente.
Cada árvore, cada riacho, parecia compartilhar memórias que ecoavam através das eras. Dante e eu absorvíamos cada detalhe, maravilhando-nos com a riqueza da herança que se desdobrava diante de nossos olhos.
Senti-me grata por fazer parte daquele momento, conectando-me não apenas com a magia, mas também com a comunidade que valorizava a terra como uma extensão de si mesma.
Ao nos despedirmos de Enzo, fomos até o centro da cidade almoçar e depois percorremos de mãos dadas as ruas encantadoras de Rosalia.
— Não precisa se preocupar, tenho guardas vigiando ao nosso redor para evitar fotos indesejadas, mas acredito que seja pouco provável. As pessoas aqui vivem mais no campo e não estão muito ligadas ao que está acontecendo na capital.
Cada esquina revelava o charme único da cidade, com suas lojas pitorescas e arquitetura encantadora. A atmosfera leve e descontraída permitia que nossa conexão se aprofundasse a cada passo.
A tarde transcorreu suavemente, e, à medida que o sol se despedia no horizonte, decidimos retornar ao aeroporto. Contudo, ao alcançar um mirante com vista para o pôr do sol, decidimos parar para observar a beleza do lugar.
— Dante, eu não sei nem como agradecer por hoje. Este dia foi mais especial do que eu poderia ter imaginado — confessei, olhando o crepúsculo pintar o céu com tons dourados e alaranjados.
Dante sorriu, e seus olhos refletiam a luz do entardecer.
— Foi um privilégio compartilhar esses momentos contigo.
Nossos olhares se encontraram, e por um instante, o mundo ao nosso redor desapareceu.
— Acho que encontramos algo mais do que as raízes de Rosália hoje. — Dante murmurou, sua voz suave como uma brisa noturna. Sua mão acariciou meu rosto com gentileza: — Posso?
– Sim — sussurrei, aproximando meu rosto do seu.
Então, sob a luz dourada do entardecer, nossos lábios finalmente se uniram em um beijo suave.
O beijo prolongou-se, como se o tempo estivesse suspenso e o universo conspirasse para que aquele momento fosse eterno. Sentia a suavidade dos lábios de Dante, um encontro de sensações que transcendia a simples conexão física. Era como se nossas almas dançassem em sintonia, desvendando caminhos desconhecidos e criando uma história própria.
Uma brisa suave acariciava nossos rostos enquanto nos afastávamos lentamente, mantendo o olhar fixo nos olhos um do outro. Uma corrente elétrica de emoções fluía entre nós, uma mistura de surpresa, curiosidade e uma centelha de algo que mal ousávamos nomear.
— Lysandra... — Dante murmurou meu nome como uma melodia, e sua expressão refletia a complexidade dos sentimentos que compartilhávamos.
Enquanto o último raio de sol se despediade, senti uma promessa silenciosa no ar, algo além das palavras que começavam a pairar entre nós. O futuro era incerto, mas naquele momento, havia uma certeza inegável de que algo extraordinário se desenrolava entre as linhas do destino.
— Eu... — comecei a dizer, mas um calafrio percorreu meu corpo quando, de repente, comecei a tossir sangue. A visão ao meu redor ficou turva, e a sensação de fraqueza se apoderou de mim. Instintivamente, busquei apoio em Dante, enquanto a preocupação se refletia em seus olhos.
Dante segurou-me com firmeza, preocupação estampada em seu rosto. A tosse de sangue persistia, deixando um gosto metálico em minha boca.
— O que aconteceu? — Dante perguntou, sua voz cheia de apreensão.
— Estranho... Devo ter usado muito da minha energia no campo. — Murmurei, com dificuldade.
— Precisamos chamar um médico — Dante afirmou, apoiando-me com cuidado.
— Não. Eu estou bem, sério.
Dante, preocupado, me olhou com seriedade.
— Você não parece bem, não minta pra mim.
Respirei fundo e juntei toda minha força para me manter em pé e soltar o seu apoio.
— Já está passando - menti, para despreocupa-lo.
Dante, com um olhar perspicaz, percebeu a tensão em meu rosto, mas concordou, decidindo não pressionar mais no momento.
— Está bem, mas se sentir qualquer coisa fora do comum, me avise imediatamente.
— Prometo. Foi só um susto, não se preocupe tanto. — Tentei sorrir para tranquilizá-lo.
Dante permaneceu ao meu lado, observando com atenção, mas respeitando minha vontade de não buscar ajuda médica naquele momento. Continuamos a apreciar o pôr do sol, embora agora sob uma atmosfera diferente, marcada pela vulnerabilidade revelada por um breve instante.
Enquanto a noite se estabelecia, decidimos retornar ao aeroporto e encerrar nosso dia em Rosália. O caminho de volta foi pontuado por um silêncio respeitoso, mas nossos corações pareciam sussurrar segredos não ditos.
Ao embarcar na aeronave, olhei para trás, despedindo-me silenciosamente da cidade das flores, que havia se tornado um capítulo inesquecível em nossa jornada.
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