Literatura Científica
Palavras-chave: cárie; perfeição.
Este artigo tem como objetivo elucidar a etiopatogênese da doença cárie. A cárie é representada por um processo de desmineralização extrínseca da superfície branca, polida e sólida do dente. A superfície, dentre todas elas, mais mineral, mais perfeita, menos humana. Seria, então, fácil de deduzir que nada perfeito demais suporta a imperfeição da vida¹. O que suporta quilos e quilos e força e pressão, implacável, não foi feito para aguentar a perseverança de organismos patogênicos. A perfeição se curva a simplicidade. Nada, se olhado bem de perto, é sólido, branco e polido o bastante. As imperfeições estão ali, nos mínimos detalhes². Nas trincas, nas reentrâncias, por detrás das portas. A perfeição só existe em um ambiente extremamente favorável. Um pH excelente, uma escassa fonte nutricional e uma moral coletiva saudável são suficientes para que a falsa placidez não crie raízes³.
Cárie: exposição dos hábitos mais impuros. A sujeira, a preguiça, o desmazelo, a omissão... O processo está todo ali, escancarado, e só assusta àqueles que confiam cegamente na solidez invencível, na branquitude inapagável, no polimento infinito. A doença evolui, atinge as faces mais profundas — ora, mas a perfeição tem faces? —, infecta o cerne do organismo, destrói os caminhos de proteção, a rede de informações confiáveis e a capacidade de se regenerar⁵. E, então, esfarela-se em podridão. Punge, dor e pus.
Perfeição? Algum resquício? O dente está morto. A instituição está morta.
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