CAPÍTULO V

AMOR COVARDE
Jorge e Mateus

"Não vou mais me preocupar
com a situação
A gente se abraça, se beija
com tanta ternura
Mas sempre surge qualquer
coisa de errado do tipo
sem ter nem porquê
Detalhes que somente o
tempo pode resolver..."🎶

Tento segurar o choro até que eu esteja dentro de uma das cabines do banheiro feminino, o que menos preciso agora é começar a chorar no meio da boate. Fecho a porta do pequeno recinto, me encosto nela e deixo as lágrimas rolarem.

Depois de já recuperada, torço para que não tenha ninguém no hall de entrada do banheiro para que eu possa limpar a maquiagem borrada pelo choro.

Eu realmente não estou entendendo o que está acontecendo comigo, eu mal troquei algumas palavras com esse homem, por que me abalei tanto ao vê-lo beijar Marina?

Sinto uma mão forte tocando meu braço, quando me viro e vejo que se trata de Pedro, respiro fundo e sinto o cheiro do seu perfume amadeirado, antes de falar para que me solte.

Minha vontade é de rir quando ele diz que só estava preocupado comigo, deve achar que eu sou uma idiota mesmo, nunca que vou assumir que é ele o responsável por me fazer chorar. Mas não perco a oportunidade para alfinetá-lo.

— Volta lá para sua namoradinha ruiva, ou você prefere a loira? — Digo, já me arrependendo do tom como falei, pois ele começa rir. Esse cara está testando a minha paciência — Eu sabia que você era um filhinho de papai, arrogante e mulherengo — acabei falando um pouco mais alto do que devia e logo sai em direção a porta.

— Já vai atrás do seu namoradinho que mais parece ter saído do ensino médio? — reviro os olhos quando suas palavras chegam aos meu ouvidos — opa, parece que ele ficou incomodado — abro a boca para falar que Murilo não tem nada de garoto de ensino médio, mas a imagem dele vem em minha mente e confesso que ele realmente lembra aqueles meninos de filmes de colegial.

— Eu não tenho namorado! — quase gritei — E, aliás, ele é muito mais homem do que você. Ele é educado e me trata bem. — digo isso para provocá-lo, dou as costas e continuo andando, antes que saio pela porta, sinto sua mão me puxar, prendo a respiração assim que nossos corpos se tocam.

Pedro me beija, como se estivesse faminto, resisto no começo, mas depois estou totalmente entregue a ele.

O beijo não é nada calmo, é feroz e urgente. Minhas mãos estão em seus ombros, tiro-as dali e passeio por suas costas à medida que o beijo ganha forças.

Ele aperta minhas coxas nuas sob a saia e sobe com uma mão até minha cintura, enquanto a outra segura minha nuca, suspiro diante do seu toque. Preciso me afastar, estamos em um lugar aberto e alguém pode chegar a qualquer momento, mas desfaço esses pensamentos assim que seus lábios repousam em meu pescoço, sugando-o levemente.

Depois ele passa a língua em um ponto da minha orelha, solto um gemido, que me faz sobressaltar e me afasto dele, espalmando minhas mãos em seu peitoral duro.

— Isso não podia ter acontecido — digo ofegante e gaguejando.

— Qual é Cristina, foi só um beijo — escutar isso é como se ele tivesse dado um soco no meu estômago, mas o que eu podia esperar? Uma declaração de amor que não era , claro que não, mas também não esperava que ele fosse tão insensível. Aquilo não foi só um beijo, foi, o beijo.

— Vai a merda Pedro! — respondo, saindo do banheiro e indo em direção a saída da boate. Já deu para mim essa noite.

Mando uma mensagem para Fernanda, avisando que estou indo embora e que depois explico o que aconteceu, também pedindo para que levasse minha bolsa para faculdade amanhã. Chamo um Uber e vou para casa.

Quando me deito na cama, depois de tomar um banho e colocar o pijama, só consigo pensar no sabor da boca do Pedro — o seu chefe! — Minha consciência não me deixa esquecer.

Que merda eu fui fazer, como vai ser agora? E se ele me demitir? Ai porra, eu preciso daquele emprego.

Sabendo que tenho que acordar cedo para ir para a faculdade amanhã e também a fim de esquecer tudo que aconteceu, fecho os olhos e adormeço.

Acordo com o toque do despertador e minha vontade é de ficar deitada na minha cama, mas então me lembro que hoje tenho aula de jornalismo literário, o que me anima um pouco.

Vou até ao banheiro, faço minha higiene matinal e volto para o quarto para me trocar. Escolhi uma calça preta social e uma camisete branca, calcei um tênis e coloquei um saltinho preto dentro da bolsa, para trocar quando eu estiver indo pra Vimont.

Faço uma maquiagem básica, deixo o cabelo solto em seu natural, pego minhas coisas e vou para o ponto de ônibus.

Durante o trajeto até a faculdade, não consigo parar de pensar em como agir se eu topar com o senhor CEO, babacão e insensível na empresa hoje. Não tenho cabeça pra isso, preciso focar no projeto da editora.

Chego no prédio onde será a aula, faltando dez minutos para as oito e fico esperando no átrio e vejo Fernanda chegar no corredor.

- Aí está você! - ela deposita um beijo em minha cabeça e se senta ao meu lado, aos poucos nossas outras amigas vão chegando e a conversa rola solta.

Fernanda fala sem emitir som quando olho em sua direção e consigo ler seus lábios — "Quero saber o que aconteceu com você ontem!" — respondi que depois contaria, do mesmo jeito que ela, apenas fazendo os movimentos com a boca.

Deu a hora da aula e fomos para sala, como eu gosto muito dessa matéria, acabei nem dando atenção para minhas amigas, fiquei focada em tudo que o professor falava.

É incrível como podemos fazer uma reportagem parecer um romance e tornar sua leitura leve e interessante.

Chega a hora do intervalo e Fernanda já me puxa pelo braço e me leva até um canto onde não tinha ninguém.

— Agora você vai me contar porque beijou o Murilo e depois foi embora do nada! — minha amiga diz em tom autoritário.

Conto para ela que vi Pedro se esfregando na Marina, que no mesmo instante beijei Murilo para provocar meu chefe e que ele retribuiu beijando a ruiva e que por isso eu saí para o banheiro e conto também sobre tudo que aconteceu naquele recinto e sobre o beijo.

— Minha nossa Cristina, vocês se beijaram! — minha amiga berra e algumas pessoas olham em nossa direção.

— De tudo que eu disse, você só dá importância para o beijo? — pergunto incrédula pra minha amiga.

— Sim? Você beijou um gostosão da porra Cris, esquece o resto — com as sobrancelhas arqueadas, ela me direciona um olhar de incentivo.

— Qual a parte de que ele foi um idiota e arrogante que você não entendeu? — digo, um pouco irritada já.

— Você está certa amiga, ele foi realmente um babaca, mas não deixa de ser um puta homem bonito — ela consegue arrancar de mim um sorriso com esse jeito dela e me dá um abraço carinhoso. Vamos de encontro às nossas amigas para voltarmos para aula.

Já estou dentro do elevador, subindo para sala onde eu trabalho e meu coração parece que vai sair pela boca — não quero ver ele, não quero ver ele! — Minha cabeça está a mil com essa possibilidade.

A porta se abre e vou em direção a minha mesa, não estou afim de conversar com ninguém no momento.

Ligo meu computador e dou uma olhada em direção a sala de Cláudia e bem em frente a porta está a senhorita ruiva, peituda, caçadora de CEO.

Volto a atenção para a tela que ilumina meu rosto e começo a fazer meu trabalho. Se passa algumas horas e noto que Marina se levanta e vem em minha direção, era só o que me faltava, ela começar a falar como foi como o senhor todo poderoso, mas para minha surpresa o assunto era outro.

— Boa tarde, Cris! Cláudia pediu para te lembrar que às dezesseis horas você tem uma reunião com os outros integrantes do projeto da editora, vai ser no quarto andar — ela me lança um sorriso assim que termina de falar.

— Obrigada! — respondo seca, minha vontade é de falar que para ela, meu nome é Cristina e que guardasse aquele sorriso para outra pessoa, mas me contenho e assenti com a cabeça. Ela se vira e volta para sua mesa, desfilando em cima de um salto marrom.

Chego à sala de reunião cinco minutos antes, quase todo mundo já se encontrava ali, exceto o senhor Olavo, que é será o engenheiro responsável pelo projeto e que é dono da Vimont Construtora.

A arquitetura ficou nas mãos de Patrícia, que acabei de conhecer e descobri que ela trabalha há alguns anos já na empresa.

A designer de interiores é bem simpática, Joana, já tinha a visto aqui algumas vezes, pois trabalhamos no mesmo andar, mas em salas diferentes.

Jorge, do setor financeiro, é outro integrante da equipe e Patrick que é o coordenador dos braçais que irão fazer essa obra acontecer.

Estamos todos sentados, depois da rápida apresentação, quando a porta se abre e quem entra por ela não é ninguém menos do que Pedro Vimont, - o que ele está fazendo aqui? - parece que lendo meus pensamentos ele se apressa em dizer, depois de se sentar junto a mesa.

- Boa tarde a todos, sei que estavam esperando pelo meu pai, mas eu e ele conversamos e acordamos que seria melhor eu tomar a frente desse projeto em seu lugar, ele ainda participará de algumas reuniões, mas eu serei o engenheiro responsável. Peço desculpas pela troca em cima da hora, mas creio que vocês não veem problemas nessa mudança, estou certo? - ele olha em direção a todos - enquanto os mesmos respondem que está tudo certo e que será um prazer trabalhar junto dele neste projeto - ele repousa seu olhar em mim, que até agora não disse uma palavra.

- Senhorita Cristina, isso é um problema para você? - ele diz isso, com um sorriso de afronta em seus lábios, que me faz sentir repulsa.

- Não existe problema algum senhor Pedro, só estava mesmo processando a informação. - coloco meu melhor sorriso e o encaro.

- Certo, agora podem expor as ideias que tiveram para o projeto. - Todos falam sobre como querem fazer sua parte, os materiais que serão necessários, se tudo encaixa no orçamento e noto que quando explico a minha parte, seus olhos se fixam em mim até que eu tenha concluído, todos elogiam e ele apenas assente com a cabeça.

Já é sexta-feira e estou indo para mais uma reunião com a equipe, a semana não foi nada fácil, tudo que eu falava não estava bom para o senhor todo poderoso. Ele estava de marcação comigo, e se hoje ele tivesse a mesma atitude eu não responderia por mim.

Passei a noite em claro, pesquisando e elaborando a melhor estratégia de marketing da minha vida e estava pronta para esfregar na cara daquele arrogante e prepotente.

Para minha surpresa e também para dele, ele me elogia e diz que finalmente acertei na estratégia, meus amigos de equipe me direcionam sorrisos de aprovação e sinto um peso sair das minhas costas.

- Podíamos ir a um barzinho hoje, comemorar a finalização dessa primeira etapa. - É Patrick quem sugere.

- Eu animo em - Patrícia comenta e Jorge concorda com ela.

- Acho uma ótima ideia, o que você acha Cris? - Joana, minha mais nova amiga me pergunta e reparo que Pedro se vira para mim para escutar a resposta.

- Acredito que será muito divertido, estou mesmo precisando. - respondo, dando um leve suspiro.

- Em qual bar vocês estão pensando em ir? - Pedro pergunta, sem se direcionar especificamente à alguém.

Não esperava que ele fosse nos acompanhar, não sei se conseguiria passar mais tempo com esse homem por hoje.

- O que acham do Metrius? É aqui pertinho e é um excelente bar. - Patrick novamente sugere e todos concordam que é um ótimo lugar e fica decidido que iremos nos encontrar lá às 21h.

Eii, me conta aí, o que achou do capítulo? Espero que tenha gostado. Deixe aqui o seu comentário e não se esqueça de votar! Um beijoo!

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