CAPÍTULO III
A GENTE NEM FICOU
Jorge e Mateus
"A gente nem ficou
Mesmo assim eu não tiro
você da cabeça
O pouco que durou
Nosso encontro me faz duvidar
Que um dia eu te esqueça..."🎶
Ainda estou respirando fundo quando entro no banheiro do departamento onde eu trabalho. Tenho certeza de que Pedro me chamou por Cristina só para me provocar, a questão é, por quê? Ok, eu medi o seu corpo todo pelo menos umas quatro vezes, fui pega por seu olhar em duas, mas quem não secaria um deus grego daquele?
O cara devia ter em torno de 1,95 de altura, um corpo que parece ter sido esculpido, sem contar aqueles olhos verdes — Meu Deus, Cristina! —, sempre tive uma queda por homens loiros, mas ele além disso, tinha uma pele bronzeada, a barba rala por fazer e um charme de tirar o fôlego.
Para tirar esses pensamentos, jogo uma água no rosto e volto para minha mesa, preciso pesquisar algumas estratégias de marketing editorial e não passar vergonha na frente da equipe do projeto da Editora.
— Cláudia já foi para a reunião? — Pergunto para Marina, a assistente da minha chefe, e ela me confirma que sim.
— Cris, você reparou no Pedro? Que homão é aquele, não vou negar que estou sedenta para ser chamada em sua sala, não respondo por mim se isso acontecer. — Ela me dirige um olhar que eu poderia dizer que transborda desejo.
— Ele é realmente bem bonito! — Sei que não estou dando todo o atributo que ele merece, só não quero ficar pensando nisso. — E já deve está namorando alguma modelo por aí. — Respondo, sentindo uma pontada de ciúmes que não sei de onde surgiu.
— Que namorada o que, já pesquisei tudo sobre ele com minhas fontes aqui da empresa, ele está solteiríssimo e eu é que não sou boba, vou fazer de tudo para poder ter um momento a sós com ele. — Marina diz isso e eu sem perceber a reparo, com certeza ela teria chances com ele. Ela deve ter uns vinte e cinco anos, 1,75 de altura, cabelos ruivos ondulados até ao meio das costas, um corpo malhado que chama atenção em suas roupas justas e de cores vibrantes, em seu rosto algumas sardas que completam a sua beleza. Sinto me desconfortável com meu vestido cinza e com meu tênis, talvez eu devesse ser um pouco mais como Marina. Quando olho para o lado, noto que Pedro entra pela sala acompanhado de Cláudia.
— Aproveite o momento então. — Sussurro para Marina e aponto com a cabeça para a porta e no mesmo instante ela arruma sua postura e se torna ainda mais elegante e caminha em direção aos dois recém chegados.
Os olhos de Pedro vão passeando pelo corpo de Marina e isso faz meu estômago revirar - Que merda é essa? - ela se aproxima dele e o abraça para cumprimentá-lo e noto que as mãos dele demora em sua cintura e seus olhos baixaram para seus seios — Cretino! — Eu não estou entendendo os meus pensamentos hoje. Para minha sorte, Cláudia se aproxima de mim e minha cabeça volta ao lugar.
— Cris, vamos até minha sala para eu te passar quem irá formar a equipe junto com você e quando os trabalhos irão iniciar. — Assim que ela termina de falar comigo ela se vira para Marina. — Acompanhe o senhor Pedro em sua sala para pegar as assinaturas dele para o projeto do condomínio, fazendo um favor. — Cláudia nem tinha terminado de falar e Marina já estava com o sorriso de vitoriosa estampado em seu rosto e direcionando o seu novo CEO para o elevador.
— Cristina, você está me escutando? — Levo um susto quando escuto a voz de Cláudia um pouco alterada. A verdade é que desde que entrei na sala dela eu não prestei atenção em nada do que ela disse, eu só conseguia pensar que nessa altura do campeonato Pedro e Marina já estavam tomando partes um do outro e eu não gostava nada disso, senti uma raiva mortal daquela ruiva, porque eu queria estar no lugar dela. Sacudi a cabeça para espantar esses pensamentos e respondo minha chefe.
— Desculpa Cláudia, não sei o que aconteceu comigo, acabei me distraindo. — Ela me direciona um olhar de quem sabe o que se passa na minha cabeça, mas não diz nada sobre o assunto, apenas repete tudo que havia dito minutos atrás.
— Bom é isso Cris, o projeto é muito importante, pois é uma construção que o senhor Olavo vai fazer para sua esposa Carolina, ela como você é apaixonada por livros e o seu maior sonho sempre foi ter uma editora. Preciso que se dedique bastante a esse projeto, trabalhe como se essa editora fosse sua, estarei aqui para te orientar. — Ela termina de me explicar e fico curiosa em conhecer Carolina.
— Não se preocupe Cláudia, darei o meu melhor nesse projeto, sei que será uma experiência incrível e preciso te agradecer por me dar essa oportunidade. — Minhas palavras são sinceras e estou realmente muito empolgada para começar a trabalhar nesse projeto, com certeza vou dar mais que o meu melhor, vai que tenho uma chance de poder trabalhar lá futuramente - sorrio diante da imaginação.
— Amanhã a equipe irá se reunir às dezesseis horas para começar a discutir as próximas ações, mostre para eles para o que você veio. — Ela pisca o olho para mim e dá um sorriso. Fico agradecida pelo gesto e pela confiança.
— Obrigada, mais uma vez! — Agradeço e me retiro de sua sala. Percebo que sua assistente ainda não voltou e começo a ficar puta por pensar nisso novamente, quando sinto meu celular vibrar.
"[17:35] Fê: Amiga, você já saiu do estágio?"
"[17:35] Cris: Estou saindo agora, daqui a pouco chego ai."
"[17:36] Fê: Okay, beijoss"
Depois de mais de quarenta minutos, chego na casa da Fernanda e começo a contar como foi o meu dia no trabalho, conto sobre o projeto, de como estou grata a minha chefe e também conto sobre gostosão que não sai da minha cabeça e da sua namorada ruivinha peituda.
— Eu não acredito que o seu chefe é um baita de um gostosão! — Minha amiga berra pelos quatro cantos da casa.
— Não se esqueça de adicionar o mulherengo em sua lista de atribuições. — Digo isso mais para mim, do que para ela.
— Ah amiga, o que é que tem? Aproveita para brincar nesse parque de diversão, depois é só fingir que nada aconteceu. — É aí que mora o perigo, eu sei que depois eu não vou conseguir fingir que nada aconteceu, tenho certeza que com Pedro não vou me contentar com uma vez só, então é melhor nem começar.
— Fernanda, o cara nem me deu mole, já foi logo se engraçando para gostosona da Marina, mesmo que eu quisesse, zero chance. — Falo isso, mas no fundo querendo que fosse ao contrário.
— Não vou tocar mais nesse assunto, pelo menos por hoje. Agora vamos nos arrumar. — Minha amiga se manifesta e sai, voltando com uma nécessaire cheia de maquiagens.
Estamos prontas e resolvo dar mais uma conferida no espelho, enquanto Fernanda chama um Uber. Gosto do que vejo, me sinto empoderada. — Tô é gata para cacete, isso sim! — Não consigo conter o riso diante desse pensamento, mas é a pura verdade.
— Cris! O carro chegou. — Fê grita da sala e saio do quarto, colocando os nossos documentos e dinheiro dentro da bolsa.
A boate está bem cheia - algo que eu não esperava, por ser uma segunda-feira - entramos e vamos até ao bar comprar nossas bebidas. Fernanda pega um drink, enquanto peço uma cerveja. Procuramos um lugar em meio a multidão, onde possamos dançar sem que outras pessoas fiquem nos sarrando, por isso eu não gosto de lugares muito cheios, qualquer movimento e você já está esbarrando em alguém.
Estamos ali há algum tempo, quando dois caras se aproximam e percebo que se trata de uns amigos de Fernanda. Dizer que ela e Gustavo são apenas amigos é uma calúnia, os dois não podem se ver que já começam a se pegar, mas nada além de atração física rola entre eles. Murilo, por outro lado, vive dando em cima de mim, ele é bem gato e nem mesmo eu sei porque até hoje não cedi a suas investidas.
— Oi, meninas! — É Gustavo o primeiro a cumprimentar, ele faz bem o tipo da minha amiga, moreno, alto, não é magro, mas também não é musculoso, cabelo na régua — como dizem por aí — e um sorriso enorme, que faz qualquer um ter inveja. Com seu gingado malandro, gruda na cintura de Fernanda e começam a dançar coladinhos um no outro.
— Ei gata, você está incrível! — Murilo sussurra em meu ouvido e confesso que gostei da sensação. Ele é um pouco mais alto do que eu, tem um corpo bem definido, mas nada gritante, cabelo escuro, rosto lisinho e olhos um tanto chamativos num tom de mel.
— Ei Murilo, obrigada! Você também não está nada mal. — Digo, dando uma piscadela em sua direção e vejo um sorriso sedutor se abrir em seu rosto.
Dou uma olhada em volta, a casa não para de encher, e quando meus olhos passam pelos lounges, vejo meu novo chefe conversando com uma loira, que aliás é extremamente bonita, os dois estão bem próximos e tenho certeza que a qualquer momento vão se beijar.
— Fernanda! — Chamo minha amiga, que logo percebeu minha cara de espanto. — É ele, o novo CEO da empresa. — Tento disfarçar enquanto aponto na direção onde ele está.
— Puta merda, Cristina! Ele é muito gato, caralho! — Minha amiga responde, quase babando. — Gato e acompanhado. — Penso comigo mesma, assim Fernanda volta para os braços de Gustavo.
Murilo se aproximou de mim de novo, enlaçou minha cintura e começamos a dançar juntos. Aproveito o momento e dou mais uma espiadinha em direção ao lounge e eu não acredito no que eu vejo. Não é possível, aquela lá é a Marina, eu abro a boca incrédula e meus olhos encontram o de Pedro, disfarço voltando a atenção para o meu parceiro de dança. Só que a curiosidade fala mais alto e olho novamente, a cena que eu vejo desperta um sentimento em mim que não consigo explicar.
Ver ele tocando o seu corpo, faz com que surja na minha imaginação cenas deles em sua sala. Para dissipar esses pensamentos e colocar para fora essa súbita raiva que me deu, seguro o pescoço de Murilo e o beijo. Ele parece um pouco assustado, mas retribui o beijo.
Me afastei assim que minha consciência gritou. — Você está usando o menino! — Ele não parece muito satisfeito com a distância de nossas bocas, mas não diz nada. Não sei porque, mas olho mais uma vez para o lugar onde Pedro está. — Para ver se atingiu o seu alvo, talvez? — De novo minha consciência me alerta.
Eii, me conta aí, o que achou do capítulo? Espero que tenha gostado. Deixe aqui o seu comentário e não se esqueça de votar! Um beijoo!
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