CAPÍTULO II
Estou entrando no carro quando meu telefone toca e vejo que é o meu pai.
— Alô? — Digo abrindo a porta do carro.
— Filho, você já está vindo para a empresa? — Consigo imaginar a expressão de preocupação em seu rosto.
— Sim pai, já estou no carro. Daqui a alguns minutos chego aí. — Tenho vontade de falar que não vou, porque não estou preparado para tamanha responsabilidade.
— Certo, pode ir direto para o auditório, vamos fazer sua apresentação por lá e depois temos uma reunião com os diretores sobre o projeto da Editora Vimont. — Ainda tem essa reunião, não quero fazer parte desse projeto, é grandioso demais para pegar assim de primeira por eu saber o quanto é importante para minha mãe. Meu pai é da área de construção civil, mas minha mãe é formada em Literatura Inglesa por Oxford e sempre quis ter uma editora, meu pai apaixonado como é por ela, está realizando o seu maior sonho.
— Beleza "seu Olavo", eu não vou fugir como um garotinho. — A verdade é que aquilo era o que eu realmente queria fazer.
— Eu sei que não meu filho, eu sei que não. Estou te esperando! — Ao escutar essas palavras tirei qualquer outro pensamento da cabeça e ligo o carro para finalmente ir pra Vimont.
— Ok, beijo pai. — Desligo o celular e saio com o carro da garagem. Sempre fui apaixonado por carros e como tirei a sorte grande de nascer em berço de ouro, fico desfilando pela área nobre de Vitória com minha Ferrari 812 GTS.
Meu velho me intimou para assumir a empresa da nossa família, sempre soube que essa hora iria chegar, mas confesso que queria curtir um pouco mais a vida boêmia de Nova York. Sempre tive uma relação muito boa com meu pai e o que ele fala, eu levo para vida. Tenho um baita orgulho do homem que ele é, sempre foi um paizão. Admiro o jeito que ele sempre comandou a Vimont e esse é o meu maior medo, não conseguir fazer tudo como ele fazia.
Minha mãe, dona Carolina, também me incentiva muito, está sempre fazendo com que eu me sinta melhor e que estou mais que preparado para essa nova etapa.
Sei bem o que ela quer dizer com a nova etapa, "nada de virar a noite na farra, Pedro", "não acha que está na hora de firmar num relacionamento e não ficar se assanhando com uma e outra, como você anda fazendo?".
Agora que voltei para Vitória como CEO, queria aproveitar a vida noturna e todas as regalias com as mulheres, que este rótulo me dá.
— Boa tarde Pedro, seu pai lhe aguarda no auditório. — Dalva que é a secretária da presidência me avisa assim que eu entro na empresa. Ela trabalha ali já faz mais de vinte anos e é uma excelente profissional, por isso quero a manter no cargo. Sempre que eu vinha acompanhar meu pai, ainda moleque, era ela quem ficava responsável por passar o olho em mim. Ela já é praticamente da família, a tenho em mais alta conta, é como uma tia para mim.
— Falei com ele ao telefone, obrigado, Dalva. Você também está indo para lá, certo? — Pergunto mesmo já sabendo a resposta.
— Sim, vamos fazer a sua apresentação, garotão. — Assenti com a cabeça e dou um sorriso meio de lado. Não imaginava que iria ficar tão nervoso.
Seguimos para o elevador, que nos levaria até ao auditório no terceiro andar.
Quando adentrei o lugar, todos os rostos viraram para mim, uns com cara de espanto, outros com admiração e algumas mulheres com ar de sedução. Mas o que me chama atenção é o olhar escancarado de uma garota, que deve ter seus vinte anos, que me mede de cima embaixo.
Ela é bem bonita, pele morena dourada, um corpo de curvas nada padrão, cabelos castanhos até o ombro e olhos escuros. Retribuo o olhar e a meço assim como fez comigo, ela está usando um vestido justo cinza-escuro que desenha seu corpo, e um tênis, sorrio diante da situação, uma menina mulher.
— Boa tarde a todos, esse é meu filho Pedro Vimont, ele é quem ficará na presidência da empresa a partir de hoje. — Meu pai começa a falar e posso ver em suas feições o quanto está feliz.
Depois de um pequeno discurso que meu pai fez questão de fazer, digo algumas palavras e encerro a apresentação. Ouço os vários parabéns, as bajulações daqueles que querem subir de cargo, agradeço com alguns sorrisos e tapinhas nos ombros. Vou passando pela pequena aglomeração em direção ao canto em que a garota se encontra. Percebo que ela está bem confortável conversando com Cláudia, provavelmente é do departamento de Comunicação e Marketing, mas preciso descobrir seu nome.
— Boa tarde, senhoritas! — Digo, reparando que novamente ela me dispara aquele olhar, que quase me come vivo, ela vai me analisando até que nossos olhos se encontram e consigo enxergar um sinal de vergonha em seu olhar. Cláudia é a primeira a responder.
— Boa tarde, senhor Pedro. Como vai? — Ela me direcionou um sorriso sincero.
— Vou bem Cláudia, ansioso para começar a trabalhar de verdade. — Me viro em direção a garota de olhos falantes e a ouço dizer.
— Boa tarde senhor Pedro, sou Cristina Araújo, mas pode me chamar de Cris. — Observo cada movimento de sua boca enquanto me profere essas poucas palavras. Ela está com a mão estendida para um cumprimento, faço o mesmo e sinto sua mão gelada pelo suor. Nervosismo, talvez? Sei que sinto uma sensação desconhecida quando a toco, e isso me deixa intrigado.
— O prazer é todo meu, senhorita Cristina! — Não a chamo pelo apelido como prefere ser chamada, apenas para provocá-la. O que é que eu estou fazendo? Nem conheço essa mulher.
Digo essas palavras e vejo que seus olhos reviraram e tenho a impressão de que ela respira fundo ao escutá-las. Parece que eu tenho algum efeito sobre ela, e eu gosto disso. Enquanto estou perdido nesses pensamentos meu celular toca.
— Com licença, preciso atender. — Me afasto para atender o telefone, mas louco para voltar a conversar e descobrir mais coisas sobre Cristina.
— E ai, brother! Hoje vai rolar uma festinha na Dox, vamos lá comemorar o seu retorno garanhão, já falei com o pessoal. Ainda nem te vi desde que chegou. — Meu amigo de infância, assim como eu, adora cair na gandaia.
— Ei Lipe, pô é claro que eu vou. Estou sedento pra uma noitinha capixaba — risos — pois é cara, fiquei ocupado com meu pai me repassando algumas informações da empresa. — Não hesito em aceitar o convite, preciso mesmo sair com meus amigos, não os vejo desde o ano novo e vai me fazer bem dar uma descontraída e quem sabe achar uma gata para terminar a noite comigo.
— Agora é que ninguém te segura mesmo. A gente se encontra lá então. Não quero atrapalhar o senhor empresário Pedro Vimont — Felipe gargalha do outro lado da linha, acabo rindo da situação também, ele não está mentindo.
— O dever me chama meu caro, te ligo quando estiver indo para lá. — Desligo e olho para trás à procura de Cristina e percebo que ela já não está mais ali.
Olho as horas no celular e vejo que está na hora da reunião, então sigo para o outro lado do auditório onde meu pai está conversando com o diretor financeiro.
Eii, me conta aí, o que achou do capítulo? Espero que tenha gostado. Deixe aqui o seu comentário e não se esqueça de votar! Um beijoo!
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