1.0 / Sem a música, a vida seria um erro

São Paulo
Março, 2017

"Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá"
— Samuel Howe

Alice evoluiu bastante nas últimas semanas. Está cada vez mais motivada e empenhada, não parece a mesma garotinha insegura da segunda aula. Fico feliz que ela esteja com mais facilidade para aprender. Pretendo ensinar hoje uma música, não é complexa, se ela praticar vai conseguir tocar em um curto prazo de tempo.

— A música é composta por dois acordes. Com o nível de conhecimento que você já tem, vai tirar de letra. Vou ensinar o primeiro acorde. Preparada?

— Sim.

— Você vai posicionar o violão de forma mais vertical. Levanta um pouco a perna que fica mais fácil. — ajudo Alice posicionar o instrumento de forma erudita — O primeiro passo é deixar o polegar atrás do braço do violão. Essa técnica ajuda que as três primeiras cordas fiquem com espaço, pois seus dedos não vão roçar nelas. Assim elas podem vibrar. Entendido?

— Desse jeito? — ela acaba deixando com que os dedos esbarrem nas cordas, o que é errado.

— Isso mesmo. Só não esquece que os dedos têm que ficar em pé. — deixo o meu violão de lado e ajeito a posição de sua mão no violão dela. — Você põe o dedo indicador na segunda casa, corda quatro. E o dedo médio na mesma casa. Agora é só tocar a partir da segunda corda, lembrando que a contagem das cordas é de baixo para cima.

— Tá bom.

Alice toca o acorde. Não saiu com uma boa sonoridade na primeira vez, pois ela encostou em outra corda. Ela repete o exercício e não preciso fazer nenhuma correção.

— Ótimo. Muito bom! Repete dez vezes para se acostumar com o som certo e o movimento.

Repetimos o primeiro acorde por várias vezes. Não precisei orientá-la novamente.

— Okay. Está bom. O segundo acorde também é simples. Basta levantar o dedoindicador, tirando ele da corda. O dedo médio vai ser o nosso referencial, natroca de acordes ele permanece na mesma posição. E para completar, —reposiciono o violão na forma erudita para reproduzir o que estou ensinando — você deixa o dedo anelar na terceira casa, corda cinco.

— Pronto. Fiz certo? — Alice imita o que eu fiz, de acordo com a minha explicação.

— Sim. Só deixa os dedos na diagonal, eles estão paralelos.

— Vou tocar a partir de qual corda?

— Ah, esqueci de falar. É a partir da terceira corda. — ela anui e faz o exercício.

Assim como no primeiro acorde, praticamos mais de uma vez para que o som saísse perfeito, ou quase.

— Você já conheceu e aprendeu os acordes que são a base da música, agora temos que treinar a troca deles.

— É difícil?

— Não muito. Como eu sempre digo, é só praticar para alcançar a melhoria. E você é uma menina esperta, não vai ser impossível conseguir.

Coloco meus dedos na posição do primeiro acorde e toco, em seguida, toco o segundo. Alice fica atenta ao som das cordas e ao posicionamento das minhas mãos. Seus olhos azuis analisam cada movimento dos meus dedos nas cordas. Faço a troca dos acordes mais uma vez para que fique mais compreensível. Quando termino, ela dá um sorriso amarelo, respira fundo e olha focada para o violão como se fosse um desafio a ser cumprido. Como ela fez comigo, observo atentamente seu desempenho. Orgulho é o sentimento que descreve o que sinto, ela conseguiu fazer com excelência na primeira tentativa. Nem precisava ter ficado preocupada.

— Você foi muito bem. Eu disse que conseguiria! Parabéns.

Ela agradece timidamente ao meu elogio. Tiro da minha mochila uma cópia da letra da música, que o objetivo de hoje é aprender a tocar e cantar. Coloco o papel na estante e viro-a em sua direção.

— Conhece essa música?

— Hum... não.

Abro o Spotify e dou play na música. Digo para ela prestar atenção no ritmo e na melodia, é importante para que depois ela consiga reproduzir. Quando a música chega ao fim, guardo o celular na mochila.

— Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar. — canto e toco a primeira estrofe — Deu para familiarizar?

— Um pouco. — ela dá de ombros.

— Tudo bem. Vamos trabalhar cada verso separadamente. Bom, o primeiro som vocal é junto com o primeiro som do instrumento. O verso inicia-se com a palavra "ando". Então, quando você começar a cantar, já tem que estar tocando o primeiro acorde. Na palavra "por", você bate de leve no violão. E, no "aí", repete o acorde.

— Vou tentar.

Alice se perde um pouco, mas é questão de segundos para ela se recuperar e continuar. Cantamos juntos e tocamos o primeiro verso da canção. Por conta de sua timidez, ela canta baixo, mas como aqui não é aula de canto e é a primeira vez que peço isso para ela, não vou cobrar além do necessário. O que importa é o seu desempenho geral.

— Você foi perfeitamente bem! Seu dever de casa é treinar a primeira estrofe da música. Na próxima aula vou ensinar o restante. Combinado?

— Combinado. Você começou a tocar violão com que idade?

— Comecei com doze anos. Mas desde sempre a música faz parte da minha vida. . — memórias da minha família invadem a minha mente. Lembro que adorava ouvir minha mãe tocar piano, e continuo adorando, lembro também de quando consegui tocar a primeira música, do show de talentos na escola — Música não é só um hobby, é a minha vida. A fotografia também.

— Eu também amo música. — seus olhos azuis ganham um brilho quando pronuncia essas palavras. É, não tem como duvidar desse sentimento que ela tem pela música, porque eu também sinto o mesmo e, talvez, sinto com mais intensidade que ela.

— Bom, "sem a música, a vida seria um erro".

Menciono a frase de Friedrich Nietzsche e Alice sorri, concordando comigo.

Oi, pessoal. Tudo bem com vocês?
Escrevi esse capítulo com o intuito de demonstrar a paixão que o Felipe tem pela música. Espero que eu tenha conseguido atingir o meu objetivo e, principalmente, que vocês tenham absorvido a importância que ele dá ao trabalho dele.

Beijinhos e até amanhã! 😙❤

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