0.8 / Música é o diálogo das notas musicais

São Paulo
Janeiro, 2017

"Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas"
— Leonid Pervomaisky

Estou na DóRéMi Music ensinando a Alice, uma garotinha de doze anos, tocar violão. As turmas são divididas de acordo com a idade e o conhecimento do aluno. No caso da Alice, só tem ela dentro dessa faixa etária. O que é bom, pois ela tem dificuldade de acompanhar o que ensino, aí eu posso dar atenção somente para ela, já que ela é única aluna dessa turma.

— Vamos revisar a aula passada? — sento mais perto dela e pego o meu violão — Você aprendeu que há diferença entre nota e acorde. Nota é um som e o acorde é o conjunto de notas que segue uma simetria, uma ordem. Certo?

— Certo.

— Você praticou em casa o que você aprendeu até agora? Isso é muito importante.

— Sim, mas ainda está difícil.

— Então vamos treinar o acorde Lá Maior. Depois eu te ensino o conteúdo da aula de hoje.

Espero a Alice posicionar o violão da maneira correta para que possamos começar os exercícios.

— Você tem que tocar o mais perto do traste, mas sem passar por ele, okay? Deixa o seu dedo em pé, como se fosse um prego entrando no braço do violão.

— Assim? — ela pergunta.

— Quase. — aproximo os dedos dela mais perto do traste e da quarta corda — Deixa o violão firme na sua perna direita. Tem que tocar a partir da corda Lá. Você vai tocar e eu vou observar para saber se está fazendo certo. Pode começar.

Ela faz o que eu peço e eu só preciso corrigir um detalhe, ela não deixou os dedos em pé, e assim está errado. Na segunda vez ela erra de novo, e eu corrijo novamente.

— Eu não vou conseguir aprender. Desse jeito não vou conseguir ser uma cantora famosa. — é nítido a decepção em sua voz.

— Alice, presta atenção em mim. — ela olha em meus olhos — Mesmo eu sendo filho de músicos, eu não nasci sabendo tocar violão. Precisei me esforçar e praticar como qualquer outra pessoa. Você tem capacidade, só precisa ser persistente e mais paciente. Pega leve, estamos no início ainda. Vai desistir ou vai continuar?

— Vou tentar de novo.

— Eu vou tocar o acorde e você presta atenção na posição dos meus dedos.

Apoio o violão na minha perna e faço o que ela deveria ter feito. O som do acorde preenche a sala e ela repete o meu movimento.

— Isso, Alice. Parabéns! Se você tivesse desistido não iria conquistar esse passo.

— Você está certo. — ela diz animada.

— Agora eu quero que você faça esse mesmo acorde por dez vezes. Faça a primeira vez, tire a mão do braço do violão e faz a segunda, faz esse processo até chegar à décima vez.

Ela passou vinte minutos praticando o exercício. Algumas vezes deu errado e ela precisou repetir até conseguir as dez vezes com uma boa sonoridade. Alice gastou mais tempo do que o esperado, mas de maneira alguma eu a deixei sob pressão. Cada pessoa tem seu tempo, não posso forçar isso.

— Alice, agora nós vamos trabalhar o acorde Mi Maior. O dedo indicador fica na corda três, altura um; dedo médio na corda cinco, altura dois e o dedo anelar na corda quatro, altura dois. E lembrando que tem que tocar a partir da nota que dá nome ao acorde, no caso do Mi Maior, é a sexta corda. Entendeu?

Ela fica pensativa e por fim responde:

— Acho que sim.

— Se você tiver qualquer dúvida, precisa perguntar. É o meu trabalho te ensinar da melhor forma possível. Se não conseguiu entender, eu repito, não tem problema. Eu vou fazer o acorde e você observa, tá bom?

Ela apenas assente. Eu faço o acorde por cinco vezes para que ela consiga compreender. Alice pergunta sobre a posição de cada dedo e eu explico mais uma vez. Digo a ela que é sua vez de tentar, na quarta tentativa ela consegue e esboça um sorriso. Também fico satisfeito de ver que ela está compreendendo o meu método de ensino. Eu amo o meu trabalho, a música sempre fez parte da minha vida, afinal, desde que minha mãe estava grávida eu respiro música.

— Ótimo. Agora você vai fazer o mesmo exercício para o acorde Lá Maior.

Escuto três batidas na porta e levanto para ver quem é. Mas antes de ir eu digo a ela para não desgrudar do violão. Abro a porta e me deparo com a Letícia, a recepcionista daqui.

— Oi.

— Felipe, a mãe da Alice veio buscar ela mais cedo, está esperando na recepção. Ela disse que surgiu um compromisso de última hora.

— Tudo bem. Eu vou avisar a Alice. Letícia, você pode descer com ela, por favor?

— Claro.

— Obrigado. — vou até a garotinha para passar o recado — Alice, sua mãe veio te buscar mais cedo. Na próxima aula continuamos de onde você parou, continue praticando os exercícios em casa para aperfeiçoar seu desempenho, okay?

— Pode deixar comigo. — ela levanta do banco e põem a pequena mochila nas costas — Até a próxima aula, Felipe!

— Até. Tchau.

Ela sai da sala e a Letícia fecha a porta. Agora é somente eu e os instrumentos. Tiro o meu caderno da mochila e anoto o que foi ensinado para a Alice hoje. Preciso escrever sobre as aulas de cada turma, se não fico completamente perdido, infelizmente minha memória não é de elefante. Depois que termino minhas anotações, desço e peço para a Letícia avisar minha mãe que já fui embora para casa, não quero interromper a aula dela. Vou para o estacionamento e entro no meu carro.

— Mais uma missão cumprida. — falo para mim mesmo. 


 A MARATONA COMEÇOU!!! ESTOU ANIMADISSÍMA!!!

A maratona vai acontecer durante oito dias e vou publicar um capítulo por dia. Espero que vocês estejam tão animados quanto eu. Vou tentar liberar os capítulos à tarde, mas não posso prometer nada, imprevistos acontecem. 

Ouvi dizer que em determinado capítulo dessa semana as coisas ficarão mais sérias e tensas. Se é verdade ou não, só vai saber quem acompanhar. Aliás, aproveita que vamos ter vários capítulos nesse mês e indiquem o livro para amigos, parentes, vizinhos e até animais de estimação. Vocês vão me deixar muitooo feliz. 

O link da playlist do livro no Spotify está no meu perfil.

Já ia sair sem deixar o voto, né? Estou de olho haha

Beijinhos e até amanhã! 😙❤

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