Capítulo 22
POR ALEX
Eu sou um idiota. Com todas as letras. Eu traí a confiança da garota que amo e estou completamente desesperado.
Conversei com meu pai tantas vezes, pedi, implorei que ele não demolisse a quadra, mas ele não quis me escutar. No início me enganou, dizendo que ia pensar no assunto, mas no final das contas, o seu egoísmo falou mais alto.
Santa Helena é um lugar cheio de ricos e mimados e minha família não é diferente. Confesso que antes de conhecer Marjorie, era exatamente como eles. Somente pensava em mim mesmo. Agora me sinto igual ou pior que um enorme saco de lixo.
Para alguns pode parecer um motivo tolo para brigar, mas eu sabia que essa quadra era a vida dela. Antes mesmo de me apaixonar perdidamente pela jogadora.
Tento mais uma vez ligar para o seu número, mas cai novamente na caixa postal. Ela deve ter desligado o celular.
Vou até a sua casa e toco um milhão de vezes a campainha, mas ninguém atende.
Mas que merda!
Decido deixar ela em paz por hoje, mas amanhã voltarei. Preciso que ela entenda que não quis magoá-la em nenhum momento.
******
Já é o quarto dia que apareço na sua casa e a encontro vazia.
Toco a porta, a campainha e nada. Ninguém atende. Não vejo sua moto estacionada em lugar nenhum e um medo de que algo tenha acontecido com ela me invade.
Hoje não irei embora. Vou esperar até que alguém apareça. Eu mereço saber o que aconteceu e mereço me explicar.
Me sento na pequena calçada na porta da sua casa e encosto meu corpo na parede.
— Eu não te amo mais, Alex. Estou saindo com outra pessoa.
— Mas eu não entendo… pensei que gostasse de mim. Eu te amo Marjorie, eu juro!
— Não. Você nunca me amou. Você me usou e me jogou fora. Eu te odeio Alex. Nunca mais quero te ver.
Te odeio Alex.
Alex.
Alex.
— Alex?
— Não! -Grito abrindo meus olhos e me deparo com a mãe e a irmã de Marjorie bem ali na minha frente.
— Está tudo bem querido? -Pergunta com a voz doce e nego com a cabeça.
Droga, esse pesadelo foi tão malditamente real que me deixou tremendo de medo.
— Não… -decido ser sincero, mentir já me trouxe muito problemas. — Eu preciso falar com ela. Preciso saber que ela está bem. Marjorie sumiu e ninguém me dá uma resposta. Por favor… -Suplico e sinto seu olhar apenado sobre mim.
— Emma querida, vai entrando por favor. -A menina me olha séria antes de obedecer ao comando.
— Alex, Marjorie não me contou detalhadamente tudo o que aconteceu entre vocês, mas eu sei que foi algo que a feriu bastante, e você sabe que ela não está acostumada a lidar com esse tipo de situações. A quadra era a vida dela, não materialmente, mas sentimentalmente. Foi ali que ela se redimiu, que conheceu pessoas que faziam o bem a ela e fez um amigo muito importante, o treinador. E também, foi ali que ela conheceu...você.
— Eu a amo tanto… tem que acreditar em mim. -Sussurro e ela concorda com a cabeça.
— Eu sei querido, eu sei. -Seus braços me envolvem em um abraço carinhoso e me assusto com a sensação de ser consolado por alguém que sequer me conhece bem.
— Por favor, me diz onde ela está. Ela tem que saber que eu a amo e que me arrependo por haver mentido…
— Sinto muito, mas não posso fazer isso. Marjorie passou por muitas coisas em curto período de tempo, ela precisa desse momento só para ela. Ela se perdeu e precisa se encontrar.
Sua voz calma me assusta ainda mais. Arregalo meus olhos e a observo calado. E se Marjorie estiver em perigo? Ou fazendo alguma besteira? E se…
— Alex, não precisa se preocupar, eu estou em contato com ela praticamente todos os dias, e prometo a você que ela está bem.
— Tudo bem… Pode dar um recado a ela pelo menos? -Pergunto esperançoso e a mulher de meia idade balança a cabeça. — Diga a ela que estou profundamente arrependido e que a amo. Obrigado… -Me levanto e caminho até o meu carro sem esperar por resposta. Onde você se meteu, Marjorie?
Vou te dar alguns dias e depois, irei até o fim do mundo para te achar, se for necessário.
Dirijo pela cidade sem rumo. A imagem dela desapontada vem à minha mente uma e outra vez.
O arrependimento me corrói juntamente com a raiva, me deixando cego por alguns minutos.
Quase bato o carro algumas vezes e entendo que esse é um sinal para que vá para casa.
Preciso pensar em uma forma de fazê-la saber que não tive intenção de esconder nada dela.
Estaciono em um lugar qualquer e procuro novamente seu contato no meu celular. Ligo algumas vezes, já sabendo que não terei resposta. Provavelmente ela mudou de número a essa altura.
Lágrimas silenciosas escorrem pelo meu rosto e sinto que meu coração vai se quebrar a qualquer momento.
Como eu consegui estragar a única coisa boa que tinha na vida?
Vejo algumas fotos que tiramos juntos e sorrio lembrando daqueles momentos em que éramos felizes.
Releio as mensagens que trocamos tantas vezes, que praticamente as sei de cor.
Eu sei, estou ficando louco, mas não consigo suportar essa dor dentro de mim, por estar longe dela.
Fecho os olhos e respiro profundamente antes de ligar o carro novamente.
Quando estou quase chegando em casa, meu celular começa a tocar e procuro o aparelho imediatamente, pensando que talvez possa ser ela.
Me distraio tentando achar o celular que resolveu desaparecer. Enfio minha mão debaixo do banco e quando finalmente coloco minha mão sobre ele, um barulho de buzina me assusta terrivelmente. Volta à minha posição, mas já é tarde demais.
Giro o volante com toda a força que posso, saindo da estrada, depois disso, tudo é escuridão.
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