Capítulo trinta e quatro; Sabe que sentiu saudade
— Amiga eu adorei essa ideia de fazer uma festa pra ajudar a faculdade mas... Como vamos fazer essa festa? Caso não saiba, mais de mil alunos não vão caber no nosso apartamento ou até mesmo no play. – Julia tomou seu suco e olhou para mim.
Mordi meus lábios pensativa e olhei para Nathaly que riu.
— Nem olhe pra mim. O quintal lá de casa é grande mas não o suficiente para um monte de gente. – negou com a cabeça, olhando para seu sanduíche.
— Você não pode falar com os meninos para, sei lá, marcar um baile pra nos ajudar? Assim mais gente vai também, tem espaço e vamos conseguir mais dinheiro. – minha melhor amiga deu uma boa ideia e eu sorri animada.
— Seria uma boa mas nem todos da faculdade sobem morro. Se vamos mesmo fazer essa festa, tem que ser num lugar onde todos possam ir e queiram ir. – a morena a nossa frente olhou para nós duas e Julia e eu nos entreolhamos, assentindo.
— Ai! Eu desisto! – deitei minha cabeça na mesa e olhei para as meninas. — Pelo jeito, eu vou ter que ficar mesmo um ano a mais na faculdade por causa desses problemas... Por que eu não fiz direito? – bati minha destra em minha testa e bufei.
— Rebecca, eu tenho uma ideia mas não sei se você vai gostar. – olhei para Nathaly, esperando que ela continuasse. — Quando eu fiz quinze anos, meu pai alugou uma puta casa de festas. Ela é gigante e, como fica um pouco distante da cidade, pode ficar lá até o amanhecer. Se quiser posso falar com a minha mãe pra pegar o endereço e eu pensei que, como o Halloween passou, pudéssemos fazer uma festa a fantasia pra animar mais o pessoal.
— Meu deus Nathaly! Eu vou amar! – exclamei animada.
— Então está tudo certo. Vou falar com a minha mãe hoje mesmo e te mando mensagem. – sorri agradecida.
Eu faria de tudo para conseguir fazer aquela festa e sei que conseguiria.
— Você quer o que? – Miguel riu desacreditado, quase se engasgando com seu açaí.
— Ah, vai, não é uma ideia ruim... – dei um tapa em seu braço.
— Eu não 'to surpreso por isso. Eu fiquei surpreso porque essa cabecinha pensou numa coisa dessas. – riu dando tapinhas em minha cabeça e eu ameacei morder seu braço. — Agora, falando sério, eu gostei da ideia de fazer uma festa pra ajudar a faculdade. Saiba que eu já estou confirmado e que vou te ajudar no que precisar.
— Sério? Miguel, isso é muito importante pra mim. A Julia já ligou pra casa de festas e tá tudo certo, marcamos pro fim do mês e nossos pais vão nos ajudar a pagar o salão. A Nathaly e ela vão começar a falar com o povo semana que vem e eu vou falar amanhã com meu professor de Marketing e aah... Eu estou muito animada! – mexi meu corpo na cadeira, com um enorme sorriso no rosto.
— Essa festa vai dar bom, pode ter certeza. – comeu seu açaí. — E outra, a maior parte do dinheiro, pode ter certeza que serei eu que darei. – sorriu e eu fiquei sem graça.
— Amor, não precisa. Só você estando lá pra me dar apoio e ficar do meu lado já é o suficiente. – senti meu rosto queimar de vergonha e o menino apenas riu.
— Rebecca, eu faço questão de ajudar. Agora não nega e vamos terminar nosso açaí antes que fique com gosto ruim. – pegou o palito de biscoito que estava no meu açaí e comeu.
— Miguel! – ri, tentando pegar uma jujuba do seu açaí mas o moreno puxou seu copo para mais perto de si.
Duas semanas se passaram e eu já estava contando as horas para o dia da festa. Julia e Nathaly já haviam falado com seus amigos da faculdade, que haviam falado com seus amigos. Agora, todos já estavam sabendo da festa e, a grande maioria, já havia confirmado que iriam — tanto que naquelas últimas semanas o assunto do momento estava sendo sobre a festa —.
Eu já estava de cabeça cheia. Julia, Nathaly e eu estávamos que nem loucas organizando a festa. As comidas, bebidas, música e decoração seriam por conta do salão mas as meninas e eu tínhamos que nos organizar para ver um ônibus que buscassem todos na faculdade e depois trouxesse, sem contar as fantasias que não fazíamos ideia do que usar. Já havia falado com o professor Ricardo da festa de arrecadação e ele se animou tanto quanto eu; disse que se responsabilizaria para a faculdade e disse também que estava muito orgulhoso de mim.
— Ai eu não aguento mais! – deitei minha cabeça na mesa e empurrei o caderno para Julia. — Organizar uma festa assim é mais difícil do que eu pensava.
— E olha que só estamos anotando quanto algumas pessoas que já confirmaram darão. – Julia ajeitou seu coque.
— Galera, ninguém disse que seria fácil. Olha, eu falei com o Matheus e ele falou que pode ver com alguém do morro que trabalha com transporte pra nos levar e trazer. – Nathaly disse e Julia e eu a encaramos assustadas.
— Por acaso esse amigo do Nike vai colocar alguma droga no ônibus? Porque se for fazer isso nem precisa pedir. Não queremos mandar mais de mil estudantes pra cadeia. – Julia negou com a cabeça e Nathaly riu.
— Não, não. Os amigos do Nike não fazem isso, vão por mim. – rabiscou no caderno enquanto ria.
— E você falou com a Marina, Rebecca? – olhei para Julia e suspirei, levantando minha cabeça.
— Foi um pouco difícil falar com ela por telefone então, tive que prensar ela no corredor da faculdade e, com muito sacrifício, ela topou. Ela disse que não vai por mim, óbvio, e sim pela faculdade e vai dar R$200,00.
— Bom, isso já é um grande começo. Espero que ela volte a falar com você de novo e com o Thiago também. Eu sigo o coitado no Insta e, desde que a Marina terminou com ele, ele só posta coisa triste. – fez uma careta, anotando o nome de Marina no caderno.
— Rebecca? – olhamos para trás, vendo Erick se aproximar de nós junto de Diego e Guilherme, seus amigos.
— Bom, Nathaly, vamos? Eu não sou obrigada a ficar no mesmo lugar que esse embuste. Livre arbítrio é uma dádiva de Deus e eu não sou obrigada a respirar o mesmo ar que ele. – Julia se levantou, pegando suas coisas de cima da mesa.
— Tchau Becca, nos vemos mais tarde. – Nathaly mandou um beijo, passando entre os meninos junto com Julia, me deixando sozinha.
— O que você quer Erick? – perguntei enquanto guardava minhas coisas em minha mochila.
— Fiquei sabendo que tá preparando uma festa pra arrecadar dinheiro pra faculdade. – me virei para o moreno, ficando com o rosto próximo ao seu por conta da aproximação do mesmo.
— Sim e isso é da sua conta agora? – cruzei os braços.
— Calma aí. – riu, dando um passo para trás. — Eu vim aqui te parabenizar pela coragem da fazer isso, é uma responsabilidade e tanto. Eu ia pedir pro meu pai dar o dinheiro que a faculdade precisa mas você veio com essa ideia e, por que não juntar o útil ao agradável?
— O que você quer dizer com isso?
— Bom... Todos nós sabemos que eu serei o que dará a maior quantia de todas. – sorriu, olhando para seus amigos que estavam logo atrás dele. — Você será parabenizada pela linda atitude e eu por dar a maior quantia de todas. Erick e Rebecca, há quanto tempo não estamos juntos na mesma frase? – olhou para mim, colocando suas mãos no bolso de sua calça.
— Há muito tempo e eu prefiro continuar assim. Olha Erick, não precisa nem ir nessa festa, tá legal? Não preciso do seu dinheiro e o Miguel já disse que vai ajudar com a grana também. – coloquei uma alça da mochila em meu ombro e saí de perto do garoto.
— Não precisa do meu dinheiro mas vai aceitar o dinheiro sujo daquele favelado? Qual é Rebecca, já conversamos sobre isso. Ainda não percebeu que estar naquele morro com aquele pessoal não é o seu lugar? – me virei para ele, com os punhos fechados.
— E onde é o meu lugar Erick? Com você que me faz de trouxa e tem uma namoradinha, que nunca fez questão de me contar? Por favor garoto, me poupe sua saliva e o meu tempo.
— Tudo bem Rebecca, pense o que quiser. Só não venha me dizer que eu te avisei quando o Miguel te magoar. – o moreno contraiu a mandíbula e eu revirei os olhos. — Só confirme que os meninos e eu iremos à festa e depois o Guilherme te diz a quantia que daremos. – foi embora sem se despedir junto com Guilherme, enquanto Diego permaneceu ali, me olhando.
— Não liga pra ele Rebecca, sabe como o Erick é. Ele ainda não consegue aceitar que você deu um pé na bunda dele, ele tem um puta complexo de 'princeso. – riu me fazendo rir. — Mas uma coisa eu tenho que concordar com ele, estou impressionado que você esteja organizando essa festa pra ajudar a faculdade. Você é foda.
— Ah que isso Diego, eu só não acho justo uma turma inteira ficar mais um ano por conta de problemas financeiros. – dei de ombros, sem graça.
— Bom, é isso. Nos vemos na festa então. – sorriu e eu acenei sorrindo timidamente. — A propósito, você está muito linda. – deu uma piscadela com um sorriso antes de ir embora, me deixando totalmente vermelha.
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