Capítulo quarenta e nove; Essa vez é pra valer

Rebecca Alves

Acordei com um barulho alto de coisas sendo mexidas na cozinha. Relutante, abri os olhos e peguei meu celular que estava debaixo do meu travesseiro para ver a hora. Eram nove e meia da manhã.

Girei para o lado oposto da cama e vi que Miguel não estava mais ali. Me levantei e me espreguicei, soltando um gritinho involuntário. Ajeitei a alça da blusa do meu baby doll e desci, indo direto para a cozinha onde dei de cara com Nathaly mexendo em algumas panelas e as colocando sobre a bancada que separava a cozinha da sala.

— Ah! A melhor cunhada desse mundo acordou! – a morena sorriu ao me ver. — Espero não ter te acordado. Estou arrumando algumas coisas aqui na cozinha pro Miguel.

— Não, não acordou. – neguei com a cabeça logo me sentando no banco da bancada.

Na TV tocava Ja Rule num volume não muito alto e a cozinha estava uma bagunça pelo fato de Nathaly estar a arrumando.

— O Miguel por acaso está te pagando para ser a empregada dele? – ri fraco a vendo secar as louças lavadas.

— Não mas eu vou pegar dinheiro da carteira dele antes de ir. Só não conta pra ele. – olhou para mim e sorriu me fazendo rir.

— Falando nisso, cadê seu irmão?

— O meu maninho desceu. Disse que tinha que resolver umas coisas na pista e que, provavelmente, só chega a noite. – terminou de guardar as louças e fez um coque em seu cabelo logo saindo da cozinha e se aproximando de mim.

— Bom, então eu não vou atrapalhar. Vou tomar um banho e ir embora logo, afinal, a viagem da Tijuca pro Leblon é longa e eu não quero chegar muito tarde em casa. – me levantei mas, antes que eu pudesse subir para arrumar a cama e minha mochila, Nathaly segurou em meu braço.

— Espera. Você pode me ajudar a arrumar a casa e, quando terminarmos, podemos almoçar fora. Aqui perto tem um bar de um antigo amigo do meu pai, a comida da esposa dele é muito boa e eu pago.

— Nathaly, eu não quero te incomodar. Digo, eu posso até te ajudar mas não quero te incomodar fazendo você pagar um almoço pra mim.

— Que isso Becca. Não será incomodo algum. – fez cara feia. — Você é minha amiga e, agora, namorada do meu irmão. Eu gosto muito de você e quero apenas te mimar um pouco. – colocou as mãos na cintura e eu ri timidamente.

— Assim você me convenceu. Mas não pense que ficará assim, eu ainda vou te compensar por isso. – Nathaly sorriu e eu fui até a área de serviço para pegar um balde e um pano de chão.

Enquanto ela arrumava a parte debaixo, eu arrumaria o segundo andar.

O dia se seguiu tranquilo. Ajudei Nathaly a arrumar a casa de Miguel e depois fomos almoçar fora — e realmente a comida do bar que ela havia mencionado era muito boa. Por incrível que pareça, ela havia me convencido a dormir mais um dia na casa de Miguel porque ela queria passar mais tempo comigo, já que eu agora era sua cunhada; não que Miguel houvesse me pedido em namoro, mas depois de tudo que passamos nem precisava mais de um pedido para dizer o nosso status de relacionamento.

Depois do almoço, resolvemos visitar Matheus e ficamos lá até o fim da tarde, conversando com a mãe dele enquanto ele ajudava o tio dele a fazer a obra da sua nova casa — ao que entendi, ele faria tipo uma cobertura no topo do prédio em que morava para sair da casa da mãe dele.

— Eu espero que gostem, acabei de tirar esse bolo de laranja do forno. Também tem suco e refrigerante na geladeira, vou pegar para vocês. – a mãe de Matheus, Helena, disse sorridente colocando o bolo em cima da mesa.

— Sua sogra é muito fofa Nathaly. Tenho inveja de você. – disse e a morena sorriu sem graça.

— A sua sogra também é muito legal, viu dona Rebecca? – agora havia sido a minha vez de sorrir sem graça.

— Aqui está meninas. – dona Helena voltou da cozinha com uma jarra de suco e uma garrafa de Pepsi. — Suco de manga e Pepsi, porque o Matheus disse que estava mais barato que a Coca. – fez uma cara de reprovação e nós rimos.

— Tá tudo bem sogra. Refrigerante é refrigerante, não somos frescas pra isso. – Nathaly sorriu e eu concordei enquanto pegávamos os copos para colocar nossa bebida.

— Opa! Cheguei na hora certa. – Matheus disse ofegante assim que abriu a porta, chamando nossa atenção.

— Cadê o seu tio? Acabaram cedo hoje. – a mais velha perguntou se apoiando em uma cadeira.

— Ele disse que ia levar o Yan ainda pro Maracanã. Eles vão ver o jogo do Flamengo lá. – o moreno respondeu enquanto preparava seu Nescau.

— Bolo com Nescau Matheus? – fiz uma careta rindo.

— Eu gosto ué. Não posso? – pegou um pedaço do bolo sem cortar e comeu enquanto me encarava.

— Pode ué. Só é engraçado um cara, sendo quem é e já tendo vinte anos, ainda tomar Nescau como uma criança. – continuei a encarar o garoto que terminava de mexer seu achocolatado e tomou um gole, com a colher ainda dentro de seu copo.

— Não fala assim do meu bebezão Becca. – Nathaly riu apertando as bochechas de Matheus.

Admito que era fofo a forma como os dois se tratavam. Eles haviam uma história muito intensa e, apesar de tudo, passaram por cima de tudo para ficarem juntos novamente; Nathaly e Matheus eram muito fofos juntos e eu os admirava bastante.

Após lancharmos, esperamos Matheus tomar banho e se trocar para irmos até a lanchonete que havia perto da sua casa para comprar cachorro-quente, que seria nosso jantar. Nike bancou tudo e, após comprarmos nossa janta, finalmente Nathaly deu a ideia de irmos para a casa de Miguel. A essa altura ele já devia ter chegado, então iriamos jantar lá e assistir a um filme juntos.

Assim que entramos, a casa estava num silêncio, o que logo estranhei.

— Nath, já são quase sete horas. Você não disse que o Miguel já devia estar em casa? – olhei para a garota que fechava a porta enquanto colocava a sacola com meu cachorro-quente e o de Miguel em cima da mesa.

— E devia Rebecca. Eu perguntei pra ele se ele já havia chegado e ele tinha dito que sim. Ele deve estar lá em cima no quarto, sei lá. – Nathaly deu de ombros indo para a cozinha beber água.

Subi as escadas, deixando Nathaly e Nike no andar de baixo e fui em direção ao quarto de Miguel. A luz estava acessa e a porta estava entre aberta, era sinal que ele ao menos estava em casa.

Ao abrir a porta, me deparei com vários balões vermelhos pendurados no teto, com fotos de Miguel e eu presas a eles e, parado em frente a cama, estava Miguel segurando um enorme buquê de flores.

— Miguel? O que é isso? – eu estava sem reação, não sabia o que dizer.

— Rebecca... Você quer ser minha namorada? – meus olhos se encheram d'água naquele exato momento.

Tá que Miguel e eu já vivemos como namorados faz tempo, mas nunca houve um pedido de verdade. Aquela havia sido a primeira vez e eu estava emocionada; uma explosão de emoções se formava dentro de mim e eu estava amando aquilo.

Antes que eu pudesse responder, a música do Ferrugem – Minha namorada começou a tocar. Olhei para trás e vi Nike segurando seu celular com uma caixinha de som enquanto Nathaly gravava.

— Vocês sabiam disso? – ri.

— Claro né Becca. Por que achou que eu te enrolei o dia todo na rua? – sorriu.

— Responde logo Rebecca. Eu 'to ansioso! – Matheus deu pulinhos e eu voltei a olhar para Miguel.

— Sim Miguel, eu quero. – naquela hora, o mais velho abriu um enorme sorriso e me abraçou fortemente, tomando meus lábios em um beijo.

— Aah e pensar que eu deixava esse casal dormir lá em casa. Eu tive contribuição nisso. Meus dias dormindo no sofá enquanto eles transavam no meu quarto realmente valeram a pena. – escutamos Nike dizer e rimos assim que Nathaly o repreendeu.

Eu não tinha palavras para descrever como aquele momento estava sendo mágico. Eu era namorada de Miguel e dessa vez era oficial.

— Rebecca, eu te amo. E pode ter certeza que, a partir do momento que eu criei coragem para te dizer isso, nunca mais deixarei de dizer. – me deu um selinho. — Anota esse dia. O dia que eu nunca me arrependi de te chamar de minha.

— Anotado. – sorri, tornando a beijá-lo novamente.

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