Capítulo quarenta e dois; Eu to sempre errada
Rebecca Alves
— Parabéns pra você, nessa data querida... – escutei alguém cantarolar e girei na cama logo abrindo os olhos, vendo Julia e Marina paradas em frente a porta, ambas segurando juntas uma torta.
— Que horas são? – bocejei sonolenta, esfregando os olhos enquanto me sentava na cama e jogava o lençol que me cobria para o lado.
— É uma hora e seu aniversário de vinte anos! – Marina respondeu animada.
Saí da cama de cima e me aproximei das meninas que me abraçaram fortemente.
— E aí? Você está feliz? Como é a sensação de acordar tendo vinte anos e sendo a mais velha? – Julia olhou para mim sorridente.
— Eu achei que fosse legal mas nada mudou. – brinquei rindo junto com as meninas.
— Pois então, já que acordou, se arrume porque vamos almoçar fora. – Julia colocou a torta em cima do criado-mudo enquanto Marina ligava a luz.
— Almoçar... Fora? – ri meio confusa.
— Rebecca? Você se esqueceu? Falamos de comemorar seu aniversário no Outback há meses... – Marina fingiu estar ofendida.
— Ah, não é isso é que... Eu achei que tivesse um compromisso mas, não tenho. – ri sem graça coçando a nuca, fazendo as duas se entreolharem.
— Tudo bem... Vamos te esperar lá fora. Não demore. – Julia mandou beijos antes de sair do quarto junto de Marina.
Subi em cima da cama de Julia e peguei meu celular que estava embaixo do meu travesseiro. Assim que a tela acendeu, pude ver várias notificações das minhas redes sociais onde pessoas me desejavam parabéns.
Suspirei pesado e me sentei na cama de Julia. Era para hoje Miguel e eu sairmos juntos. Combinávamos há meses de fazer algo especial no meu aniversário e, agora com nosso afastamento e meu começo de namoro com Erick, nossos planos foram por água abaixo.
Entrei no Whatsapp e visualizei a mensagem de Erick. Era um 'puta texto — confesso que não esperava — com direito até a um lomotif nosso no status. Agradeci meio sem graça ainda e sem respostas para aquele texto. Agradeci também aos textinhos com fotos no status de Nathaly, Jp e Matheus mas... Nenhuma mensagem de Miguel. Estava triste, confesso mas aquela foi a nossa escolha. Ele escolheu focar no seu trabalho do que a mim e... Eu escolhi ficar por puro comodismo e vitimismo de Erick. Aquela foi a nossa ambição e finalmente a conseguimos, depois de tanto esforço e contratempos.
Bloqueei novamente meu celular e fui até o meu lado do armário para pegar uma roupa. Optei apenas em pegar uma calça jeans rasgada nos joelhos e uma camisa simples rosa com um desenho do Mickey estampado. Peguei minha necessaire de maquiagem e minha toalha que estava em cima pendurada no beliche, não demorando para ir ao banheiro.
Meu dia foi bem tranquilo. Fui no Outback com as meninas e almoçamos bem; andamos um pouco no shopping e depois fomos no Play City brincar em alguns brinquedos. Não reclamo do dia de hoje, foi o melhor aniversário de todos.
Havíamos acabado de chegar em casa. Marina foi tomar um banho enquanto Julia foi guardar as coisas que havia comprado no quarto. Me joguei no sofá e liguei a tevê, não dando a miníma para o filme que passava e comecei a mexer no meu celular.
Não tinha nada de interessante, apenas respondia minha mãe que havia pedido para que eu fosse amanhã almoçar com ela e meu pai. A campainha tocou e eu bufei. Provavelmente era Guilherme que havia ficado de buscar Marina para sair.
Me levantei e fui até a porta logo a abrindo e dando de cara com Erick, o que me deixou surpresa.
— Erick? O que faz aqui? – perguntei confusa enquanto ajeitava minha camisa que havia tirado da calça.
— Hoje é seu aniversário. Achou mesmo que eu não viria te ver? – sorriu me dando um selinho.
— É que você veio sem avisar e eu acabei de chegar em casa. Nem tem nada pronto pra jantar. – dei passagem para que o moreno entrasse.
— Não precisa. Vamos jantar fora. – se virou para mim e sorriu. — Primeiro que comprei ingresso para vermos Minha mãe é uma peça 3 e, de lá, vamos jantar comida japonesa. Abriu um restaurante lá perto de casa e eu ainda não fui lá, queria que fosse comigo...
— Ah, claro. Eu vou só trocar de roupa e já vamos então. – sorri sem mostrar os dentes colocando as mãos nos bolsos detrás da calça.
— Leva roupa. Se ficar muito tarde, você dorme lá em casa mesmo. – assenti meio incomoda e fui para o meu quarto.
Em uma semana faria um mês que eu estava namorando com Erick mas... Por que eu ainda me sentia incomodada por estar com ele?
Meu fim de noite, assim como o dia, foi tranquilo. O filme foi muito bom e a comida então, sem comentários. Eram quase meia-noite quando havíamos saído do restaurante. Como mais a frente era a praia, Erick me convenceu de dar uma volta no calçadão — que estava bem agitado por conta de alguns quiosques que ainda estavam abertos e tinham bandinhas tocando pagode.
— O que achou do dia de hoje? – o maior olhou para mim com um brilho no olhar. Ele esperava ansioso por uma resposta positiva minha.
— Eu gostei. – sorri sem mostrar os dentes olhando para frente. — Não teve uma festa surpresa como eu esperava, mas foi bom. – brinquei o fazendo rir. — Agora é sério, foi muito bom. Eu almocei junto com as minhas melhores amigas, passamos o dia juntas e, no final, ainda vi filme e jantei com o meu namorado. Eu não podia pedir mais que isso. – encostei minha cabeça em seu braço enquanto andávamos.
Ao fundo tocava Só Pra Contrariar e eu pude ver algumas pessoas dançando no calçadão, o que me fez sorrir.
— Eu tenho um presente para te dar lá em casa. Vamos lá. – sorriu animado me puxando para que atravessássemos.
Ao chegarmos em seu apartamento, Erick correu para o seu quarto e eu me sentei no sofá, olhando para a estante a minha frente que possuía diversos livros em Francês e alguns clássicos da literatura, fora os que eram obrigatórios da faculdade.
— Aqui. Eu espero que goste. – se sentou ansioso ao meu lado me entregando uma pequena caixinha rosa.
Não poderia ser o que eu estava pensando. Podia?
Abri a caixa com o coração a mil. Ao ver o que era, deixei aparente o quão confusa havia ficado.
— Uma... Chave? – olhei para ele levantando a chave.
— Do seu novo apartamento! Eu comprei uma cobertura pra você no Leblon. Você pode morar lá com as meninas e eu não aceito não como resposta.
— Erick... Eu não posso aceitar. Eu já tenho um apartamento com as meninas e fica perto de tudo meu. – coloquei novamente a chave dentro da caixa e entreguei para ele.
— Ficava. Eu posso te levar e trazer todos os dias pra faculdade de carro e eu conversei com o meu pai. Ele te arrumou um emprego num banco por lá mesmo e, além de ganhar mais, é o trabalho perfeito para quem cursa administração. Melhor do que ser atendente de uma loja de roupas. – riu. — Se você não aceitar, eu vou entender que tem algo pendente aqui e já sei o que está pensando. – ficou sério e eu desviei o olhar para o chão.
Sei que ele se referia a Miguel. Ele queria que eu fosse para longe para ficar longe de Miguel... Não acho errado, afinal, eu tinha mesmo que ficar longe dele. E tudo que me prendia na Tijuca era apenas ele.
— Eu... Vou aceitar então. – olhei para ele que, ao escutar, abriu um enorme sorriso.
— É sério isso mesmo? – me puxou para mais perto de si.
Assenti com a cabeça e Erick tomou meus lábios em um beijo. O ato, aos poucos, foi esquentando e, quando dei por mim, já estava indo para a cama com Erick pela primeira vez.
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