Capítulo dezessete; Sem hora pra acabar, mas sem obsessão
Julia Ribeiro
Acordei com bastante preguiça, como se eu nem tivesse dormido direito — quer dizer, eu não dormi mesmo mas... Abafa o caso —. Olhei para o lado e vi João Pedro dormindo, com apenas o lençol cobrindo seu membro e olhei para o chão vendo garrafas de bebidas junto com nossas roupas e, mais a frente, um narguilé com alguns rolos de maconhas.
Fiz um coque em meu cabelo e me levantei, para me vestir já que estava sem roupa alguma. Eu odiava ter de admitir aquilo mas foder com Jp me levou a loucura e sua playlist de foda era maravilhosa. Não tinha como eu não me sentir bem com aquilo tudo.
Terminei de amarrar o laço do pescoço do meu vestido e calcei meu tênis da Vans preto. Olhei novamente para João que dormia ainda e, sem fazer barulho, saí de seu quarto. Peguei minha bolsa que estava em cima do sofá e a abri para pegar meu celular. Porra! Já eram quase duas da tarde e eu ainda estava aqui, sem contar que haviam quatro ligações perdidas de Rebecca e mais de dez mensagens dela.
Com medo da morena surtar, resolvi ligar para ela e, não demorou muito para que ela atendesse.
— Puta que pariu Julia! Você estava até agora com o Orelha? Eu 'to te esperando há horas, cara... — começou a reclamar assim que atendeu.
— Ei! Eu não estou com ele. Depois daquele beijo eu fui embora mas não voltei pra casa, me desculpa. — mordi os lábios.
Eu não queria que ninguém soubesse que eu passei o resto da madrugada com Orelha, não mesmo.
— Você ficou na casa do Miguel?
— É... Não. Eu vim pra casa dos meus pais, resolvi visitar eles. Eles não ficaram muito felizes em abrir a porta pra mim às seis da manhã mas, agora, estão felizes por eu ter visitado eles. — riu como se estivesse nervosa.
— Bom... Isso é bom então. — sorri. — Miga, eu estou indo pra casa agora. Quando quiser voltar pra casa, já sabe.
— Tudo bem, eu vou ficar mais um pouco aqui com eles. Nos vemos mais tarde, beijos. — encerrei a ligação e, antes de ir embora, escutei a porta do quarto de Orelha se abrir e o mesmo saiu vestindo apenas um short folgado de futebol da Adidas.
— Ia embora sem se despedir de mim, esquentadinha? — sorriu, se aproximando de mim.
— Eu não quis acordar você. Eu não odeio você quando está dormindo e, por mim, podia continuar dormindo pra sempre. — olhei para o lado oposto, coçando minha cabeça.
— Qual foi Julia, vai continuar nessa dizendo que não me suporta por quanto tempo? Nós acabamos de transar cara, tu já tá totalmente vulnerável. — riu bastante desafiador.
— Eu não estou não. Eu continuo a mesma Julia que você conheceu. Que te odeia e que não tem medo de você. Eu estava bêbada e isso foi um erro, pegou a visão? — o encarei.
— Me poupe do teatrinho garota. Eu te vi sem roupa, eu entrei em você, te vi ser totalmente submissa a mim e escutei tu gritar a noite toda meu nome. Pareceu que tinha gostado. — sorriu ladino e se aproximou mais ainda de mim. — Tem certeza que não quer continuar com isso? — sussurrou.
Abri a boca e fiquei em êxtase, olhando para seus olhos castanho claro e para sua boca rosada natural. Porra... Por que ele tinha aquela cara de vagabundo que não presta?
— Eu já disse João, não vou mudar de pensamento. Eu te odeio e sempre vou te odiar. — me afastei voltando a mim.
— Tudo bem então, princesa. Minha casa sempre estará aberta pra você. — deu de ombros, sorrindo enquanto eu abria a porta para ir embora.
Assim que saí de sua casa, tive que passar próximo a um beco onde haviam alguns meninos da boca. E, como de costume, os ignorei. Não era a primeira vez que subia aquele morro e é claro que eles já me conheciam.
— Qual foi, mina? Tá fazendo o que por aqui? — um deles saiu do beco e parou em minha frente.
Revirei os olhos e me desviei dele para passar mas, antes que eu saísse dali, ele segurou fortemente em meu braço.
— Eu te fiz uma pergunta, gatinha.
— Me solta, garoto. Tá com algum problema? — me estressei.
— Qual foi Azevedo! Essa mina aqui é bonita, né? — o loiro chamou seu amigo que ficou ao seu lado.
— Olha, eu não 'to a fim de discutir com vocês. Tem como me soltar pra eu descer ou tá difícil?
— Cala a boquinha aí sua puta. Aqui a gente fala e você obedece, se não quiser ficar careca, é claro. — o tal de Azevedo me repreendeu, ameaçando a me bater.
Eu estava sem reação alguma, os dois haviam me segurado fortemente para que eu não fugisse e, quando eles estavam quase me abusando ali mesmo, alguém gritou.
— Que porra é essa caralho? Quem pensam que é pra ficar abusando das mina do morro, principalmente as visitantes? Que eu saiba vocês são apenas a porra de vapores e não tem direito algum nesse caralho! — Orelha se aproximou bastante exaltado.
— Qual foi Orelha, corta nosso barato não. Só porque tu é subgerente pode pegar as puta e nós não? — Azevedo me soltou em ficou em sua frente.
— É Orelha, fortalece nós aí. — o loiro apertou fortemente meu pulso e eu tentei me soltar dele, mas sem sucesso.
Aqueles garotos estavam me dando tanto nojo...
— Não, vou fortalecer porra nenhuma pra vocês não. Primeiro que ela não é puta, respeita as mina seus 'cuzão. Segundo que ela tá comigo e, terceiro, se o Rato ficar sabendo que cês tão abusando das mina daqui tão fodidos. Quer que eu conte? — naquela hora o loiro engoliu em seco.
— Pô cara, tu não mandaria papo nenhum pro patrão não, né? — o menor me soltou e se aproximou do mais velho.
— Pede desculpa pra garota e nunca mais façam isso. Eu sou mais velho nessa porra aqui e, quando eu falar com vocês é pra me respeitarem e não ficar nessa putaria de agora. Senão eu conto pro Rato e cês tão fodidos. — cruzou os braços.
— Foi mal aí, não sabíamos que tu era a mina do Orelha. Não vamos mais te incomodar. — Azevedo passou a mão em sua nuca e o loiro não disse nada, apenas ficou olhando para o chão.
— Vão se foder vocês dois. Nenhum garoto da idade de vocês, com essa atitude, consegue pegar alguém. Deem valor as garotas antes de pagarem de fodões. Nem um puta cargo vocês tem e ficam nessa palhaçada? Façam-me o favor né! — empurrei o loirinho e me aproximei de João.
Sem dizer mais nada, os dois foram embora correndo.
— Eu devia agora mesmo ficar puta por ter me seguido mas... Obrigada. Eles são mais novos mas são fortes, sem você eu podia estar fodida. — literalmente.
— Continua me odiando ainda? — riu, passando a mão em meu rosto para fazer um carinho.
— Odeio. Porque está sendo um puta cara legal e dificultando para que eu vá embora. — sorri. — Eu não sabia que era subgerente da boca. Está a tanto tempo assim nessa?
— Bom... Vinte e um aninhos bem vividos. O pai aqui é foda, sem vacilo algum. — se gabou e eu ri.
— João... Eu quero continuar ficando com você. Mas... Não conta pra ninguém. — fiquei na ponta do pé e aproximei meu rosto do seu.
— Julia, se quiser ficar, já sabe como vai ser nossa relação. Eu sou do mundo e tu também, mas... Se tu quiser eu quero. — sorri e mordi seu lábio inferior, logo o beijando.
Parei de ficar na ponta do pé e Orelha se abaixou um pouco, colocando suas mãos em minha bunda e a apertou, ao mesmo tempo que me puxava para mais junto de si.
E como dizia 1kilo: "O mundo nunca vai entender o que pra nós é uma opção".
NOTAS:
Seus lindes espero de verdade que tenham gostado desse cap. Ele não foi focado no nosso maravilhoso Revestre, porém eu quis muito fazer esse cap da Ju com o Jp simplesmente porque sinto que eles são maravilhosos juntos e 1kilo me deu bastante inspiração também rs. Pretendo, vez ou outra, fazer um cap dedicado aos secundários porque, como disse, todos eles têm um papel importante na história e eu espero de verdade que gostem. Bom, até o próximo cap <3
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