Capítulo Um - Marcas do Passado

  

         Após a morte de Eva e Jared, Marina tem ficado cada vez pior. Eu por minha vez tento fazer de tudo para agrada-la e melhorar seu humor mas ultimamente tem sido em vão. Depois do sonho de Alicia, ela e Ravhi não param de falar nos pais e em como queriam que eles estivessem aqui e isso tem abalado muito a Marina, que apesar de ser irmã dos gêmeos, senria-se mãe deles. Eu tento conversar com eles mas, bem são crianças, não entendem os sentimentos dos adultos e tão pouco fazem por mal. Mas o grande problema começou há quatro dias atrás quando eu cometi o maior erro da minha vida.

  

    20 de dezembro

   
      Vi Marina sentada abatida em frente à chaminé, não podia deixar de sentir meu coração se partir em pedaços em vê-la dessa forma. Os anos que se passaram fizeram ela ficar cada vez mais cabisbaixa.


        – Meu amor, eu sei que é difícil mas você não pode ficar assim para sempre. – Eu dizia indo em sua direção pousando minhas mãos sobre seus ombros fazendo ali uma leve massagem.


     – Para você é fácil falar, não foi o seu pai quem morreu. – Ela se levantou, soltando bruscamente seus ombros de minhas mãos.

      – Marina não fale assim, eu também não tenho meus pais por perto. – Eu andava atrás dela procurando acalma-la.

      – Porque você não quer, mas eles estão vivos! E quer saber, você é muito mesquinha. Você desfaz deles enquanto tudo o que eu queria era ter meu pai aqui de volta. – À essa altura ela já derramava lágrimas e tentava seca-las rapidamente com a mão.

      – Amor, você sabe que não precisa ser assim. Você está me culpando por algo que eu não tinha como evitar.

      – Você podia sim! Você os viu indo embora e você deixou. A CULPA É SUA!! – Ela cuspia as palavras na minha cara até me fazer dizer o que eu jamais deveria ter dito.

      – E por que você está preocupada? Passou quase 7 anos longe dele. Que diferença faz agora? Não seja hipócrita!

      – Chega! Sai da minha casa. Acabou tudo! – Ela vai até a cozinha e se tranca lá. Eu vou ate nosso quarto pegando minhas coisas, estava cansada das lamentações da Marina. E ainda por cima me culpar? Eu não tinha culpa de nada. Acabo de arrumar minha mala e saio de casa batendo a porta da frente. No quintal vejo as crianças brincando, Ravhi logo corre em minha direção.

       – Mamãe, mamãe!! – Ele vinha gritando daquele seu jeitinho ingênuo. – Aonde você vai? – A pureza em seu olhar me fazia querer chorar.

       – Eu vou ter que passar uns dias fora, vocês vão precisar cuidar bem da mamãe enquanto eu estiver fora, tá bom? – Ele concordava com a cabeça dando um sorriso. Eu passei a mão em seus cabelos, beijando sua testa e depois fiquei admirando ele correndo voltando a brincar. Vejo Marina na janela da cozinha porém quando à olho ela desvia o olhar e sai da janela. Aquilo foi como uma apunhalada no meu coração. Senti como se estivesse perdendo um ente querido e, a verdade é que, era exatamente isso que estava acontecendo.

   "Costumava ser tão facil
Viver aqui com você
Você era tão simples e alegre
E eu sabia sempre o que fazer
Agora você parece tão infeliz
E eu me sinto como uma idiota."

      Entro no meu carro dando partida, sem direção, sem rumo. Apenas queria que nada daquilo estivesse acontecendo. Eu também sentia muito a falta da Eva e do Jared, também era como se algo dentro de mim tivesse morrido junto com eles e eu só queria que a Marina entendesse isso, não era fácil para mim também.

   "É tarde demais querida
Agora é tarde demais
Embora nós realmente tenhamos tentado
Algo dentro de mim morreu
E eu não posso esconder e não posso apenas fingir
Oh, não, não, não, não, não, não."

      Parei o carro em frente a um pub de esquina, era impossível não pensar nos dois. Peço três doses de whisky. Quando chegam eu as coloco uma ao lado da outra. As lágrimas já eram impossiveis de conter e eu tomo a primeira dose.

       – Essa é para vocês, eu sinto tanto a sua falta. – Tomo as duas doses seguidas sentindo as lagrimas caírem descontroladamente.

     "É tarde demais, querida
É tarde demais agora, querida
É tarde demais."

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