"Você vê o ódio que eles servem em uma bandeja
Então o que a gente vai ter? Sobremesa ou desastre?"
Knock You Down - Keri Hilson, Kanye West and Ne-Yo.
Itália - 11 de setembro de 2015
Ciente que estava num daqueles momentos que fazia coisas idiotas por conta de ser um grande otário sentimental, Luca vestiu seu melhor terno, selecionou duas das suas melhores armas, que optou por guardar no seu coldre, debaixo do terno muito bem feito que usava.
- Juro por minha falecida mãe que é vero, meu amigo - Romeo insiste em dizer enquanto ele dirige incrédulo o veículo.
A julgar que estavam pleno outono, estação cuja a vida tornava-se mais cinza e sem cor, assim como chuvas poucas e persistentes vira e mexe apareciam, optou por um carro fechado e de vidros escuros, de modo a que ninguém soubesse que haveria alguém além dele no carro.
- Seu pai, um homem rico, manter presa? Contra a vontade dela? - repetindo pela centésima vez recebe um aceno do amigo no banco do carona.
- E é por isso que preciso de você, Lucky! Preciso que me diga se a noiva é de fato essa mulher que eu desenhei...
Já que Romeo, seu melhor amigo e filho do meio dos Mazzacurati, havia sido expulso pelo pai de casa anos atrás, visto que de maneira bem burra ele tentou ajudar a nova mulher do Senhor Don a escapar, ele não deveria aparecer por lá nunca mais.
- Só olhar, ver se é a tal mulher e vir embora, certo? - Luca Quintavalla peegunta ao amigo logo que começa a ver a entrada da casa dos Mazzacurati ao longe.
- Somente. Depois disso entrarei em contato com Michelangelo e solicitarei que tomem uma atitude, visto que a prática de tráfico de pessoas não é mais tolerada. E essa jovem é claramente uma vítima...
Como mais coração mole que Luca, só ele, o homem ficou em êxtase com a notícia que a tal mulher ainda poderia estar viva, com isso se despencou de New York para lá, apenas para convencê-lo a confirmar se de fato a tal mulher era a que havia causado a expulsão dele de casa.
- Romeo, eu vou apenas confirmar a identidade da garota, ok? Só confirmar. Não quero problemas. As regras dizem..
- Eu sei, Lucky! Relaxa, está bem! Veja se é essa mulher aqui a que vai casar e me avise - entregando o papel com o desenho realista, o Mazzacurati do meio vai para o banco de trás, logo que o amigo estaciona.
Aquilo era algo estúpido, mas Romeo se contorcia com o fato de não ter sido capaz de salvá-la, sendo assim, Luca como bom amigo iria à droga da festa, até mesmo em nome de seus pais. Uma atitude que o conselho desaprovaria se soubesse.
- Quando eu sair, aguarde minha ligação. Se for ela vamos daqui direto para casa do Michelangelo... - Luca avisou mais uma vez antes de desligar o carro.
Deixando a chave com Romeo, o homem sai do carro, bate a porta e ainda se checa no espelho, uma vez que a gravata o incomodava em demasia, caminhando rumo ao jardim onde seria realizada a cerimônia, por final.
- Você só vai checar uma informação, Luca - o homem diz a si mesmo logo que caminha rumo a cerimônia de casamento.
Chegando lá, vê os rostos de membros da organização, passa direto por eles e vai direto ao irmão mais velho de Romeo, que como sempre, parecia em qualquer lugar menos num casamento.
- Como vai, Mazzacurati? Se divertindo em mais uma celebração de um sequestro ou extorsão? Diga-me, quem a vendeu para saudar dívidas, pai, irmãos ou tios? - saúda o homem com sarcasmo o olhando de cima a baixo.
Ao contrário de Romeo e Luca, que possuíam vida própria e faziam suas coisas por si só, Alexander era um grande stronzo que não tinha capacidade de fazer nada que não envolvesse ordens de seu pai. Sendo o cãozinho dele, o homem fazia o que bem entendia em troca da proteção de Don, que assim como ele não prestava, em fato o homem não era chamado de diabo velho a toa.
- Não me lembro de termos contratado animais da sua espécie para se exibir hoje, Luca...
Rindo sem humor algum, o homem olha para os lados, para se certificar que não tinha ninguém por perto para enfim respondê-lo a altura:
- Você se diverte torturando meus garotos de recado e eu sou o animal? Cresça, Alex. Não é a toa que todos preferem seu irmão mais novo para chefia. Você é um doente degenerado de merda.
O olhando furioso, o irmão de Romeo atacou Luca Quintavalla que de pronto, para fazê-lo parar de o sufocar, apontou uma arma para cabeça dele.
- Quer virar parte do adubo do jardim? Acho até que seria um alívio e tanto para a nova madrasta, ser vítima de um animal a menos, o que acha? - ele desafia o homem que apenas o solta contendo seu ódio, ajusta seu terno, tirando os vincos nele com as mãos, antes de chamar os seguranças do lugar.
- Senhores, o acompanhem até a saída e certifiquem-se que ele não voltará a festa - Alex ordenando os seguranças faz Luca rir baixo.
Ele era responsável por todos os bordéis da região. Não havia um homem que não conhecesse.
Se fazendo de irritado, deixou que os homens o guiassem para a saída, até que ao Alexander sumir para dentro da casa dos Mazzacurati finalmente ouvir um dos três homens dizer:
- Não deveria estar selecionando novas garotas hoje? - Raphael o pergunta curioso.
- Ouvi dizer que a noiva é bonita. Pensei em fazer a ela uma boa proposta... - brincando com eles recebe um olhar estranho dos três.
O que eles estariam sabendo e não podiam passar adiante?
- Olha que do jeito que a pobre vive, aceitaria de bom grado... - um deles começa a falar, antes de Raphael o lançar um olhar de repreensão evidente.
Decidido a descobrir, o mafioso apenas sorri para eles mexe em seus bolsos e exibe um papel para eles.
- Quem me der a melhor informação, tem passe livre, por uma semana com direito a uma garota VIP por noite... Vamos lá! Uma informação é tudo que peço.
Aquele truque sempre funcionava. E era questão de tempo até um deles ceder a informação que ele precisava.
- Não. Não caiam nessa. Don vai nos matar se descobrir que falamos alguma coisa - Raphael tentando trazer os demais para realidade recebe un olhar sério de Luca.
Dê que adiantava se fazer de difícil se o contaria de qualquer forma?
- Ouvi dizer que gosta da nossa Saphire... Ela é cara demais, mas por sete dias pode ser sua, Rapha mio amico... - continuou a tentar seduzir o segurança que olha para ele, o papel e seus amigos, se mantendo firme.
Olhando para os dois lutando entre si, Luca Quintavalla apenas sorriu para o terceiro rapaz que o olhou sério e por fim começou a falar:
- Pra o inferno, esse Don! Ela apanha feito um bicho quase todos os dias... Ontem mesmo ela tentou fugir e ele a queimou os pés com um ferro. Tive pena da moça quando vi a cena..
- Alguns dizem que ela teve que usar um vestido fechado para esconder as marcas mais antigas... - o outro continuou a falar olhando para Raphael.
- Inclusive corre pelas empregadas que não é só o pai que quer a mulher, se é que me entende - Raphael o conta em tom sugestivo.
Entendendo o que foi dito no mesmo instante, Luca sente um arrepio o percorrer o corpo, que sempre antecedia algo muito ruim.
Não que fosse um cara religioso, mas era bom em interpretar sinais. E aquela situação que Romeo o colocou estava cada vez pior. Um Mazzacurati interessado já era ruim, dois interessados pior ainda. Que mulher mais infeliz era aquela.
- Dizem que ele a quer para alguma coisa, mas ninguém sabe o quê seria. Talvez a garota tenha conquistado o homem, creio eu.
O casamento em breve aconteceria e precisava achar a noiva antes de Don vê-lo e concluir que Luca estava lá a mando de Romeo.
O que causaria problemas enormes para os dois amigos de longa data, principalmente para a família dele, sendo proibida de fazer favores a possíveis chefes das duas outras casas principais.
E poderia terminar em guerra enorme, como havia acontecido muitos anos antes, culminando no fim das máfias antigas.
Algo que não deveria acontecer nunca.
- Ela é bonita? Porque, no mínimo, deve ser uma deusa! Mexer com o coração de gelo do Alexander é um milagre e tanto... - brincando entrega o papel ao que falou primeiro, recebendo olhares desapontados dos outros.
Bem, no final ganhava sempre quem tomava a iniciativa, mas para seu espanto ele apenas pega o papel, entrega a Raphael e o olhando de cima a baixo diz:
- Quer vê-la de perto? Ela é exótica e tem uma voz muito bonita. A escutei cantar da solitária dela algumas vezes...
Sorrindo no mesmo instante, Luca apenas faz que sim com a cabeça e o homem o encaminha para dentro de casa, onde desvia de todos os garçons e vai até a escada, que no mesmo instante que começou a subir, desceu se escondendo, pois Don gritava no primeiro andar, indo na direção da escada.
- Essa vagabunda não vai desistir de casamento algum! - o velho gritava com toda a força subindo a escada.
Sentindo-se péssimo pois na vida eram os filhos da puta que nunca ficavam doentes ou morriam de uma vez, o homem subiu a escada logo atrás de Don, preocupado com a ideia dele matar a moça.
Querendo ou não era uma mulher inocente e Luca tinha um fraco por mulheres inocentes enorme. O que poderia ser um erro, mas o Quintavalla era um homem que seguia as regras. E por segui-las pensaria em uma que pudesse se encaixar para apenas agir quando fosse necessário.
- Você não vai se meter em porra nenhuma, Luca. Não seja imbecil - repreendeu a si mesmo antes de um grito o fazer correr para de onde vinha.
Dentro do quarto haviam duas mulheres, a noiva que estava se colocando de pé, apesar dos estilhaços de vidro, que antes era um espelho de corpo, terem a causado arranhões, uma empregada velha que apenas assistia tudo apática e Don, furioso, exigia que a mulher descesse imediatamente sendo observado por seu guarda-costas.
- Luca, não. Vai dar merda, isso vai dar uma merda fudida se você intervir. Não seja otário - repreendeu a si mesmo falando baixo.
Entretanto, bastou que a noiva voltasse a falar, dizendo que não queria casar, para que Don fizesse seu segurança, parado do outro lado da sala, ir até a mulher que se ajoelhou sob os cacos de vidro.
- Por favor! Não me machuca! Eu não consigo colocar esses saltos! Meus pés ainda doem de ontem! Eu mal consigo falar!
- Apenas acene! Não preciso ouvir sua voz. Daremos um jeito em sua cara após o casamento! - o velho imundo falou irritado.
No momento que o homem de Dominic Mazzacurati a puxou pelo braço, Luca não conseguiu conter a si mesmo e disparou dois tiros no homem apontando em seguida para Don, que o olhando com uma cólera capaz de estremecer qualquer um, não teve tempo de sequer pegar já sua arma.
- Não se intrometa, Quintavalla! - o velho disse antes da noiva, que lutava para ficar de pé, provavelmente por conta dos cacos de vidro sob seus pés queimados, o acertar no braço com um pedaço de vidro, o que cortou a mão dela, fincando o objeto no senhor Mazzacurati.
Certo, o passarinho assustado sabia ser selvagem. E Luca Quintavalla havia feito a maior merda de sua vida. A sorte é que ninguém havia o visto ali, portanto poderia apenas a levar embora e fingir que nunca esteve ali.
Seria sua palavra contra a de Don.
- Como se atreve a entrar na minha casa e atacar meu pai, seu merda? - com sua pistola já encostada no pescoço de Luca, Alexander usa seu tom de voz mais irritado.
O que Luca Quintavalla não temia e estava pouco se fudendo para a honra daquele montante de merda que era o chefe da família Mazzacurati. Só que a presença de uma testemunha apenas tornou tudo mais complicado. Testemunhas. Haviam testemunhas demais.
- Escutei gritos, vim ver o que estava acontecendo e cheguei a tempo de matarem a noiva. É assim que me agradece? Onde está seus modos?
Incomodado com a arma encostada nele, Luca apenas continua a entrar no quarto, sendo seguido por Alexander que fechou a porta assim que passou.
Dois contra um, tinha como ficar pior?
- Anne, Mia Dea, porque não quer descer? Combinamos que seria uma boa menina, lembra-se? - ele usou um tom de voz agradável com a moça, que de imediato fez menção de se mover, gemendo de dor ao pisar em mais vidros.
Se antes ela usava muita maquiagem, agora de tanto esfregar suas lágrimas, era possível ver manchas no rosto de uma surra recente que Anne havia levado, provavelmente por conta da tentativa de fuga.
Ainda sim, ela sorri de maneira doce para Alexander que recebe um olhar irritado de seu pai.
- O que você fez a ela? - Alex exige saber de Don que apenas a joga no chão, mas ela é mais rápida.
Pegando a arma dele, que por ser mais velho não pôde a impedir.
Segurando uma pistola Tanfoglio Force, Anne embora se temesse e chorasse, apontou para Don dizendo:
- Eu quero ir pra casa! Estou cansada! Ele me machuca, me trata como um objeto e não quero passar mais por isso! Eu estou exausta, Alex...
Embora tivesse seu foco nele, Alexander tenta fazer Anne voltar a seu estado de submissão usando toda a gentileza, doçura e delicadeza que nunca havia usado antes com ninguém.
Não com Luca por perto.
- Anne, não seja inocente. Luca é mau! Ele quer machucar você! Eu quero ajudá-la! Largue a arma e nós podemos...
Antes que pudesse terminar, a mulher disparou na direção de Don, o que deu a Quintavalla a brecha que precisava para derrubar Alex e chegar na mulher.
Noiva essa que ele pegou, jogou sobre seus ombros e saiu apressado, descendo as escadas e indo rumo a entrada da casa, ignorando os garçons assustados, pensando em como faria dali por diante.
Notas Finais:
Quando você lê e não comenta espectativas são abaixadas e sonhos morrem. Deixe seu voto e um amei! Não custa nada incentivar quem escreve. 😍❤️
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