Capítulo 13 - Anne Collins

Estava com raiva de tudo. Especialmente de si mesma. E por isso Anne Collins saiu do lugar onde ficava, se misturando na multidão com o baralho de cartas na mão. Havia o pego antes de Romeo a levar embora do shopping, mas não via muita utilidade naquele item. Só o conforto da familiriaridade. Algo que precisava muito naquele momento.

- Eu estou perdida. Alguém pode me dar uma luz? - pediu a ninguém em especial até que uma única luz se ligasse numa loja fechada.

Pela vitrine conseguiu ver algo, se sentando no meio fio para jogar as cartas.

Sim, ela não poderia ler sua sorte, mas nada a impedia de tentar. Isso é, se ainda a sobrasse alguma sorte para ter e ler a respeito pelas cartas de baralho cigano.

Estava embaralhando tudo, quando escutou uma risada que a fez olhar para trás depressa, vendo a cigana que a deu o baralho. A olhando com a mesma curiosidade que um adulto vê uma criança o imitando.

- Ainda está perdida, querida? - a mulher a pergunta com diversão palpável.

Vê-la sofrendo deveria ser um tipo de piada muito boa, pois todos a machucavam de alguma forma. E ela estava cansada disso.

- Pode me ajudar?

Se sentando também no meio fio, a mulher pega as cartas, as embaralha e olha para Anne que diz:

- O que eu devo fazer? Ir embora ou... Continuar desse jeito?

A vendo tirar as cartas uma a uma e posicioná-las, a mulher recebe um sorriso da senhora. Que a tranquiliza bastante. O que precisava muito naquele momento.

- Você precisa parar de fugir. Covardia não é a solução dos seus problemas. Cresça, se fortaleça e lute pelo que quer, menina moça.

- Crescer? - Anne Collins repetiu sem entender.

Era a segunda vez naquela noite que a diziam aquela palavra, mas era uma adulta. Não uma criança.

- Sim, menos submissão e obediência. Mais independência. Vejo nas cartas dois homens. Eles a mantém protegida, mas não podem fazê-lo para sempre. Use-os para aprender como se defender, querida...

- Eles vão morrer? - a Collins questionando direta recebe uma risada.

- Eles têm suas próprias batalhas. Você é a única que pode conquistar o que almeja, eles são apenas recursos provisórios... - a cigana contando guarda as cartas.

Pensando que talvez pudesse conversar com os dois mafiosos e com isso convencê-los a treiná-la junto dos meninos, Anne Collins já começa a mentalmente fazer seu discurso até que, a mulher se levanta e estende uma mão para ela. Para que se pusesse de pé e pudessem se despedirem de maneira apropriada.

- Moro aqui perto... Quer um lugar pra descansar? - a senhora sugeriu a ela que sorri e nega.

- Preciso voltar, mas obrigada pela gentileza - a Collins encerrando a conversa se vira pelo caminho que veio.

Precisava tomar as rédeas do seu destino. Se quisesse voltar que fosse por seu próprio esforço e de mais ninguém.

Após se perder um pouco, passando inclusive por uma boate estranha, ela chegou a onde costumava a viver, dando a volta na entrada com vários seguranças, usando a garagem para chegar ao segundo anexo.

Lá na entrada foi encontrada por um segurança, que a arrastou para o primeiro anexo, onde ninguém tinha permissão para entrar. Desesperando a mulher.

- Onde está me levando? - pergunta ao homem que não dizia nada.

O lugar era amplo, não possuía muitos quartos, mas em compensação havia um primeiro andar aberto onde se via uma sala espaçosa, cozinha americana que dividia o espaço com uma grande ilha com bancos para sentar, junto de uma parede de vidro fumê que permitia ver quem vinha, sem ser visto.

Aproveitando que o homem falava no celular, o deixou de lado e subiu as escadas de madeira e ferro, dando no segundo andar.

Um corredor dava em portas, uma delas indo para um banheiro todo em madeira, inox e vidro, com uma banheira bonita. Coisa que Anne sempre via nos filmes, não tão perto. A fazendo sentir-se num dos filmes estilo Poderoso Chefão.

- Caramba. Igualzinho aos filmes... - falando alto passa a mão na tal banheira que estava limpissima.

Uma torneira que ligava com movimentos de mão era simplesmente inacreditável. Além do piso branco, que depressa a fez pensar que deveria ser terrível de manter tão claro e alvo. Sendo ótimo para contrastar com a bancada de algum material caro na cor preta, que mantinha sobre ele a pia, sabonete para lavar as mãos e toalha. Que de tão macia a levava a pensar que talvez fosse feita de seda ou qualquer outra coisa fina e cara.

Saindo do banheiro, entrou numa suíte grande, com uma cama que facilmente caberia cinco versões dela, de colcha preta, lençóis mais finos cinza e branco.

- Parece até saído de um programa de decoração. Jesus... - pensando alto continua a caminhar pelo lugar animada, mexendo em tudo como uma criança.

O chão de madeira fazia um barulho incômodo, mas as muitas pinturas espalhadas pelo lugar deixavam claro que o dono de lá era um grande amante de artes. Ou alguém com hobbies caros. Muito caros mesmo.

- Quadros bonitos... Quem será que os fez? - pensando consigo, quase toca em um dos itens.

Entretanto, logo lembrando-se que deveriam ser caros, ela mudou de ideia e continuou a caminhar. Já devia o suficiente a Luca. Não poderia apenas dever mais e mais coisas a ele. Já que não teria jamais como pagá-lo.

Numa porta de correr, havia um closet, quase um como quarto anexo, onde roupas, relógios, sapatos, gravatas e afins estavam bagunçados, delatando a identidade de quem era o dono do lugar.

- Que homem bagunceiro...

Saindo depressa do quarto de Luca, achou um escritório, também todo em madeira, com uma grande estante de livros, mesa de vidro, vários papéis jogados por todo lado, uma poltrona e uma cadeira em frente a mesa.

Sentindo-se confusa sobre a relevância de todos os livros de Jane Austen num escritório, acabou optando por não pensar muito a respeito, pegando um exemplar de "Orgulho e Preconceito" saindo do escritório para última porta que sobrou.

Em frente ao quarto, quase um apartamento, havia um segundo quarto, onde um menino estava lá e se assustou em vê-la.

- Está tudo bem, não sou inimiga. Meu nome é Anne Collins! Qual o seu? - pergunta constrangida para a criança que a olha assustado.

Parecendo procurar algo, ela liga as luzes e o ajuda a achar um caderno, onde ele escreve com letra bem complicada algo em italiano.

- Marzio Giuliani? - conseguiu ler finalmente.

Assentindo depressa ele volta a escrever em seu caderno a mostrando em seguida.

"Não posso fala. Senhor Luca manda você?" - dizia o papel que ele mostrava.

- Não! Eu achei seu quarto por acaso. Quer alguma coisa? Está com problemas para dormir, né? - Anne Collins fala com o menino que concorda.

A julgar pela hora uma criança pequena como ele estar acordado era sinal de que algo não estava certo.

"Sinto fome. Senhor Luca não fez a janta. " - ele explica acariciando a barriga.

- Vou buscar um lanche e depois vai dormir, ok? - Anne propõe estendendo o mindinho.

Repetindo o gesto, Marzio segura o dedo dela que sorri e pede que ele faça silêncio, descendo depressa.

Lá o segurança já estava impaciente achando que ela havia desaparecido no ar novamente, mas logo que a viu dispensou os outros, quase não a permitindo levar um sanduíche para o garoto.

- Tem uma criança faminta lá em cima! Me deixe levar pra ele um lanche! Não vou sumir! Eu juro...

- Irei escoltar a senhorita até lá por precaução - ele a interrompe sério.

Incrédula pela palhaçada que estava sendo submetida, Anne sobe as escadas e leva a bandeja com um lanche, que o menino aceitou de bom grado, apesar de ter medo do segurança.

- Pode nos dar um minuto? - solicitando ao senhor de cara fechada acaba sendo atendida.

"Obrigado" - ele escreve depressa logo que ficam a sós.

Aproveitando que estava com um livro em mãos, leu dois capítulos para o menino e por final cantou algumas músicas de ninar para ele.

Marzio Giuliani dormiu feito pedra e o olhando dormindo, Anne cedeu ao cansaço que não sabia ter, apagando sentada na cama do menino.

Se fosse pra continuar a brigar com os dois mafiosos que fosse depois, pois ela sinceramente não tinha ânimo algum para fazê-lo naquele momento.

Notas Finais:

Tô sumida né? Mas estou aqui novamente. Bem vindos a todos que estão lendo agora e espero que gostem do novo capítulo. Estarei regularizando minhas postagens durante o Carnaval, sendo assim, espero que gostem! E deixem seus comentários aqui, amo ouvir o que vocês tem a dizer! 😍 😍 😍

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