Capítulo 12 - Luca Quintavalla
Furioso com a ideia estúpida de seu pai, Luca Quintavalla se contém ao máximo para não causar uma cena num lugar público. Pois mafiosos eram discretos independentemente se estavam prestes a matar alguém ou não.
— Anne não é uma prostituta! Não pode apenas colocá-la lá na boate! — repreendendo ao seu pai recebe um olhar desinteressado dele.
Para o senhor Consigliere toda mulher era uma caçadora de fortuna em potencial. Ele não acreditava que Anne Collins fosse a mulher doce que era, mas sim que ela apenas agia da forma que fosse melhor para encantar homens tolos, como Luca e Romeo eram na concepção do mais velho.
— Por que não? Ela tem uma voz boa. Os meninos ficaram encantados. Poderia usar em seu favor... A mulher quer quase destruiu a máfia, cantando todas as noites para quem pagasse a entrada.
A questão é que Anne não era um troféu para ser exposto. Tratava-se de um ser vivente com sentimentos, uma vida, que merecia mais do que ser obrigada a entreter homens bêbados e estúpidos que não mereciam sequer a olhar a distância. Quanto mais ouvi-la usar sua voz angelical para cantar para eles.
Não podia apenas vendê-la daquele jeito. Anne era responsabilidade de Luca Quintavalla. Ninguém além dele poderia ouvi-la cantar.
— Como conselheiro eu lhe dou a ordem para que a use para mais que faxina. Quero Anne Collins como cantora até o final deste mês e tenho dito — encerra o assunto levando Luca a jogar seu celular no chão, furioso com o fato de seu pai usar sua hierarquia para fazer um papel ridículo daqueles.
Terminado seu café o pai de Luca se põe de pé e vai embora sem dizer mais nada, sendo acompanhado pelo seu soldado que se mostra animado com a ordem que Luca recebeu.
Alheio a situação péssima, agindo como se estivesse em meio a um desfile de moda, Romeo caminha com graça por entre as pessoas e senta onde o senhor Ruggero Albanesi Quintavalla estava, abrindo o jornal que ele lia antes de levar Anne até lá para ameaçá-la e a obrigar a cantar na boate.
— Brigaram de novo? — o Mazzacurati pergunta se fazendo de idiota.
O lançando um olhar de como quem diz: O que você acha?, Luca recebe um gesto de pouco caso do amigo.
— O que ele quer?
— Anne como cantora da boate — o capo explicando sério recebe um olhar surpreso do amigo.
Não era suspeito para ninguém que, até mesmo as moças que entravam com o único propósito de somente cantar, em algum momento tornavam-se prostitutas. Homens pagavam caro para ter cantoras em sua cama e se a mulher não tivesse uma cabeça boa, acabaria se deixando levar pelas quantias. E se Anne foi tão inocente a ponto de acreditar que Don queria apenas sua amizade, não dava para confiar que a mulher não fosse fazer o mesmo com outros homens.
— Então o faça. A área VIP anda bem silenciosa de qualquer forma. — Romeo Mazzacurati dá a saída perfeita para Luca.
Só precisaria montar um palco no lugar. O que seria bem rápido. Em menos de uma semana Anne poderia começar a se apresentar e ninguém no lugar iria tentar oferecer nada a ela, ciente que Luca Quintavalla estaria no cômodo, disposto a matar quem se aproximasse.
— Ela estava comprando algumas roupas hoje... — Luca avisando ao amigo recebe um olhar curioso dele.
— Algumas? Quantas?
— Apenas o suficiente para usar na semana... Eu acho — ele respondendo ao homem recebe um olhar confuso de Romeo.
Não tinha ideia de quantas roupas uma mulher precisava, mas algo o dizia que quanto mais roupas, melhor. Mesmo que o Mazzacurati tivesse a dado primeiro um conjunto de roupas, Luca a daria o resto do guarda-roupa ao longo do mês, sendo assim Anne iria ficar mais contente que quando seu amigo a presenteou na cozinha.
— Seria bom algo que não a deixasse sair mais roupas para um mês pelo menos. E com relação a cuidados? Ela foi ao salão também?
Pensando que se esqueceu daquilo, Luca Quintavalla pega seu telefone e liga para seu braço direito, Leo, que atende no primeiro toque.
— Já terminaram?
— Sim senhor.
— Elas só compraram roupas? — perguntando discreto recebe um pigarro do homem.
— Na verdade, elas foram a um salão... — contou constrangido.
Afastando-se do fone, ele apenas olha para Romeo Mazzacurati e logo diz:
— Bem, ela foi sim. Tudo resolvido.
Com a risada do seu amigo, ele concluiu que no mínimo havia escutado a conversa, recebendo um sinal positivo do homem.
— Estamos no estacionamento, pretende voltar... — Leo começa a falar antes de fechar o porta malas e luva escutar o som de um tiro ao fundo.
— Ai meu Deus! — Onika grita o alarmando.
— Romeo! Alex está atrás de Anne... — avisou ao amigo que depressa se levantou da cadeira.
— Onde?
— Quem de vocês é Anne Collins? — a voz masculina pergunta o fazendo correr na frente de Romeo.
Ao cair a ligação, Luca já tirou sua arma de onde mantinha guardada, sendo imitado por Romeo que parecia muito agitado.
Havia a dito que não dissesse quem era de jeito algum. Teria Anne amor à sua vida e seguiria seu conselho?
Conseguindo chegar a tempo de ver Anne ser desarmada, viu um dos homens a puxar pelos cabelos antes que ela caísse no estacionamento e pegasse a arma que derrubou antes, atirando Luca no braço de um, fazendo o outro sair correndo.
Destravando novamente a arma, Anne Collins volta a atirar, desta vez várias vezes no homem que ele derrubou com um tiro no braço.
— Anne! Para! Pelo amor de Deus! O que está fazendo?
Mesmo após as balas acabarem, ela continuou puxando o gatilho até que Romeo a tirou a arma, abraçando com calma.
— Está tudo bem, querida... Acabou — disse abraçando ela que agora chorava.
Não sobrou o que interrogar.
Anne apenas descarregou a arma no cara sem pensar no que fazia. Apesar de desesperado, Luca liga para seus dois seguranças, que o perderam de vista em determinado momento, para que pudessem ajudá-lo a carregar seus dois conhecidos mortos.
— Bota ela no carro e só para quando chegar na boate — disse ao seu amigo que de pronto guiou Anne para o banco de trás, onde a colocou com cuidado e saiu rápido.
Se Anne não fosse tão boba de parar para conversar com seu pai não teria nada daquilo acontecido.
Quando se era alguém caçada qualquer segundo era valioso e ela mais do que ninguém deveria saber daquilo. Já era hora de Anne Collins começar a entender as consequências das coisas estúpidas que fazia.
Após resolver toda a situação lá, saiu contendo se ao máximo para não explodir com ninguém que não tivesse nada a ver com a situação.
Alexander estava passando dos limites e ia matá-lo assim que tivesse provas que ele mandou aqueles homens irem até Anne Collins.
Entrando no lugar que todas as suas funcionárias estavam chorosas no salão, passou direto por todas, indo direto até seu quarto onde Romeo manteve Anne presa, por ela querer a todo custo ir embora:
— Você quer ir embora? Vai! Mas fique ciente que da rua em diante nenhum de nós dois podemos ajudá-la! Voltar para o Don é uma sentença de morte certa! — Luca já entra gritando no quarto ignorando o olhar irritado de Romeo.
— Luca, chega. Anne não podia adivinhar que isso fosse acontecer! — o Mazzacurati tentou acalmá-lo em vão.
O empurrando para sair da sua frente, Luca aponta para ela que o olhava assustada, a olhando nos olhos e por fim dizendo:
— Quer apostar comigo que nem na esquina você chega? Mas a porra da escolha é sua, Collins! Ficar e viver, ir ou morrer, quem sabe é você! Não vou ficar adulando uma adulta!
— Luca! Já chega! Todos estamos chateados, não desconte... — Romeo começa a defender a mulher que apenas o olha de maneira peculiar.
Não lembrava de a ver com aquele olhar antes. Provavelmente, deveria ser algum tipo de admiração.
Agora pra ele que vivia a ajudá-la, cuidando e protegendo, Anne Collins apenas o olhava com medo e receio.
— Se ela não tivesse sumido e atrasado a porra do cronograma, nada disso teria acontecido! Entende agora? Uma falha sua, custa a vida de alguém! Eu perdi meu braço direito e uma ótima garota lá! Cresça, Anne! Pare de ser tão boba! Obedeça às ordens que você recebe!
— Um homem armado me disse para segui-lo e eu o fiz! O que faria em meu lugar? Não sou um soldado seu! Não me trate como se fosse um! — ela quebrando seu silêncio o encara.
Esperasse. Ele sempre iria atrás dela. Jamais a deixaria a mercê de loucos.
— Minha casa minhas regras! Você vai me obedecer sim! Caso contrário, fique a vontade para ir pra rua! — Luca Quintavalla gritou de volta para Anne que de imediato saiu do cômodo.
Não sem antes esbarrar nele de propósito.
— Você precisa ser mais paciente! Anne está lidando com muita coisa, cara. Ela é a melhor chance de tirar Alex e Don da liderança da família! Sem ela como vou cumprir meu acordo com o Lupino?
Em troca de aliviar a sentença de Luca, que a princípio seria morte, Romeo deu sua palavra que ao se tornar o Don da família Mazzacurati iria apoiar Michelangelo na sua candidatura.
Sem Anne Collins para eles não haveriam provas, resultando na morte de Luca e de Romeo por não cumprir sua palavra.
— Ela precisava disso. Vai atrás dela e põe ela no segundo anexo. Uma noite sozinha vai amansar ela... — Luca Quintavalla sugeriu se sentando numa cadeira, massageando suas têmporas.
Pensando no quão cruel Anne Collins deveria pensar que era, Luca escuta seu celular tocar, atendendo no primeiro toque:
— O que é?
— A senhorita Collins acaba de sair. — Johnny avisa o fazendo levantar depressa.
— Ela saiu? Para onde? — rebateu nervoso com a resposta que viria, se colocando de pé.
A noite sozinha ela poderia se meter em muitos problemas. O que deu na cabeça dela?
— Não tenho ideia senhor. Ela passou pela porta e sumiu. Não a acho em lugar algum...
— Romeo. A Anne saiu — falou com seu amigo que o lançou um olhar irritado.
Romeo Mazzacurati jamais, diria algo tão infantil quanto, eu te avisei, mas seus olhos passavam exatamente aquela frase como num letreiro.
— Alguém está a seguindo? — seu amigo pergunta ainda calmo.
— Eles dizem que ela sumiu. Passou pela porta e desapareceu... — falou baixo desligando o aparelho.
Naquela hora não havia mais nada aberto. Toda a cidade, exceto dois lugares estavam abertos:
A boate dos Quintavalla e o bordel sujo dos Selvaggi, uma máfia rival a deles, que por conta dos seus trabalhos com tráfico de drogas e pessoas vinha crescendo na área.
O gerente do lugar Alonzo Selvaggi, filho único de Amalio a hora daquelas deveria estar dando início aos trabalhos de lá também.
— Temos de ir rápido. Se ela for parar na boate do Alonzo...
— Pra tirar de lá teremos que começar uma guerra. — Romeo sai do cômodo depressa, pegando uma arma com um dos seguranças.
Como um dia poderia piorar tanto?
Notas Finais:
Quando você não vota e nem comenta, sonhos morrem e histórias deixam de serem atualizadas. Não seja bobo, inventive um autor nacional de maneira gratuita deixando seu voto e pelo menos um comentário! Um “amei, continua” é tudo que pode faltar para aquela sua história favorita ser atualizada...
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