Capítulo 5


Wesley havia ficado no banheiro até o sinal do intervalo bater, conversando com Valerie e às vezes ela mandando as garotas que entravam sair. Ficaram falando coisas aleatórias, sem importância. Até o professor de química achar eles, e o mandarem para a diretoria. Valerie ficou no lado de fora, a diretora Abby conversaria com ela depois. A ruiva estava tensa, por seu amigo e por temer ter um risco vermelho em meio seu currículo totalmente azul.

E é claro que Wesley não deixaria eles fazerem isso com ela, ela já tinha se arriscado demais por sua causa, isso era o mínimo que o garoto poderia fazer.

Adentrou a sala fria da diretora por causa do ar-condicionado, e se sentou na cadeira de madeira. A cadeira já estava acostumada com a presença de Wesley ali. Já havia perdido as contas de contas vezes fora chamado pela diretoria.

- Devo aceitar isso como um ato covarde? – Disse a diretora Abby, entrelaçando os dedos sobre a mesa, e dobrando as pernas.

- Se esconder? – Wesley levantou uma sobrancelha, e virou a cabeça para o lado.

- Fugir. – Disse a mulher de cabelo encaracolado á sua frente.

- Eu não fugi. Se eu tivesse fugido, não estaria aqui.

- Vai me contar o que aconteceu? – Perguntou a diretora Abby cruzando os braços.

- Você vai acreditar?

- Eu deveria?

Wesley encostou as costas na cadeira, e esticou as pernas. Já se sentindo entediado por tudo isso. Ele sabia muito onde essa história iria levar.

- Eu conto se você tirar o nome da Valerie do meio – Eles tinham tanta intimidade que Wesley nem se dava o trabalho de chama-la de senhora. Quase riu por isso.

- Então não conta – Debochou Abby – A Senhorita Carter tem sua ficha manchada, você tem mais uma nota vermelha, e Ed sai ileso.

Wesley pensou por um instante. O que era raro. Ele estava em um campo minado, qualquer passo em falso, e tudo explodiria. A reputação de Valerie e Ed sairia impune.

- Não preciso contar. – Disse o garoto, desafiando pisar em uma bomba – Você sabe o que aconteceu. Mas o que você não sabe é que essa escola não é tão perfeita quanto você pensa. Sabia que tem alunos se sentindo reprimidos por causa de outros alunos? Que essa escola tem problemáticos, e pessoas que nem se importam mais com presença? Sabia que tem professores que saem chorando das suas salas? Ou nem se importam com dar aula?

- Wesley...

- Você enxerga as coisas que quer ver, mas não vê as verdadeiras coisas que acontecem aqui. E nem quer saber, e nem se importa de procurar. Porque essa escola – Wesley cruza os braços e cerra os dentes – é fodida!

O garoto se levanta e sai da diretoria, recebendo olhares do professor que os encontrara. Olha para Valerie, que estava com as bochechas inchadas e o nariz vermelho. Provavelmente, estava chorando. Olhou para frente, claro que ele não deixaria sua amiga com esse bando de idiotas.

Puxou a garota pela mão, fazendo-a levantar bruscamente, a levou até o corredor dos armários. Ela soluçava, estava com medo do que Wesley poderia dizer.

Mas ele não falou nada, apenas se virou para ela, e puxou a manga da blusa da garota, e passou pelas lágrimas que escorriam pela sua bochecha rosada e molhava sua camisa. Quando percebeu que não estava funcionando, passou o polegar por sua face e sorriu devagarinho, e calmamente.

Valerie o abraçou puxando o garoto para perto de si, e Wesley, como não estava acostumado com esse tipo de carinho, apenas deu dois tapinhas em cima da cabeça da garota até ela o soltar, e levantar sua cabeça para sorrir para ele. Wesley retribuiu com um sorriso fraco de lado.

Dylan apareceu, fazendo toda a calmaria de Wesley ir embora, e se transformar em um tornado de raiva e ódio.

- Vocês estão bem? – Perguntou o loiro, quando chegou aos dois amigos.

- Por que não estaríamos? – Valerie até tentou dizer algo, mas foi interrompida pela voz rouca do moreno. – Por que se envolveu? Por que impediu? Por que não deixou? – Disse ele se aproximando de Dylan, o fazendo dar passos para trás.

- Para com isso, Wesley – Disse a ruiva, tentando puxar a camiseta de seu amigo. Mas foi empurrada com força em direção ao chão.

Quase caiu se não fosse segurada pelos braços de Ed. Valerie se apoiou no garoto, e endireitou sua postura. A ruiva olha para seu amigo que ainda está de frente para o loiro. Seu olhar transmitia tristeza, medo. Medo do seu único amigo. Medo de Wesley.

Wesley encarou a cena dos dois, e voltou seu olhar para Dylan, que tremia.

Todos estão com medo de mim.

Era verdade. Wesley empurrou o loiro, colocou suas mãos nos bolsos da calça, e saiu em direção á qualquer lugar. Não era seu armário, nem sua respectiva sala, apenas queria sair dali, onde todos tinham medo dele. E no final, quando o garoto pensou que havia saído do campo minado, acabou entrando em outro, e explodiu tudo.

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