Capítulo 4

Wesley havia tido uma péssima noite de sono, quase não conseguira dormir. Sonhava com sua mãe. Ele estava no banco de trás do carro, e via sua mãe sendo esmagada por algum caminhão. O garoto odiava a sensação de que ele poderia ter feito mais, ou que deveria ter feito mais, por mais que ele repetisse para si mesmo que não era culpa sua, sua mente sempre volta no dia do acidente.

Abriu os olhos, e sentiu as olheiras pesarem seus olhos, o fazendo ter dor de cabeça. Encarou o teto, e sentiu as lágrimas virem e pousarem sobre seus cílios inferiores. Porém, não as deixou cair. Não podia, e nem queria na verdade.

Virou seu rosto para o lado, e viu a cama arrumada de Dylan. Rolou os olhos pelo quarto para ver se encontrava o loiro, mas não obteve sucesso. Dylan não estava mais ali. Wesley pensou em desistir de ir à escola, pois seu pai não se importava, pensou em matar aula, mas teria que arrumar uma boa desculpa para a mulher que não trabalhava e ficava em sua casa o dia todo.

Wesley percebeu que estava perdendo tempo. Não iria matar aula, nem parar com a escola, pensou em Valerie, e em sua mãe. Não era o que elas iriam querer.

Pela mamãe.

Era a frase que vinha dando forças para o garoto para continuar.

Se levantou, quase que rápido demais. E cambaleou até seu guarda-roupa, e pegou a primeira roupa que viu pela frente. Calçou seu tênis coturno preto rapidamente, e apenas passou sua mão molhada no cabelo, e desceu as escadas. E de novo, quando descia as escadas, pensou em voltar para a cama, mas olhou para baixo e viu suas roupas. Estava com preguiça demais para tira-las.

- O que houve? – Perguntou Emilly que viu o garoto descer de repente.

- Tô indo para a escola. – Disse Wesley arrumando sua mochila nas costas.

- Mas Dylan disse que você não ia. – Disse a mulher, tirando o avental que rodeava sua cintura – Vai comer?

- Não.

Wesley apenas respondeu e foi em direção á porta da sala, mas sua atenção foi chamada pelo seu pai, que balançava o pé freneticamente, o olhando por cima do jornal. O moreno levantou a cabeça de leve, indicando para Paul que ele estava o escutando.

- Não fale assim com Emilly. Não sei o porquê dela se preocupar tanto com você. Você é só mais um adolescente mimado, e rebelde.

- Também não sei o porquê – Disse Wesley com um tom irônico, colocando a sua mão por cima da maçaneta e a girando em seguida.

Saiu de sua casa. Encarando os vizinhos que o olharam, e voltaram para dentro de suas casas como se ele não tivesse ali. Se fossem outras pessoas, os vizinhos iriam cumprimentar e dar um bom dia, mas esse não era o caso. A 'família' de Wesley era tudo, menos normal, e também, desde que se mudaram, as pessoas que moram do seu lado não gostaram muito deles.

Mas o garoto nem se importava com isso, Wesley queria mais que esses vizinhos explodissem, porém, bem longe da casa dele para não sujar o gramado.

Correu até sua escola, pois sabia que estava muito atrasado. Sentiu sua mochila vazia subir e descer em suas costas, enquanto ele prendia o fôlego e esbarrava nas pessoas. Wesley é um ex-atleta, tinha que pelo menos ter tido algo bom em estar tanto tempo no time, e não ganhar nenhuma partida.

Era por isso que a escola era motivo de zoação das outras escolas.

Desacelerou seus passos quando viu o zelador no portão da escola, tentou passar despercebido quando o homenzarrão prestava mais atenção nas alunas que passavam, ou até mesmos xingando outros alunos, que olhavam para Wesley e faziam caretas.

Wesley conseguiu passar. Foi correndo até o corredor, dando de cara com várias outras pessoas olhando para ele, e rindo. Tinha algo estranho.

Tem algo errado!

As pessoas nunca prestavam atenção no garoto, somente quando Ed aprontava alguma coisa e colocava o nome de Wesley no meio. E isso não era uma coisa boa, nem de longe.

Viu um cotoco de pessoa ruiva correndo em sua direção, e parando em sua frente, com as bochechas vermelhas e com a respiração irregulada. O olhando com os olhos arregalados.

- Mas que porra, Valerie... – Wesley foi interrompido, dando um passo para trás quando a ruiva esticou seus braços, e mostrou o porquê de todos estarem o olhando daquele jeito.

Uma foto. Uma maldita foto. Era de Wesley de frente para alguém, com as mãos nos bolsos, mas não só isso. A foto foi mudada, provavelmente por um editor barato. Parecia que Wesley estava colocando suas mãos por dentro das calças. E em cima estava escrito 'triste por ter um pinto pequeno'

O garoto encarou aquilo como uma provocação. É claro.

- Eu vou fazer Ed engolir isso. – Pegou o papel de Valerie para poder enxergar melhor, embora já soubesse do que se tratava. Sentiu sua mão queimar quando segurou aquilo – E fazê-lo engasgar.

Wesley empurrou Valerie para o lado, e logo se arrependeu por isso, mas estava bravo demais para ir atrás dela e se desculpar. Foi em direção ao refeitório, onde com certeza Ed estaria conversando com seus amigos idiotas. Abriu a porta bruscamente, e localizou o garoto com os olhos, percebendo a presença de Dylan ali também, mas estava ocupado para ir xinga-lo.

Foi quase voando para cima de Ed, o tirando do conforto da cadeira, o puxando pelo colarinho de sua camiseta social.

- Eu vou te partir no meio, Bayers! – Gritou Wesley. As pessoas já haviam se aglomerado ali, esperando pelo pior. Pior de Ed.

- Me solta, Style. – Disse o garoto, que só sentia o chão nas pontas dos pés. Segurando os punhos de Wesley, que se fecharam na roupa do garoto. – Então é verdade?

- Quer que eu te mostre? – Respondeu o moreno no mesmo tom.

- Bichinha! – Disse Ed, soltando um sorriso de deboche.

Wesley não aguentou, nenhum outro alguém aguentaria. Empurrou Ed para longe, e encarou os amigos deles, que não faziam nada, apenas olhavam.

Amigos da onça, pensou Wesley por um instante.

Aproximou-se de Ed de novo, e levantou seu punho. Esqueceu totalmente o que ele iria fazer, apenas queria descontar aquilo. As risadas, os olhares, os deboches. O garoto que estava quase levando um soco no rosto, fechou os olhos, e preparou a desculpa que iria dar para seu pai sobre o olho roxo.

Deveria ter ficado na cama.

Seu punho ia deslizando a gravidade, quando parou no ar. E todos ao redor, se espantaram. Wesley parou quando seus olhos encontraram os olhos cor de esmeralda de Dylan, a única pessoa que o moreno não seria capaz de machucar. Sua respiração mudou, e sentiu seu coração acelerar tão de repente, que talvez todos ali presentes poderiam ouvir.

Dylan abaixou o antebraço que usou para parar Wesley, e o encarou. O moreno abriu levemente a boca, mas não saiu som algum, franziu o cenho e se perguntou o porquê dele estar ali, entre ele e Ed.

Dylan estava apavorado, com medo do que o cara á sua frente poderia fazer, o empurrar, o bate, ou o mandar sair com palavrões e grosserias.

Mas seu contato visual foi cortado, quando a mão de Wesley foi puxada por unhas grandes, e mãos delicadas. Wesley olhou para frente, e viu a tempestade laranja. Mas voltou a olhar o loiro, que o seguia com o olhar até ele sair do refeitório.

Valerie o puxou até o banheiro feminino, fazendo o garoto que puxara entrar, e mandar as garotas saírem.

- Vamos ficar aqui. – Disse ela, indo em direção a Wesley, o encarando de perto, balançando a cabeça – Até a poeira abaixar.

Era um plano, é claro que Dylan nunca faria aquilo por vontade própria. Ainda mais por causa do jeito que Wesley o tratara tão mal. Não é?

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top