Capítulo 29

Wesley estava muito cansado. Havia dias que não dormia. Logo após seu pai ser preso passou dois dias na delegacia explicando como ele conseguiu descobrir tudo sem a ajuda de ninguém. É claro que ele não pôde falar sobre Cora, a policia nem podia imaginar que Cora havia contado primeiro para um garoto de 17 anos do que para a própria policia. Pelo menos, o caso da morte de sua mãe foi aberto de novo.

Cora sabia dos riscos no momento que guardou aquele segredo por anos, sabia que uma hora alguém começaria a fazer perguntas demais ou então ela soltaria alguma coisa sem querer enquanto estivesse bêbada ou algo assim. A policia só fez Cora pagar uma multa, embora ela soubesse que ninguém ia mais querer ser consultado por ela. E agora está tentando se aposentar.

Hoje é a primeira vez que Wesley vai à escola depois disso tudo. Dylan e Valerie disseram que não o deixaria um segundo sequer, mas eles tiram uma prova final, na qual Wesley nem se importava, e eles teriam que estudar para isso.

Wesley, enquanto passava pelo corredor, conseguia sentir os olhares de pena sobre ele. A cidade toda provavelmente sabia sobre seu pai e sua mãe. E estava cansado disso, mas nada do que fizesse, relaxar ou dormir por horas, poderia tirar esse cansaço dele.

Emilly estava na casa de uma tia de Dylan que também mora na cidade, a casa de Wesley ainda estava sendo investigada e por isso, estava lacrada pela faixa da polícia. E por isso, ele usava uma das blusas de Dylan para ir para a escola e estava dormindo na casa de Valerie.

Wesley não queria estar ali, porque no final, aquilo era o que ele menos se importava. Mas estar sozinho também não era uma boa ideia e isso era o que ele mais temia.

Sentiu o olhar preocupado de Dylan ao seu lado, que encostou sua mão levemente na do moreno que estava um olhar perdido.

Está tudo bem?

Não, não estava tudo bem.

Valerie estava normal, sempre cumprimentando os alunos que passavam por ela. Algumas pessoas até perguntam sobre Wesley, mas ela se recusa a responder. Ou diz "ele está bem, obrigado".

Mas Wesley estava longe de estar bem.

Eles estavam no refeitório. Valerie comia uma maça enquanto tomava um suco natural de laranja que ela mesma havia trazido de sua casa e Dylan comia um pedaço de pizza que havia comprado. E Wesley não comia nada, ele não conseguia.

Ele não conseguia nem se quer olhar na cara dos amigos, estava com vergonha e com raiva por causa de seu pai. E odiava isso também.

- Quer? – Dylan oferece sua pizza, mas Wesley recusa com a cabeça. – Vou buscar algo para você.

Antes mesmo de Wesley poder dizer que não precisava, Dylan levanta da mesa e vai até a cantina.

- Eu sei o que você está fazendo, então para.

- O quê?

- Para, Wesley. Sei que é uma merda, seu pai é a porra de um assassino e sua mãe foi morta por ele, mas tem pessoas aqui que estão dispostas a viver por você. Acha mesmo que a sua mãe iria querer que você parasse sua vida e afastasse seus amigos e as pessoas que te amam? Não, não iria. Eu perdi a minha mãe também, lembra? E eu sei que não é fácil, mas a única coisa que resta para fazer é continuar. Então, para de afastar ele.

Dylan aparece antes de Wesley poder se defender. O loiro entrega para ele um prato com um misto quente em cima.

- Come. – Ordena Dylan.

Wesley encara o garoto, tentando dizer que não iria comer, mas não adianta. Dylan sustenta o olhar e Wesley cede, e dá algumas mordidas sentindo seu estômago gritar em agradecimento e dor.

Valerie e Dylan se entreolham enquanto Wesley terminava seu misto quente. Seu joelho com o do loiro se encostam por alguns segundos, mas o moreno automáticamente se afasta e então entende o que sua amiga ruiva quis dizer sobre parar.

- Você quer sair hoje? - Perguntou Wesley, se direcionando a Dylan que foi pego de surpresa.

- Mas e você, Val?

- Podem ir, eu tenho que estudar.

Valerie não tinha que estudar, só queria os deixar as sós.

Dylan sorri ao saber que iria sair com Wesley, que por mais de uma semana estava deprimido e estressado. Ele sabia muito bem que aquilo era difícil, mas era ainda mais difícil vê-lo daquel jeito meio sem vida.

Wesley não sorria, nem fazia piadas ruins igual antes. Embora ele esteja assil antes mesmo de seu pai ir preso, ele parecia piorar ao saber que seu pai havia confessado. Porque no fundo, Wesley não queria acreditar.

Os dois resolveram ir para o parque de diversões, pois era o seu lugar favorito. Wesley comprou algodão doce pra Dylan, o de sempre. Os dois andavam um ao lado do outro. Mas ainda havia olhares de pena sobre Wesley que nem se importava mais, mas o machucava.

O clima estava frio. Por sorte, Valerie tinha jaquetas quentes no armário que emprestou para Wesley.

Wesley viu Dylan esfregar as mãos na esperança de as esquentar. Então ele segurou as mãos de Dylan e as enfiou no bolso de sua jaqueta. Dylan se assusta com o ato carinhoso. Sentiu suas mãos juntas com a do outro, as apertando levemente.

Os dois continuaram andando. Wesley ganhou um ursinho de pelúcia para Dylan no tiro ao alvo. Era um panda gigante.

Ambos não falavam nada. Apenas andavam um ao lado do outro. Wesley percebeu a inquietação de Dylan, então segurou a mão dele e a entrelaçou com a sua.

- Vamos embora? - Pergunta Wesley.
Dylan apenas balança a cabeça.

Wesley prometeu leva-lo até a casa de sua tia. Até porque queria passar mais tempo com ele, mesmo que apenas alguns minutinhos a mais.

A casa não era tão longe da de Valerie. Apenas duas quadras. Wesley segura a mão de Dylan e entrelaça seus dedos com o do outro.

- Chegamos - Diz Dylan.

Wesley olha a casa, com as janelas fechadas e as luzes desligadas. Na verdade, ele nem se importava mais de ser visto com ele.

O moreno se aproxima e passa suas mãos pelo rosto do garoto à sua frente. Sorrindo, quase escondido por causa da escuridão.

Dylan o beija, passando sua mão pela cintura de Wesley. Não era uma despedida, embora parecesse muito. Ambos sabiam que não se veriam mais após a formatura. Mas Wesley rezava para que o mundo parasse ali mesmo.

Suas bocas se afastam e os dois se olham, ainda mantendo suas testas coladas. Dylan estica os lábios para o lado tentando reconfortar seu namorado.

- É melhor você entrar - Diz Wesley.

Dylan olha em direção à casa de sua tia toda escura. Volta o olhar para Wesley e lhe rouba um beijo. Indo em direção à porta, acenando.

Wesley queria coloca-lo em seus braços e nunca mais soltar. Mas isso seria egoísta e um crime.

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