Capítulo 24


Wesley não sabia o que fazer, já havia passado por isso algumas vezes, mas dessa vez era diferente, não era Valerie ou Ed, que tornaria aquela situação mais fácil de lidar. Era alguém desconhecido, alguém que ele nunca imaginou o rosto, não sabe onde mora, o que gosta, ou se gosta de alguma coisa.

Primeiro, se sentiu culpado, ele que teria tido a ideia de sair naquele dia após a escola, ele queria comprar algumas coisas e chamou Dylan para acompanha-lo, e agora, Dylan está sendo reprimido por um bando de fanáticos que não tem mais nada para fazer de bom na vida.

Depois da culpa ir embora, com o pensamento de que algum momento na vida deles isso iria acontecer de uma maneira ou outro, a raiva o consumiu, Wesley queria socar a cara deles, mas sabia que não podia. Isso só pioraria as coisas para Dylan, talvez se ele estivesse sozinho ele resolveria as coisas assim.

Wesley deu dois passos, mas parou, quando viu Dylan levantar a cabeça e sorrir para os fanáticos que gritavam muito alto. O moreno achou que ele iria chorar ou ameaçar chamar a policia, mas não o fez.

- Vão se foder! – Diz o loiro, com muita raiva. Os lunáticos começaram a gritar ainda mais, coisas como: Você vai para o inferno.

Mas isso nem chegou aos pés de Dylan, ele estava protegido por uma barreira: os braços de Wesley.

Wesley que os olhava com uma cara de deboche, passou os braços por cima dos ombros do garoto que segurava algumas sacolas.

Os dois saíram dali, estava aliviado que haviam saído em algemas e em um carro de policia, pois o tamanho da raiva que Wesley sentira foi enorme.

Os dois continuaram caminhando e rindo internamente. Até resolverem comer alguma coisa.

- Não vamos falar nada? – Pergunta Wesley, que tomava um pouco de seu refrigerante.

- Falar o quê? – Pergunta Dylan que mantinha seus olhos fechados, e comia seu hambúrguer.

- Aqueles idiotas e o jeito que você lacrou pra cima deles.

- Eu só respondi, antes que você fizesse alguma merda.

- A gente deveria ir na policia – Afirma o moreno.

- Eles estão expressando o que acham que é certo, não têm nada de errado nisso, é liberdade de expressão.

- Eu sei, mas eu me ofendi, é errado. – Wesley cruza os braços.

- Você é contra a liberdade de expressão?

- Sou, quando me ofende. Deixa de ser liberdade de expressão quando ofende alguém.

- Wesley – Começa Dylan, deixando seu hambúrguer de lado – As pessoas enxergam o que elas querem enxergar. Geralmente, são criadas desse jeito desde pequena, claro que existe algumas que conseguem mudar, mas outras não. Mudança é um processo longe e demorado. Você não pode adiantar isso.

- Eu odeio quando você tem razão. – O moreno cruza os braços – Isso não me impede de puxar o pé deles de noite.

Dylan ri e balança a cabeça. Wesley sentia essa felicidade temporária se desfazendo em cada sorriso do garoto á sua frente. Mas não sabia quando ou por que, só sabia que isso iria acontecer eventualmente, e ninguém seria capaz de parar isso.

- Preciso falar com você – Disse o moreno.

- Claro – Disse Dylan, que limpou a boca com um guardanapo.

- Eu não aguento mais Dylan, não mais. Não consigo olhar para Emilly e saber que Paul está enganando ela. Eu não posso mais.

- Entendo – Dylan sorri – Então, o que vamos fazer?

- A gente não vai fazer nada, eu vou.

Dylan faz cara de bravo e cruza os braços, ele estava farto de Wesley tentar protege-lo em situações que ele não precisa ser protegido.

- Nem vem, Wesley.

- O problema é meu, não seu.

- É a minha mãe.

Wesley pensou, ele estava certo. Isso, ele querendo ou não, tinha tudo a ver com Dylan, pois era sobre sua mãe.

- Eu não posso ser egoísta – Diz Wesley, sorrindo com as mãos em volta do rosto do garoto á sua frente – Não com você.

Dylan sorri e o abraça meio desajeitadamente. Fazendo seus corações se juntarem.

Os dois foram para casa. Enquanto Dylan falava sobre como Stars Wars era incrível e que um dia eles iriam assistir juntos á todos os filmes, Wesley concordava sempre e se perdia na voz de Dylan, mas não de uma maneira boa.

Ele se perdia porque a voz do garoto ecoava por sua cabeça, ele tinha esse problema de pensar demais e às vezes pensar de menos tanto que o incomodava. Ele poderia estar pensando como dizer para Emilly que seu pai a traia e provavelmente tinha outra filha.

Wesley nunca parou para analisar a situação, ele tinha uma irmã, uma real meia irmã. Imaginou se sua mãe soubesse disso. Imaginou que fosse por isso que ela saíra de carro no dia de sua morte.

- Wesley? Você tá bem? – A voz de Dylan trouxe o moreno de volta.

Ele conseguiu colocar esses pensamentos em sua cabeça no final de contas.

- Tô legal, por que?

- Você tá ai parado na frente da porta á alguns segundos, pensei que tivesse tendo um treco ou algo assim.

Wesley logo percebeu onde estava. A porta de sua casa estava aberta pronta para entrarem bem à sua frente. Ele olhou para Dylan que o esperava e logo adentrou sua casa que estava escura por dentro.

Emilly e Paul provavelmente dormiam em seu quarto. Dylan foi direto para a cozinha achar alguma coisa para comer enquanto Wesley se sentou em uma das cadeiras da mesa na esperança de que o loiro dê para ele o mesmo que ele for comer.

- Você tá bem mesmo? Você parece meio distante. – Comentou Dylan, mordendo seu sanduiche de mortadela.

O moreno percebeu que Dylan não ia dar para ele o mesmo sanduiche, então se levantou, pegou o sanduiche do loiro e deu uma mordida.

- Ei! – Reclama Dylan.

- Eu tô bem, já disse – Responde Wesley.

Os dois ficaram se olhando. Dylan sabe que o garoto ao seu lado estava mentindo, ele o conhecia bem o suficiente para saber. Queria perguntar o que ele iria dizer para sua mãe ou quando, mas ele não tinha certeza se Emilly estava dormindo ou não.

O telefone toca e como Dylan ainda come seu sanduiche, Wesley vai até a sala atender.

- Alô? – Pergunta Wesley.

- Wesley?

O moreno logo reconhece a voz. Ele lança um olhar desesperado para Dylan que percebesse e vai direto para a sala.

- Sim, é ele.

- Sou eu, a terapeuta Cora. Preciso falar com você.

- Claro, pode falar – Respondeu Wesley, sentindo seu coração bater tão rápido.

- Eu pensei no que você disse e tem razão – Disse Cora – Eu realmente não quero carregar essa culpa, não quero. Então, eu vou te contar a verdade. Mas você vai ter que estar disposto a ouvir.

Wesley não responde na hora. Ele afasta um pouco o telefone do ouvido e olha para Dylan, que se perguntava quem era e o que estava acontecendo. O moreno pensou se aquilo era realmente o que ele queria. Mas no fundo, ele sabia a resposta.

- Sim, tô disposto a ouvir. 

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