Capítulo 23
Wesley acordou, e esticou os braços. Não sentiu a cintura de Dylan na cama, e quando abriu os olhos, viu uma cena que parecia aquela de novelas. O sol forte quase o cegando, a imagem de Dylan só de cueca, na janela, o cabelo bagunçado, o olhar perdido. Eram cenas como aquela que fazia o moreno se apaixonar de novo por seu companheiro.
E o fazia se questionar se descobrir a verdade sobre sua mãe realmente valia a pena, ela já havia morrido á muito tempo, descobrir alguma coisa agora não ia mudar a vida de muitas pessoas.
Ele se levantou e foi em direção de Dylan, passou seus braços por em volta do pescoço do loiro.
- O que você tá olhando? – Perguntou Wesley.
- Nada, só observando.
- Os vizinhos? Seu pervertido.
- Não – Dylan solta uma risadinha nasal – Só o lugar. Nunca havia percebido o quão bonita essa casa é.
- Você acha?
- Com certeza, adoraria morar nela.
- Você está menosprezando a minha humilde casa? – Wesley diz, soltando de Dylan e encostando-se à parede.
- Não, sua casa também é bonita – Responde Dylan – Dormiu bem?
- Com você me chutando a noite toda? Com certeza. – Diz Wesley, sorrindo de lado.
Dylan solta uma risada leve e dá um soco no braço de seu namorado. Wesley gostava desses momentos deles dois. Onde só havia eles e o céu, sem problemas, sem nuvens carregadas de chuva, sem roupas, sem nada.
- Não chutei você – Dylan faz biquinho, com quem estivesse triste.
- Não faz essa cara.
Os dois tinham essa mania estranha de fingir uma briga, talvez quando eles se separassem, e isso era inevitável, iriam brigar e colocar a culpa nisso, apenas porque é mais fácil do que colocar a culpa nos adultos.
Eles ainda não conversaram sobre o que iriam fazer sobre a traição de Paul, sabiam que tinham que contar, mas não sabiam como e nem quando. Eles queriam tempo, só isso. Porém, ninguém na terra tem tempo de verdade e isso não poderia ser facilmente comprado. Dylan sempre dizia que se sentia mal quando olhava para sua mãe e sabia que seu marido estava a enganando. Ele queria contar, mas ao mesmo tempo queria deixar quieto os assuntos que não eram seus. E claro, ele nunca falaria isso para Wesley, que tentaria resolver tudo na base errada.
Valerie até tentou ajudar eles conversando sobre como ela via esse tipo de coisa serem resolvidas em filmes, já que a mesma assiste vários filmes de ação, mas Wesley sempre a dizia que não adianta pois nenhum filme diz sobre seu pai psicopata que esconde alguma verdade de sua mãe morta. E conversar sobre isso, depois de umas horas, parou de fazer efeito neles. Estavam perdidos, sem saída. Eles teriam que aprender a dizer adeus um para o outro e lidar com a partida. Isso seria o menos pior.
- Estamos fodidos – Diz Wesley, fazendo Dylan o olhar. O loiro levanta a sobrancelha, incerto – Não tem saída sobre nós dois.
- Eu sei – Diz o loiro, fechando as cortinas da janela, uma vez que os vizinhos apareceram.
O quarto ficou escuro, apenas pela pequena iluminação da fresta de luz que a cortina cinza não conseguia cobrir.
- Queria que meu pai sumisse, sabe – Diz o moreno – Tipo, puff, explodisse. Seria tão mais fácil. Ou que a minha mãe voltasse. – Suspirou – Eu não estaria namorando meu irmão de consideração.
Dylan sorriu, mas não estava feliz ou achava aquilo engraçado. E claro Wesley percebeu sua indiferença, o moreno o conhecia tanto quanto conhecia a si mesmo.
- Para – Diz Dylan, antes de dar tempo de Wesley formular um questionamento.
- O quê?
- Você e sua auto insuficiência sobre as coisas, antes eu me preocupava demais, mas agora é realmente chato. Como se tudo se baseasse no seu pai e nos seus problemas com ele. E não é bem assim.
- Dylan...
- Sei que tá tudo uma merda e que a gente não tem futuro – Diz o loiro, que evitava olhar nos olhos do garoto á sua frente. Ele parecia bem frágil e irritado – e que você só quer tempo, mas isso é com certeza a única coisa que a gente não tem. E você fica gastando o restante de tempo que gente tem, reclamando como seria tudo tão melhor se as coisas se resolvessem sozinhas, bem, elas não vão.
Wesley percebeu um peso inútil que estava jogando sobre Dylan naquele momento, percebeu como havia sido um tanto egoísta e nem havia se dado conta disso. Isso o fez se sentir mal por alguns segundos.
- Eu paro, se você quiser – Responde o moreno, fazendo Dylan o olhar. – A gente não tem futuro mesmo, sei disso. Mas se for para a gente levantar nossos traseiros branquelos e escrever um futuro nós mesmos, que seja.
Wesley vai até o garoto, que mantém o contato visual. O moreno passa seus braços pela cintura do loiro, e sorri. E Dylan não consegue não retribuir esse sorriso, beijando o mesmo.
- Que seja.
Os dois não queriam brigar, mas era algo inevitável, sabiam disso. O quanto puderem adiar, seria melhor.
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