Capítulo 21

Wesley! Ei, tá me ouvindo? Wesley!

Era como se Wesley tivesse entrado em uma espécie de transe, não ouvia nada, não via nada e não sentia nada. Ele sabia que estava no refeitório, com Valerie e Dylan, que havia uma bandeja à sua frente e que depois daquele lugar ele iria para a sala de artes, a aula que ele menos gosta.

Mas quando aquelas palavras passaram pelos seus ouvidos, foi como se tudo na sua vida pudesse se ajeitar assim do nada. Sentiu uma cotovelada em seu braço esquerdo e suas pernas encostarem algo macio.

Ele pensou que finalmente poderia descobrir o que o seu pai estava escondendo, pois sabia que faltava alguma coisa, ele ouviu e confirmou isso na noite anterior. Wesley olha para baixo, em cima da sua coxa esquerda vê sua mão, entrelaçada com a mão de alguém.

O olhar preocupado, a boca entreaberta úmida, macia e avermelhada, o cenho franzido, sua mão apertando a dele, o músculo do antebraço tenso, seu joelho batia de leve no joelho do moreno. A agitação, a preocupação, todos esses sentimentos faziam parte da essência de Dylan.

O loiro ameaçou soltar a mão do moreno, talvez para pedir alguma ajuda ou gesticular alguma coisa para Valerie, mas Wesley não deixou. Fechou a sua mão na do garoto ao seu lado, que mudou a direção do olhar para suas mãos, em cima da coxa do moreno.

- Você está bem? – Perguntou Dylan. Wesley balança a cabeça, sentindo-a pesar ainda mais.

Ele ainda não conseguia enxergar totalmente o rosto de Dylan, que estava quase todo engolido pela escuridão, mas o moreno não sabia especificar se era o lugar ou sua visão de repente resolveu se tornar horrível. Ou se estava ficando louco, finalmente.

Ele não sabia responder, era como se as letras fugissem de seu cérebro e ele não soubesse formular palavras.

- Wesley!

Outra voz. Era Valerie, que o olhava com mais preocupação ainda. Seu torso apareceu em alguma fresta de luz que alguém deixou entrar.

- Vou chamar a enfermeira ou alguma professor – Avisou Dylan, que separou suas mãos.

Isso fez Wesley tremer, fechou a mão em forma de punho, e suspirou com firmeza, fechando os olhos como se tivesse voltando para o planeta Terra.

- Não – Disse Wesley, abrindo os olhos. Sentiu como se tivesse vendo cores pela primeira vez na vida, e isso fazia seus olhos coçarem e arderem. Colocou a mão por cima dos olhos, para tentar parar a luz que batia bem em seu rosto – Eu estou bem.

- Como assim está bem? – Diz Valerie, colocando suas mãos na mesa, parecia uma velinha preocupada – Você praticamente virou um zumbi na nossa frente, o que houve com você?

As pessoas no refeitório começaram aparecer, mas Wesley sabia que elas já estavam ali. Algumas pegavam a bandeja, outras procuravam um lugar para sentar, e outras colocavam suas bolsas no banco para ninguém sentar ao seu lado. Wesley se lembrava da aula, mas não se recordava de como foi parar ali.

- Eu não sei – Responde o moreno. Dylan, que estava em pé ao lado da mesa, inclinou a cabeça para frente para tentar entender a crise de seu namorado – Dylan – Wesley segura a mão do loiro – Não chama ninguém, fica comigo.

Dylan se senta de novo ao lado do moreno, que ainda parecia estar aéreo. Olhando para o nada.

- Wesley – Dylan diz, colocando as costas de sua mão na testa do garoto ao seu lado – Tá bom, você não está com febre.

- Não estou doente – Responde o moreno, fazendo Dylan afastar a sua mão.

Wesley levanta sua mão esquerda e segura a mão do loiro ao seu lado, entrelaçando-as de novo.

- Ontem, eu ouvi meu pai dizer no telefone alguma coisa sobre o acidente da minha mãe, que ninguém poderia descobrir – Começou Wesley, fechando os olhos de novo, tentando respirar calmamente – E agora, você disse que seu pai viu Paul indo a uma psicóloga chamada Cora. Então, se ele estiver escondendo alguma coisa, ela sabe.

- Foi por isso? Certeza? – Questionou Valerie, tirando suas mãos da mesa.

- Não... – Wesley olha para o lado, encarando os olhos verdes do garoto, ainda cheios de preocupação – Isso significa que...

- Entendi – Diz Dylan, tirando sua mão entrelaçada em cima da perna do moreno – Se a tal de Cora contar, minha mãe vai embora.

- E Dylan vai junto. – Valerie diz, balançando a cabeça, compreendendo a linha de raciocínio deles.

- A gente tem que fazer ela falar, se ela realmente souber de algo. – Diz o moreno, olhando para Dylan, que olhava em frente.

- Mas ela é uma profissional, ela não pode falar, em hipótese alguma.- Explica Valerie, cruzando os braços.

- A gente faz um drama – Responde Wesley. – Dylan, ei. Você está bem?

- E o que a gente faz? – Perguntou o loiro, abaixando a cabeça.

- A gente espera até chegar lá – Diz o moreno, sorrindo. E empurrando o garoto do seu lado de leve – Sem pressa.







- Você tinha razão – Diz Dylan entrando no quarto com a mochila nas costas.

Quando eles chegaram da escola, Emilly pediu para conversar com o filho e enquanto isso Wesley subiu para seu quarto. A conversa deles demorou muito mais do que gostariam.

- O quê? – Perguntou o moreno, que estava deitado na cama.

- Minha mãe sabe da gente.

Nesse momento, Wesley pula da cama e começa a tossir, sua garganta secou na hora. Dylan foi a sua direção e deu tapinhas em suas costas, para que ele pudesse melhorar.

- Como? – Perguntou Wesley, colocando a mão por cima da boca por ainda estar tossindo um pouco.

- Mãe têm dons, cara.

- E agora? Ela vai jogar água benta em cima da gente, e chamar um padre?

- Claro que não – Dylan diz, fazendo um biquinho e cruzando os braços, como se tivesse ofendido – Minha mãe não é assim, já disse isso.

- Eu sei.

Wesley sorri e passa seu braço por cima dos ombros do loiro, que dá uma gargalhada fraca, e enrola o corpo do moreno com seus braços.

- O que a gente vai fazer nesse final de semana? – Perguntou Dylan.

- Eu tenho uma ideia do que a gente pode fazer... – Wesley olha para o loiro ao seu lado, com certa malícia.

- Nem vem – Dylan bate na cabeça de Wesley com certa força para afasta-lo – Pervertido. 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top