Capítulo 20

Pela sorte de Wesley e Dylan, os dois já não chamavam mais tanta atenção assim. Os alunos já não olhavam para eles como se fossem alguma coisa incomum, eles já haviam se acostumado com o quase incesto deles, que por mais que Dylan não fosse realmente o irmão de sangue de Wesley, seus pais ainda eram casados.

Wesley passa seu braço por cima dos ombros do garoto que anda ao seu lado, ele carregava as mochilas dos dois, queria parecer gentil, mas Dylan se sentia muito desconfortável com isso, sentia que não poderia fazer nada nem carregar sua própria mochila, porém, ele não falaria nada para o moreno, pois achava fofo.

- As pessoas não olham mais para a gente. – Comenta Wesley.

Dylan olha para as pessoas no corredor, todas conversando, algumas garotas se maquiando, alguns jogadores do time bagunçando o cabelo do outro, como se no começo do mês, eles não recebessem olhares tortos.

- Que bom – Diz o loiro – Estava na hora, né?

- Significa que eu posso fazer isso – Diz Wesley.

O mesmo para de andar e coloca as mochilas no chão, assim no meio do corredor. Ele segura o queixo de Dylan com certa força e vira em sua direção, e o beija. Um beijo diferente, com certo desespero, angustia e indiferença. Wesley enfia a língua na boca do outro, fazendo o tentar recuar, mas é impedido pelas mãos grandes do moreno. Dylan sente cada canto do seu corpo se arrepiar. E por vez se entrega um pouco. Passa as mãos pelo pescoço do moreno, o fazendo sorrir entre os beijos.

O loiro se afasta, passando as costas da mão por cima dos lábios que estavam úmidos por causa da saliva de Wesley.

- Se você fizer isso de novo – Dylan aponta o dedo na cara de Wesley – Eu te mato.

Ele pega sua mochila e continua andando pelo corredor, na procura de Valerie. Enquanto o moreno olhava discretamente para ter certeza que ninguém ali ligou para o beijo esquisito deles, mesmo que tivesse durado apenas sete segundos. E ninguém havia visto. Um sorriso de vitória apareceu em seus lábios.

Ele pegou sua mochila no chão e foi procurar seus amigos. Os encontraram perto do armário de Valerie, a ruiva segura a mão de Dylan, sorri e aperta sua bochecha.

- Oi – Disse Wesley ao se aproximar deles, percebeu que Dylan cruzou os braços e olhou para o outro lado.

- Que ceninha foi aquela? – Perguntou a ruiva, também de braços cruzados.

- Aquilo? – Perguntou o moreno retoricamente, colocando suas mãos na nuca – Nada.

- Dylan tá puto.

- Eu sei – Wesley sorri e se aproxima do loiro – O que você tem, docinho?

- Não fala mais comigo hoje – Respondeu Dylan, revirando os olhos.

- Tá bom. – Wesley se afasta – Tem aula de quê agora, Val?

- Ciências e você?

- Educação física.

Os três foram para suas respectivas aulas. Wesley foi para o vestiário colocar seu uniforme de educação física. Ele nunca havia se sentido assim antes. Os outros alunos entraram e começaram a tirar a roupa, enquanto Wesley apenas foi até seu armário e abriu. Abaixou a cabeça e sentiu suas bochechas ficarem meio avermelhadas. Por sorte Wesley não é popular e ninguém realmente presta atenção nele.

Ele sentia que estava traindo Dylan ao ver todos eles sem camisa ou apenas de cueca. E isso o fazia se sentir mal, fazia seu abdômen se contrair. Mas ele tinha que ignorar. Ele veste sua roupa e vai para a quadra.




- Ficaram sabendo que tem aluno novo? – Perguntou Valerie, que tomava seu mix de frutas.

- Não – Responde Wesley, que hoje não resolveu comer, ele olha para o loiro sentado ao lado da ruiva, ele não parece estar prestando atenção na conversa, apenas olha as pessoas no refeitório.

- Pois é, ele já chegou querendo colocar medo em todo mundo – Diz a garota, que olha para Dylan. Wesley sabia que tinha alguma coisa errada – Não é, Dylan?

- O quê?- Perguntou o loiro, voltando para o planeta terra.

- Você conheceu o Tyler, o aluno novo, né? – Pergunta Valerie com as sobrancelhas levantadas como se ela soubesse de alguma coisa, mas esperasse que o outro contasse.

- Ah, sim?

- Isso foi uma pergunta? – Disse Valerie, deixando seu mix de lado.

- Como você sabe? – Perguntou Dylan.

- Querido, eu tenho olhos e ouvidos em todos os lugares – A ruiva sorri e passa o braço por cima dos ombros do garoto ao seu lado. – Não vai contar para o seu namorado?

- Contar o quê? – Pergunta Wesley, franzindo o cenho – Dylan...

- Fala sério, Valerie – Resmunga Dylan – Não tinha como ficar quieta?

- Não posso ficar quieta quando um amigo meu tá sofrendo bullying – Diz a ruiva, que olha para Wesley, que parecia bem preocupado – Tyler ficou enchendo o saco dele, e ainda pegou dinheiro do Dylan.

- Por que você não me contou? – Perguntou Wesley, cruzando os braços.

- Você é a minha mãe, agora?

Wesley revira os olhos e logo em seguida se levanta, fazendo Valerie fazer uma careta, mas não estava nem um pouco surpresa. Dylan vai atrás de Wesley. O moreno segue seu caminho procurando por um rosto novo, mas o garoto não estava ali, disso ele sabia.

Se Tyler pegou o dinheiro de Dylan, ele estaria provavelmente perto de uma máquina de salgadinhos. Dylan seguiu o moreno até conseguir alcança-lo.

- Wesley – Dylan segura o pulso do outro com força – Você não vai fazer nada.

- Vou sim – Wesley puxa seu pulso, o soltando.

- Qual é o seu problema? – Gritou Dylan, o som da sua voz ecoa por todo o corredor.

- Qual é o SEU problema?

- Você não precisa resolver os meus problemas, como se fosse a minha babá.

- Você ia fazer alguma coisa? – Perguntou Wesley, cruzando os braços, mas Dylan não o responde – Eu sabia que não. Esse é o seu problema, Dylan. Você nunca faz nada, sempre aceitam o que os outros dizem ou fazem, você nunca se quer questiona.

Dylan sente seus olhos lagrimejarem, pequenas poças de lágrimas se formaram atrapalhando sua visão. E Wesley nem percebeu.

- Porque você precisa de mim – Diz Wesley – Sempre.

Isso foi o suficiente para fazer as lágrimas de Dylan descerem, ele estava em uma semana péssima e ouvir aquilo de Wesley, fez seu coração tremer, sangrar. Wesley estava com muita raiva, raiva do tal Tyler, raiva de seu pai e raiva de si mesmo por querer afastar Dylan desse jeito. Eles sabem seriam incapaz de ficarem juntos no final de tudo, e ninguém falava nada sobre isso, isso matava Wesley por dentro. Ele cerra o punho na tentativa de fazer sua raiva passar.

Dylan dá dois passos para trás, tentando parar as lágrimas com as mãos. Wesley torce os lábios, ele precisava sair dali rápido ou cometeria uma loucura, e então, ele se vira e começa a andar.

- Wesley... – Diz Dylan, segurando a blusa de Wesley – é isso que você pensa de mim? – Pergunta ele com a voz trêmula, com o nariz vermelho e a boca avermelhada, ainda com os olhos cheios de lágrimas – que eu sou fraco?

- Me solta – Diz Wesley rudemente.

Ele sabia que estava sendo pra lá de babaca e que provavelmente Valerie daria uma surra nele.

- Não – Dylan diz, parecia bravo. Ele puxa Wesley, fazendo o moreno olhar para ele – Diz isso na minha cara então.

Wesley leva um susto, ao perceber o rosto do garoto à sua frente. A boca inchada, o nariz vermelho, os olhos mergulhados em lágrimas, transmitindo tristeza e raiva, muita raiva. Claro que o moreno já sabia que Dylan estava chorando, mas nunca havia o visto antes mergulhado em tanta tristeza. Ele podia machuca-lo tanto assim?

- Você... – Começa Wesley, tocando o rosto do loiro com as pontas dos dedos – fica bonito chorando.

- Que porra, Wesley?

- É sério – Wesley toca completamente o rosto do outro, isso fez Dylan se tornar vulnerável.

Os dois se encaram, se perguntando o que merda passa na cabeça dele. Wesley sentiu um pinguinho de felicidade no lado esquerdo do peito. A raiva foi embora.

- Desculpa – Sussurrou Wesley, passando sua mão para a nuca de Dylan e colocando a cabeça dele em seu peito. Dylan não reage e nem o abraça de volta, ele não sabia se ele estava falando sério ou era apenas mais uma de suas piadas defensivas – Você não é fraco, claro que não é. Eu só... Preciso que você precise de mim.

As lágrimas de Dylan ainda continuaram a cair, sem saber o porquê, ele já não estava mais com tanta raiva, talvez nunca estivesse. Wesley se questionou se o que está fazendo é o certo, pensou em como vai ser quando Dylan se for, em como ele vai ficar, Wesley não estaria mais ali, não sabia por quanto tempo. Ele poderia facilmente ir embora e esperar que o loiro faça o mesmo.

- Chora mais vezes – Diz Wesley, levantando o queixo do outro – Só pra mim.

- Eu sempre vou precisar de você – Diz Dylan, abraçando-o de volta, com força – Sempre.

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