Capítulo 19
- Meu corpo doí – Reclama Dylan, se revirando na cama.
Wesley se levanta, deixando apenas um lençol fino sobre ele. Ele passa a mão por cima de seu cabelo, bagunçando-o, lembrando-se da madrugada daquele dia. Ele entrelaça seus dedos com seus fios de cabelo e encara o loiro ao seu lado, que o encarava, com uma cara de sono muito fofa.
- Volta a dormir – Diz Wesley, que se levanta da cama e vai em direção ao interruptor do quarto – Vou sair com a Val.
- Ei, cobre essa bunda branca, eu vou ficar cego.
Wesley liga a luz do quarto, e mostra a língua para o garoto na cama. Ele pega sua camiseta que estava no chão e veste. Depois passa o olhar por cada canto do quarto a procura da sua calça jeans que usava ontem.
- Viu a minha calça? – Pergunta o moreno, procurando por debaixo dos lençóis no chão do quarto.
- Essa aqui? – Pergunta Dylan, que segurava a calça de Wesley com as pontas dos dedos.
- Isso, onde estava?
- Aqui, na cama – Dylan sorri e joga a peça de roupa para Wesley – Sério que você vai sair com essa calça?
- O que tem? – Pergunta o moreno, vestindo sua calça jeans.
- Está toda amassada, e você usou ontem.
- Eu vou sair com a Valerie – Wesley sorri – Não dar em cima de alguém.
Dylan de despreguiça na cama, esticando os braços e colocando-os atrás da cabeça, encarando seu namorado tentando arrumar seu cabelo.
- Eu te ajudo, vem cá. – Diz Dylan, chamando o outro com a mão.
Wesley vai até a cama, e o loiro fica de joelhos na cama para poder ajudar ele. Ele passa a mão por cima dos cabelos bagunçados do moreno, e Wesley tenta desviar o olhar do peito nu de Dylan.
Dylan arrumava o cabelo do outro com tanta atenção e cuidado para não machuca-lo, que Wesley se questionava se estava mudando alguma coisa. Ele encarou os olhos do loiro, que estavam atentados aos fios de cabelos dele.
- Prontinho – Diz Dylan, sorrindo e voltando a olhar o rosto do garoto á sua frente.
- Obrigado – Wesley responde, e depois dá um leve e rápido beijo nos lábios do loiro – Docinho.
Dylan ri, fazendo seus ombros se contraírem e ir um pouco para trás.
- Docinho?
- Ou você prefere... – Wesley coloca a cabeça do outro entre suas mãos – amorzinho?
Dylan sorri e nega com a cabeça.
- Não posso ir com vocês? – Pergunta Dylan.
- Não – Wesley se afasta – Nós vamos fazer compras, coisa de garotas.
Dylan faz uma cara feia, como se tivesse bravo ou ofendido. Cruza os braços e faz um biquinho.
- Machista – Retruca o loiro, tirando sarro do moreno, que sorri, quase fechando os olhos.
- Meu docinho está bravinho? – Wesley se aproxima do loiro de novo e aperta sua bochecha – Você sabe que eu vou com você para qualquer lugar, mas quando a Valerie diz "preciso falar apenas com você" é "apenas com você".
Wesley dá dois tapinhas fracos na lateral do rosto do loiro e sorri, mas o outro continua com a cara fechada. Ele não estava com ciúmes ou algo assim, apenas não queria ficar em casa sozinho e entediado em um domingo com sol.
Wesley sai de casa, após usar o celular de Dylan para avisar Valerie que ele já estava indo encontra-la. Eles combinaram de se encontrarem no shopping, mas a casa do garoto é um pouco longe, então ele pediu um uber para ir até lá.
Quando ele chegou, ficou esperando a garota encostando-se ao letreiro do shopping. A garota aparece depois de alguns minutos, ela usava um vestido florido e um all-star antigo. Ela acena para ele, e vai em sua direção.
- Dylan tá puto com a gente – Diz Wesley, quando Valerie chega até ele.
Ela cruza os braços e franzi o cenho.
- Desculpa se eu queria passar um tempo com o meu amigo, porque desde que ele começou a namorar esqueceu da sua melhor amiga. – Disse a ruiva, fazendo um biquinho.
- Está com ciúmes? – Wesley diz sorrindo, e apertando as bochechas da garota.
- Tô mesmo, te conheci primeiro.
Os dois riem, embora fosse verdade. Eles entram no estabelecimento, e fizeram um percurso, iriam ver roupas depois iriam comer alguma coisa e talvez tomar um milk shake.
Valerie fez questão de ir em quase todas as lojas e experimentar todas as peças de roupas disponíveis, calçados e até langerie. E por mais que Wesley estivesse pensando no que Dylan estaria fazendo, estava realmente se divertindo com a reação da garota, toda a vez que ela vestia alguma coisa e depois se dava conta que era uma peça de roupa horrível.
Wesley olhava para a garota se encarando no espelho, colocando suas mãos na cintura e as vezes fazendo uma careta. Se lembrou de quando se conheceram, em como Valerie se aproximou dele e perguntou sobre a sua mãe, e contou que ela também havia perdido a mãe dela, ela esticou a mão e disse: Vamos ser amigos? E foi assim que Wesley teve a sorte de conhecer essa doida.
- Dylan disse que me ama – Diz Wesley, algo que ele estava preparando para dizer o dia inteiro, essa frase ficou martelando-o a noite toda, se sentia culpado por não responder o loiro, mas ainda estava em duvida do que realmente deveria ter feito e sempre que isso acontecia perguntava para sua amiga, esse foi um dos motivos para ele ter saído em um domingo.
- Sério? – Valerie aparece por de trás da porta do trocador – E o que você respondeu?
- Nada.
- Wesley! – Diz a ruiva, com um tom de repreensão.
- O que foi? O que eu deveria ter falado? – Argumenta o moreno, dando de ombros.
- Dizer que você o ama também? – Diz a garota, como se fosse óbvio.
- Como eu tenho certeza?
- Sabe – Valerie diz, saindo do trocador e se sentando ao lado de Wesley, em uma poltrona – meu pai disse que ele não sabia quando amava a minha mãe, e só teve certeza quando ele sentiu a necessidade de cuidar dela, saber se ela comeu, se ela estava bem, ele até perguntava se ela estava bem o tempo todo. Mas eu não acredito que seja assim. Quando você ama alguém você sabe de todos os defeitos e seu amor mesmo assim não diminui. Por isso você apenas sabe, sem motivos algum.
- Não entendi. – Diz Wesley, tentando achar uma conexão entre o que ela disse e o que ele sente por Dylan.
- Vi em um livro – Valerie dá de ombros – Mas acho que era isso que você precisava, não é? De alguém que gostasse de você, um pouco de amor.
- Não acho que seja isso – Responde Wesley.
- Ficou sabendo de Ed?
- Não, e nem quero – Diz Wesley, recebendo uma cotovelada da ruiva ao seu lado – AÍ?
- Ele foi parar no juvie – Responde a garota.
- E por quê?
- Aparentemente, tráfico de drogas. – Diz a garota, ela parece bem chateada com a situação.
- Drogas? Não achei que Ed iria fazer isso.
- Isso que é o estranho, Ed odeia drogas, ele quase perdeu o irmão dele para isso, ele nunca traficaria drogas.
- Você acha que ele foi incriminado? Por alguém?
- Não faço ideia – Diz a ruiva, olhando para o chão, pensando em quão louco sua ideia parece assim falando em voz alta.
- A gente não pode fazer nada – Diz Wesley, fazendo a garota o encarar – E não é porque eu não gosto dele, e sim, porque se a gente tentar ajudar, vão entender errado.
- E quem vai para o juvie somos nós.
- Exatamente.
Por mais que Valerie odeia admitir, seu amigo estava certo, ela não queria ir presa, tem muitas coisas para fazer aqui fora, e ser presa não é um dos seus objetivos de vida.
Os dois continuaram andando pelo shopping, e entraram em uma joalheria. Valeria ficou vendo as pulseiras, e Wesley visualizou anéis na bancada. Foi até eles, e viu um anel prateado e simples, sem detalhes e sorriu.
- Compra – Diz Valerie que apareceu do lado do moreno do nada.
- E por quê?
- Um para você e outro para Dylan.
- Não sei o número de dedo dele.
- Compra, se caso ficar muito largo ou apertado, a gente troca depois – Diz Valerie, ela estica a mão no ar – Acho que é o mesmo que o meu, nossas mãos são parecidas.
- Tem certeza? – Pergunta Wesley, já levantando a mão para chamar o atendente.
- Não – Responde a garota sorrindo.
Wesley compra os anéis, e Valerie compra uma correntinha para ela, com um pingente de meia lua.
Os dois resolveram ir embora, Wesley disse que queria aproveitar o restante do domingo com Dylan porque eles iam falar para Emilly ainda essa semana e Valerie disse que seu pai estava preparando um jantar incrível para os dois e queria dar uma espiadinha na sobremesa. A garota sempre foi doida por doces, eles compraram os milk shakes e depois se despediram e foram embora.
Wesley foi para casa, chutando pedras no caminho, pensando em como ele vai entregar o anel para Dylan, pensou em como o garoto poderia reagir, ele poderia ficar ofendido e jogar na cara de Wesley ou ficaria muito feliz e pularia em seus braços.
O moreno entrou em sua casa e de cara, encontrou Dylan sentado no sofá com uma xícara na mão assistindo TV, uma das cenas mais hilárias e bonitas que viu hoje.
- Oi – Diz o moreno fechando a porta atrás de si.
- Oi – Dylan responde seco.
- Tudo bem? – Pergunta o moreno, tentando arrumar algum assunto que levasse o anel. Ele se aproxima do outro e se senta no sofá ao lado dele, o loiro se afasta um pouco.
- Sim.
Wesley logo percebe que tem alguma coisa errada, coloca suas mãos nos bolsos e encara a TV.
- Chá?- Oferece Dylan, indicando sua xícara.
- Não, valeu.
O moreno continuou encarando a TV, mesmo que não estivesse prestando atenção realmente. Ele olha o loiro ao seu lado pelo canto dos olhos.
- O que foi?- Perguntou o moreno.
- Nada.
- Dylan, não me diga que você está bravo.
- É claro que estou – Dylan diz, e depois dá um gole em sua bebida.
- Por quê?
- Porque talvez, você tenha saído com a Valerie, sem mim – Diz Dylan, colocando sua xícara em cima da mesinha de centro.
- Ela queria falar comigo, Dylan – Responde Wesley, tentando acalmar as coisas.
Dylan olha para ele, e cruza os braços.
- Pensei que não tivesse segredos entre a gente. – Diz o loiro, com a voz um pouco fraca, o moreno se pergunta se ele iria chorar.
- E não tem.
Dylan não responde, ele apenas puxa o lençol para si, e continua olhando a TV, que passava um documentário sobre aves.
Wesley tira os anéis do bolso, e coloca-os na palma da mão e mostra para Dylan, ele não sabia exatamente o que estava fazendo, só achou que aquele seria um momento perfeito para entregar o presente.
Dylan encara o presente, sem entender, Wesley jurou que viu um quase sorriso sair da boca do outro e seus olhos brilharem.
- O que é isso? – Perguntou o loiro.
- Um presente.
- Se você acha que isso vai limpar a sua barra está muito enganado.
- Qual é, Dylan? – Diz Wesley, dando um leve empurrão de lado no loiro – Um presente é um presente. Pensei que seria legal, já que eu sempre quis usar um desse.
Dylan sorri, e pega o anel menor e coloca em seu dedo anelar. Ele estica sua mão onde o anel está e sorri de novo.
- Por que eu não consigo ficar bravo com você por tanto tempo?
Wesley sorri e empurra o ombro do garoto com delicadeza. Ele também coloca o anel em seu dedo anelar e sorri.
- Que bom que coube, quando Valerie disse que suas mãos tem o mesmo tamanho, não achei que ela estaria falando sério.
- Nem eu sabia disso. – Dylan franze o cenho ainda encarando anel em seu dedo.
- Valerie tem dons que nem eu consigo explicar – Diz Wesley, arregalando os olhos apenas para dar um drama á sua frase.
Os dois riem. Wesley inclina sua cabeça para beijar o loiro, mas Dylan coloca seu dedo indicador na boca do outro, e sem fazer som algum ele diz: Emilly.
Wesley faz uma careta, se afasta e revira os olhos.
- Mimado – Diz Dylan, se aproximando de Wesley no sofá.
Emilly aparece do lado da TV, secando as mãos com um pano de prato. Ela sorri quando vê o moreno sentado no sofá.
- Você chegou, Wesley. Você quer comer?
- Não, obrigado – Wesley nega com a cabeça – Sai com a Valerie e eu comi com ela.
- Ah, claro – Diz ela, o moreno percebe o olhar de Emilly no dedo de Dylan, segurava de novo a xícara com chá – Tem lasanha na geladeira se vocês quiserem, estou cansada e vou subir, qualquer coisa me chama.
Emilly sorri para os dois, e depois sobe as escadas.
- Ok – Começa Wesley – Ela sabe.
- O quê?
- Que a gente tá junto – O moreno diz, com os olhos arregalados.
- Como? – Pergunta Dylan, quase caindo do sofá.
- Não faço ideia – Diz Wesley, ele tira seus tênis e deixa em um canto e coloca suas pernas em cima dos joelhos de Dylan – Talvez os anéis?
- A gente ia contar, uma hora ou outra, não é? Se ela souber, fica mais fácil – Diz Dylan, que empurra as pernas de Wesley.
-Você diz isso até ela nos chamar de anticristo e colocar fogo na gente.
- Minha mãe não é assim, ela sabe que sou gay – Dylan se aproxima de Wesley e deita em seu colo.
- Sabe? – Wesley parecia surpreso.
- Claro, ela até sabe que eu sempre tive um crush em você – Diz o loiro, que pega uma almofada para deitar sua cabeça no colo do moreno.
- Você sempre teve um crush em mim? – Wesley sorri de lado para Dylan, um tanto malicioso.
- Merda, falei demais – Dylan se levanta e encara o outro – Mas não fica se achando.
O moreno sorri e coloca o rosto do outro entre suas mãos e o beija. Wesley nunca tinha beijado o garoto em outro cômodo da casa se não fosse seu quarto, e era um tanto estranho. Qualquer um poderia aparecer ali e ver, mas nenhum dos dois estavam se importando, o que importava era apenas eles. Dylan segura a lateral da camisa do outro, e Wesley agarrava a nuca do outro. O moreno ousou usar a língua pela primeira vez, e isso fez o loiro se arrepiar, e o outro sorrir no meio do beijo. As bocas dos dois se encontravam várias vezes com uma perfeita sintonia, nenhum deles sabiam explicar como isso era possível.
- Você sabe que eu sempre vou ficar me achando – Diz Wesley, interrompendo o beijo, mas logo depois volta.
Dylan iria revirar os olhos se ele não estivesse tão ocupado, porém, ele fez isso internamente.
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