Capítulo 15
Wesley dormia tranquilamente, sonhava com sua mãe. Estavam em um campo, preparando um piquenique, havia maças, uvas e três sanduíches de presunto, mas ele não via mais ninguém além dela e ele. Sua mãe usava um vestido branco, com um chapéu de palha. O sol estava posicionado bem em frente ao morro que eles estavam. Mas não estava quente, Wesley usava uma regata, e um short, e encarava sua mãe que dançava uma música que ele não sabia de onde estava vindo.
Ele a encarava sentindo uma calmaria entrar em no seu ser. Seu coração parou por um instante, porém, não doía, apenas era bom. Ele pegou uma das uvas e enfiou na boca, seu gesto chamou atenção dela. Ela foi em direção á ele, sorrindo. Wesley havia esquecido em como ela era bonita, mesmo que ele não conseguisse ver o rosto dela por causa do sol.
Ele estava feliz, mesmo que ele soubesse que aquilo não passava de um sonho. Uma felicidade contagiante, sua mãe sorria também. Se sentou ao lado do seu filho, suspirando sentindo o ar entrar e sair de seus pulmões.
- Como você está, querido? - Perguntou ela, pegando um sanduíche - Seu pai me disse que você arrumou alguém. Gostaria de conhecê-lo, traga-o um dia aqui. - Ela dizia, como se vivesse á anos - Sabe, quando eu tinha sua idade, seu pai adorava me fazer rir, eu sempre achei que ele fazia isso porque queria me humilhar na frente de todos, mas no final ele gostava de mim. E eu fiquei muito surpresa, porque sempre me senti muito insuficiente para alguém gostar de mim, e eu sei que você sente o mesmo. Sei que está tudo uma confusão e parece que todos fazem isso para machucar você e que no final, todos vão embora, mas não é verdade. Não é porque uma pessoa se foi significa que todas vão, e tem algumas que vão mesmo, porém, se elas te amarem de verdade, vão voltar, demore o tempo que for. Wesley, querido, espero que tenha superado. Eu mesma já lidei com isso - Wesley apenas a olhava, ele queria responder, mas não conseguia - Eu tive a melhor vida que alguém poderia ter, alguém que me amava, um filho incrível. Deveríamos ter adotado um cãozinho, mas quem sabe na próxima, não é?
Ela riu, riu muito alto. Fazendo os pássaros ali voarem para longe. Ele queria abraça-la, mas toda a vez que tentava sair do lugar voltava para a grama onde estava sentado.
- Querido - Disse ela, apontando com a cabeça para um lugar no morro, fazendo Wesley seguir seu instinto. Viu Dylan, sorrindo e acenando para os dois. Wesley sentiu uma cotovelada leve em seu braço, e olhou para sua mãe. Que finalmente, o sol havia deixado seu rosto. Ela olhou para ele, sorrindo com as sobrancelhas arqueadas - Gostei dele!
Então, Wesley sentiu seu corpo flutuar. Como se tivesse boiando na água de alguma piscina. O rosto de sua mãe sumiu, junto com a aparição de Dylan.
Wesley! Hey! Acorda!
Wesley...
Ele tentou abrir os olhos, mas foi impedido pela luz do quarto. Sentiu seu corpo arder, como se tivesse caído em uma piscina de ácido. Sentiu frio nos pés, pensou que sua coberta havia caído no chão.
- Wesley? - Ele ouviu a voz de Dylan, bem perto dele - Você tá bem? Machucou a cabeça?
- O quê? - Resmungou o moreno - Por quê?
Curioso com a resposta do loiro, tentou se acostumar com a luz do lugar, abrindo os olhos de novo. Dylan estava ajoelhado ao seu lado, com a mão em sua cabeça.
- Sua cama... ela quebrou e você caiu - Explicou Dylan, o moreno encarou os dois lados, e quando viu o chão, deu um grito, mas não alto o suficiente para acordar Emilly e Paul, fazendo o garoto recuar para trás ao pensar que ele estaria tendo um treco - Você não ouviu?
- Não. - Disse, tentando se levantar.
- Bem que Paul disse que você tem sono pesado - Dylan disse em meio as risadas.
Wesley revirou os olhos finalmente conseguindo de levantar, encarou sua cama ou o que sobrou dela, será que o seu sonho com a sua mãe o fez se mexer tanto a ponto de quebrar a cama?
- Desde quando você escuta o que Paul diz? - Retruca o moreno. Fazendo Dylan parar de rir - Onde eu vou dormir agora? Pior que a sala é fria pra caralho - Wesley pensou, até ter uma ideia que para ele, parecia ser brilhante. Ele olhou para o garoto em pé á sua frente, e sorriu, esticando os lábios para o lado.
- Nem vem, Wesley! Você vai quebrar a minha cama também.
- Não vou não, olha - Wesley se levanta, ficando á frente do loiro - Sua cama é box, e a minha era do meu primo, e era de uma madeira muito falsa, então era bem antiga. Já a sua não.
Dylan suspirou, fechando os olhos. Estava imaginando tudo que poderia dar errado, pensou no que sua mãe pensaria, no que aconteceria se Paul os visse dormindo juntos, pois ele já ouvira Paul xingar jogadores de basquete por beijarem outros caras. Ele já tinha sua resposta, mas quando abriu os olhos e viu Wesley sorrindo com as sobrancelhas levantadas, ansioso e talvez feliz demais, sua resposta mudou completamente. Ele simplesmente não conseguia.
- Tá bom - Disse ele, cruzando os braços para parecer que se sentia pressionado, mas não era verdade - Desde que você não se mexa demais, nem ronque, nem babe em mim.
- Eu não faço isso - Disse o moreno, cruzando os braços e ameaçando Dylan com o olhar.
- Não faz não? - Dylan pergunta retoricamente, sorrindo, tirando sarro do garoto.
Os dois conseguiram se resolver. Dylan ficou do lado da parede, era um jeito de Wesley ser limitado de se mexer demais, eles discutiram isso por três minutos. O moreno se virou para encarar Dylan, que fingia que estava dormindo, ele passou o dedo indicador por entre as sobrancelhas do loiro, depois pelo caminho no nariz, pela sua boca e por fim, pelo seu queixo.
Colocou sua mão pela bochecha lisa do loiro, acariciando-a com o polegar. Pensou em como ele havia conseguido isso, mesmo com o seu jeito de ser todo rude, grosseiro, sem saber como dizer certas coisas, e em como cuidar dele. E o medo de machuca-lo.
De repente, Dylan sorri e abre os olhos.
- Aaah! - Wesley solta um gritinho, recuando para trás, quase caindo da cama - Você não estava dormindo?
- Por que você está tão assustado? - Disse o loiro, rindo leve e baixinho.
- Assustado? Você abre os olhos igual ao zumbi, o que eu deveria fazer?
Wesley foi surpreendido pelos braços de Dylan, que o puxou para seu peito, passou a mão no cabelo bagunçado do moreno, que ainda não sabia como agir. Dylan beijou o topo da cabeça dele. Então, Wesley apenas o abraçou de volta, colocando sua cabeça no peito dele, suspirando fundo, sentindo o cheiro dele entrar em suas narinas, o tranquilizando.
- A gente não conversou sobre o que vamos fazer sobre a traição de Paul. - Disse Wesley, afastando sua cabeça para encarar Dylan.
- Tá bom, podemos conversar agora - Respondeu o loiro.
- Tenho certeza que sua mãe não vai querer morar na mesma casa que ele depois que a gente contar, ela vai arrumar as malas, pegar você e dar o fora daqui.
- Como tem tanta certeza? - Perguntou Dylan.
- Porque eu mesmo faria isso.
Os dois sorriem. Estavam pensando no que fazer. Wesley não havia pensado nisso antes, agora que ele tem alguém que gosta dele, não queria o ver indo embora agora. Não agora.
- Então - Começou o loiro que soltou de Wesley - Vamos só... - Ele procurou a palavra certa - ser feliz por um tempinho, depois a gente vê o que faz. Tá bom?
Wesley balança a cabeça, tentando pensar que isso talvez dê certo.
- É - Diz o moreno - Pode ser.
Dylan encosta sua testa na dele, sorrindo. Sentiu suas respirações se tornarem uma só, e de novo, a mesma calmaria que Wesley sentiu com a sua mãe. O loiro encosta seus narizes e depois cola seus lábios. Um beijo que dizia:
Está tudo bem agora, a gente vai passar por isso.
- Talvez a gente mereça isso - Disse Wesley fechando os olhos, e se aconchegando de novo no peito do garoto.
Dylan voltou a abraça-lo, fechando os olhos e sentindo a mente esfriar.
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