Capítulo 1
Wesley não queria aquilo, mas é claro que a opinião dele não importava. Seu pai se cassaria com quem ele quisesse e ele mesmo deixou claro isso no dia anterior. Wesley se sentia excluído e sozinho, mas é claro que ele não podia contar isso para ninguém. Deus! Seu único amigo é uma garota, não que isso seja errado, mas é que ele perdeu muitos amigos quando todos da escola começaram a chama-lo de órfão. Porém. Não era verdade. Na época, Wesley apenas perdeu sua mãe, e ainda tinha seu pai, não era órfão, ou coisa assim. E Valerie, por mais que ainda tenha continuado do seu lado o tempo todo, era uma faz tudo. Participava de todos os grupos da escola, ajudava quem precisava nas matérias, era presidente do grêmio estudantil, era voluntaria para ser assistente da bibliotecária, pois a mesma já era de idade. E ela ainda tinha tempo para conversar com Wesley, e não faze-lo perder o controle quando se metia em brigas com vários alunos.
Ela era uma garota completa, porém também sentia a dor da perda. Como Wesley, Valerie também perdeu sua mãe, e é por isso que ele insiste em manter essa amizade, porque sabe que ela pode ser a única que possa entendê-lo. Ele perdeu tudo quando perdeu sua mãe, seus amigos, sua vontade de sorrir e de viver. Percebeu que não tinha mais porque de manter o controle, e que no final, nunca o teve. Wesley então, colocou alargadores, piercings, e começou a bater em todos que falassem algo sobre sua mãe. Quis se vingar, por ter sofrido tanto quando ela morreu, mas como ele faria isso? Iria xingar seu pai? Ou bater no caixão de sua mãe? Ele não podia fazer isso, pois ninguém era realmente culpado. Sua mãe havia morrido num acidente de carro, e Wesley ainda não era capaz de superar isso. Isso acontece com qualquer um, não acha?
E ele percebeu que seu pai estava se afastando, quando um dia, levantou de sua cama e viu que a foto que tinha de sua mãe não estava mais ali, e todas as fotos que havia ela, não estavam ali. Nem nos corredores, ou na estante da sala, ou no quarto do seu pai. E é claro que eles brigaram, e Wesley teve que roubar uma foto para esconder, para que seu pai não jogasse fora. E é claro que depois de um tempo ele descobriu e brigou com o filho.
E foi nesse dia que Wesley percebeu que havia perdido a antiga família que tinha. E então, deixou de ver o pai como um herói, ou o cara que sempre o fazia se sentir feliz quando ele se lembrava de sua mãe.
Mas a pior parte foi quando percebeu que estava sozinho, mesmo que algumas pessoas ainda conversassem com ele, ele não tinha mais medo de ser expulso da escola, ou suspenso, aquilo era o de menos. Não tinha mais nada a perder. E até hoje, não sabe o porquê de seu pai querer tenta-lo esquecer de sua mãe.
E esse casamento, era a prova disso. Se por um segundo Wesley pensou que seu pai havia mudado, isso já passou. Ok, Emilly é bonita, principalmente em um vestido branco, porém, Paul vai querer o fazer vê-la como uma mãe, entretanto, ele nunca a veria assim. Sua mãe, para ele, é única, mesmo que ela já tenha morrido á quase onze anos.
Wesley estava sentado em algum lugar muito distante da igreja, em um banco perto da fonte. Enquanto, algumas pessoas que passavam á sua frente, estavam vestidas de branco, ele veio todo de preto, mesmo sendo um dia quente. Queria mostrar que ele pode vestir o que quiser, mesmo em um belo casamento.
Wesley viu alguém correr em sua direção, em um vestido rosa, e com os cabelos ruivos voando. Ela é mesmo uma garota estranha, pensou ele, ao ver Valerie sorrir e mesmo estando em um vestido, estava de tênis. Ela para em frente ao garoto, e acena levemente com as mãos.
- Wesley! - Ela se senta ao seu lado, e o empurra com o ombro, para que ele a olhe - Por que não está lá? - Valerie aponta para o salão onde tem o Buffet, algumas pessoas dançando, e outras dando os parabéns ao casal, Emilly e Paul.
- Só vim para comer. - Ele cruza os braços, e se afasta um pouco da garota.
- Pelo menos, você agora tem uma meia mãe, ou uma mãe adotiva, algo assim - Valerie sorriu, e se aproximou de Wesley, e ele olha para ela.
Era incrível, como ela ainda conseguia manter a postura do típico 'estou bem, e não é uma mentira'. Valerie sorria, mesmo tendo várias dores dentro de si, e por mais que ás vezes ela queira gritar, se controla e sorri de novo. Ele, por exemplo, nunca conseguiria fazer isso, tudo está tão à flor da pele, e se quer demonstrar algo, ele consegue, mas se não quer, não adianta nem tentar.
- Esse é o problema - Wesley cruza os braços, e encara Paul de mãos dadas com Emilly - Eu não queria ter uma mãe adotiva.
- Posso pega-la para mim, então? - Valerie parecia muito feliz e empolgada com a ideia, mesmo sendo apenas uma pergunta retórica.
- Claro, fique a vontade.
Valerie dá risada, talvez tenha pensado que o garoto ao seu lado realmente levou aquilo á sério. Mas não era exatamente isso que estava acontecendo, Wesley pensou em dar um fim nisso, e sair daqui, mas queria comer um grande pedaço daquele bolo.
- E agora, você tem um irmãozinho, né?
Essa era a parte que Wesley queria esquecer. Dylan Cooper, cabelos loiros, olhos claros, e um quase sorriso encantador, não se estressava fácil, porém, podia ficar muito puto quando mexiam com seus amigos, não que ele tinha muitos.
E aquilo assustava Wesley, ele nunca teve um irmão mais novo. Sim, mais novo, pois Dylan tem dezesseis, outro tópico que assustava o garoto. Isso significa que ele teria que cuidar do outro quando o machucassem? Ou o proteger, caso ele sofresse algo na escola? Wesley não fazia ideia do como fazer isso.
Os dois foram amigos, mas foi há muito tempo, Dylan respondia as coisas idiotas dos professores com repostas inteligentes, e Wesley ria muito disso junto com o restante da sala, e é claro que todos ficaram curioso de saber como ele sabia fazer aquilo, e isso fez os dois se afastarem, muitas pessoas fazendo perguntas constrangedoras, fez com a 'reputação' dos dois, junto com a amizade, fosse jogado no lixo. E isso tudo piorou quando Wesley mudou de sala, e se tornou o 'emo solitário'. Era assim que começou a ser chamado pela metade da escola, quando Ed Bayers o chamou assim pela primeira vez, e foi desse jeito que também começou a guerra entre Wesley e as piadas sem graça de Ed sobre ele.
- Não queria um irmãozinho - Respondeu o garoto após pensar um pouco sobre o assunto.
- Você é um chato - Foi à vez de Valerie ficar entediada, e revirar os olhos.
Então, ela teve uma pequena ideia, claro que Wesley não ia gostar muito, mas era um jeito de fazê-lo se aproximar de Dylan. Era como se uma lâmpada pairasse em cima de sua cabeça, e ela colocasse em cima da cabeça de Wesley.
Valerie saiu correndo, fazendo o garoto emburrado se assustar e recuar um pouco, não sabia o que ela aprontava, mas por um instante pensou que iria ficar sozinho o restante daquela festa. Pensou também, que a garota estava trazendo um pedaço de bolo para ele, para ficar mais alegre, mas não foi bem assim.
Em meio as pessoas, que os xingavam e a empurravam de volta, Valerie veio até Wesley, mas puxando Dylan com a mão. E ele não entendia nada do que estava acontecendo. Foi o suficiente para que Wesley entendesse que ele mesmo teria que ir pegar seu próprio pedaço do bolo.
Valerie parou a frente dele, e empurrou o loiro que teve que se equilibrar para que não caísse em cima do moreno, que o olhava feio.
- É sério isso, Valerie? - Wesley cruzou os braços. E foi obrigado a ir para o lado, quando ela empurrou Dylan para cima do banco.
- Qual foi? Ele é seu irmão, deixa de ser insensível.
Ele foi obrigado á se levantar, já que aquele banco era apenas para duas pessoas. Valerie não parou de tagarelar algo sobre família e amigos, Dylan balançava a cabeça concordando e sorrindo para a garota.
Paul e Emilly se aproximam, e Wesley logo liga seu botãozinho sarcasmo, era só mais um jeito de mantê-la longe.
- Oi, meninos - Disse Emilly, que segurava uma taça de vinho. Olhou para Valerie, sorriu para Dylan, e virou um pouco a cabeça para Wesley, que mantinha sua carranca no rosto.
- Oi, mãe do Dylan. Você está linda! - Disse Valerie, sorrindo.
- Obrigada.
Wesley abaixou sua cabeça, para não ter que ouvir aquilo, mas era quase impossível. Como estava de pé, não teve muito como fugir.
- Como você está filho? - Perguntou Paul, que também estava com uma taça de vinho na mão.
- Bem. - Wesley levantou a cabeça e encarou seu pai - Mas da próxima vez, eu venho bêbado.
- Não irá ter próxima vez - Respondeu Paul, já era o suficiente para lhe deixar bravo com seu filho, levantou um pouco o tom de voz, o que fez Emilly tocar levemente o braço do seu companheiro.
O moreno deu de ombros, estaria torcendo para que não existisse uma terceira vez, pois ele também não aguentaria isso. Está quase enlouquecendo tendo mais duas pessoas morando em sua casa, imagina se Paul um dia querer casar de novo. Wesley fugiria de casa, ou apenas deitaria em sua cama, e ficaria lá pelo resto da vida.
Mas isso, não iria acontecer, pelo menos, ele acha que não.
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