Minmin
YASMIN ON ....
"Afastando
Amigos, família, qualquer pessoa ao meu redor.
Não podem ficar ao meu lado, apenas passam por mim.
A flecha ainda desvia do alvo chamado relações humanas.
Finjo não ser solitário, finjo não estar sofrendo.
Finjo estar bem sem motivo, inutilmente finjo ser forte.
Não escale o muro que coloquei em minha frente.
Não me tire dessa ilha, nesse vasto
mar ".
É engraçado como crescemos e aprendemos a admirar outras pessoas que talvez nunca venham a cruzar nossos caminhos. Nos acostumamos a olha-los como se a vida dele fossem perfeitas e normalmente nos surpreendemos quando descobrimos que eles também sofrem.
Cresci em um lar feliz e sempre fui muito a frente dos demais de minha idade. Com 16 anos cursei programação de jogos em Harvard. Optei pelo curso online, afinal ainda não me sentia preparada para sair do país. Aos 19 ingressei na faculdade de Ciência da computação, área que sempre amei. Pensei que juntaria o útil ao agradável, ou seja o curso que sempre sonhei em fazer e poucas pessoas em sala de aula, o que seria ideal para manter a minha fobia social controlada. Nunca estive tão enganada em toda minha vida. No primeiro dia eu só sabia sentir pavor. Era um medo irracional de não ser aquilo que eu esperava. Talvez, e só talvez eu sentisse medo de não ser boa o suficiente. Fiquei isolada nos dois primeiros dias. Todas as vezes que entrava em sala um grupo de meninas me atormentava, eram rudes comigo sem motivo algum. Me sentia deslocada, um peixe fora d'água.
A coisa foi tão intensa que em duas semana mudei três vezes de sala na tentativa de me encaixar. Essas lembranças me atormentaram por um longo tempo. Hoje não passam disso, lembranças.
No geral me saí super bem durante o curso e no meu penúltimo ano, em 2017, aos 22 anos decidi durante o recesso escolar fazer uma viagem à londre e colocar meu lado artístico a prova. Não sou uma ecxpert na área mais ela sempre me atraiu e um de meus sonhos era justamente conhecer a bela e antiga Londres. Ia aproveitar e esticar a visita até Paris e quem sabe conhecer a minha pintura favorita, A Mona lisa, em exposição no museu do louvre.
- Aí finalmente cheguei. - Digo largando minhas coisas no chão do discreto hotel que escolhi ficar. - Ninguém merece um avião lotado e barulhento por horas.
- Você e o seu ouvido super sensível. Nem foi tão ruim assim. - Laura comenta colocando sua bagagem junto a minha. Escolhemos viajar juntas e o fato dela ser uma das poucas amigas que fiz, deixa tudo melhor.
- Isso por que pra você o mundo pode estar caindo ou dormindo que não faz a menor diferença. Meus ouvidos doem por conta da fobia. - Digo irritada. Laura era uma amiga incrível, mais as vezes eu sentia vontade de chutar aquela bunda avantajada que ela tem.
- Tá bom. Também não precisa ficar irritada. Tem certeza que ela ia nos encontrar aqui? - Ela pergunta olhando em volta.
- Sim. Vamos apenas tirar nossas coisas do caminho para não atrapalhar os demais hóspedes - Digo tentando erguer uma de minhas malas. Não se passou nem meio segundo e a alça da bendita soltou-se quando esbarrei em alguém. Tudo que ouvi foi um "Outch" quando a minha pequena bagagem caiu no pé da pessoa atrás de mim.
Me afasto rapidamente puxando a mala e me desculpando. Posso falar um excelente inglês e um coreano e espanhol razoáveis. Sempre fui curiosa e essas línguas me fascinam.
- Óh meu deus! perdoe-me. juro que não fiz por querer. o senhor se machucou? - Me atrapalho ao perguntar.
Como tudo comigo acontece em dobro a maldita mala não ficou contente com apenas machucar o pé da pessoas mais ela também abriu e algumas peças de roupa se espalharam pelo chão. Laura ria sem parar. Eu me abaixei já quase roxa de tanta vergonha.
- Deixa que eu ajudo. - A minha "vítima" foi o único que se prontificou a me ajudar. - A propósito, não machucou. - Sua resposta veio de forma tímida.
- Obrigada pela gentileza e perdão mais uma vez. - Respondo sem me atrever a olha-lo. Mantive meu rosto fitando seus pés e sua calça jeans.
- Precisamos ir. - Ouço o homem atrás do rapaz dizer e me surpreendo com o fato de ser coreano. Mesmo assim minha vergonha me impedia de olhar a pessoa a minha frente.
- Tudo bem hyung. - Respondeu ele esticando o braço em minha direção.
- Aqui isso é seu e seja cuidadosa. Acredite, acidentes assim acontecem muito comigo. - Ele me entrega um par de meias que ainda estava em suas mãos e segue o outro na sequência.
- Amiga isso foi Hilário. - Laura ainda se recuperando da sua crise de riso tenta fórmula uma frase que faça sentido entre suas fungadas.
- Minmin! enfin je vous ai trouvé. Veillez excuser mon retard. - Me viro e vejo Sabrine sorrindo para mim.
*- Minmin! finalmente te encontrei. desculpe o atraso.* escuto a voz de minha amiga francesa.
- Sabrine! Quanto tempo. - Dou um longo abraço nela.
- Por que está com um par de meias na mão? - Ela pergunta com aquele sotaque arrastado que amo.
- Você perdeu o mico do século. - Laura corre para contar minha façanha.
- Não acredito. - Sabrine diz rindo.
- Tudo bem. Agora que as duas já se divertiram com desgraça alheia, podemos nos hospedar? Estou exausta.
- Venham vou ajuda-las com isso. - Sabrine me ajuda na recepção e fiquei muito surpresa quando a sou comunicada que deveríamos nos banhar apenas uma vez ao dia. Uma recomendação no mínimo estranha.
- Parece estranho, mais esse tipo de coisa acontece muito aqui por conta da escassez de água por várias partes da Europa. - Sabine explica enquanto nos acompanha até nosso quarto.
Ela é francesa porém vive em Londres a algum tempo e nos conhecemos durante um jogo online. Sabine trabalha com arte e já foi auxiliar da curadora do museu do louvre. Hoje trabalha no Tate Modern, Considerado um dos maiores museus de arte moderna da Europa, com sete andares.
- Bom vou deixa-las descansar. Amanhã nos falamos no museu. Ah preciso dizer que talvez vou me atrasar. Tenho que guiar um famoso pelo e seria ruim se ele fosse reconhecido. - Minha amiga leva as mãos a boca como se tivesse falado mais do que deveria.
- Quem é? - Laura curiosa se mete a perguntar.
- Para com isso. Deve ser alguém importante e olha a carinha dela. Não pode falar. - Repreendo ela que fica com um bico enorme.
- Prometem que não vão contar? Se a informação vazar será problemático.
Concordamos com a cabeça. O que posso dizer, também sou curiosa e jamais colocaria ela em problemas.
- É o RM do BTS. Conhcem o grupo sul coreano? - Sabrine sussurrava como se fosse a informação mais preciosa do mundo. Olhei para Laura que estava branca e com um olhar fixo.
- Eu .... eu não conheço, desculpe. - Digo e vejo um olhar fulminante de Laura cair sobre mim.
- Pois eu sim. Uau aí preciso me controlar. - Ela se sacudia feito louca.
- Meu Deus eu vou ver ele. Vamos estar no mesmo lugar. Juro que não vou fazer escândalo. Nem vou me aproximar. - Laura logo acrescentou vendo nossa cara de preocupação.
Depois que Sabrine se foi, perguntei a minha amiga de quem se tratava?
Meu Deus! Recebi tantas informações sobre os 7 coreanos que minha mente estava girando muito rápido.
Os apelidos eram os melhores e acho que vou lembrar deles e não dos nomes.
- Deus da destruição, WWH, Sol, Guinho, Minie, Teteco e Coelho terrorista. - Diz ela animada.
- Não vou nem questionar. Laura, eu só queria ouvir uma música e você me falou metade da vida de cada um. Acho que preciso de um banho e daquela cama. - Meu cérebro estava fervendo com tanta coisa.
Fiz exatamente isso, tomei um banho, comi e fui dormir.
Na manhã seguinte sou obrigada a "aturar" uma.... como foi que ela chamou mesmo? Ah! Army feliz, muito feliz diga-se de passagem.
- Eu não acredito que eu vou respirar o mesmo ar que o meu presidente. - Diz ela dando pulinhos.
- Presidente? - Questiono e me arrependo logo em seguida já que ela passa o caminho todo me explicando o por que. O prédio imponente já induz que a visita não é comum, com certeza surpresas estão por vir.
- Vocês chegaram. - Sabrine nos recebe sorrindo. - Fiquem a vontade e se precisarem de alguma ajuda me chamem. Caso o meu visitante já estiver aqui então podem chamar o Johnny. - Ela nos apresenta o jovem companheiro e Laura automaticamente esqueceu-se de respirar.
- Da pra ser menos óbvia?- A provoco rindo.
- Não enche. - Sua resposta me deixa satisfeita e passamos a caminhar pelos andares.
Confirmamos a grandeza do lugar assim que entramos e nos deparamos com a Turbine Hall. Impossível não ficar boquiaberto com o espaço independente do que estiver exposto nele. Só a dimensão e visual já encantam. As salas ao lado da Turbine Hall que vemos hoje, já foram tanques subterrâneos que armazenavam o óleo que alimentava os geradores elétricos.
Apesar de ainda mostrar através de suas paredes as marcas do passado e sua história, atualmente os tanques estão totalmente escavados dando lugar a espaços onde acontecem performances, apresentações de dança, cinema e discussões. Passamos pela Chaminé Com seus 99m de altura, é um pouco mais baixa do que a cúpula da St Paul's Cathedral. Por fim já cansada, deixei que Laura continuasse a sua caçada ao Famoso e me ative nas duas áreas que mais chamaram minha atenção, o 2 e 4 pavimentos do Natalie Bell Building onde ficam as obras de Kandinsky, Matisse, Picasso, Salvador Dali e Pollock.
Paro diante do quadro " A mulher chorando" de Picasso e me perco em seus detalhes. Se tem uma palavra que define a obra na minha opinião seria, angústia.
- Vejo que seu gosto para arte e bem interessante. - Um jovem asiático diz se aproximando.
- Ela é silenciosa e dá menos trabalho que pessoas. - Respondo no automático.
- Conheço um jovem que parece um idoso e responderia a mesma coisa, isso é incrível. - Diz ele se posicionando ao meu lado.
- Uau jovem e idoso na mesma pessoa? Interessante. - Acabamos rindo juntos.
- Sabe, a atenção do espectador focaliza-se imediatamente na fria área azul e branca em torno da boca e dos dentes. Seus olhos e a testa estão deslocados, literalmente quebrados de tristeza. - O rapaz começa a falar sobre o quadro a nossa frente. - Os olhos da figura parecem pequenas vasilhas que derramam grossas lágrimas sobre o lenço transparente. É de fato muito interessante. - Finaliza ele.
- É sim, mas no fim de tudo ainda assim é apenas a tristeza do luto escancarado na nossa cara. Eternizando o sofrimento dessa mulher. - Digo sem tirar os olhos da pintura.
- Ah! Eu achei que o tinha perdido. - A voz de Sabrine ecoa atrás de nós dois.
- Que nada minha amiga. Apenas parei para cumprimentar uma conhecida. - Não entendi a princípio seu comentário.
- Conhecida? - Minha amiga perguntou.
De onde você conhece a Minmin?
- Ontem quando cheguei ao hotel tive o prazer de ser acertado pela mala dela.
- Espera, não era para você estar guiando o famoso? - Pergunto e vejo minha amiga balançar a cabeça em concordância. Levei as mãos a boca ao me dar conta de quem era o cara que eu havia acertado. O rapaz a minha frente sorria permitindo que suas covinhas parecessem.
- Minha amiga que mundo pequeno. Quem diria. - Sabrine dispara me fazendo rir de nervoso.
- Vou deixar vocês a sós. - Digo já tentando sair daquela situação.
- Não precisa ir. - Ele diz.
- Preciso sim. Se Laura te encontrar seu passei termina na hora. Não vai querer uma.... como é mesmo o termo que ela usou? Ah! Army. Não vai querer uma army correndo atrás de você em seu momento de folga. - Me despeço sem enrolar muito. Eu não só tinha machucado o pé da uma celebridade, mais tinha que ser de uma que a Laura ama.
Como o tempo passam rápido quando estamos felizes. Nos dias que se seguiram não tornei a encontrar com Sabrine e Laura estava chateada por não ter contado sobre meu encontro inusitado. Durante o dia fazíamos passeios culturais incríveis e a noite aproveitavamos os inúmeros bares e pubs da região. Durante uma das muitas noitadas que tivemos eu me sentia vigiada. Sensação estranha.
Laura dançava agarrada a um jovem loiro e eu sabia que ia acabar na cama dele então apenas me aproximei e me despedir discretamente.
- Se quiser te acompanho.- Ela oferece.
- Que nada. Aproveite sua noite e me chame se precisar de algo.
Não estáva muito longe do hotel quando percebo um rapaz de estatura baixa me seguindo. Aperto o passo e percebo que ele faz o mesmo. Já estava pronta a gritar quando esbarro em alguém.
- Minmin que bom te ver! - Ergo os olhos e vejo se tratar do famoso do museu. Ele me abraça e cochicha em meu ouvido. - Não se preocupe. - Eu entendi que ele havia visto meu perseguidor. Me agarrei a ele como se minha vida dependesse disso e a partir daquele dia uma amizade nasceu entre nós. Sabrine passou meu telefone a ele e ao longo do tempo por vezes mantinhamos uma amizade colorida. Virei army e entendi que o "idoso" era o Yoongi.
Hoje em pleno 2019 eu finalmente conheci pessoalmente o jovem com alma idosa do qual ele vive falando.
Sempre escutei " nossa você é que nem o Yoon, sempre tem uma resposta torta na ponta da língua."
Minha resposta senpre foi, " eu sou uma alma antiga sim, porém livre. Faço oque me dá na telha."
Esse gato selvagem é delicioso e eu amei estar com ele, mais não ia ficar para ver sua reação. Se ele é parecido comigo mesmo, seria estranho me ver logo em seguida, mais antes de sair deixo meu número.
Chego e me enfio na cama, amai o cheiro dele na minha pele e não pretendia tira-lo de imediato. E senti o cheiro do Namu também.
Meu celular vibra e fico surpresa com a mensagem na tela.
"O Nam tem razão, você é perigosa. Estou deitado pensando no que você fez comigo. Resultado: não vou conseguir dormir. Realmente perigosa pequena, nem nos conhecemos e você já roubou meu sono."
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Amores mais um capítulo espero que gostem, desculpem a demora. Nao esqueçam da estrelinha. Para quem está curioso o quadro citado nesse capítulo é esse
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