19. Quase inacreditável
Capítulo 19 - Quase inacreditável
O time de futebol da Lee Jun High School conseguiu passar fácil pela interescolar, porém sentiram pressão no campeonato regional. Jungkook não sabia dizer como mas conseguiu controlar todo o nervosismo de seu corpo, insegurança e ansiedade de sua mente, aparentando estar calmo e passando segurança, garra e positividade para os demais colegas em todos os momentos, ainda que certas coisas lhe atrapalhavam sua paz interior:
Estava nervoso por nunca ter viajado sem Namjoon consigo;
Estava preocupado com as horas extras que teria que pagar na galeria, pensando que estar longe durante uma semana inteira puderia fazê-lo perder o emprego ainda que seu chefe garantisse que não visto que ele não se importava do garoto se ausentar por questões que envolvem a escola ou cios;
Estava temendo não conseguirem chegar a final;
E o motivo mais recente que lhe abalou: saudades. De casa. Dos lupinos especiais que deixou para trás por esses dias.
Sorte que Taehyung estava ali, ao seu lado, sendo um ótimo amigo e sempre lhe distraindo, se não já tinha surtado.
Ao contrário de si, o beta se encontrava completamente tranquilo, além de empolgado, e ele fazia questão de arrastar o amigo para saírem a noite - pois as regras permitiam passearem pela cidade somente durante o dia - se divertindo, tirando fotos, fazendo memórias em cada lugar que passavam.
Ainda que tivesse gostado de toda a experiência, quando chegou o dia de ir para casa Jeon agradeceu aos céus. Primeiro porque queria matar todas suas saudades, segundo porque depois de tanto empenho seu time chegou a final!
Em seu lar encontrou seu namorado lindo ao qual beijou com toda a saudade do mundo e o irmão com quem trocou um abraço bem apertado. Passou um tempo com eles, terminando com a falta que lhe fizeram, contando todos os detalhes da viagem e aquecendo seu coração ao ficarem juntinhos jogando vídeo game.
Mais um treino e depois o grande dia chegou.
No prezado momento Jimin estava na arquibancada junto daquela turminha marota que consistia em Namjoon, Seokjin, Hoseok, Yoongi, Jiyeon, Ara, até Katy, Yerim, Dohwan, e os avós Kim. Todos estavam na torcida, animando os jogadores do time branco e vibrando a cada passe, a cada falta, a cada gol.
Era o último jogo antes da formatura, era ganhar ou perder e, bem, os garotos da LJ não estavam afim de deixar o troféu regional escapar entre seus dedos. Por isso controlaram o nervosismo, dando tudo de si e mais um pouco.
Foi assim que a vitória veio, deixando todos, principalmente o capitão, insanos!
Kook pulou e gritou com toda sua alegria, logo sendo abraçado pelo time. Seus colegas invadiram o campo afim de comemorar junto, mas foram expulsos de lá pois ainda teria a premiação. Nela os jogadores ganharam medalhas e o tão esperado troféu, além de tirarem fotos do time reunido, da turma - agora sim seus colegas puderam ficar junto deles -, de todos eles com a diretora e também separados com familiares e amigos.
Após as parabenizações os lupinos foram se dispersando e os rapazes seguiram para o vestiário passar uma água no corpo e se trocar, pois o terceiro ano combinou em sair para comemorar com muita comida. No entanto, o rosado não foi. Ele preferiu voltar para o namorado que estava sozinho próximo a arquibancada.
— Ganhamos! Eu quase não acreditei!
— Vocês foram demais, claro que ganhariam. Parabéns mais uma vez. — ditou baixo só para Jungkook ouvir. Este conhecia para valer aquela voz sensual, sabia muito bem o que ela representava.
— Você está excitado? — murmurou, segurando o sorriso.
— Você por acaso já se olhou jogando? Fiquei tentado pelo suor deslizando pelo seu corpo, suas coxas marcadas, você jogando a franja para trás quase todo segundo com aquela expressão séria enquanto focava na bola... Tão sexy... — o selou o maxilar.
— Uhm... — tocou seus lábios nos carnudos, em seguida olhando ao redor, notando que os familiares haviam sumido e olha que ele só tinha saído por alguns minutos para receber parabéns de alguns professores. — Cadê os outros?
— Quiseram ir logo garantir a mesa antes que o local enchesse. Eu fiquei porque tenho um presentinho pra você. — a sobrancelha de Jeon moveu sugestiva e seu sorriso expressou maldade. — Não seja sacana. — riu, afastando um pouco e abaixando, pegando uma caixinha na arquibancada. — Pelo ótimo jogo.
Ele abriu o objeto, tinha um chaveiro com uma chuteira e uma bola. Era pequeno mas especial.
— Você é incrível. Obrigado! — sorriu, o olhando bobo e apaixonado. Muito apaixonado.
— Estou tentando me conter para não te agarrar, mas você é impossível de resistir, ainda mais me olhando desse jeito tão doce. — o abraçou a cintura, Jeon olhou ao redor percebendo que eles já se encontravam sozinhos naquele campo. — Está tão sexy todo suado assim. Tão gostoso nesse uniforme. — mordeu o lábio.
— Não seja idiota. Estou todo grudento e molhado, hyung.
— Não. Você está muito quente. — passou a língua pelo maxilar dele, logo raspando os dentes e dando uma leve mordida. O ômega arfou, enfiando a mão entre os fios escuros e os entrelaçando nos dedos, arrepiando o parceiro. — Desse jeito vamos acabar realizando um fetiche meu.
— Fetiche? Que fetiche? — viu o safado lhe olhar de cima a baixo e depois apontar para a arquibancada.
— É algo que guardo desde a adolescência. Vamos? — perguntou já indo em direção a ela.
— Jimin-ssi! — disse, incrédulo por um momento. — Não acredito que você vai entrar aí!
— Pois acredite. E venha logo!
Jeon cogitou que aquilo era uma baita loucura mas, ao mesmo tempo, estava tentado a fazer aquilo. No fim acabou sendo impulsivo - o que aprendeu a ser principalmente na presença do ator - passando o corpo entre os bancos e caindo em cima do moreno que resmungou ao chocar as costas no chão.
— Vão ver a gente. — murmurou, um tanto preocupado, mesmo que estivesse excitado diante da adrenalina de estar cogitando fazer algo proibido.
— Não vão, não. — fez o garoto sair de cima de si e engatinhar consigo até o canto onde era mais coberto, ali pouquíssima luz adentrava.
Se sentou e sorriu daquele seu jeito perverso para Jungkook, chamando sua presa com o dedo para o abate.
— Porra você é um grande safado. — foi até ele, colocando as pernas ao redor do corpo musculoso.
— Sou é?
— Sim. — sorriu ladino, o fitando com intensidade. — Um safado muito quente.
E o safado lhe beijou, ligeiro, desejoso. Suas mãos adentraram a camisa úmida pelo suor doce e seus dedos deslizaram pelas costas, descendo, apertando a cintura ao chegar na mesma, obrigando o jovem a rebolar em seu colo, em cima do volume já aparente. Enquanto isso as mãos de Jeon puxavam e bagunçava os fios escuros, além dele chupar e morder a boca carnuda.
Seus feromônios de caramelo e patchouli não demoraram a começar a aflorar.
A camisa de Jungkook logo foi tirada, Jimin gemeu ao ver aquele tronco e não demorou a lamber a pele molhada, indo para os mamilos e estimulando um de cada vez, lambendo, mordendo e puxando, os deixando rijos e molhados assim como seus paus.
Em poucos segundos os dois se livraram das peças de roupa já que estava incomodando e os impedindo de continuar.
Park levou as mãos até a bunda alheia, apertando, massageando com vontade, colocando o pênis ali no meio e se esfregando, sentindo o slick lhe molhar, instigando Jungkook que a todo custo tentava gemer baixo.
— Ah, como gosto disso… Mas me fode, hyung. Por favor. Me deixa te sentir. — murmurou, cheio de vontade, sorrindo ao arrancar um arfar do outro que colocou as roupas no chão e deitou Jeon nelas, voltando a tomar seus lábios com desejo enquanto deslizava as mãos pela pele quente e úmida.
— Você é tão uau...
Seus lábios desceram pelo peito, abdômen, logo a língua estava fodendo o umbigo, fazendo o jovem se contorcer e morder o lábio inferior ao imaginar aquela boca em outro lugar.
Ele resmungou ao que seu pênis foi ignorado, mas Jimin apenas sorriu ladino indo abusar das coxas grossas com lambidas e chupões. No final, mordeu a virilha e Kook estremeceu, gemendo ao que a língua atrevida passou a brincar com suas bolas e a mão a massagear sua ereção pulsante.
— Oh, hyung... — se esforçou para gemer baixo o que não deu muito certo.
Logo Park colocou um dedo de cada vez no interior tão lubrificado, movendo com calma até lembrar de algo.
— Merda. — colou suas testas, soando frustrado. — Eu não tenho camisinha aqui. Estão no carro.
— P-pode vir, hyung.
— Mas e se-
— Não vai acontecer nada, relaxa. Eu tomo uma pílula depois. Por favor, só dessa vez.
— Só dessa vez, uhm?
Jeon apertou os ombros dele assim que o sentiu alargar suas preguinhas, lento e preciso.
— Jungkook?
— Pode continuar. — o selou.
Ele iniciou um vai e vem que foi multiplicando as sensações, os odores, os deixando embriagados de prazer.
Aos poucos o ritmo que estavam já não era o suficiente, precisavam demais e sabendo disso Park aumentou as a velocidade do quadril, apertando as coxas gostosas enquanto metia deliciosamente fazendo o garoto cobrir a boca com a mão para evitar lamúrias altas de deleite.
— Você é tão gostoso, me deixa louco… — murmurou o moreno, se afastando e deixando Jeon momentaneamente confuso. — Vem sentar no papai, vem.
Cachorro, safado, foi o que o garoto pensou. Mas foi até ele, se encaixando, ansioso para voltar a sentir aquelas sensações deliciosas.
— Ah, baby. Que cuzinho gostoso. Eu poderia ficar te fodendo a noite toda.
— Caralho, hyung... Oh! — gemeu alto mais uma vez ao que ele segurou seu corpo, indo rápido, fodendo seu pontinho de prazer e também sua sanidade.
Diante disso, não demorou a rolar os olhos, sentindo os espasmos tomarem conta de si, se punhetando e ampliando as sensações até ter seu orgasmo. O corpo de Jimin vibrou logo em seguida e ele veio gemendo rouco o nome de Jungkook, com muito esforço controlando o nó mesmo que quisesse tanto assim como queria morder aquele pescoço apetitoso mas que felizmente ou infelizmente estava coberto.
Os dois se beijaram, rindo da proeza que fizeram, se vestiram e saíram do esconderijo desconfiados mas deram sorte de que não tinham nem uma alma vida por ali.
Comentaram o feito dentro do carro enquanto seguiam para a casa do rapaz rapidinho para tomar um banho visto que além de suados e gozados eles estavam sujos de terra. Por fim seguiram para a lanchonete comemorarem junto dos demais.
🐺
Jimin:
|Como vai o trabalho?
Jungkook:
|Ótimo, ótimo! Não fique com ciúmes mas meu chefe gosta de mim. Dos jovens aprendizes eu sou favorito dele :3
|Sabia que ele me permitiu escolher as próximas obras para um evento de artistas amadores? Eu estou muito empolgado!
Jimin:
|Que demais, meu doce!
|E ciúmes pra que? Eu me garanto u.u
Jungkook:
|Hehehe claro
|Mas eu estou nervoso também
Jimin:
|Relaxa, você vai arrasar *-*
Jungkook:
|Não sobre isso…
|É o vestibular. Eu vou tentar artes visuais mesmo mas e se eu não conseguir? :(
Jimin:
|Ah, querido. Não pense negativo. Você vai conseguir! Se não for dessa vez, que seja na próxima. Como me disse aquele dia, nunca é tarde para tentar
Jungkook:
|É mesmo. Eu tenho que parar com essa insegurança boba
Jimin:
|Falando em vestibular… Andei conversando com o Hoseok desde a festa do Taehyung. Decidimos que vamos tentar algo
Jungkook:
|O que? O que? O que? (EmojisCuriosos)
Jimin:
|Quando der certo eu te conto u.u
Jungkook:
|Ah, não. Me conta, Jiminnie
Jimin:
|Não :x
Jungkook:
|Malvado :(
|É falta de consideração com seu bebê
Ele riu do drama cheio de manha do ômega, logo tendo a atenção chamada por Namjoon. O mesmo havia pedido para que comparecesse em sua sala, mas quando chegou, o amigo-cunhado-chefe estava em outro cômodo, por isso ficou esperando enquanto falava com o namorado.
— Quem diria Park Jimin rindo igual um bobo apaixonado para o celular, uhm? Espero que seja o Jungkook.
— Claro. — guardou o celular. — Mandou me chamar pra que chefinho?
— Sim. Você não grava a cerca de um mês. O que vamos fazer?
— Não me incluir em mais nada.
— Desculpe? — piscou, incrédulo.
— Não quero mais ser ator.
— É sério? O que te levou a essa escolha? Está fazendo isso por ele?
— Eu estou fazendo por mim. Eu disse que só pararia quando não me sentisse satisfeito e eu não estou. Ando em outra vibe, ansiando coisas novas. Cansei de me expor.
— Entendi. As coisas mudam, não é?
— Sim. Mas não nego que tem a influência de Jungkook na minha escolha. — riu. — Depois que me envolvi com ele, eu fui desejando mais. Mais romance. Mais emoção. Mais correr atrás de sonhos. Mais tudo. Agora eu espero mais de mim, sabe? A um tempo, ainda que indiretamente, nós dois nos ajudamos a livrar de sentimentos ruins vindos de desilusões amorosas. Eu não queria continuar com as sombras disso, então esse passado eu joguei fora. A gente falou esses dias sobre não ser tarde para tentar e, eu pensei muito, nisso vi que não quero viver estagnado em algo que não faz mais sentido pra mim. Não quero dormir com todo mundo, me exibir parou de encher meu ego. Então preciso dizer adeus ao meu passado vazio, com pessoas e sentimentos vazios, que não preciso. Eu perdi meu caminho quando perdi meu pai, mas agora estou disposto a fazer um novo.
Namjoon o encarava surpreso, afinal, nunca viu o amigo tão decidido e tão leve. Jimin sempre demonstrava ser um cretino que não tinha mais solução. Ele era descrente da vida e dos amores, vivia só por prazer que na maioria das vezes era momentâneo. No entanto, ali estava ele, todo esperançoso e apaixonado por si mesmo, pela vida, por Jungkook.
— Fora que você tem muita grana guardada e tempo livre, né. — disse Namjoon.
— Você também tem.
— Tempo livre nem tanto. Na minha terapia descobri que preciso arrumar, aproveitar sempre que possível para ter descanso, momentos fora da rotina corrida, ajuda pra que eu não fique uma pilha de nervos. Mas tirando isso, sou satisfeito com meu trabalho.
— Sim. Acho bom quando as coisas dão certo desde sempre e você fica feliz com o que faz. Eu também estava satisfeito porque foi o que quis fazer no momento e fiz bem por anos. Só que agora eu sinto que não quero mais continuar por não fazer parte de quem estou sendo. Esse Jimin de agora quer planejar e trazer um futuro diferente onde possa ser melhor. Por mim e para o bem da minha relação com Jungkook. Preciso agir se quiser adaptar as coisas de acordo com esse novo eu. Portanto, vamos começar com a minha demissão.
— Não acredito que disse essa declaração toda para no final me apunhalar. — pôs a mão no peito. — Por que não fez de uma vez?
— Idiota.
O Jeon riu, dizendo:
— Brincadeiras à parte, eu fico feliz que esteja pensando em você mesmo com tanto carinho e querendo manter uma boa relação com o Jungkook. É bom o quanto o amor de vocês está fazendo bem aos dois. Vou mandar preparar sua rescisão.
Jimin sorriu.
Ali marcava de fato o início de uma nova vida.
🐺
Algumas horas depois estacionou o Audi em frente a Diamond Gallery. Assim que desceu, Esther apareceu em seu carro vermelho, parando próxima a ele também saindo do veículo.
— Jimin…
— Você me seguiu? — cruzou os braços, sério.
— Se eu te ligasse ou fosse a sua casa, você não me receberia. Descobri que aquele ômega trabalha aqui, imaginei que pudesse encontrar vocês juntos. Preciso falar com vocês.
— Com nós dois? — estreitou os olhos.
— Sim. Onde ele está?
Antes que falasse qualquer coisa, Jungkook passou pela porta, caminhando firmemente até a ômega loira.
— O que está fazendo na porta do meu trabalho, Esther?
— Olha, eu não vou pedir desculpas por quem sou. Eu sou assim mesmo, uma louca, confusa, instável, ou seja lá o que mais. Mas reconheço o meu vacilo. Principalmente depois de muito conversar com o Taemin.
— Taemin? — perguntou o moreno. — Lee Taemin?
— Nos tornamos… Algo. Não importa. O foco é que ele me fez ver que se eu gostasse de você, eu deveria torcer pela sua felicidade, ainda que ela fosse com outro. E não pense que eu estou totalmente de boa com isso — apontou para ambos — Porque eu sou egoísta. Só que também não vou atrapalhar pois estou em outra e vou mostrar pra vocês que sou melhor que isso.
— Não estou entendendo exatamente o que você quer. — disse Jungkook.
— Ai, garoto. É difícil para mim ser sincera. Expor sentimentos e me desculpar não são a minha praia, me deixa enrolar ou ser confusa em paz!
— Fique à vontade. — ergueu os braços.
— Eu quero pedir desculpas por aquele dia. Eu quase separei vocês e essa foi a intenção, porém, depois que entendi melhor, parou de ser, porque eu sou uma megera mas não é para tanto. Entendi que Jimin não é minha propriedade. Só que vocês não podem culpar só a mim. Reconheço que sempre fui essa naja que desfila veneno em cima de todo mundo sem me importar, fora que era muito louca por Jimin - ainda que ele achasse ser uma brincadeira exagerada -, uma combinação que não me deixou muito boazinha a respeito de quem se aproximaram dele. Mas nenhuma delas tinha importância para ele também. Então eu fazia coisas que podem não ser consideradas corretas, mas Jimin nunca me impediu, porque para ele era tudo diversão passageira e devia ser um favor eu despachar todos. — riu. — Você era um cuzão também.
— Sim, eu era.
— Por isso foi uma baita surpresa para mim você ficar todo fora de si por eu afetar esse ômega. Eu achava que era só mais um, então botei ele pra correr mesmo. Do modo que fazia sempre e que eu sei que não deveria, mas você sempre deu brecha para que eu fizesse. Como poderia adivinhar que você mudou, que estavam apaixonados e iam se envolver de verdade? Pois saiba que eu te desculpo por não conversar comigo direito, simplesmente se afastar durante meses e não me permitir ver que mudou, Jimin. — sorriu cínica.
— Eu também te desculpo por quase ter terminado com a minha relação, Esther. — devolveu tão cínico quanto.
— Ótimo. E você? — fitou o rapaz com seus longos cílios postiços.
— Sabe a frase "o que não mata, fortalece?" — ela assentiu. — Sua atitude ocasionou algo parecido ao nosso relacionamento. Então eu te desculpo. Mas se tentar atrapalhar a gente de novo, não vou te perdoar nem pintada de ouro.
— E pintada de rosa? — brincou.
— Nem com todas as cores do arco íris, gracinha. — Jeon sorriu cínico.
— Tanto faz. Vocês nem vão me ver mais.
— Decidiu morar com seu pai? — perguntou o alfa.
— Claro que não. Eu vou para a Suíça, mio amore.
Se fosse antes o rosado teria ficado enciumado mas agora ele sabia que a fêmea era assim provocante por natureza, uma cobrinha indecente, que mesmo sendo um pouco emocionada e tendo um ego imenso desceu do salto, se mostrou arrependida pelo feito anterior e finalmente estava ali informando que ia desistir de Jimin, o deixando ser feliz com Jungkook que estava bem mais confiante após ter se tornado o namorado.
— Você vai infernizar o Taemin hyung?
— Ele que gamou em mim, ele que me aguente. — arrebitou o nariz. — Vou indo nessa, gostosos. Até nunca mais! — jogou o cabelo e saiu rebolando, entrando em seu carro, dando partida, buzinando ao passar por eles.
Jimin riu.
— Ela é mesmo louca.
— Agora que percebeu? — brincou o dongsaeng.
— Mas dessa vez ela admitiu muita coisa. É um progresso.
— Que ela continue progredindo. Agora vamos pra casa que eu quero ficar de namorico na minha cama. — pediu todo dengoso, o trazendo para si.
— Eu faço o que meu doce quiser. — o selou.
🐺
Era feriado e tanto Jungkook quanto Namjoon estavam em um completo tédio após se distrair jogando vídeo game, vendo anime, mexendo nas redes sociais.
Os namorados viajaram juntos para curtirem momentos em irmandade como na Itália, só que dessa vez foram para Jeju. A mãe deles ainda estava lá tomando conta da vovó Nari.
E se tivessem pensado bem, estariam em uma pequena viagem também, porém agora estava tarde e só lhes restavam curtir a preguiça, jogados no sofá, conversando sobre fofocas de famosos e coisas da vida.
Eles acabaram cochilando.
De repente, a campainha fez o ômega dar um pulo ao lado de Namjoon que até babava. Sun, o amor de governanta, estava de folga, então teve que reunir forças para levantar e se obrigar a atender quem é que fosse.
Quando abriu a porta, paralisou, se sentindo estranho e surpreso demais ao ver aqueles dois em sua frente depois de, o que? Dois anos? Piscou algumas vezes, chegou a esfregar os olhos, para ver se não continuava sonhando.
— Não vai nos cumprimentar? — perguntou o alfa.
A voz grossa lhe fez retornar a si, ainda que estava achando quase inacreditável que era real.
A primeira coisa que pensou foi o que eles estavam fazendo ali. Não tinham esquecido dos filhos de vez? Por que surgiram agora, do nada? Aliás, como deveria se sentir?
Afinal, dá última vez que viajaram, tinha quinze anos, ficar longe por seis meses foi ruim, ainda chorava a falta que faziam como quando era só uma criancinha e quando chegaram festejou bastante. Mas… Dessa vez, não fazia sentido.
Eles ficaram longe por dois anos, estes onde mais aprendeu e amadureceu, eles perderam todo seu crescimento como lupino. Principalmente o importante depois de maturar e ter seu cio. Não que fizessem muito antes, mas eles não apoiaram em nada, não viram suas mudanças, consequentemente não lhe conheciam mais, e nem os conhecia se também tivessem mudado.
Com a enorme distância que cresceu entre eles fisicamente e emocionante, eram apenas parentes. Então ia vê-los como tais.
— Menino, você está grande. — comentou Kimi. É claro que estava. Não era mais uma criança boba como da outra vez. — Podemos entrar?
— Não sei porque não entraram, a casa é de vocês. — deu as costas, nem um pouco confortável perante a eles e as dúvidas que começaram a crescer em sua mente ao reencontrá-los.
Quem de fato eram aqueles lupinos? Por que eles se mantiveram sempre ausentes? Curtir a vida era mais importante que ter intimidade e afeto com os filhos?
Sempre foi muito ingênuo, antes acreditava que era normal eles parecerem mais reservados, viajar muito devia fazer parte do trabalho que tinham, até porque Namjoon viajava direto - ao menos ele lhe levava junto - agora que possuía um pensamento crítico formado, tinha suas dúvidas.
E se antes chorava quando demoravam a voltar ou ficava pensando em como estavam e porque não ligavam, porque não pareciam se importar, com esses últimos anos de ausência, aprendeu a deixar para lá. Estava cansado por sofrer por quem não fazia tanta questão de si. Então decidiu fazer como Namjoon, nunca mais pensar ou entrar em assuntos sobre pais. Vinha funcionando, não estava sentindo nada, nenhuma falta. Até agora.
Não imaginou que eles voltariam e como seria. Estava sem reação. Eles estavam na sua frente, o que deveria fazer? Exigir que se esclarecessem? Que não sendo mais criança, não dependendo mais deles, eles podiam falar a verdade? Podia ser sincero e questionar porque eles são tão evasivos assim?
Não estava gostando de tantas perguntas borbulhando em sua mente. Desejava que eles voltassem a viajar pelo mundo e a estranheza que incomodava seu âmago fosse embora também.
— Kook... Quem é? — resmungou o castanho sonolento, sentando e virando o rosto para ver melhor.
— Surpresa! — exclamaram os mais velhos, sorridentes.
— Mas o que? — bufou, levantando e indo até eles.
— Como vai, amado? — a ômega apertou o rosto dele, em seguida Namjoon foi agarrado pelos ombros por Byul.
Jungkook apenas ignorou o fato deles serem mais afetivos com ele. Se recusava a fazer igual menorzinho e abrir o choro, ganhando olhares feios dos mais velhos que o fazia ficar ainda mais sentido. Aliás, essa sua sensibilidade só passava depois de Namjoon o pegar no colo e ir brincar longe daqueles dois seres estranhos.
— Ótimo. Eu estou ótimo.
— Hey, Jungkook, nos prepare um chá. — disse o alfa, praticamente arrastando o filho mais velho para a copa da casa.
O jovem rolou os olhos, mas foi obedecer o pedido que mais estava para ordem. Enquanto isso eles ficaram conversando, mais precisamente seus pais contando das proezas das últimas viagens a um Namjoon ainda com tédio.
Sentado naquela mesa após fazer o bendito chá, o ômega se sentia magoado. Seus pais pareciam ligar apenas para seu irmão. Tudo bem que, parando para pensar, não era nenhuma novidade, porém agora que tem os pensamentos críticos muito bem articulados, sem sombras de ingenuidade que velava tudo, o fato incomodava mais.
Qual era o seu problema? Pensando melhor, qual era o problema deles? Porque sempre se esforçou para ser o melhor filho, melhor irmão, melhor aluno. Até Namjoon via isso. Mas eles nunca sequer mostraram um olhar de orgulho. Só serviam para elogiar e incentivar o mais velho, Jungkook apenas servia para seguir ordens e, aparentemente, ele que se foda. Qual o motivo de tanta ignorância? Por acaso era adotado e para eles isso era motivo para ser tratado diferente? Ou será que era fruto de uma traição?
Admitia que por muito tempo sentiu falta de seus pais mas, pensando bem, para si eles são tão insignificantes quanto ele era para eles. Então que se fodam! Continuaria se importando apenas com Namjoon pois é o único que merece sua atenção, carinho e respeito. O único que ficou ao seu lado em todos esses anos lhe dando todo o apoio e carinho. A quem cresceu junto dele. O alfa a qual até hoje, juntos, amadureciam em vários aspectos. O melhor irmão do mundo. Então, é, os que estavam em sua frente não passavam de meros parentes.
Mas quem estava querendo enganar? É claro que sentia, não sabia o que, porém sabia ser ruim. Notou ao chegar a hora do jantar onde foi ignorado mais uma vez. Era como se não existisse ali. Quando pequeno achava que era por ser criança e não entender dos assuntos, mas sendo um adulto maturado, via que era porque estavam pouco se importando para sua opinião.
Eles falavam sobre viagens feitas e que pretendiam fazer, especularam sobre o trabalho do Namjoon, sobre a vida dele, os vizinhos, dentre outras coisas que não lhe envolviam. Nunca lhe envolviam. Mais uma vez lembrou que quando era menor não ligava para isso, não via maldade, nem mesmo os tristes pais que tinha, só que agora enxergava bem. E podia fingir o quanto fosse não ligar para essa merda, fingir que não se importava com eles, fingir até mesmo que não existiam, entretanto, lá no fundo doía. Claro que doía. Era um filho ignorado que estava se sentindo rejeitado.
— Não querem saber das novidades de Jungkook? — obviamente, o conhecia bem para saber que estava incomodado então quis inseri-lo na conversa. — Ele é um adulto agora. Arrumou um emprego, primeiro em uma cafeteria, mas atualmente está na galeria Diamond. Anda fazendo sucesso por lá, não é? — sorriu verdadeiramente orgulhoso, o afagando o cabelo, ganhando um sorriso pequeno.
— Galeria, hein? Que chique. — disse Byul.
— É bom que tenha contato com a arte. Nossos amigos milionários a valorizam tanto. É um bom assunto para falar com eles. E se você se tornar um artista, ficará rico! — falou a fêmea.
Jungkook perguntou se desde sempre eles eram interesseiros e a resposta foi um enorme sim. Seus pais bajulavam muito quem tinha dinheiro e viviam exibindo seus luxos. Suspeitava que gostavam de viajar tanto só para ter um feed maravilhoso nas redes sociais para exibir aos outros.
— Ele segue seus passos de querer trabalhar desde cedo e ganhar bem. Namora alfas também? — ela perguntou sarcástica. Não gostava que o filho namorava outro alfa como viu na internet. Era bom se ele tivesse casado com a irmã de um sócio da Your Entertainment pois assim teria mais bens, mais grana, mais sucesso.
Namjoon deu de ombros.
— Sim. — se pronunciou pela primeira vez durante a conversa, vai ver lhe davam um pouco de atenção. — Lembram do Jimin? — seus pais fizeram cara de interrogação. — Park Jimin? — então os dois arregalaram os olhos.
— Não acredito que deixou isso acontecer! Um ator daquele nível, Namjoon? Onde vai parar a nossa reputação? — exclamou a ômega.
— Somente eu tenho responsabilidade com o Jungkook desde sempre. Eu decido o que achar melhor. — falou ríspido.
— Isso é uma afronta! Eu disse que esse seu trabalho sem honra uma hora ou outra mancharia nossa família!
— Mas imaginamos que seria por alguma polêmica envolvendo a empresa, não que deixasse Jungkook se envolver com um alfa sujo. O que vão falar de nós?
— Me digam, a que família se referem? Vocês mal vem aqui, só vivem no mundo de luxos que criaram, inclusive, que está sendo bancado por mim nesse momento, dinheiro vindo daquela porra de empresa. Então do que estão reclamando mesmo?
Jungkook nunca viu o irmão se irritar tanto com os pais e, como assim, ele quem estava bancando aqueles dois?
— Isso pode afetar vocês superficialmente por terem amigos adultos que adoram fofocar entre si, mas não tem que importar. Também não tem que dar palpites se não estão em posição para isso.
— Namjoon, tínhamos um acordo. Segredo guardado, dinheiro e aparências mantidas. — Kimi ditou séria.
O jovem se perguntava do que é que estavam falando.
— Jungkook, vá para seu quarto. — seu irmão ordenou.
Concordou como sempre fazia no passado quando começavam a querer discutir. No entanto, só fingiu que foi, se escondendo para ouvir pois, mesmo que soubesse ser errado ouvir a conversa alheia, estava cheio de dúvida e curiosidade.
— Você sabe que preferimos sair para não interferir na criação daquele garoto.
— Não venha dar uma de boa samaritana, mãe. Vocês fizeram o que lhes interessava e o que era melhor apenas para vocês.
— Mas você fez o acordo. — disse o alfa. — Precisa honrá-lo.
— E é justamente por disso que estamos aqui. Você não mandou o dinheiro, estamos esperando há meses. Agora além de não nos reembolsar, descumpre a outra parte deixando Jungkook namorar alguém que fere nossa imagem?
— Não tenho motivos para impedi-los de ficarem juntos. Até tenho ciúmes mas isso é natural e é irrelevante em vários momentos. Eles se amam. Portanto, fim de papo.
O dongsaeng sorriu com isso, seu irmão era mesmo demais e tinha tanto orgulho dele estar cuidando daquele lado superprotetor e do lado cheio de estresse que eram chatos. Apesar de que naquele momento desejava muito que ele explodisse com aqueles dois, pior do que um dia já fez consigo, os colocando para ir embora.
— Vai cumprir com o acordo ou teremos que contar ao seu precioso Jungkook que não somos pais dele?
As palavras de Byul lhe deixaram surpreso, no entanto, não lhe assustaram porque eles nunca agiram como tais. Entretanto, se não eram seus verdadeiros pais... Quem são?
— Nos pague e o faça terminar essa palhaçada! Nada de danificar a imagem da nossa família! — exigiu Kimi.
— O dinheiro é em um piscar de olhos mas o namoro do Jungkook vocês não irão interferir. Se eu permiti é porque vai ser.
— Você deveria fazer escolhas melhores de namorados para ele. Existem tantos conhecidos nossos, sócios seus, que deixariam nossa família ainda mais no topo.
— Conheço Jimin desde sempre, mãe. E vocês não sabem como ele é, nem as coisas pelas quais já passou e como eles se fazem bem. Volto a repetir que se eu aprovei, está aprovado. — continuou soando firme.
O coração de Jungkook chegou a palpitar, pois seu irmão defendendo Jimin e o relacionamento que eles tinham, mostrava uma grande evolução dele. Mas tremia de medo dos mais velhos continuarem a interferir e querer estragarem seu namoro por ser ruim ele "ter algo com um ator tão promíscuo", só por conta da maldita aparência.
— Chega de papo! — ordenou o macho. — Queremos nossa parte do acordo agora e nada de namoro com aquele atorzinho! Ou teremos mesmo que contar para o Jungkook que o pai dele é você?
— O que? — o ômega exclamou alto demais, não conseguiu controlar sua surpresa, acabando por denunciar que estava ali ouvindo tudo.
Porra! Seu coração batia tanto que parecia querer sair do peito, seus olhos estavam arregalados, as mãos tremiam e a mente havia dado um nó. Não podia acreditar nisso! Namjoon era seu pai?
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