15. Decisões
Capítulo 15 - Decisões
— Parabéns, Yoonie! — exclamou Yerim, abraçando o filho. — Sua apresentação foi linda! Mamãe até chorou. — mostrou um lencinho.
— Que exagero. — riu, sentando na mesa a qual tinha o número indicando ser sua.
Ela o acompanhou.
— Fazia um tempo que você não tocava, ainda sim arrasou.
— Consegui ver com a terapia que é algo que me faz bem. — deu de ombros.
— Eu? — eles olharam na direção da voz, encontrando Hoseok.
— Não seja convencido, beta. — o platinado rolou os olhos. Ele sorriu, abaixando e lhe beijando a bochecha.
— Você foi maravilhoso.
Talvez o ômega tenha corado, mas ele nunca admitiria.
— Já elogiou o Tae? — mudou de assunto.
— Já sim. Posso me sentar com vocês? A minha mãe está na mesa com a Ara e eu definitivamente não quero ficar junto.
— Claro que pode, Hoseok. Você é da família agora. — Yerim piscou. — Falando nisso, o Taehyung não vai ficar conosco?
— Os pais dele não reagiram bem ao descobrirem que estávamos juntos e ele acabou adiando o assunto do trisal. — comentou Yoongi.
— Com licença. — pediu o garçom, oferecendo refrigerante ou suco. Eles escolheram e o moço foi para outra mesa.
— Poxa, os Kim pareciam ser dois amorzinhos e sempre gostaram de você.
— Até saber que eu e mais um pegamos o filho deles, mãe.
— Aish, não vamos pensar nisso. Hoje temos que comemorar que você, meu filho, voltou fazer o que aprecia, também que esse show de talentos ao qual ajudou a organizar foi um sucesso e o fato que eu estou namorando!
— Um brinde a tudo isso! — exclamou o beta, levantando o copo.
— Sim! — Yoongi juntou o terceiro item, eles brindaram e, quando foi beber, percebeu algo. — Espera, aí! Namorando? Mãe?! — seus olhos ficaram arregalados.
Jung riu da carinha dele.
— Que foi? Vai ser contra de eu me relacionar agora?
— Não, mas é repentino. Eu nem sabia que você estava saindo com alguém, dona Yerim!
— Ah, eu não estava. Vou contar a história pra vocês! — falou, se ajeitando no assento, animada. — Em uma noite eu estava carente, pensei que poderia me divertir como os jovens fazem então baixei um aplicati-
— Não! Você não fez isso!
— Sim, eu fiz. — sorriu. — E foi a melhor coisa que aconteceu. Bem, eu vi um conhecido lá, não acreditei e por coincidência no mesmo instante ele me curtiu. Eu curti de volta então mandei mensagem questionando o que diabos o bonito estava fazendo lá, então ele me contou que os amigos dele estavam tentando fazer com que saísse com alguém, eu mandei a deixa que queria sair com alguém e ele "Ah, mas nós não somos amigos?", eu disse "E?", ele "Esse é um aplicativo para pegação", daí eu falei "Vamos nos pegar e nos tornar amigos coloridos!".
— Mãe, você… — estava cada vez mais em choque. — Eu nem sei o que dizer! Hoseok hyung, você está ouvindo isso?
— Sim. Sua mãe é uma alfa moderna. Não vejo problemas.
— Nós fomos passear, foi muito legal porque já tínhamos uma certa intimidade e terminamos a noite na casa dele. Nós transamos, coisa que nunca pensei que faria, não com ele mas rolou. No fim conversamos e concordamos que foi bastante divertido, porém não somos mais jovenzinhos que gostam de flertar e curtir a noite por aí, somos lupinos maduros que apesar da circunstância que nos aproximou preferimos algo concreto e estável. Saímos mais algumas vezes para ver se dava certo e deu. Excluímos o app de pegação e estamos nos pegando em um relacionamento sério. — sorriu largo, satisfeita.
— Foi uma história em tanto, Yerim. O que importa é vocês estarem felizes. — disse Hoseok.
— Obrigada, você é um amor. — o afagou o ombro.
— Sim, mas a questão é: quem é esse cara?
Yoongi gostaria de saber para ter certeza que ele não machucaria sua mãe, nem que tivesse de ameaçá-lo para evitar que acontecesse. Sabia que não era correto ameaçar alguém, no entanto, queria protegê-la já que a mesma fez uma péssima escolha no passado.
— Pode ir deixando essa cara marrenta de lado. Ele é um bom alfa e você até o conhece. É o Ma Dohwan.
Foi então que o ômega paralisou em choque de vez. Sua mãe estava namorando o melhor amigo? E, mais, seu chefe?
— Qual o problema, Yoonie? — questionou o parceiro.
— Eu só não esperava. Digo, qual a probabilidade? Eles se conhecem desde a infância, honey! Eu conheço ele desde que nasci. Como assim demorou tanto tempo pra ficarem juntos?
— Essas coisas acontecem. É a vida e seus mistérios. — falou, o abraçando. — Gostei do "honey" em público. — sorriu, beijando o canto de sua boca.
— Aish, saí. — o empurrou, para evitar ficar tímido. Yerim riu e continuou o assunto.
— Hoseok tem razão. Eu nunca imaginei que fosse ter algo com o Doo. Nós, lá no fundo, talvez já sentíssemos algo um pelo outro, só não percebemos e era difícil ficarmos próximos e notar sendo que cada um estava envolvido no seu casamento frustrante com a pessoa errada. Talvez, se tivéssemos visto antes, as coisas seriam diferentes, ou não. Por que não aconteceu logo? Não importa. Sei que ele não se arrepende de suas escolhas, nem eu.
— Mas-
— Não, Yoonie. Eu não me arrependo mesmo que tenha sofrido. Porque foram através das minhas escolhas que me casei com um alfa que era maravilhoso, que tive você, minha maior preciosidade, e que cresci no hospital. No final, eu me enganei com Soobin, ele não era quem eu pensei, demorei a acordar e ver que você também estava se prejudicando, mas tudo bem. Isso serviu de lição para várias coisas na minha vida. Só tenho a agradecer que agora estou mais próxima do meu filho, ando realizada e me sinto totalmente pronta para esse novo relacionamento. Então os "e se" ou "porquês" não importam nem um pouco.
Ele sorriu, apertando a mão dela.
— Eu gosto disso. E, saiba que, pouco a pouco, também estou melhorando com a ajuda da terapeuta.
— Eu espero que esteja. Nada é tão bom quanto nossas evoluções. — o deu um beijo na testa.
Hoseok observou tudo com um sorriso nos lábios.
E Taehyung ficou um tanto abalado pois queria estar lá com eles, compartilhando os momentos e rindo junto.
— O que foi, meu pequeno? — perguntou seu avô, dando tapinhas no topo de sua cabeça como fazia desde criança.
— Ele já é grandinho, Bo. — sua avó argumentou como sempre fazia.
— Me deixa ser carinhoso com o meu neto, Sa. Não vê que ele está tristonho?
Ela o reparou, vendo que estava um tanto para baixo.
— O que foi, lindo? É por que não te chamaram para propor algo de dança?
— Ah, não. Eu danço por diversão. Ainda não encontrei o que gosto de verdade.
Ao menos os de quem gosta sim. Olhou de novo para onde queria estar e onde os pais se encontravam, que era em um corredor próximo, analisando as pinturas e desenhos. Era um casal de betas bastante tranquilo, pena que em determinados assuntos descobriu que eram ignorantes. Mas os avós não eram.
— Vocês lembram do Yoongi hyung? — comentou.
— Seu amigo com jeito de bad boy? — perguntou Sandara.
— Tenho certeza que é o de carinha de bebê. — argumentou o outro.
— O Jungkookie também tem.
— O Jungkookie eu sei quem é. Ele é fofo. Mas esse tem a cara de um bebê, bad boy, malvado, que é um amorzinho.
— Acho que você tem razão, Bo.
— O que? — o azulzinho riu. — Mas, enfim, nós estamos juntos.
— Oh. — exclamou Boram. — Já era hora. Eu estava cansado de ver vocês agindo como sua avó e eu, sempre discutindo bobagens e se beijando pelos cantos.
— Só que tem o Hoseok hyung também. É um relacionamento a três. Aberto pois Yoongi, por conta de uns problemas particulares, ainda não está pronto para uma relação mais exigente. Só que pra mim já está sendo um namoro.
— Ah, o poliamor… — sua avó suspirou, nostálgica.
— Vovó? — questionou, surpreso.
— O que? Eu vivi muito. Sei das coisas. Quando Bo e eu, como você diz, ficávamos, teve uma ômega que era incrível e nos chamou atenção. Nós competimos por ela. Foi daí que nasceu nossas discussões que até hoje são bobas e terminam em beijinhos.
— Foram bons tempos. — ele sorriu. — Nós conhecemos o poliamor junto dela, pena que durou apenas o verão, ela conheceu outro alguém e partiu, deixando só uma carta. Quando for na nossa casa, nos lembre de mostrarmos ela na única foto que temos.
— Tá bom. — sorriu.
— Depois de sofrermos e superarmos o término, resolvemos levar nosso caso para frente, chegamos a ter sua mãe e fomos obrigados pelos nossos pais a nos casar porque você sabe como era antigamente. Mas foi engraçado. Eu já estava grávida quando casamos, mas para os outros não, então fingimos que a bebê nasceu de sete mês, só que Soomin era enorme, claramente uma recém nascida de 42 semanas! — a beta riu, sendo acompanhada pelo marido.
— Houveram suspeitas, só que todos acabavam por acreditar. Enganamos todo mundo!
— Vocês dois… — negou, também rindo.
— O que você precisa saber é que estávamos juntos mas nos encontrávamos no alto da juventude, queríamos nos divertir, sentíamos atração por outros lupinos e lupinas, então conhecemos, além do poliamor, o relacionamento aberto, e concordamos que seria melhor para ambos.
— E não tiveram problemas com isso?
— Sim! — exclamou o beta, como se fosse óbvio. — Claro que fomos julgados demais. Se hoje não consideram normal, imagina naquela época! Não nos entendiam, nossos pais eram um inferno na terra, portanto, mudamos de cidade para nos livrar de incômodos. Aqui tiveram algumas fofocas, pessoas falando que nós nos traímos, só que sabíamos da verdade, então era apenas o que importava. Com o tempo pararam de falar e nós, por outros relacionamentos a parte ou em trio não terem fluido, fomos desistindo e continuamos juntos. Mas, aqui vai um segredo nosso: o casal da casa da frente às vezes aparece para uns "tico-tico-no-fubá".
— Vovô! — repreendeu fazendo careta. Ele deu de ombros, afinal, em sua visão não tinha dito nada demais.
— Pare de besteira, menino. Você transa, nós transamos, e todo mundo que gosta de fazer sexo, faz.
— Eu sei, vovó, mas eww! Eu não precisava saber que vocês transam, quanto mais fazem orgias! Agora estou com uma imagem nojenta na cabeça!
— Fresco. — disseram juntos.
— Voltando ao assunto — disse o jovem. — Pra mim vocês sempre se amaram e pronto. Família como a favor da monogamia.
— Querido, esses são seus pais. — falou Sandara.
— Pois chegamos ao meu problema. Eu queria muito estar naquela mesa, junto dos dois lupinos que gosto, rindo e me divertindo. Mas eu não posso porque os senhores Kim vão surtar. Quando souberam me mandaram tirar essa ideia da cabeça, quiseram me proibir de estar com eles.
— Não sei onde erramos com sua mãe. — comentou seu avô, pesaroso.
— Foi depois que ela casou com esse Byun. Ele tem uma família que é antiquada e eles ficam manipulando nossa Soo para gostar de tudo o que é "tradicional". — sua avó detestava seu pai e a família dele. — Mas você não tem que ficar se preocupando com o que eles vão achar. Não é por serem seus pais que você tem obrigação de agradá-los em tudo.
— Eu sempre falei isso para o Jungkook… — refletiu.
— Sa tem razão. Você tem a maioridade e até um emprego. Se implicarem e ainda exigirem algo, mostre que não precisa de nenhum dos dois, menos ainda do julgamento deles e ordens. Vá ser responsável, arrume um lugarzinho e viva sua vida fazendo o que quiser e namorando seja um lupinos, dois, três ou cinco lupinas, não importa. O que importa é você estar feliz, junto de quem te faz bem!
— Você tem razão, vovô. Eles precisam me deixar viver como sempre fizeram, se não, eu não tenho o porquê insistir em ser aceito por quem não quer. — suspirou. — Eu vou fazer o que desejo e ficar com meus parceiros essa noite.
— É assim que se fala! — a beta sorriu.
— Obrigado, aos dois. — sorriu, os abraçando. Era muito bom ser compreendido e ter o apoio de gente especial. — Vou lá aproveitar.
O senhor e a senhora de cinquenta e poucos anos mandaram o neto ir mesmo.
Confiante, Taehyung chegou dando um beijinho no seu gatinho e em Jung sem importar se seus pais iam ver, o que iam achar sobre ou até fazer. Cumprimentou Yerim, que convidou para ficar com eles, coisa que aceitou de imediato. O hyung menor lhe atualizou das novidades as quais tinham ocorrido ali e ele deixou para contar o diálogo que teve com os avós depois, focando em conversar com eles, se alimentar e logo mais dançar.
Aliás, enquanto se divertiam na pista, uma certa Jung não demorou a se infiltrar no meio deles, fazendo Hoseok ficar sério.
— Está todo mundo comentando do ex professor coladinho em dois-
— Não me importo com opiniões de terceiros. — a interrompeu.
— A mamãe sim. Ela pediu para você parar de dar showzinho e afetar a imagem da família.
— Que família? — sorriu cínico. — Pois trate de informar a srt. Seoah que não tem pelo o que se preocupar, afinal, ninguém sabe que ela abandonou um filho, que ele agora mora em Seul e está em um trisal com dois ex-alunos. Todos acham que aquela linda, jovem flor, cheia de plástica, só tem a graciosa, baixinha e autoritária Jung Ara. Então, manda ela fazer o favor de continuar fingindo que eu nunca existi. Obrigado. — e saiu puxando os parceiros para se afastarem dali.
— O que foi isso? — perguntou o azulzinho.
— A megera querendo se intrometer na minha vida. Dispensei. — deu de ombros.
— Eu amei o deboche. — Yoongi sorriu.
— Isso é a sua cara, gatinho. — falou Taehyung. — Onde vamos agora?
— Eu quero ir a um lugar que é um ponto de paz, vocês vêm comigo?
Eles concordaram com o ruivinho, o acompanhando até seu carro que parou em uma montanha que permitia ver céu repleto de estrelas com uma bela lua e uma vista maravilhosa da cidade com as luzes acesas. Tudo brilhava, era encantador!
Os três se sentaram no capô do carro e se aconchegaram um no outro, aproveitando a companhia e o vento da noite, além de toda aquela imagem magnífica até o pôr do sol.
🐺
Jungkook passou dois dias pensando na proposta que recebeu e na terça-feira ligou para a beta que lhe deu o cartão. Como não queria faltar na cafeteria, marcou de ir à galeria de arte de manhã e pediu para a diretora lhe liberar mais cedo.
Jimin se ofereceu para levá-lo. Agora se encontravam lá com o jovem balançando a perna e mordendo o lábio, ansioso.
— Fica calmo, Jungkook-ah. — pediu o moreno, afagando sua coxa em carinho.
— Mas e se não gostarem de mim?
— Fala sério! Você é bonito, fofo, tem uma personalidade doce, totalmente gentil e ainda é inteligente e talentoso. Se não gostarem de ti, pode ter certeza que são idiotas que não merecem o ômega encantador que você é!
Ele sorriu.
— Foi uma declaração indireta, Jimin-ssi? — provocou.
— O que? — expressou surpresa, sentindo o coração perder o compasso por um instante. — N-não. De onde tirou isso?
— Você falou tão bem de mim que só faltou o "eu te amo".
— Não é pra tanto. — resmungou.
— Mas foi o que pareceu. Ainda mais depois de gaguejar.
— Que gaguejar? Está delirando? — não ia admitir aquilo.
— Vai mesmo negar? Tudo bem. — riu, pondo o braço ao redor dele e deitando a cabeça em seu ombro. — Obrigado.
— Por...?
— Me deixar calmo. Eu estava quase tremendo de nervoso.
— Disponha. — o deu um selar na testa. Achava incrível o sentimento de carinho que sentia por aquele ômega. Era tão grande que mexia com seu instinto, com o lobo que notou quer muito cuidá-lo.
— Jeon Jungkook? — a mesma beta da noite do show de talentos apareceu, o chamando, e ele rapidamente se pôs de pé. — Me acompanhe.
Ficou acanhado dentro da sala ampla com a fêmea elegante, que descobriu se chamar Yangmi, Dakho o alfa despojado que talvez seria seu chefe e Taeyang ômega responsável por toda área de Recursos Humanos. Mas aos poucos foi se soltando, respondendo as perguntas muito bem e se permitindo ser analisado e conhecido por eles.
Dakho pareceu gostar de si. Porém, não ficou definido se o queria dentro da Diamond Gallery.
No fim da entrevista, o trio agradeceu e Kook entendeu a deixa, retribuindo o agradecimento, sendo acompanhado até a recepção.
— Iremos analisar o seu perfil e de um casal de candidatos. Entraremos em contato quando estivermos com a decisão em mãos, portanto, fique atento ao seu celular.
— Obrigado, srt. Yangmi. Se tudo der certo, nos vemos em breve.
— Claro. — sorriu, aceitando o aperto de mãos como despedida.
Jimin, ao qual aguardava ansioso, se levantou no instante em que viu o dongsaeng.
— E aí?
— Eles não demonstram muita coisa. São sérios e centrados. Fiquei receoso no início, mas tudo fluiu. Agora é esperar a decisão.
— Se esse emprego realmente for bom pra você, que eles te contratem logo. — desejou.
— Sim!
Os dois seguiram para a casa do rosado, indo direto para a cozinha pois estavam com fome, era horário de almoço.
Jungkook estava destampando as panelas - Sun, como sempre, deixou a comida pronta e quentinha pra ele - quando sentiu braços lhe agarrarem por trás.
— Eu esqueci de duas coisas hoje. — disse com a voz baixa, soando sedutora, esfregando o nariz na curva do pescoço dele. — Dizer o quanto você está maravilhoso nessa roupinha social. Sua bunda está linda nessa calça e a camisa… Use mais branco, por favor.
Kook deu uma risada, questionando:
— E o que mais? — se virou nos braços dele, sorridente.
— Te beijar. Eu me atrasei e fomos rápido para a galeria, acabei esquecendo. Sei o quanto você fica carente quando isso acontece, então vou te beijar agora.
— Por favor.
Park sorriu, aproximando lentamente até seus lábios se tocarem. Fez uma leve pressão, se afastando. Repetindo. O selando várias vezes até o ômega segurar sua nuca e fazer o ósculo acontecer. Este que não demorou a ser aprofundado. Eles não conseguiam resistir e também se apalpavam em meio aos entrelaçados de línguas, deixando o descontrole ir tomando conta de seus seres, liberando os feromônios… Os dois não viam, apenas se deixavam levar pelo desejo e sensações que lhe aqueciam não só o corpo.
Viram que estavam indo além quando ouviram Namjoon chegar. Só aí notaram que estavam com as barracas armadas, se esfregando, com Jungkook deitado na mesa e Jimin entre suas pernas. Se antes fariam o favor de serem pegos para enlouquecer o mais velho, agora queriam evitar que ele brigasse, então trataram de se ajeitarem, servindo rapidamente e sentando, passando a comer como se nada tivesse acontecido ainda que o cheiro no ar os denunciassem.
O hyung apareceu ali porque precisava pegar alguns documentos, logo o fez e saiu sem muita atenção. Dessa vez, se safaram do sermão.
Estavam comentando sobre quando o celular do ômega tocou. Era Yangmi dizendo que a vaga era dele, se podia deixar a cafeteria ainda hoje e no dia seguinte dar início ao processo de contratação. Ele concordou e animado contou a novidade a Jimin que vibrou junto de alegria.
Jungkook seguiu para a cafeteria, contou para Dohwan o acontecido, sendo dispensado, dizendo aos amigos que depois os dariam detalhes já que eles tinham que seguir com o trabalho e retornou a casa, ficando o resto do dia no quarto, deitado na cama, sozinho, feliz pela nova decisão e super empolgado com a ideia de já entrar na área a qual lhe ajudaria a trilhar ir rumo aos seus planos.
🐺
No dia seguinte... Park tinha os olhos fechados em meio a uma "foda de renda" como às vezes chamava, investindo contra o corpo de uma ômega bonita, sentindo ela puxar seus fios enquanto apertava uma das coxas.
Se encontrava tão envolto na própria imaginação que estava delirando, em outro lugar, com outro alguém, só notando o que escapou de seus lábios depois de dizer:
— Jungkook. — gemeu soprado.
O momento congelou. Os responsáveis pelas filmagens e demais afazeres, pararam. Jimin arregalou os olhos de imediato, vendo a ruiva com quem contracenava confusa. Até porque era raro usarem nomes e quando acontecia era o fictício, fora que "Hee" estava longe de ser Jungkook.
— Desculpe. — pediu pela sua gafe. — Vamos continuar?
Ela assentiu.
Tudo voltou aos eixos e por hora foi obrigado a esquecer o erro.
Ao terminar as cenas, foi para seu camarim.
Faziam alguns dias que estava se sentindo estranho. Isto para não dizer apaixonado. Não tirava aquele ômega doce, fofo, gentil, manhoso e, obviamente, gostoso, da cabeça.
Tinham anos que não se sentia bobo por alguém, todo feliz e ansioso para passar um tempo em amassos ou simplesmente agarradinho trocando carinhos. Julgava até que era incapaz de se entregar a essas emoções, no entanto, olha ele ali, de repente, caído por um jovenzinho adorável e com até seu lobo a mercê do dele.
Não sabia o que fazer com seus sentimentos. Os declarar? Imaginava que Jungkook gostava de si, mas até que ponto? Devia chamá-lo para um segundo encontro? Propor um namoro real? Esperar mais um tempo para ter certeza de que a paixão continuaria crescendo?
Katy supervisionava as cenas, logo tinha visto tudo, ficando surpresa pois não havia presenciado nada parecido antes. Então seguiu seu amigo, aproveitando a oportunidade para conversar.
— Jimin, o que foi aquilo? — colocou a mão sobre a boca, tentando mas não conseguindo evitar a risada.
— Eu estava pensando no Jungkook. — deu de ombros, pegando uma garrafinha de água. — Ultimamente ele não sai da minha cabeça. Ah, Katy… — suspirou. — Eu estou todo a palavra que começa com "a".
Ela sorriu.
— E o Jungkook? O que você acha? — questionou, já sabendo.
— Eu acho que corresponde. Em uma festa que fomos, o amigo dele me disse alguns detalhes, eu parei para analisar e é verdade que ele me olha com carinho, fica confortável ao meu lado e às vezes parece nervoso. Nesse mesmo dia eu notei que é recíproco. E, por incrível que pareça, não fiquei nervoso como esperava. — sentou no sofá. — Acho que por Jungkook parecer inofensivo, não afeta as lembranças ruins dos relacionamentos fracassados que tive e não me deixa com medo de me entregar. Com ele não tenho medo de me machucar, sinceramente, é bem o contrário. Temo que eu possa pisar na bola e acabar o ferindo em algum dos meus atos inconsequentes onde não penso em ninguém. — sabia que uma parte de Namjoon ao qual parecia contra seu envolvimento com o irmão dele era justo isso. Acreditava que nesse ponto ele tinha razão. Jimin perdeu o jeito de se relacionar depois que foi traído e se jogou em casos de uma noite só.
— Você anda dando motivos para chateá-lo?
— Atualmente não. Mas eu errei. Eu me aproximei dele de propósito, com interesse não exclusivamente nele mas em me vingar do Namjoon. Eu fiz ele acreditar em mim, confiar, enquanto só queria usá-lo. Ainda cheguei a pensar que ele era meu novo "brinquedo", que ia ensiná-lo coisas, não só porque ele queria aprender e precisava de experimentar novidades, mas porque estava querendo que ele estivesse disponível no futuro quando eu quisesse me satisfazer. Quando o Jungkook souber disso, provavelmente vai ficar bravo comigo e vou estar pisando na bola logo de cara. Que tipo de alfa ele vai pensar que eu sou?
— Se você contar e se desculpar, será do tipo que erra, arrepende e aprende. Ele gosta de honestidade então você ganhará pontos. Fora que será muito bom provar a si mesmo, também ao Nam que disse que você não era lupino pra ele, que você é!
— Quando o hyung disse isso? — ergueu a sobrancelha.
— Ah. — sorriu sem graça por ter deixado escapar. — Disse ao Jungkook no início da aproximação de vocês. Ele me contou e falou que mostraria o contrário. Está na hora de você mostrar também. Porque sim, você pode ser irresponsável e egoísta de vez em quando, mas é alguém incrível que cuida muito bem do jovenzinho.
— Eu não sei…
— Para de ser pessimista. Você sabe que não foi certo, reconhece isso e está na cara que não continuou com essa ideia, então tudo bem, vez ou outra nós erramos mesmo. Só me diz que se arrependeu, que não fará de novo e que não vai desistir dessa relação tão bonita que vocês estão criando!
— Arrependi de ter pensado nele como objeto e cogitar a ideia de usá-lo. Não farei novamente porque sou idiota mas não pra tanto. Só que não me arrependo de me aproximar porque foi assim que eu pude conhecê-lo melhor e me envolver em seus encantos. E não consigo desistir dele, Jungkook me faz sentir bem. O que a gente tem me ensina coisas a cada diaz uma delas é que eu sou capaz de ter um relacionamento bom e saudável independente do que faço ou das decepções que tive no passado. Nada disso importa. Só ele e o que estamos construindo.
— Ah, que lindo. Eu fico muito feliz em te ver bem!
— Eu também. — sorriu. — É engraçado que vi nele uma oportunidade de vingança, mas inconscientemente sempre o achei interessante. Em um momento quis acreditar que estava me aproximando dele por querer obter vantagens futuramente, só que não era só isso. Nunca foi. Eu de fato quis me aproximar, quis me tornar seu amigo, quis ficar com ele, só me iludia pensando dessa forma costumeira e errônea.
— Eu acho que mesmo você dizendo que não gosta de ser tratado como objeto, fazia isso com os outros e no fim acabava permitindo que o fizessem de volta. Tudo por não acreditar que merecia mais, por ter perdido a fé em se relacionar emocionalmente e querer só diversão de momento.
— É. Eu passei tanto tempo tendo prazer de uma noite que esqueci como era me envolver com alguém de verdade. Também por isso demorei a perceber o que eu sentia pelo Jungkook. Porra! Eu nem vi acontecer! Só fui me envolvendo cada vez mais, então, de repente, já estava gostando. E esse sentimento está tomando proporções inesperadas, mas é bom. Fazia tempo que não me sentia tão bem comigo mesmo e ainda por cima estando... Apaixonado. — suspirou, fechando as pálpebras e tendo o ômega em sua lembrança. Gostava de seus olhos pretos lustrosos e do sorriso adorável e aquele cabelo rosa o deixava ainda mais gracinha. Sorriu bobo.
— Você precisa contar para ele.
— Eu sei. Mas preciso me preparar. Me abrir assim, sem influência de álcool, está sendo novidade. — a olhou. — Tem ideia de como eu posso me declarar quando sentir que é o momento?
— Você tem vinte e oito anos, teve não sei quantos relacionamentos, não é possível que não tenha nenhuma ideia.
— Sabemos que não fui bom neles. Eu queria algo fofo e original, não sou criativo pra isso, me ajude.
— Não sei, teremos de pensar.
🐺
No mesmo dia, às dez e seis da noite em específico, a campainha soou, acordando Hoseok e Yoongi que haviam adormecido no sofá após assistirem um programa de culinária. Uma chuva caía lá fora, eles não esperavam ninguém, então hesitantes foram até a porta, encontrando Taehyung todo molhado rodeado de malas.
— Tae? — o mais velho foi logo lhe abraçando, apalpando, conferindo se não estava fisicamente machucado enquanto o platinado arrastava as bagagens para dentro de casa.
— Estou incomodando?
— Claro que não! — Yoongi segurou sua mão. — Vem, você precisa de um banho para evitar se resfriar. — o levou para o banheiro. — Vou pegar uma roupa, ok? — ele assentiu.
Logo, não demorou a se lavar, se secar e estar vestindo com peças quentinhas. Retornou a sala, encontrando olhares mistos de curiosidade e preocupação.
— Domei uma decisão: sai de casa. — disse de uma vez, os deixando surpresos. — Meus pais viram fotos de vocês no meu celular, ficaram indignados que eu continuo "nessa" a qual mandaram que parasse e mesmo que eu tenha explicado como é nosso relacionamento, me taxaram de louco por estar com vocês dois ao mesmo tempo. Falei que eles sempre me amaram como eu sou, então qual a necessidade disso agora… Não adiantou tentar explicar ou argumentar, portanto, peguei minhas coisas e dei as costas.
— E você está bem com isso? — perguntou Jung.
— Estou chateado porque meus pais sempre foram tranquilos comigo mas o que posso fazer se não me entendem, nem aceitam com quem relaciono? Eu não quero viver brigando com eles por algo simples da minha vida que insistem em complicar, prefiro me afastar e continuar minha vida. De resto, fico receoso sobre o que virá pela frente mas não vou pensar muito, não quero temer o futuro. Quando chegar a hora eu lido com essas coisas de ser mais responsável e independente.
— Você é tão corajoso. — disse Hoseok, o afagando as costas.
— Espero que as coisas se ajeitem. E que seus pais repensem e peçam desculpas pois sei o quanto você gosta deles e imagino que eles também gostam muito de ti.
— Não fala assim, Suga hyung. Eu não quero ter que esperar em vão. E é difícil mas eu quero deixar eles pra lá.
— Certo, vou respeitar sua decisão.
— Você quer mesmo sair de casa? — perguntou o outro, só para ter certeza.
— Já saí e não vou me arrepender. — respondeu confiante.
— Então estarei aqui para o que precisar.
— Idem. — disse o ômega.
— Bom, no momento preciso passar a noite aqui até encontrar um lugar para alugar.
— Você pode morar com a gente. — propôs o dono da casa.
— Eu não quero atrapalhar.
— Não vai. Na verdade, é uma boa ideia. Até porque pagar aluguel, fazer as despesas e ainda ter a mensalidade da escola será complicado para você sozinho.
— Eu não tinha pensado nisso, Hobi hyung. — suspirou. — Não é apenas complicado, com o salário de meio período é impossível e não tenho como trabalhar o dia todo estando na escola.
— Então você aceita? — perguntou o platinado com um brilho de empolgação no olhar.
— Eu topo ficar aqui. Ao menos até eu conseguir um lugar próprio.
— Acho que essa é uma boa oportunidade para nos conhecermos melhor. — disse Jung, sorridente.
— Sim. — o azulzinho sorriu.
— Pois que venha mais uma experiência! — vibrou Yoongi.
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